Voltei, boa leitura!
Capítulo Dezoito
Meu Vizinho e o Anúncio
O meu novo plano consistia em: pintar o cabelo de vermelho, arranjar uma identidade falsa e mudar de estado. Sim, era isso que eu faria.
Quer dizer, não queria todos por aí sabendo que estava noiva de Edward. Aquele assunto poderia chegar aos ouvidos de Renata e até mesmo aos de Demetri, ainda que ele não usasse redes sociais. E ele não iria mais voltar para mim se achasse que eu era noiva de outro. Talvez eu devesse me antecipar e contar toda a verdade para Demetri, ele entenderia nosso plano Robin Hood?
— O que você vai querer fazer? — Edward perguntou, sentado na minha cama, em suas mãos seu celular reproduzia mais uma vez o vídeo da vitória do time, onde no final anunciava que meu vizinho tinha uma dupla vitória a comemorar uma vez que estava noivo e aí aparecia a foto que tiramos com Eleazar no restaurante.
Todas as contas no Twitter e Instagram de estudantes da Berkeley já comentavam o noivado, surpresos por nem saberem que estávamos namorando. Como se fossemos estrelas de Hollywood, estavam fanficando em cima das nossas vidas, muitos achavam mesmo que a história da traição tinha sido inversa e que Edward e eu tínhamos traído Kate e Mike primeiro.
— Você já foi para o Kansas? Porque tô pensando em ir pra lá — comentei, suspirei e apoiei a cabeça na parede atrás de mim.
Depois de Rosalie contar o que estava acontecendo, saiu do meu quarto e nos deixou sozinhos. Edward continuou na minha cama e eu sentei no chão, querendo controlar a tontura de nervoso que a situação me causou.
— Você quer acabar com o plano? — ele indagou, seus olhos se voltando para seu celular. — Falamos que brigamos por meu pai ter divulgado sobre o noivado e que decidimos nos separar.
Eu não poderia fazer isso, acabar com o plano, mesmo que tivesse de passar os próximos meses fingindo para todos a minha volta que estava realmente noiva. Aquele dinheiro seria importante, ajudaria gente que realmente precisava e não voltaria atrás.
— O noivado continua de pé até doarmos os dez milhões, Masen. — Ele voltou a olhar para mim e eu fiquei de pé, andei até meu armário e peguei lá dentro a caixinha com o anel de noivado e o coloquei em meu dedo.
Edward ficou de pé também, segurou minha mão entre as suas e perguntou:
— O que a gente faz agora?
— Hora de fazermos postagens românticas no Instagram, querido noivo.
X
Eu adorava o Twitter, mas sabia bem que aquela rede social podia ser bem tóxica. Foi o que comprovei enquanto via tweets sobre o anúncio do noivado.
laramichaelss: eles unidos pelo chifre hahaha
dannyp: hum noivo da filha do técnico fica fácil ser protegido nessa temporada péssima para o time.
tyciaaaaa: a Kate era tão mais bonita que essa aí.
parkerspider: pelo menos ela é gostosa.
— Idiota!
Não sabia quem era parkerspider, mas com certeza não valia a pena continuar lendo aquele tipo de tweet desprezível. Edward e eu tínhamos postado a mesma foto em nossas contas no Instagram aquela manhã, nossas mãos entrelaçadas e o anel de noivado aparecendo.
A legenda também tinha sido igual nas duas contas: nova fase.
Apenas isso, sem grandes explicações. Primeiro porque não estávamos de fato juntos, então não precisávamos escrever textos apaixonados cheios de falsidade. Segundo porque encontramos um grande problema com nosso noivado.
Eu tinha saído com Collin, publicamente, depois do meu aniversário. Sendo que meu aniversário tinha sido a data marco que falamos para todos sobre Edward e eu termos começado a ficarmos juntos.
Dessa forma, decidimos não dar grandes detalhes sobre datas para o pessoal da universidade. Não quando corria o risco de darmos uma data diferente, pós Collin, e essa nova data chegasse aos ouvidos da família do Edward e dos meus avós, o que só criaria confusão. E no vídeo armado por Eleazar não se falava sobre datas, então estávamos confiantes que estaríamos seguros quanto aquilo.
— Caramba! — Rosalie exclamou ao entrar em meu quarto e ver como eu estava vestida.
Naquela noite de sábado acontecia uma festa em uma das irmandades da universidade, mais uma festinha para comemorar a vitória da noite anterior do time. Sendo assim os jogadores estavam convidados e eles podiam levar quem quisessem, isso queria dizer que intimei Edward a me levar para aquela festa.
Não por estar de fato a fim de ir, mas para nos mostrarmos em público de vez e assim diminuir a intensidade da fofoca. Quanto antes nos vissem juntos mais rápido deixaríamos de ser notícia nova.
E para aquela festa escolhi uma roupa branca, assumindo meu papel de noiva. Só que um vestidinho branco provocante que me deixava no que defini como: noiva gostosona.
— O que achou? — perguntei para minha amiga, alisando a micro saia do vestido.
Ele tinha mangas longas, um decote reto. Entretanto, era bem justo e na coxa direita micro saia ainda contava com uma fenda.
— Que você precisa me emprestar esse vestido qualquer dia, nunca tinha visto ele, mas minha nossa, que lindo e te deixou muito mais gostosa, amiga.
Eu ri e assenti, passando as mãos por meus cabelos que Alice tinha reforçado as ondas com a chapinha. Minha amiga também fez a maquiagem para a grande noite, dando destaque para meus lábios com batom vermelho. Infelizmente ela não estaria na festa, tinha marcado de sair com Jasper em um encontro.
— Comprei no Havaí, nunca usei. — Respirei fundo. — Estou nervosa.
— Olha, eu não compactuo com esse plano, mas pode deixar que vou fazer minha parte nessa farsa, tá? — Rosalie se apoiou no batente da porta. — Meu sugar daddy também, seremos os padrinhos felizes dos noivinhos.
— Quem disse que vocês são nossos padrinhos? — provoquei e ela revirou seus olhos para mim.
— Calada. Mas é sério, não vou dar detalhes para ninguém do relacionamento, só ressaltar como vocês dois estão felizes pelo noivado.
— Obrigada, amiga, sério.
— Fazer o que, você já se meteu nesse plano idiota mesmo, resta eu tentar te ajudar o quanto posso. Enfim, Emmett chegou para irmos à festa, ele não tá afim de beber e vai ser o motorista da noite, você e Edward não querem pegar carona com a gente?
— Hum, pode ser, vou lá chamar o Masen.
— Manda uma mensagem, ou já tá morrendo de saudades do seu noivinho?
— Ai, Rose, me poupa. Só preciso pegar algo com o Edward. Já volto!
Deixei meu quarto e segui pelo apartamento até a saída, Emmett estava na sala rindo para qualquer coisa passando na TV. Toquei a campainha do apartamento 505 e quem abriu a porta foi Peter, que foi logo exclamando:
— Você e Edward estão juntos!
Senti minhas bochechas esquentarem ao escutar aquilo, ele era a primeira pessoa, fora meus amigos e o Emo, que via desde o anúncio no Instagram, e era meio estranho e vergonhoso tudo aquilo.
— Por que vocês não contaram, ein? — questionou. — E esconderam tão bem…
— Peter — o interrompi. — Posso entrar e ir ver o Edward? — gesticulei para o interior do apartamento, já que com ele puxando papo fiquei plantada no corredor.
— Ah claro, vai lá. Tô indo buscar a Charlotte, te vejo na festa.
— Beleza, tchau.
Peter saiu e eu entrei, encostando a porta e indo até o quarto de Edward. O quarterback estava sentado a sua mesa, e ele desenhava, em um grande caderno de desenhos.
— Oi — murmurou, sem olhar para mim, nem nada, completamente concentrado no seu desenho. Como ele sabia que era eu, não saberia dizer. — Já podemos ir?
— O que você tá desenhando? — Me aproximei e vi que seu desenho era o de uma simples bola de futebol americano.
— Nada demais. — Edward fechou o caderno e me olhou, vi o exato momento em que seus olhos arregalaram e depois se concentraram em minhas pernas. — Puta que pariu, que roupa é essa, Isabella? — perguntou e suas mãos automaticamente seguraram minhas coxas.
— Meu vestido para comemorar nosso noivado com nossos queridos colegas de universidade.
— Caralho, você deveria usar esse vestido todo dia — ele disse, parecendo em transe, se inclinou, subiu um pouco mais a saia do vestido e beijou minha coxa, fazendo com que meu corpo todo esquentasse.
— Ok, ok, nada disso. — Me afastei dele, por mais que quisesse continuar ali, nós precisávamos ir para a festa para a fofoca se extinguir o quanto antes. — Preciso da sua jaqueta do time.
— Eu ia usá-la — falou, meio frustrado, se colocando de pé. Como esperado, ele estava vestindo preto, daquela vez sua camiseta nem tinha uma estampa, era completamente básica.
— Falou bem, você ia, porque quem vai usar sou eu.
— Por quê?
— Porque esse não é o vestido mais indicado para se usar em dezembro, então preciso de algo para me aquecer e aí entra sua jaqueta para compor meu visual noiva gostosa que é aquecida pela jaqueta do noivo quarterback.
— Tá, que se dane. — Ele pegou a jaqueta no seu armário e entregou para mim, aí tirou para si uma preta de couro, que só o deixava com mais cara de emo gótico, mas que eu precisava confessar que muito gostoso. — Acabei de falar com meu pai.
— Ai, aquele cretino, qual foi a desculpa dele para aquele vídeo? — perguntei revoltada.
— Falou que queria enaltecer minha vitória de ontem e comemorar nosso noivado, que nós deveríamos parar de besteira sobre só querer contar no final da temporada do futebol.
— Ai, que idiota — resmunguei e coloquei a jaqueta. — Falei com meus pais também. — Edward fez uma careta de nervoso.
— Charlie está muito irritado comigo?
— Relaxa, garoto de ouro. — Dei uma batidinha em seu ombro. — Eles não estão contentes que agora todos sabem do noivado, mas não estão voltando atrás em nos apoiar no plano, sendo assim, estamos na mesma.
— Certo, não quero que seu pai fique com raiva de mim. — Revirei meus olhos ao escutar aquilo.
— Que seja, vamos logo, Emmett vai nos dar carona de ida e volta.
— Você quer mesmo ir à essa festa?
— Quero, precisamos dessensibilizar o pessoal da universidade o quanto antes. E lembre-se, nada de falar sobre datas, não podemos nos complicar mais e teve meu encontro com Collin…
— Eu sei, eu sei. — Edward pegou seu celular e carteira na mesinha junto da sua cama e indicou a porta. — Vamos lá, Ratinha!
X
Edward abriu a porta do carro de Emmett para mim e estendeu uma mão, coloquei meu melhor sorriso no rosto e uni nossas mãos. Rosalie e seu namorado foram seguindo na frente, abrindo caminho, enquanto meu vizinho irritante e eu íamos atrás.
Os olhares das poucas pessoas enfrentando o friozinho de dezembro ali do lado de fora estavam sobre nós dois, os cochichos aconteciam enquanto Edward e eu andávamos em direção à entrada da irmandade. Já dava para escutar música, ouvir a gritaria do povo bêbado e tudo mais, porém, poucos segundos depois de pisarmos lá dentro trocam a canção que tocava pela marcha nupcial.
Ok, aquilo me fez rir, apesar de também ser constrangedor. Olhei para Edward e ele revirou os olhos, seu rosto vermelho de vergonha como o meu, mas apertou minha mão com mais força e me puxou para perto, uma forma de dizer que estava enfrentando aquela loucura comigo? Talvez.
Então, todos que estavam ali começaram a gritar coisas como:
— Noivos!
— Beija, beija!
— Cadê o anel?
— Senhor e Senhora Masen! — Ao ouvir aquilo, a mão de Edward quase se soltou da minha, mas a segurei com firmeza.
Ignoramos a gritaria, indo para a cozinha na casa da irmandade, onde nós dois e Rose pegamos cerveja. Uma das meninas da irmandade foi falar conosco, nos parabenizando pelo noivado e pedindo para ver o anel, eu mostrei e a garota deu um mini surto, dizendo o quão lindo ele era.
— Uma pena que você está roubando o Edward de todas as garotas do campus — disse a menina.
— Ah sim, ele é só meu! — provoquei, apertando a bochecha do meu falso noivo.
— E a quanto tempo estão juntos mesmo? — a pergunta não foi feita pela garota da irmandade, sim por Collin que tinha aparecido por ali e nos olhava com cara de poucos amigos.
— O suficiente para ela casar comigo em breve — Edward respondeu, erguendo sua garrafa de cerveja na direção de Collin para um brinde, o outro jogador do time ergueu a sua de volta, mas continuava aborrecido.
— Vocês já tem data para o casamento? — outra menina perguntou e percebi que estavamos acumulando pessoas à nossa volta.
— Ainda não, mas talvez depois dessa festa a gente fuja para Las Vegas e agilize as coisas — contei e gritinhos de Vegas soaram pela cozinha, aquele pessoal já tava bem alcoolizado, e eu precisava entrar no espírito da coisa, então bebi um longo gole da minha cerveja.
— Como foi o pedido, Edward?
— Hum, eu usei o meu livro favorito, que também é o da Bella.
— Percy Jackson — completei.
Pelos próximos minutos, que pareceram horas, ficamos respondendo as perguntas da inquisição universitária. Claro que umas desconversamos o quanto deu, datas, se tínhamos ficado por vingança contra Kate e Mike, coisas assim.
— Caramba, eu precisava respirar — Edward resmungou quando escapamos para o lado de fora da casa e ficamos apoiados em um dos carros estacionados ali.
— Se eu fumasse esse seria o momento ideal para acender um cigarro — falei e ele riu.
Tirei meu celular do bolso da jaqueta, conferindo minhas últimas mensagens e vendo que tinha recebido uma do meu avô, o que me surpreendeu, ele não era muito de mensagens.
Geoffrey: Sua avó quer que você e Edward venham para a decoração da árvore de natal amanhã e fiquem para jantar. Não estou fazendo um convite, vocês são família e devem estar aqui neste momento. Nem pense em faltar!
— Merda.
— O que foi? — Mostrei a mensagem para Edward, que resmungou e revirou os olhos. Voltei a tela do celular para mim, relendo as palavras de Geoffrey e me sentindo uma marionete nas mãos do Swan.
— Precisamos mesmo ir?
Antes que eu respondesse a Edward, papai Aro me mandou uma mensagem.
Papai Aro: Filha, você recebeu a mensagem do seu avô sobre o Natal? Eles também nos convidaram, nós vamos. Você e o Masen irão? Seria bom ter você lá, Edward tanto faz.
A primeira coisa que pensei foi: ele não quer que Edward vá? Qual o problema com Edward?
Depois, balancei a cabeça, tirando aqueles pensamentos de lá. Eu sabia que meu pai não era o maior fã do meu plano. E talvez ele não curtisse tanto assim Edward, mas o que importava? Em breve nosso falso noivado chegaria ao fim e o Masen estaria fora da minha vida.
— Meus pais e Jacob irão, se você não quiser ir eu arranjo uma desculpa, mas vou ter que ir.
— Não, eu vou com você — Edward falou decidido, fazendo com que eu o olhasse. — Teve que aturar meu pai, o mínimo que posso fazer é retribuir e te dar suporte nesse lance com seus avós.
— Valeu — agradeci.
— Não por isso. — Ele balançou sua garrafa de cerveja, indicando que ela tinha acabado. — Me dá um pouco aí, noiva. — Cutucou minhas costelas, eu entreguei minha garrafa ainda cheia para Edward.
— Edward! — o grito nos assustou, ele até se engasgou com a bebida. Caminhando em nossa direção uma garota irritada vinha pisando firme no chão, eu demorei a reconhecê-la, mas reconheci e infelizmente ela estava chamando a atenção das outras pessoas que também estavam do lado de fora.
Era a loira com quem ele esteve conversando em uma festa da faculdade semanas atrás, pelo que lembrava tinha sido no mesmo dia que ele usou o sugador em mim pela primeira vez.
— Você está noivo? — ela inquiriu.
— Zoey…
— Há quanto tempo estão juntos? — a garota me perguntou. — Ele deu em cima de mim faz algumas semanas, mas vocês ficaram noivos sem um namoro? Quero respostas — exigiu.
Eu respirei fundo, enquanto ela cruzava os braços na frente do corpo e batia o pé no chão. Todo mundo lá fora estava olhando para a gente.
— O nosso namoro e nosso noivado, bom, as datas são um pouco confusas. Mas você talvez confundiu as coisas? — Ela franziu o cenho, ficando sem entender. — Talvez ele só estivesse sendo simpático.
— Hum, talvez — murmurou e eu me senti horrível por estar brincando com a cabeça de outra mulher, fazendo ela duvidar de si, mas era isso ou deixar a tal Zoey levar para a frente a história de uma possível traição entre Edward e eu.
— Por que a gente não entra? Vamos deixar o Edward aí e dançar um pouco.
— É, pode ser — ela concordou, já sem nenhum resquício de raiva no rosto. — Deixa eu ver seu anel. — Pegou minha mão enquanto andávamos. — Ai que lindo, parabéns. — Olhou para trás e gritou para Edward. — Parabéns pelo noivado, Masen.
Ele fez um sinal positivo com a mão, mas ainda estava tenso depois da abordagem de Zoey. E eu também. Nós tínhamos pessoas sabendo da verdade, pessoas sabendo da verdade parcial, pessoas questionando datas e ainda tinha a loira que ele beijou na Ação de Graças, se ela aparecesse, eu mataria meu noivo.
Meu falso noivo.
X
O braço dele cobriu meus ombros e eu me recostei em seu corpo, estava exausta de dançar com Zoey que aparentemente tinha me adorado e contado sobre toda sua vida. Ela estava no terceiro ano, cursava biologia e tinha uma longa lista de ex-namorados, terminou sendo traída por todos e por isso estava receosa de Edward ter dado em cima dela comprometido, Zoey não queria ser a outra de forma alguma.
— Tá tudo bem? — ele perguntou, eu tinha escapado de Zoey e estava novamente na cozinha, perto da pia, encarando o quintal pela janela que tinha ali após lavar as mãos que sujei com uma fatia de pizza.
Eu também tinha acabado de receber uma mensagem de Demetri, falando que estava pensando em mim o dia inteiro e louco para me ver. Me senti triste com isso, enquanto ele pensava em mim, eu estava fingindo ser noiva de outro. Mas, pelo menos, a história não tinha chegado ao Egito.
— Sim, ela não tá mais desconfiada de nada. Por que você tá me abraçando mesmo? — perguntei baixinho, mas não me afastei.
— Porque a Kate está perto da entrada da cozinha — se inclinou e sussurrou no meu ouvido.
Eu dei um sorrisinho, tinha sido terrível brincar com a cabeça de Zoey. Porém, o feminismo amava deixar meu corpo quando se tratava de Kate.
Me soltei de Edward e subi no balcão da cozinha, puxei o Masen para mim e o coloquei entre minhas pernas. Primeiro me dediquei a beijar todo seu rosto e pescoço, menos seus lábios, e questionei no tom de voz mais baixo possível.
— Ela tá olhando?
Ele olhou para trás de mim e negou.
— Não, mas que se foda. — Então, ele voltou a me beijar.
— Um cara do beisebol subiu no telhado para tocar violão e não consegue descer! — Alguém gritou ali perto.
Porém, Edward e eu ignoramos, continuando a nos beijarmos.
X
Edward e eu pegamos uma carona com meus pais para a casa dos Swan, isso nos colocou no banco de trás do carro com Jacob sentado no meio. E meu irmão não calava a boca, queria falar sobre cada segundo do último jogo com o Masen.
— Jacob, vamos brincar de estátua — pedi, enquanto mexia no Twitter em meu trabalho de investigar o que estavam falando sobre Edward e eu.
Aparentemente tudo estava sob controle, as pessoas ainda estavam confusas sobre as datas, Zoey tinha criado algum rebuliço e levantado suspeitas de traição, mas no geral todos estavam de boa. A fofoca do jogador de beisebol no telhado tinha rendido mais, o que era ótimo.
— Deixa de ser chata, Bella — meu irmão reclamou.
— Deixa de ser chata, Bella — eu o imitei e ele chutou meu pé. — Ei, mané! — chutei o pé dele de volta e papai Charlie do banco do passageiro interviu.
— Isabella, você é uma adulta, pare de encrencar com seu irmão. E Jacob, não caia nas provocações dela.
— Tá, pai — Jacob e eu respondemos em uníssono, naquele momento vi Edward nos olhando com curiosidade, mas com um sorrisinho no rosto.
— Edward, você precisa se preparar — papai Charlie falou para ele. — Ouvi dizer que teremos olheiros de times do Washington, Oregon e Nevada no jogo. — O time jogaria em Seattle no próximo final de semana, um jogo fora de casa sempre era estressante e pela cara de Edward, de total desespero, ele estava sob bastante estresse, ainda mais com a informação dos olheiros.
Sendo assim, tive de mudar de assunto. Comecei a falar sobre meu estágio, como apesar de difíceis de lidar os adolescentes eram legais e ótimos de debater sobre os livros clássicos da aula.
Edward relaxou por todo o resto do caminho, então minha mudança de assunto tinha mesmo surtido efeito. Quando chegamos à casa dos meus avós, era eu a estressada.
Minha avó foi logo me criticando por eu não aparecer vestida adequadamente, segundo seus padrões. Uma vez que eu estava usando calça moletom — não velha como a que fui para o restaurante outro dia — e uma camiseta da universidade. Porém, a ignorei, era só uma decoração de árvore de natal e jantar, como eu deveria aparecer?
Mas claro que ela estava usando um milhão de jóias e um vestido com cheiro de caro, que era muito formal para a situação. E entendi isso quando vimos uma equipe de decoração para montar a bendita árvore, e garçons servindo outras pessoas que estavam ali.
— Pensei que fosse ser só a gente — papai Charlie reclamou, por sorte só Edward tinha escutado a crítica sobre minhas roupas.
— É só um jantar com poucos amigos — Helen minimizou. — Jacob, não — ela chamou a atenção do meu irmão e foi até ele quando o menino tentou ajudar a equipe de decoração a decorar a árvore. — Não interfira no trabalho dos profissionais, só sente e assista.
— Aro, sei que você quer juntar a família e blá blá blá, mas eu não ficarei aqui assistindo outras pessoas decorando uma árvore com todos esses convidados irritantes dos meus pais — papai Charlie reclamou para meu pai e o climão se instalou entre eles, que foram até a sacada conversar.
— Bom, pelo menos vamos beber a bebida cara que meus avós estão patrocinando — falei para Edward, que tinha voltado a ficar tenso. — Tudo bem, Masen?
— Sim, só não sou o maior fã de Natal, faz eu lembrar da minha mãe. — Engoliu em seco. — Vamos beber.
X
Aquela noite ficou ainda melhor quando o pai de Edward apareceu, deveríamos ter suspeitado que isso aconteceria. Ele estava com uma garota que parecia ter no máximo vinte e cinco anos e que se chamava Britney, era uma funcionária da emissora e sua namorada por aquele fim de semana, palavras de Edward.
— Você não podia ter dito que Bella e eu estávamos juntos — o emo falou para o pai, irritado, enquanto bebia cerveja comigo. Tínhamos tentado um vinho caro, mas cerveja era tão melhor. — Queríamos contar na hora certa.
— Vocês estavam enrolando muito — meu avô se aproximou. — E quarta-feira teremos a assinatura dos documentos, vocês estarão lá e seria anunciado de qualquer forma.
— Espera, documentos? — indaguei confusa.
— Vamos oficializar os negócios na quarta-feira — Eleazar comemorou. — E vocês estarão lá.
— Com roupas decentes — minha avó se juntou a gente também, do outro lado da sala meus pais nos observavam atentamente. — Eu irei enviar para seu apartamento, Isabella. Para a festa de domingo que irá comemorar o patrocínio também.
— Vocês… — comecei a contestar, mas Edward envolveu minha cintura e foi o lembrete que precisava para ser legal com meus avós e Eleazar, tudo pelo dinheiro da doação. — Claro, a sociedade de vocês será tão importante, estaremos lá.
— Vamos começar a comemorar, eu trouxe charutos ótimos! — Eleazar anunciou, arrastando meu avô e Edward para a sacada, Britney pediu licença e foi ao banheiro.
Minha avó aproveitou que ficamos sozinhas e falou:
— Precisamos definir uma data para seu casamento.
— Edward e eu iremos resolver isso depois, tem muita coisa acontecendo na universidade.
— Um casamento não se faz do dia para noite, vocês não são qualquer um, terão uma grande festa.
— Ou talvez a gente só fuja para Las Vegas.
Ela me olhou com irritação e disse entre dentes:
— Você é minha única neta, seu avô e eu provavelmente não estaremos mais aqui quando Jacob for velho o suficiente para casar, não ouse me manter longe do seu casamento, Bella.
Aquilo me desmontou um pouquinho, não tínhamos uma relação ideal de avós e neta, mas ao menos no papel eu era sim neta deles dois. Entretanto, familiares tóxicos existiam e eles tinham sido terríveis para meu pai, como também não eram muito melhores para Jake ou eu.
— Você estará presente quando eu casar, vovó — fpi tudo que falei.
Só que o casamento seria com Demetri, não com Edward.
X
Na quarta-feira, dia da assinatura dos documentos do patrocínio, eu tive de ir toda arrumada para o estágio. Usava um vestido preto com mangas três quartos, que ia até o meio das minhas pernas e não era muito justo, estava usando tênis, mas trocaria depois para saltos. E meus cabelos estavam presos num coque bem feito e Alice tinha acordado cedo comigo para me maquiar.
Pelo menos calhou de ser no dia que estava rolando um evento de literatura no colégio, os alunos estavam declamando textos e mostrando suas pinturas, ou outros tipos de arte como danças, sobre os livros que tínhamos lido até então. Foi um evento maravilhoso, mesmo que o professor , Felix, estivesse criticando algumas das apresentações, todas orientadas por mim.
— Foi tão legal — Gisele, uma das meninas da turma me deu um forte abraço depois de eu parar para uma foto com eles no palco do auditório. Ela tinha apresentado uma pintura baseada em O Mercador de Veneza, a garota tinha talento para aquilo. — Obrigada por me ajudar.
— De nada, querida. Agora preciso ir, estão me esperando… — Edward, que tinha ido me deixar na escola aquele dia, também me buscaria para irmos até a sede da emissora em São Francisco para prestigiarmos a assinatura dos documentos, e ele já tinha me mandado uma mensagem informando estar no estacionamento. Teríamos de faltar às aulas na universidade para isso, mas ele estaria de volta ao tempo do seu treino e eu para meu trabalho na lanchonete.
— Ah, almoça com a gente no refeitório.
— Sim, hoje é dia de hot dog!
— Vai, fica.
— Você é tão legal.
Os adolescentes falavam, e eu tentava explicar que precisava mesmo ir, mas eles não queriam nem me deixar sair do palco. Eu ria da situação, mas parei quando vi que Edward estava no auditório, com um crachá de visitante preso na roupa social que minha avó tinha enviado para ele usar.
— Ei! — Acenei e aí os adolescentes ficaram mais empolgados.
— É o seu noivo? — Eles tinham me visto com o anel de noivado antes, que eu não podia mais tirar e tive de confirmar que estava noiva.
— É o quarterback. — Também contei sobre Edward jogar no time da universidade.
— Você desenha também, né? Vem ver meus desenhos, noivo da Bella! — E que ele desenhava.
Edward corou, mas riu.
— Oi, sim, sou o noivo da Bella. E adoraria ver o desenho de vocês, mas ela e eu precisamos mesmo ir.
— Ah não! — os adolescentes reclamaram juntos, Edward riu mais e eu sorri, conseguindo escapar do palco.
— Preciso mesmo ir, gente — falei pegando minha bolsa numa das cadeiras da primeira fila. — Se comportem, tchau — me despedi dos alunos e me aproximei de Edward, que envolveu seu mindinho no meu.
Eu não protestei, tínhamos de parecer noivos na frente de todo mundo. E foi o que fizemos na emissora, também fingimos felicidade pela sociedade, quando pouco ligavamos para tudo aquilo.
Mas, cumprimos tudo direitinho. Fotos, brindes, conversas, mostrei o anel para uma centena de pessoas e até falei com um link ao vivo do jornal da tarde, dizendo como estava contente com as famílias se unindo de todas as formas possíveis, quando saímos de lá, no carro, exclamei:
— Parece que sugaram toda minha energia.
— Nem me fala. — Edward começou a dirigir. — E domingo tem mais.
— Eca — resmunguei e peguei meu celular para tentar me distrair um pouco, mas vi que tinha uma mensagem de Renata.
Renata: VOCÊ ESTÁ NOIVA? ACABEI DE VER NO JORNAL VOCÊ COM O EDWARD!
— Ai, isso não pode estar acontecendo.
— O que foi?
— Minha mãe descobriu do noivado, por conta desse evento idiota.
— Sinto muito, Bella.
— Tanto faz. — Suspirei e respondi.
Bella: Estou…
Renata: E não ia me contar? Já estavam noivos quando vieram aqui?
Bella: Eu ia te contar, só estava esperando o momento certo. As coisas ficaram meio confusas e foram anunciadas antes do que queríamos. E já estávamos noivos.
Renata: Ok, estou chateada por isso, mas precisamos comemorar!
Renata: Você vai casar.
Renata: Estou tão feliz por você.
Renata: Sabia que vocês estavam tendo algo, e ficam tão bonitinhos juntos.
Renata: Parabéns, Bella!
Eu dei um meio sorriso, mas também me sentia culpada. Quando me deixou para ser adotada Renata fez isso pensando no melhor para meu futuro, então estava mal por estar mentindo sobre isso para ela, tinha medo de ela descobrir a verdade sobre a doação e me considerar uma idiota fracassada, que nem um noivo de verdade tinha.
E se eu nunca casasse? Demetri poderia nunca querer isso comigo. Eu seria mesmo uma fracassada. Meu pai tinha me abandonado, minha mãe, Mike, Demetri acabaria me abandonando também.
— Bella? — Edward chamou por mim, percebi que eu estava choramingando.
— Tudo bem. — Respirei fundo, limpando as lágrimas e desfazendo o coque. — Tá tudo bem.
X
Na sexta-feira, voltando de uma noite sendo babá, tudo que eu queria era dormir, tinha sido uma longa semana e o final de semana também seria. No sábado, papai Aro se apresentaria na boate e eu iria, tinha convidado Renata e ela estava animada para isso, mas triste que Edward estaria em Seattle com o time. E no domingo eu ainda teria o evento de oficialização da Rede de Shoppings Swans patrocinando o programa de Eleazar.
Parei a moto num sinal vermelho, contando os segundos para ele abrir e eu poder seguir caminho. Estava há duas esquinas de casa, quase podia sentir minha cama quentinha me abraçando.
— Desce da moto, garota! — o grito me assustou, olhei para o lado e vi dois caras em uma moto, usando capacetes e ambos apontavam armas para mim.
Eu gritei e rapidamente saí da minha moto, tremendo em cada pedacinho do meu corpo. O cara que estava na garupa da outra moto subiu na minha e em questão de segundos as duas motos estavam bem longe.
E fiquei ali, parada no meio da rua. Tremendo e enjoada. Era mais de onze da noite e estava tudo meio deserto naquele lado de Berkeley.
Reuni forças e fui para a calçada, tirando meu capacete e ouvindo a minha mochila nas costas fazer barulho conforme eu andava. Tinham levado minha moto, minha querida moto.
Parei de andar e comecei a chorar, foi quando escutei uma buzina. Atormentada, virei para o lado e vi o carro de Edward parando perto de mim.
Ele saiu do carro, batendo a porta e ficando na minha frente. Imediatamente suas mãos estavam nos meus braços e eu chorei mais.
— O que aconteceu? Por que tá sozinha aqui? Cadê sua moto?
— Roubaram.
— Assaltaram você? — ele gritou, seu rosto se encheu de pânico.
— Eles tinham armas e tudo.
— Puta merda! — Edward me abraçou e chorei no peito dele.
Tudo tinha acontecido muito rápido, mas eu estava grata de Edward ter aparecido.
Beijos!
Lola Royal.
02.08.23
