– Oh Cássios, é minha culpa que esteja assim.

Lamentou a moça,terminando os primeiros socorros de seu aprendiz.

O dito grego estava inconsciente, deitado em um dos leitos da Fonte de Athena.

Apesar de estar apinhado de gente, o pequeno templo estava calmo e silencioso.

A brisa do vento carregava consigo o farfalhar das copas das árvores do bosque,e o som da água correndo relaxava e era um bálsamo para os enfermos.

– Com licença, senhorita Sheana?

Era uma garota, possivelmente mais nova que a própria italiana.

Ela possuía cabelos loiros ondulados abaixo dos ombros, olhos verde-água e pele clara,claramente britânica.

Usava os clássicos trajes gregos destinados aos servos.

– Diga.

Resmungou ríspida.

– Meu nome é Lewis, a chefe da fonte, ela está lhe chamando.

Respondeu educadamente,não dando atenção à grosseria da outra.

A própria amazona de Ofiúco, que deveria por direito herdado, ser a chefe da fonte,assentiu, levantando-se de seu desconfortável banquinho e seguindo a mais nova. Mas não sem antes dar uma última olhada em seu aprendiz.

– Oh Sheana, obrigado por vir, peço desculpas por chamá-la em um momento tão… delicado.

Comprimentou alegremente, dispensando Lewis, que fora cuidar de suas tarefas.

Era uma bela jovem,mais velha que a esverdeada, de pele branca, longos cabelos loiros que desciam por suas costas e vibrantes olhos de rubi.

Eurídice de Borboleta,a atual médica chefe da fonte.

– Eurídice, pule as formalidades.

Rosnou a mais nova.

– certo, certo.

Riu a escorpiana, muito acostumada ao temperamento espinhoso da outra, por falta de descrição melhor.

– Serei franca contigo.

Declarou assumindo uma postura mais profissional.

– Devido a gravidade do golpe, o meato acústico externo de Cássios fora levemente lesionado, tivemos que fazer uma cirurgia simples. Ele não perderá a audição como você deve ter notado,no entanto, definitivamente será um tanto comprometida ao longo de sua vida. Felizmente, ele não corre perigo. Usamos anestesia para que ele fique confortável por hora, amanhã de manhã ele já terá acordado.

Esclareceu a grega,confortando a sua colega.

– Entendo, obrigada Eurídice.

– Não me agradeça,você sabe que esse posto deveria ser seu por direito.

Despediu-se a loira, indo cumprir suas obrigações.

…………………………….

Os últimos raios do crepúsculo se despedem,dando lugar a noite estrelada,que era sutilmente ofuscada pelas tochas que iluminavam a floresta ao redor do pequeno templo.

Sheana, que acabara de deixar a fonte, teve seu caminho impedido por um rosto muito familiar.

– Saia da minha frente Shun!

Rosnou furiosa.

Ela tinha um objetivo em mente, e não pararia por nada.

– Sheana, não vá cometer nenhuma insanidade.

Repreendeu o nipônico.

Fora trabalhoso se desvencilhar-se de seu mestre, mas sem embargo, conhecia muito bem a amazona, para saber o que se passava por sua mente. Vingança.

– Não se meta Shun! Não me importo com a complacência que tens por seu conterrâneo, eu estou fazendo isso por Cássios.

– E por isso que eu não vim mais cedo,seu humor está pior que o usual, tudo bem Sheana, faça o que quiser, mas cuidado consigo mesma.

Aconselhou cortez,dando um passo para o lado,e deixando que a amazona seguisse com seu nefasto plano.

– Oh,senhor Shun, veio ajudar novamente?

Perguntou uma moça se curvando educadamente.

Ela estava carregando um grande cesto cheio de frutas e vegetais.

– Boa noite Lewis, apenas passando mesmo.

– Entendo, com sua permissão, irei-me.

E com isso, a loira passou pelo rapaz, em direção oposta tomada pela italiana anteriormente.

Sem perceber que os olhos esmeraldinos estreitaram-se sobre si.

…………………………….

Seiya,que após o fim do torneio,levou a Armadura de Pégaso, estava na cabana de pedra que habitava com Marin nos alojamentos.

Dizer que ele estava animado com a perspectiva de ver a Armadura era um eufemismo.

Sequer conseguia parar de bajular os adornos da urna, admirando o Pégaso entalhado nas faces metálicas.

Assim como a mitológica filha dos deuses,por curiosidade,ele puxou a alça metálica.

– Seiya!

Chamou a amazona de Águia em seu tom severo, assustando o pobre garoto, que soltou um grito pouco másculo.

– Marin! Quer me matar do coração no dia em que me tornei um cavaleiro?!

Exclamou o garoto, esfregando seu pobre coração.

A dita mulher estava deitada em sua própria cama, com os braços cruzados atrás da cabeça.

Exceto pela máscara, todos os outros equipamentos de treino estavam ausentes

– Por acaso você ouviu o Grande Mestre? Se suas orelhas só servem de enfeite,deveriam ter sido cortadas,quer ser amaldiçoado por acaso?

– Amaldiçoado?

– Sim Seiya, assim como a caixa de Pandora, as urnas podem guardar uma grande benção ou uma terrível maldição.

– Seiya, armaduras não são brinquedos, são poderosos trajes que protegem aqueles a serviço de Athena, ser um cavaleiro é uma provação séria e perigosa, onde sua vida pertence a deusa. Nunca se esqueça disso. Nem todas as suas lutas serão fáceis como a de hoje.

Aconselhou a japonesa, levantando-se da cama.

– haha,essa foi boa Marin, você quase me pegou,não existe esse negócio de maldição.

Riu o rapaz.

– Pense o que quiser disse ela, abrindo-o

…………………………….

– DROGA!

– ONDE ESTÃO?

Latiram os soldados furiosos,em meio aos destroços do que anteriormente era a cabana de marin e Seiya.

– Apressem-se! Eles provavelmente irão fugir do santuário com a armadura sagrada!

Ordenou o outro, correndo para a entrada que levava a Rondorio, sendo seguido pelas demais.

– VAMOS!

– SEIYA NÃO PODE SAIR DO SANTUÁRIO COM VIDA!

…………………………….

– MARIN!ESPERA!

Chamou o mais novo, correndo atrás da mulher,carregando a pesada urna nas costas.

A pouco, Marin o arrastou da cabana, como se ambos estivessem fugindo na surdina.

– Cale-se! Quer que eles o encontrem mais rápido?

Repreendeu a ruiva, acelerando os passos.

– Mas por que eu tenho que fugir?! Eu não poderia ir para o Japão amanhã?!

Questionou o rapaz.

Ele era um cavaleiro agora, o que fez de errado m

– Amanhã você provavelmente já estará morto.

– Como?

Antes que ela pudesse responder, uma voz familiar veio de cima deles.

Uma mulher trajando uma armadura roxa que vem contrastava com seus cabelos verdes.

Sheana, que estava sentada sobre um rochedo mais alta acima dele.

– Então, Seiya.

Notas finais

Essa constelação não existe.

Eu me baseei no Aglomerado da Borboleta (Messier 6, NGC 6405) é um aglomerado aberto de estrelas na constelação de Escorpião.

Sim,é a mesma Eurídice que vocês estão pensando.