Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo deste arco da Rosas Azuis, espero que estejam gostando da minha fanfic Aquele que Voltou.

A visita a nova E-Rantel leva a um jantar animado.

Com vocês

Aquele que Voltou

Capítulo 46: O Menu

Após passarem pelo workshop, as Rosas Azuis estavam meio desnorteadas. Já haviam enfrentado Cavaleiros da Morte antes e sabiam que aquilo era um de verdade, algo capaz de arrasar uma cidade inteira esteve parado por 15 minutos em uma sala cheia de visitantes.

Uma jovem Naga, obviamente muito nervosa, fazia seu trabalho sendo orientada por quem deveria ser provavelmente sua supervisora. Para as aventureiras, era estranho ver esses seres que geralmente usavam farrapos ou peças de armaduras aleatórias como roupa estarem vestidos daquela maneira. Mas ali estavam, com a parte de cima de um terninho bem cortado em um estilo novo e desconhecido, brincos elegantes, um penteado da moda, maquiagem e um tipo de acessório ornamental na ponta da cauda.

A Naga mais jovem explicou sobre os deveres e direitos dos visitantes, sobre questões legais básicas e como agir em emergências. Ela apontou a disposição dos bairros na cidade e seus principais pontos turísticos.

Quando terminaram sua sessão, pegaram suas armas, seu visto provisório de visitante e se dirigiram para a saída. Lá, foram recebidas por uma explosão de sentidos. As estátuas gigantes na entrada eram impressionantes, mas o lado de dentro era... de tirar o fôlego.

Os cheiros, as cores, os sons, tudo era exuberante. Diferente de Arwintar, onde os prédios enormes e brancos eram o padrão, gerando uma hegemonia bonita, mas estéril, grandiosa, mas opressora, bela, mas intimidante. Se comparada à capital do Reino Feiticeiro, aqui tudo era mais colorido e parecia ter uma ordem. Apesar de haver prédios grandes, eles não eram o padrão. Estilos diferentes pareciam chamar clientes diferentes. Lojas de todos os tipos estavam presentes.

Provavelmente, por ser a entrada da cidade, ali estariam concentrados exemplos do que poderiam ser encontrados em outros bairros. Tudo parecia... aconchegante e convidativo.

Caminhando pelas ruas, perceberam que as calçadas tinham árvores que forneciam sombra, mas não dificultavam a visão. As ruas eram feitas de pedras tão polidas que quase não se notavam as junções, e havia um símbolo entalhado a cada poucos metros. "Uma runa", explicou Gargaran, estranhamente a única que conhecia a arte.

Elas foram a uma hospedaria com grande número de aventureiros, onde todos pareciam muito animados com a possibilidade de praticar na Masmorra. Isso elas mesmas fariam nos próximos dias com certeza. Resolveram sair para conhecer as proximidades. Já haviam estado em E-Rantel, mas isso foi antes da expansão. Mesmo a área antiga foi toda remodelada, então tudo era novidade.

A noite começava e as ruas se iluminavam. Os postes usavam luzes mágicas, então a rua era muito mais clara. Barracas de comida ficavam em volta das praças. Os cheiros eram pungentes. Bardos animavam os transeuntes, atraindo-os para o bairro dos restaurantes. Parecia um festival, mas aparentemente isso era uma noite comum.

Após circularem, resolveram comer algo e se dirigiram a um restaurante com letras estrangeiras, mas havia um cartaz anunciando: "Servimos Humanos".

— A gente não devia entrar aí – falou Gargaran, lembrando-se de algo.

— Por quê? É um restaurante humano, qual o problema? - respondeu Lakius, enquanto abria a porta.

Lá dentro, perceberam a grande quantidade de seres, quase nenhum parecia meramente humano. Todos estavam ocupados com seus assuntos e desfrutando seus pratos.

— Porque não é um restaurante onde servem humanos, é um restaurante onde "servem" humanos – disse Gargaram em um cochicho, tentando manter um sorriso para disfarçar.

O estômago de Lakius embrulhou instantaneamente.

— T-temos que saiiiir – ela cantarolou baixinho.

— Não podeeeemos – retrucou Gargaran na mesma melodia – seria falta de educação.

A guerreira abriu caminho até uma mesa e se sentou. Suas amigas imitaram. A ideia seria sair o quanto antes, sem chamar a atenção, mas o garçom era eficiente, um ser insetoide de quatro braços.

— Boa noite, senhoritas, meu nome é Iricth. Serei seu garçom esta noite. Acredito que desejam nosso menu destinado aos humanos, ou gostariam de experimentar a especialidade da casa?

— O-o, aham! O cardápio de humanos... PARA humanos, isso, o cardápio para humanos, por favor – gemeu Gargaran.

Lakius estava zonza demais para falar.

— Sim aqui, sintam-se à vontade.

— O-o que fazemos – murmurou a líder das Rosas Azuis.

— Eu não sei quanto a vocês, mas este filé parece muito bom.

— NÃO SOBRE A COMIDA – murmurou gritando Lakius.

— Acho que não temos muitas escolhas, podemos simplesmente pedir desculpas e sair – disse Evileye, finalmente entrando na conversa.

— Não! Estou cansada disso, não quero ficar pisando em ovos toda vez que encontrarmos outras espécies. Antes de me juntar às Rosas Azuis, viajei por muitos lugares, conheci todo tipo de gente e de comida, coisas que fariam vocês desmaiarem. Agora quero poder comer em paz, onde eu quiser.

Todas estavam admiradas com a atitude de Gargaran.

— Me desculpem, eu não sabia que você pensava assim.

— Não se preocupem, mas a gente só sobreviveu da última vez por sorte. Não quero passar por isso de novo por ser a cabeça dura que me tornei.

Nisso, o garçom retornou.

— Olá, senhoritas, gostariam de fazer o pedido?

— Acho que todas vão querer este prato, por favor.

— Menos para mim – disse Evileye.

— A senhorita gostaria de ver a carta de bebidas? Temos um Bardo bastante frutado. Mas se quiser algo mais encorpado, um aventureiro nível hummm... mithril seria o indicado.

Evileye olhou para o garçom de forma estranha através de sua máscara.

— Você está dizendo, sangue?

— Sim, acredito que a senhora prefira bebidas ao invés de sólidos, não?

— Você sabe... que eu... sabe.

— AH! Sim, me desculpe, não sabia que deveria ser algo a esconder, me desculpe pela indiscrição – falou vigorosamente o garçom, curvando o corpo em noventa graus.

— N-não, não precisa, não é algo mais tão... importante, mas como soube?

— Feromônios, o "nariz" de Iricth pode perceber. Se a preocupação da senhorita for com os outros clientes, não precisa. Recebemos várias espécies, e vampiros vêm com frequência.

— Oh! – disse a vampira, tirando a máscara – que mal lhe pergunte, de onde vem o fornecimento de... proteína humana?

— Haha! Ótima expressão, acho que a usarei de agora em diante. Bem, geralmente vem dos aventureiros. Com os riscos grandes, a possibilidade de acabar de forma prematura ainda existe. Então fazemos contratos para o uso. Os familiares ou conhecidos ficam com o... espólio.

— Mas isso não incentivaria o crime? – perguntou Lakius, finalmente entrando na conversa.

— Poderia, se tudo não passasse pela vigilância sanitária. Os Elders Linchs verificam a origem, se não estão com doenças e a natureza da morte. Usam várias magias. Se alguma "proteína" vier de um crime, o autor é automaticamente localizado. Já as safras de bebidas vêm de fornecedores registrados, retiradas sob padrões pré-estabelecidos, classificados por idade, sexo, tipo, padrão de vida e espécie. Afinal, as espécies não humanas podem querer outros sabores. Os elfos estão em alta, já que não há disponibilidade.

— Mas, acho que a Teocracia sempre vende escravos, mesmo que aqui seja proibido tê-los. Poderiam negociar e depois libertá-los.

— O Reino Feiticeiro nunca negociaria com escravistas – disse o garçom vigorosamente – fazer algo assim apenas incentivaria o comércio e a escravidão fora do alcance das leis de Sua Majestade.

— Mas não seria o Reino, seria vocês – respondeu Lakius.

— Senhorita, nós somos o Reino Feiticeiro, e o Reino Feiticeiro somos nós. O que fazemos refletiria em Sua Majestade. Agora, com licença, trarei seus pedidos em instantes – disse o garçom ao se retirar, deixando as Rosas em seus pensamentos.

— A chefe malvada está confusa – disse Tina.

— Sim, confusa – concordou Tia.

— Eu não esperava esse tipo de conversa. Lógico que estou confusa, e vocês? Vocês parecem à vontade demais.

— Nós somos ninjas, treinadas para se infiltrar em qualquer sociedade. Já estivemos na Cidade-Estado de Argland. Não é muito diferente daqui. Temos mais experiência – disseram as gêmeas simultaneamente.

Lakius ficou remoendo isso. Ela era realmente tão ingênua? Tia e Tina vinham de um grupo que era pago para assassinatos. Gargaran já era aventureira, enquanto ela apenas engatinhava. E Evileye literalmente tinha séculos de vida. Ela era apenas uma nobre que teve sorte com sua linhagem, adquiriu uma espada poderosa e era destemida. Fora isso, o que ela sabia do mundo?

Ao final do jantar, uma bebida foi servida a Gargaran. Algo colorido com um guarda-chuvinha em cima.

— O que é isso?

— Aquele senhor mandou para a senhora.

Todas olharam para o enorme paladino no balcão.

— Aquilo é um RobGoblin Paladino?! - Disse Lakius, admirada.

— Sim, senhorita, aquele é Urbuk, um seguidor da religião de Sua Majestade, mas...

— Diga a ele que agradeço, mas não tenho interesse – Gargaran falou, tentando não ser mal educada.

— Mas, senhorita, não foi ele que enviou a bebida. Foi aquele senhor ali. – disse o garçom, apontando para um jovem e pequeno Haflin de orelhas muito pontudas que levantou seu copo e deu uma piscadela.

— Com licença, amigas, tenho um encontro. Não me esperem - falou Gargaran, indo se juntar ao seu admirador.

— Lá se foi nosso tank. Que gosto estranho você tem - Evileye disse.

— Olha quem fala, e você toda caidinha por Momon?! Pelo tamanho dele, ele te partiria ao meio se tudo fosse proporcional – disse Gargaran com um aceno, deixando a vampira ruborizada e fazendo as outras rirem.