O abrasivo sol do meio dia brilhava forte sob o Anfiteatro*
– Sejam todos bem-vindos,um novo ciclo se inicia, e novamente, novos jovens se juntaram às nossas frentes em prol da nobre causa de nossa deusa Athena,sem mais delongas, que o Torneio Quaternário de Athena começa.
Proclamou o Grande Mestre,na sacada maior,protegido dos raios de sol, não que isso fizesse diferença com aquelas vestes.
O intenso verão que acompanhava a chegada de junho e assolava o mediterrâneo não era um festival atrativo.
O rapaz,que estava escondido na sombra de uma das inúmeras colunas,longe de olhares curiosos, não pode evitar revirar os olhos perante o pomposo discurso do sacerdote,afinal, ele já sabia o que era tudo isso.
Apesar da extravagante nomenclatura, não passava de uma grande exibição, às vezes sangrenta, para entreter os residentes e sacudi-los da mesmice de suas rotinas.
Geralmente,independente de quem sejam, aqueles que ganhavam armaduras dessa forma, eram considerados inaptos de um verdadeiro teste,e acabavam por ser menosprezados, e em casos mais sérios, ostracizados pelos demais.
Não era a melhor forma de se iniciar a carreira nesse mundo.
– Oh,então você realmente veio assistir?
Provocou jovialmente,subindo as escadarias discretamente.
Era uma moça de longos cabelos verdes, que balançavam ao caminhar,seu rosto escondido sob uma máscara metálica,que vagamente lembrava as feições das estátuas gregas.
Ela usava ombreiras prateadas e uma placa metálica de peitoral, sobre um body de malha.
– Sheana,você sabe, eu sempre venho.
Chamou suavemente, respondendo como se não fosse nada.
– Sei,aliás,Máscara está te procurando desde de manhã.
Lembrou divertida, ao que o rapaz apenas bufou.
– Ele sempre está me procurando quando meu mestre está prestes a retornar, aparentemente foi trauma adquirido.
Balbuciou mal humorado.
– Bem,você deu um baita susto na época.
Alfinetou,ambos riram da memória.
– Você já deve saber disso, mas o outro garoto que vai competir,também e japonês, então, espero que ao menos torça para Cássios já que está aqui.
A italiana teve que morder a própria língua para evitar rir da cara de desgosto do mais novo.
– Vamos Shun,sei que não gosta dele, mas ao menos faça um esforço.
– Que mal me lembre, ele é seu aprendiz unicamente pelo fato de ter uma personalidade horrível e ser extremamente destrutivo, até onde sei, queriam que você o disciplinasse, os números daqueles que pereceram para ele não são pequenos.
Retalhou o asiático, claramente desgostoso com as ações do mencionado.
Por inúmeros motivos, ambos apenas se cruzaram uma ou duas vezes, mas estava claro que a inimizade era mútua.
Ele era o tipo de pessoa que Shun detestava e manteria distância, já Cassios, bem, seus motivos eram ocultos, se por algo, o esverdeado tinha um palpite, mas preferia guardar isso pra si mesmo.
– Não consigo entender como você, que é sempre tão aberto e receptivo as pessoas, tem tamanho desgosto por meu aluno.
Resmungou.
Ah sim, pelo seu tom,definitivamente ela estava fazendo beicinho.
– Oh, é essa a impressão que tem de mim? Estou a crer que você me conheceu da forma errada, todavia, faz apenas um ano. Sheana, crês mesmo que ele está apto?
Mudou de assunto.
Afinal, tinha que confirmar algo para ter certeza de que sua intuição não estava lhe pregando peças.
Já tinha suas dúvidas confirmadas quando a amazona suspirou audivelmente.
– Sinceramente…
…………………………….
Inúmeras pessoas de todas as categorias, patentes e classes sociais que habitavam as terras da deusa,apinhavam-se nas arquibancadas ou se acomodavam nas arcadas do anfiteatro.
No centro da arena, onde ocorriam as lutas,se destacava um homem de pele morena,com seus dois metros de altura e corpo extremamente robusto e musculoso.
Cássios,Aprendiz de Sheana de Ofiúco e irmão mais novo de Dócrates de Hydrus
Seu tamanho ridiculamente grande, era ainda mais óbvio frente ao seu adversário.
Haviam murmúrios aqui e ali de pena do rapaz
– Outra cabeça para a pilha!
Zombou um dos aprendizes ao canto,ao que Seiya apenas deu de ombros, comparado às broncas de Marin, isso era até mesmo refrescante.
A dita Águia, uma jovem de cabelos cor de cobre, sequer estava perto de seu aprendiz.
Sentada sozinha em uma das arquibancadas, indiferente aos murmúrios dos demais.
Outra mulher se aproximou dela, vestida não muito diferente de Marin, era Sheana.
– Marin,cancele a batalha,você sabe muito bem como isso vai acabar,então poupe o garoto.
Pediu frígida,fazendo os demais se afastarem em caso de um embate.
Era de conhecimento geral que ambas não se davam bem.
– De onde vem isso, Sheana?
Questionou indiferente.
– Se eu cancelar a partida, Seiya nunca vai me perdoar,além do mais, ele não vai desistir, ele é muito teimoso.
– Sei que treinei Cássios por menos tempo do que você treinou Seiya, mas Cássio,você sabe, ele tem uma veia terrível,ao ponto em que chego a pensar que ninguém além de um Cavaleiro experiente poderia dominá-lo. Ele não pode ser derrotado hoje.
Frente a isso, a nipônica deu de ombros.
– Aprecio que se preocupe com meu aprendiz, Sheana, no entanto, suas suposições são apenas isso,suposições.
– Marin! Cássios é um homem cruel! Você realmente acha que isso vale a vida do garoto?! Não seja tola e evite derramamento de sangue!
Sheana respondeu com um tom muito mais irritado.
– Concentre-se em seu aprendiz e deixe o meu para mim. A batalha continuará.
– Muito bem, quando acabar, lembre-se que eu tentei lhe avisar. Isso não vale a cabeça de Seiya.
Findado o diálogo, Sheana subiu as arquibancadas, enquanto latia para Cássios não abaixar a guarda.
Sendo aprendiz de Marin,não havia dúvida de que seu oponente seria um desafio.
– A batalha final pela Armadura de Pégaso acontecerá aqui hoje. Que apenas os dois candidatos que aqui chegaram,permaneçam na arena.
Seu tom profundo e imponente acalmou todo o anfiteatro.
Ao comando do grande mestre, todos os outros evacuaram o centro e permitiram que os dois combatentes ficassem sozinhos, seus olhares se encontraram e se recusaram a desviar depois.
– Como em todas as batalhas anteriores a esta, as regras permanecem inalteradas. O vencedor será declarado assim que o oponente estiver incapacitado ou morto.
Os olhares de pena e zombaria da plateia por Seiya apenas aumentou, mas ele se manteve firme diante do adversário.
Cássio abriu um sorriso sádico, pensando no sofrimento que seria capaz de infligir a alguém que considerava inferior a si.
– Seiya, você ouviu, certo? Eu posso decapitá-lo como fiz com todos os outros antes de você,então sugiro que corra e se esconda sob as penas de sua mestra.
Cantarolou ameaçador, em seu tom grave.
Normalmente, ele não seria misericordioso ou daria essa chance, mas, por mais detestável que fosse, esse menino parecia ser mais fraco que Shun, ao ponto em que seu espírito de luta mal acendia.
– Oh,é assim mesmo?
Ele perguntou,com um grande sorriso no rosto.
Ele era idiota?
– Eu duvido que você vai pensar na minha cabeça quando eu te por abaixo e pegar a Armadura para mim.
Zombou o japonês.
Isso enfureceu o grego, ele tentou ser piedoso com o mais novo, mas já basta.
– Comecem!
Ao comando do grande mestre, ambos se colocaram em posição.
– Seiya, almejar essa Armadura faz mal pra sua saúde, vou me certificar de enfiar juízo na sua cabeça antes de arrancá-la.
Rosnou furioso,correndo em direção ao menor.
Contra toda regra,seu enorme corpo era muito veloz, no entanto, se comparado a Marin, que era uma amazona experiente, Cássios era tão lento que chegava a ser patético,no entanto, seiya não o subestimou por isso.
Cassios,por sua vez, lançava golpes extremamente destrutivo,que cujo único toque, poderia ser perigoso para o japonês.
Com um ataque mais veloz do que o usual, finalmente Seiya fora pego,sendo segurado pela garganta.
Marin,vendo a dificuldade de seu pupilo, cruzou os braços em indiferença, notando como Seiya negligenciava o fato de que Cássios estava brincando com seu senso de distância.
Agarrado por um guerreiro fisicamente mais forte, ele só poderia tentar escapar ou planejar outra coisa.
A primeira não era opção nessa situação, o que só lhe resta a a última, felizmente ou infelizmente, Seiya só conseguia usar a cabeça em momentos de extrema gravidade.
Enquanto o menor em sua mão se contorcia como um rato, lutando para escapar de seu aperto,o maldito sorriso mortal novamente pintou a face de Cássio
Seiya olhou de cima, tentado,de alguma forma,parecer destemido.
– Sabe Seiya, eu até te achava legal, mas você fala tanto que nunca tem tempo para ouvir. Talvez eu devesse cortar suas orelhas. Eu estaria fazendo um favor a você,esse será o seu castigo, passará com isso.
Rosnou Cássios.
Ele não estava apenas zombando, sempre gostou da tenacidade do menino, e admirava seu jeito livre apesar da dura vida do santuário, por esse fim,não iria tomar-lhe a vida.
– Com isso você ainda vai poder se tornar um soldado e não envergonhara sua mestra.
Com a mão livre levantada acima da cabeça, ele preparou o golpe.
Naquele ponto,já não havia luta ou resistência da parte do outro, como se ele tivesse se resignado
Para a maioria parecia que Seiya havia cedido ao destino, embora Marin não tenha se movido ou demonstrar preocupação pelo seu aluno,continuando sentada na mesma posição de antes.
Assim que o golpe veio, houve de fato uma breve luta, mas logo o sangue esguichou pelo chão de mármore do anfiteatro.
E o silêncio pesou sobre todos.
– Sheana,crês mesmo que ele está apto?
– Sinceramente? Eu não tenho certeza.
Notas finais.
Gente, não confunda Anfiteatro com teatro e/ou coliseu.
Apesar de que, por estar em cdz,eu provavelmente o mencione mais como coliseu, mas o termo para os gregos e Anfiteatro, o Coliseu de Roma ou Anfiteatro Flávino, é um dos mais famosos do mundo.
