Jasper

Os dias estavam passando e embora eu estivesse muito ocupado com Peter e Emmett colocando em prática o projeto da cerca e dos sensores pela floresta e nas proximidades, eu tentava prestar atenção nas coisas em que Bella tinha em suas mãos. A mulher não parava, ela passava a maior parte do dia rondando pela pequena cidade, sempre ajudando, se ocupando com algo, sendo útil.

Mas o que me preocupava era suas variações de humor, e elas estava bem frequentes, principalmente depois que se juntava a reuniões com Maria, não as que tinha na prefeitura, dessas ela só fugia, mas a que as duas sempre tinha na delegacia, principalmente a noite depois do expedientes, e uma delas eu fiquei sabendo por Charlie que elas estavam em uma chamada de vídeo com a Itália.

Seus melhores momentos sempre eram quando Maria a deixava solta. Eu já a tinha visto cumprimentar antigos amigos da época de escola, Mike Newton o menino irritante atraído por Bella tinha assumido a loja de seu pai, que tinha decidido se aposentar e curtir o neto que seu filho teve junto com a Jéssica Stanley, a esposa exemplar da vizinhança, com direito a tortas na janela e tudo… isso claro, nos raros dias de sol.

Embora passássemos bastante tempo durante o dia afastados com cada um tomando conta das suas funções, a ideia de voltar para casa para encontrá-la era o ponto alto do meu dia. Tinham se passado duas semanas. E eu não tinha voltado para minha casa, a casa dos Cullen na verdade. Ela dizia que enquanto eu arrumasse a cama depois de bagunçá-la, eu teria um lugar para ficar… mas eu sabia que era de fato a forma como eu a bagunçava, com a sua ajuda, que a fazia me prender ao seu lado. Isabella era uma mulher muito, ativa, divertida e animada, para infelicidade de Peter, eu estava aproveitando muito isso.

Mesmo com toda a nossa troca e intimidade, o que me ligava mesmo a ela, era o que vinha depois. O colo, um conforto... ela deitava a cabeça em meu peito e relaxava, ela ignorava o mundo do lado de fora, nos excluía do que estava acontecendo tornando aquele o nosso espaço e apenas ficava ali comigo, me ouvindo ou falando enquanto nos dois sentíamos a nossa ligação se fortalecer ainda mais.

Alguns dias atrás, enquanto estávamos deitados ela me contou quando conheceu o bebê de Ângela e Jacob. E eu nunca tinha visto tanta felicidade e esperança irradiar dela. A forma que ela descreveu o o que sentiu quando o segurou pela primeira vez, foi tão verdadeiro e foi inevitável não pensar no fato de que ela nunca teria isso… nós nunca teríamos.

Eu nunca tinha pensado sobre isso. Bem, não depois de acordar como vampiro e passar anos lutando em uma guerra que para mim era sem propósito a não ser matar e destruir. Depois veio muitos anos vivendo como um adolescente que sempre tinha que se mostrar preocupado ou animado com seus últimos anos escolares e uma ida para a faculdade… eu até mesmo cheguei a fazer algumas, quando a ideia de passar pelo ensino médio novamente me levava a exasperação. Aquilo era uma vida e preocupação que não tive nem mesmo quando eu ainda era um humano. Eu morri tendo mais responsabilidade em ombros do que os jovens de hoje em dia podem imaginar…

Eu me lembro de fazer meus planos quando eu ainda era Jasper Whitlock o filho e irmão mais velho. Eu lembro que na noite antes da minha viagem para me juntar a tropa que estava a caminho de Dallas, meu pai me mostrou o pedaço de terra que ele estava me presenteando. Ele tinha orgulho do homem que ele havia criado. Eu já estava me tornando um homem honrado só em assumir meu papel e proteger nossa família. Eu teria minhas terras, construiria minha casa a qual eu presentearia minha esposa e aquele seria o local em que minha família cresceria e prosperaria. Eu ainda sendo aquele jovem, conseguia ver tudo aquilo que o meu pai me prometia para o meu futuro, ele acreditava em mim na minha capacidade, ela confiava em mim nas minhas escolhas e decisões, no homem que ele criou. Então eu também acreditava que eu conquistaria tudo aquilo, quando eu voltasse depois de cumprir o meu dever.

Sendo que eu nunca voltei, não construí minha casa e nunca vi meus filhos correndo pelo mesmo descampado aonde eu costumava brincar com meus irmão enquanto crescíamos.

Depois de ouvir Isabella falando sobre William e a sensação que ela sentiu de seu corpo frio e duro se aquecido pelo ser pequeno e em como seu corpo vibrou em sentir seu coraçãozinho batendo tão rápido que parecia vibrar em seu peito eu tentei imaginar… eu aproveitei o seu momento em silêncio, os longos minutos em que ela passava de olhos fechados e quietos do meu lado mergulhando nos seus mais profundos pensamentos e fiz o mesmo.

Em minha mente, eu voltei ao descampado, havia uma casa mediana de dois andares com um varandão coberto de ponta a ponta na frente da casa, ela estava erguida no mesmo local em que meu pai tinha me apontado. E ele tinha toda a razão, como sempre. As macieiras que eu poderia plantar próximo a varanda seria um bom espaço para se deitar ao fim da tarde, o lençol que estava estendido na sombra da árvore mostrava que alguém tinha feito isso recentemente.

As janelas estavam abertas… todas elas, deixando o ar puro do campo circular pela casa e quando eu suspirei pude senti o cheiro da torta que minha mãe costumava fazer quando eu era pequeno. O cheiro era tão forte que em vi capaz de sentir o gosto e só naquele momento eu realmente percebi que eu estava no sol e não estava brilhando…

Um grito tirou minha atenção de minhas mãos estendidas na minha frente. Eu corri para a lateral da casa seguindo a direção do segundo grito e quando eu cheguei na parte de trás da casa, aonde eu consegui ver mais da propriedade, um pequeno estábulo com um cavalo, junto nele tinha um pequeno celeiro, mais ao fundo eu conseguia ver o que parecia ser um galinheiro, mas o que me chamou atenção mesmo foi que mais a frente próximo a pequena colina, que eu sabia que se descêssemos e andássemos um pouco mais chegaríamos a casa dos meus pais, tinha duas crianças correndo gritando e agora gargalhando.

Um menino e uma menina.

O garotinho usava um chapéu, mas seus cabelos um pouco grande escapava por eles e brilhava por conta dos raios de sol, ele parecia ter uns 05 anos. Enquanto a menina uma linda mocinha, com um vestido longo, seus cabelos longos e escuros estava trançados e amarrados com uma fita, o sol também fazia sua magia nele, e pequenas mechas avermelhadas brilhavam e eu só conseguia pensar em como ela era tão linda e tão parecida com a sua mãe.

Eles continuaram correndo, quando um assobio soou atraindo tanta a atenção deles, quanto a minha. Foi quando eu finalmente a vi.

Ela estava lá, e é claro que seria ela. Tão linda,, não havia a chance de haver nenhuma outra na minha vida. A Isabella que estava em minha frente não era uma vampira, mas ela ainda brilhava a luz do sol ao seu modo. Seus cabelos eram tão longos e estavam trançados igual ao da nossa menina. Ela também estava vestida com um vestido leve de verão longo. Ela estava meio curvada, ajudando um menino ainda mais novo a carregar uma cesta com algumas maças.

Mais um menino loiro que fez meu coração se alegrar, se apertar… enlouquecer…

Isso poderia ser uma tortura, na verdade era uma tortura, era triste, mas era tão lindo.

- Ei… quem vai me ajudar a fazer mais tortas de maças para o papai. - seu grito atraiu o interesse dos mais velhos, que correram em sua direção. O rapaz pegou a cesta assumindo a posição de ajudar o menino a continuar a carregar enquanto a menina a abraçou como se a ajudasse a se erguer e ficar confortável e foi quando eu vi… suas mãos no quadril, suas bochechas mais gordinhas que o normal e o seu brilho que parecia ainda mais especial, por conta da sua barriga ainda mais inchada e eu podia apostar que não era por culpa das tortas de maças…

Quatro filhos… eu podia ver perfeitamente isso acontecendo.

Como se ela me sentisse seus olhos se viraram na minha direção. Ela sorriu e acenou o que chamou a atenção das nossas crianças para mim. Eu ouvi seus gritos me chamando de papai, a cesta de maças foi deixada no chão quando eles a largaram e correram em minha direção, mas eu nunca senti o abraço deles e nem os seus cheiros também…

Eu só… acordei.

- Ei… Jasper, você está bem?


Eu não estava bem, estava doendo. Eu estava com saudade de algo que nunca tive e naquele momento eu estava sofrendo por algo que eu sabia que nunca poderia ter e não era apenas por ela, era por mim também. Eu tinha sentido, eu tinha percebido o quanto eu queria ter isso aqui com ela. Eu não tive coragem de contar naquele dia e nem nos dois dias que passou.

Eu não me vi desejando nunca ter me alistado, nunca ter voltando de Galveston depois do meu pelotão. E pela primeira vez eu não amaldiçoei meu encontro com Maria. Isabella e eu pertencíamos ao meus mundo, mas em tempo diferente. Como humano eu nunca a encontraria, não a amaria. E a forma como eu me sinto tão inteiro, me faz duvidar se eu me sentiria assim se a minha realidade fosse outra.

Como humanos, eu e Isabella nunca poderíamos ter sido um casal. Então eu acreditava que o destino desde aquele momento tratou de nos direcionar pelos nossos caminhos. E se o que ela me contou sobre a conversa com Charlotte tivesse algum sentindo, estava explicado porque meu caminho foi tão longo, doloroso e difícil, já que eu estava há mais de um século adiantado... tive que percorrer um longo caminho até encontrá-la.

Eu não consegui me segurar por muito mais tempo tudo o que eu vinha remoendo em minha mente. Eu finalmente contei a ela o "sonho acordado" que tive. Estávamos na floresta, eu tinha saído para caçar e fazer uma ronda pelas proximidades e ela tinha decidido fugir de Maria de mais alguma reunião e me acompanhar. Não aceitando que eu fizesse essa curta viagem sozinho. Tudo bem, eu entendia a importância de segurança e embora eu tenha recusado os últimos convites dos Cullens sobre fazer companhia em algumas viagens de caçadas, eu tinha finalmente aceitado que não dava mais para adiar, eu precisava ir caçar.

Nós aproveitamos para nos divertir como tinha sido quando caçamos juntos em Denver, ela conseguiu brigar com um urso e não muito satisfeita, achou que seria interessante se meter entre mim e o meu segundo leão da montanha, querendo competir pela caça. Diferente do que eu achei que aconteceria, eu em nenhum momento avancei para cima dela. Nós realmente mais cansamos o animal em uma corrida do que qualquer outra coisa.

E quando estávamos finalmente rolando um no outro, sem nos importarmos com o local depois de nos darmos por satisfeito, foi quando ela me pegou em uma névoa e eu me vi distraído com a sensação que vinha depois de ter me alimentado, juntando ao prazer que vibrava em mim depois de termos gozado… algumas vezes. Ela me perguntou apenas uma vez, e eu me vi derramando para ela, tudo o que eu tinha visto. A casa linda, o campo verde, o cheiro da torta de maça e as crianças, seus gritos e seus sorrisos… ela gravida e o quase abraço que eu ganhei.

Ela ficou quieta por todo o momento em que eu falei. E ela continuou assim por mais um tempo, eu estava realmente me preocupando de tê-la magoado com algo, já que a traidora me trancou do lado de fora de novo, até que ela finalmente teve misericórdia e reagiu se jogando em meu peito e me abraçando.

- Quatro filhos, Jasper? Serio? Quatro? - sua voz estava carregada de espanto. Nada de raiva, nem mágoa, apenas espanto e surpresa e eu estava começando a achar que estava identificando um pouco de excitação também.

- Eu vejo isso acontecendo perfeitamente. - murmurei a segurando firme.

- Peter já nos dar trabalho suficiente, querido. E Damian não fica muito atrás de tão sonso que ele é.

Eu não tive como evitar rir de suas palavras, era impossível discordar dela.

- E mais quatro? Maria seria capaz de colocar essa tropa para bater continência e prestar serviços nas nossas terras.

- Seria tão perfeito, cariño. - eu suspirei, escondendo meu rosto em seu pescoço.

- Sim, seria querido. - sua mão acariciou meus cabelos. - E se a forma como você se empenhou hoje for a causa de tanta "torta no forno", eu já estaria preocupada com a provável fornada ter sido encomendada, se fosse possível.

Minha gargalhada acabou espantando alguns pássaros próximos de nós dois. Ela me beijou, me consolou mesmo sem eu não ter dito nada, por simplesmente me conhecer e saber que eu precisava. Ela não tratou isso com banalidade, ela respeitou o que eu senti, ela me ouviu e me deixou sentir a pequena dorzinha, a saudade de algo que eu não tive. Confessou que amaria poder ter vivido isso tudo comigo, mesmo que isso significasse ter que passar pela dor de um parto quatro vezes e passaria quantas vezes mais nós fossemos abençoados. Mas que ela estava feliz e em paz, que tínhamos um ao outro. Teríamos uma eternidade para viver, poderíamos sonhar e sentir com esses sonhos, mas continuaríamos tendo um ao outro. E enquanto isso durasse seria perfeito para ela.

Então, bem ali, eu me fiz a promessa de que faria durar para sempre.


Peter, Emmett e eu começamos a trabalhar nos terrenos próximos a fronteiras com La Push. Peter tinha me explicado que eles não tinham interesse em dividir o lugar, claro… nenhum dos Cullen e assim como eu ainda não havíamos cruzado a linha imaginária, nós respeitávamos o tratado e não entramos em seu território, assim como muito outros. Eu sabia que apenas os amigos, aqueles que os lobos viam como família tinha autorização para entrar em suas terras… e claro, eu não pude achar estranhamente bizarro e rir quando descobri que Maria era um deles.

Era por volta das cinco da tarde, quando a chuva começou a cair e decidimos parar de mexer no terreno. Eu estava pronto para dar o dia por encerrado, tinham sido poucas vezes que eu me via parando cedo e justamente hoje, o dia que Bella estava fora eu estava aqui me preparando para ficar sem ela.

Bella tinha passado por volta de meio dia, para me contar que ela estava saindo para Seattle, eu não me senti confortável com a ideia de tê-la la fora, mesmo que não fosse sozinha. Eu sabia que ela cofiava em Tobias e Donna, eu também confiava, mas não era inevitável não sentir o desconforto que a ideia de imaginá-la lá fora me traria.

Ela acabou não dando muitas informações, Peter tentou disfarçar o desconforto tanto quanto eu, nós dois sabíamos que ela não aceitaria nenhuma merda vindo de nós, Isabella não era nenhuma criança, eu sei, mas ela não podia nos impedir de nos preocuparmos.

Quando retornamos para casa encontramos Charlotte e Damian na sala, a agitação e revolta do rapaz vibrava tão forte que eu tive que bloqueá-lo para não deixar que me afetasse, algo estava o tirando do eixo. Bella não tinha deixado ir junto e pelo que eu pude ouvir ele resmungar com Peter, havia ordens claras de que ninguém deveria segui-la.

Que porra estava acontecendo?

Meu celular vibrou no meu bolso, sendo dessa vez Carlisle. Eu não tinha voltado a casa a não ser no dia que eu fui pegar algumas roupas, já que Peter estava me ameaçando por continuar mexendo nas suas coisas. Eu rejeitei a chamada, querendo entender o que estava acontecendo primeiro. Peter estava saindo novamente depois de ouvir o que Damian nos contou sobre o dia, então decidimos que ir para a delegacia e descobrir com Charlie o que a louca estava inventando dessa vez e eu com certeza iria junto.

Fiquei surpreso quando encontrei Carlisle assim quando chegamos. Ele nos explicou os ataques que os suprimentos para os hospitais vinham sofrendo. O hospital tinha recebido mais cedo uma ligação do posto de distribuição com a informações de que estariam suspendendo o envio por tempo indeterminado, até que as força policial pudesse garantir a segurança das mercadorias e dos transportadores. Todos nós sabíamos que eles não teriam a força necessária para isso. Assim como eu e Peter sabíamos que isso era um meio de nos fazer se mover. Eles queriam forçar nossos movimentos.

Mas na minha opinião, uma emboscada era um tanto arriscado. A doida queria ir e voltar dirigindo o caminhão ela mesma?

-… As estradas estão desertas?… sim, entendi. Eu vou informar ao Samuel, talvez eles possam patrulhar a mata durante a noite e garantir que esteja tudo tranquilo para amanhã… eu estou pouco me fodendo para o que Isabella quer Tobias. A ordem era ir verificar, não se tornar a porra de uma isca viva…

Meu rosnado atraiu sua atenção. Não era apenas ela que estava furioso agora.

- Bem… pelo menos agora a dor de cabeça não é só minha. - ela debochou olhando para mim. - Avise que é para ela atender quando eu ligar. Retornarei durante a madrugada, dando o sinal para a partida de vocês.

Maria desligou a ligação e seguiu para a porta da sala de Charlie abrindo e o chamando, estávamos todos na recepção. Eramos os únicos ali, muito dos funcionários já tinham encerrados, era mil vezes mais fácil deixá-los descansar enquanto os turnos noturno ficavam para nós que não precisamos dormir para recarregar nossas forças.

Tobias tinha acabado de passar seu relatório, as estradas estavam vazias depois do ataque ao transporte dos suprimentos no dia anterior. Então eles chegaram sem problemas. Eles estavam recolhendo e montando um bom número de suprimento e cuidariam de fazer o transporte no dia seguinte. Mas nem mesmo Tobias tinha muito a dizer sobre a cidade porque até eles tinham suas ordens de ficar parado até que Isabella desse o seu sinal.

Era incrível como todos tinham que seguir suas ordens, e eles faziam isso, enquanto ela mesma tinha lá suas dificuldades de fazer o mesmo.

Eu estava chateado por ter sido deixado de fora. Pensei que ela tinha finalmente entendido que eu estava aqui. Tudo bem que eu não tinha sido o único que ela excluiu, mas eu estava aqui para ser mais, eu pensei ter deixado isso claro… eu não queria ser apenas intimo, nossa relação não se baseava aos momentos bons que tinha na cama, seja conversando ou nos amando. Isabella e sua teimosia precisava entender que ela não estava sozinha e ela nunca esteve, mesmo quando eu não estava aqui, Peter, Charlotte e Damian fazia parte de uma frente unida prontos para lutar por ela dê uma forma que ela parecia não ver, ou sua teimosia a fazia ignorar isso também.

Ninguém foi embora. Charlotte passou um pouco próximo da meio noite, contando que Damian tinha ido até La Push organizar ele mesmo as rondas com o lobo, para que vasculhassem as matas.

- Ele não vai ir junto Maria, mas ele é teimoso demais, e claro está chateado o suficiente para não conseguir ficar parado. Ele ficará de reforço na aldeia junto com Jacob enquanto Sam sai para ajudar na ronda.

Esme era outra que tinha ligado para Carlisle quando deu a hora do fim de seu plantão e ele não voltou para casa. Ele explicou por alto o que tinha acontecido com os suprimentos e explicou que estava na delegacia conversando sobre o que poderia ser feito. Emmett se ofereceu para vir junto, mas ele pediu que ele ficasse na casa. Não seria muito inteligente deixá-los sozinho na casa, não quando nenhum deles tinha tanta experiência em luta, e como os alarmes ainda não foram instalados, eles precisavam ficar bem atentos. Por ser uma propriedade dentro da cidade, ela ainda era isolada demais dentro da floresta.

Charlie saiu por um tempo, assumindo a responsabilidade de verificar a cidade, mesmo que a essa hora muitos já estivessem dentro de suas casas e organizar alguns dos soldados para ficarem de prontidão nas estradas.

Volterra fez uma nova tentativa de contato, o que fez Maria perder o resto de paciência que ela tinha, a fazendo gritar, xingar e quebrar o seu telefone. Peter bufou se aproximando e a puxando para a sala de Charlie. Deixando eu Charlotte e Carlisle sozinho na recepção.

Eu me aproximei de uma das mesas que tinha um computador e comecei a procurar pelas ultimas noticias de Seattle, algo que dizia que enquanto ela quisesse todos quietos no seu canto, ela não estaria. E eu encontrei algumas coisas. Noticias de ataques nas ultimas semanas, desaparecidos, algumas confusões listados como brigas de ruas e em bares, que destruiu todo o estabelecimento. O prefeito do local tinha decretado um toque de recolher, mas todos nós sabíamos como os jovens de hoje era teimosos demais para respeitar algo do tipo.

O ataque na estrada com a transportadora de suprimentos hospitalares foi noticiado, os motoristas tinham ido a óbito no local enquanto o material que estava sendo transportado não foram roubados, mas sim destruídos, o que levantou muito questionamento sobre o ataque. E a cidade estava estranhamente silenciosa hoje.

- Ela está fazendo alguma coisa. - eu resmunguei lendo a reportagem sobre um incêndio próximo ao porto.

- Eu vou ligar. - me mexi para tirar o telefone do bolso, mas Charlotte acabou com meus planos ao dizer que ela quebrou o telefone novamente essa manhã.

Puta merda, Isabella.


Tinha sido a porra de uma tortura ver a madrugada passar sem nenhum noticia e sem tê-la por perto. E o pior de tudo é que eu não podia fazer nada. Claro, eu poderia simplesmente levantar e sair, ir atrás dela e trazê-la de volta nem que fosse jogada no meu ombro. Maria deveria ter mais das mesma correntes que usaram para prender Laurent.

Mas, bem… eu não poderia sair no escuro e criar mais riscos do que já estávamos correndo.

O sol chegou junto com a ligação de Tobias nos informando que Isabella tinha voltado… a pergunta que eu queria fazer era, aonde essa louca tinha ido, para inicio de conversa… o caminhão estava pronto e escondido no porto… o porque que por acaso ela incendiou? Porque sim, algo me dizia que ela tinha todos os seus dez dedo nisso. Eu não tive a chance de discutir. Maria apenas insistiu que eles esperassem o retorno de Sam, que tinha passado a noite toda fora e sem dar nenhuma atualização.

Isabella não ficou muito contente, eu podia ouvir seus resmungos pela ligação, mesmo assim ela não pegou o telefone para debater… bem-vinda ao clube dos frustrados cariño.

Por volta das 07 horas da manhã, Damian finalmente entrou em contato. Sam tinha deixado seu pessoal de guarda em pontos estratégicos. Eles tinham encontrados alguns vampiros de guarda vigiando a estrada em pontos determinados e dando um fim neles, assim como muitos rastros antigos. Eles poderiam não está invadindo e nem nos atacando, mas tinha alguém interessado e estavam nos vigiando. Seria Handall?

Ficou acertado pela ligação que Isabella dirigiria o caminhão enquanto Tobias e Donna a seguiam de perto. Emmett tinha soltado um alerta de estrada interditada para que assim evitassem movimento enquanto eles transitavam, porque eu sabia o quanto Isabella seria capaz de se colocar em risco para proteger os outros.

Carlisle voltou para o hospital, quando tivemos a confirmação de que o caminhão estava em movimento. E quando Emmett chegou com o seu computador dizendo ter conseguido hacker o rastreio do caminhão foi a porra mais torturante do mundo, ficar quatro horas sentado em uma cadeira acompanhando um ponto vermelho piscando e se locomovendo lentamente. Isso brincou com meu controle de uma forma doentia. Foi só quando o sinal se aproximou da cidade que eu não esperei por ninguém e me movimentei.

Minhas pernas ganharam vida em sua direção, era como se houvesse um próprio rastreador que me fizesse encontrá-la aonde ela estivesse e foi bem no momento em que o caminhão cruzou a placa de bem-vinda a Forks que eu pulei da arvore em que estava para a estrada e depois saltei para a caçamba andando por ela, enquanto acenava para Tobias que estava ao meu lado direito e pulei para a lateral da cabine agarrando a maçaneta e me jogando para o banco do carona.

Seus olhos vermelhos encararam os meus, eles não estavam arregalados, mas totalmente inexpressivos, ela não disse nada assim como eu, apenas seguimos o restante do caminho quietos, pois só o fato de tê-la ao meu lado, poder ver com meus próprios olhos que estava inteira, vive e bem… bem, por pouco tempo. Eu ainda estava considerando pedir a Maria suas correntes.


Seguimos direto para o hospital, aonde encontramos todos e sem trocarmos nenhuma palavra, Peter foi o primeiro a se mover, abrir a caçamba e começar a retirar os suprimentos e todos trabalhamos em levar tudo para o almoxarifado enquanto uma pessoa se acomodava para contabilizar.

Quando estávamos próximo de acabar, Maria e Charlie seguiram com Tobias e Donna, enquanto Peter segurava a mão de Bella e junto com Charlotte eles saíram.

- Você não está com uma cara muito feliz. - Carlisle se aproximou com uma prancheta enquanto eu entrava mais uma vez para o caminhão e pegava alguns Cooler e entregava ao pessoal de jaleco. - Essas são as vacinas. Coloque-os no refrigerador, que eu já vou para cuidar delas.

- Eu imagino como você deve ter ficado preocupado com toda essa situação Jasper. Mas como Isabella não cansa de nos lembrar, ela não é mais a mesma. E precisamos começar a entender como ela funciona agora.

- Não Carlisle, eu nunca serei capaz de entender o fato de ela simplesmente sair e se colocar em risco.

- Ela só…

- Eu sei que ela queria cuidar disso. Ela estava preocupada com a falta de suprimento a semanas, e os ataques a estavam irritando. Mas ela não tem que simplesmente sair e achar que pode resolver tudo sempre sozinha. Ela não está sozinha, ela não precisa mais fazer nada sozinha.

Ele parou de escrever e me encarou quando eu só explodi.

- Você sabe que ela faria qualquer coisa por você. E ela nunca quereria você em risco. É assim que funciona a ligação do companheiro Jasper.

Bem, eu nunca tinha usado essas palavras na frente deles e nem mesmo explicado a situação e como de fato as coisas tinham mudado. Mas Carlisle não era cego. Nenhum deles eram na verdade. E ele era inteligente o suficiente para juntar os pontos, e o fato de poder conhecer os sintomas em base dos últimos acontecimentos, tiveram muitos.

- Então ela entendera muito bem quando eu surtar por ela ter simplesmente tornado o meu maior medo realidade. Ter se colocado em risco.

- Sim ela vai. - ele sorriu voltando a anotar algo. - Você nunca mais voltou. - ele continuou falando sem levantar seus olhos. - Todos nós entendemos o seu ponto na nossa ultima reunião filho, mas queremos que saiba que você sempre será bem vindo, seja para ficar ou apenas para uma visita… você continua sendo família, sempre será.

Eu tinha planos de sair assim que eu terminasse com o caminhão, mas a breve conversa com Carlisle foi o suficiente para me distrair. E realmente eu tinha saído naquela noite e não tinha voltado. E o fato de ele ter me dito que as portas continuavam abertas me deixou feliz, eu tinha ido até eles pela Alice e ficado por ela, nosso convívio não foi um mar de flores, porque tinha sido difícil para mim a transição do sangue humano para o animal, mas todos eles tiveram paciência comigo, vivemos anos juntos e realmente fomos uma família nos bons e maus momentos, entre brigas e sorrisos. E bem, era assim que uma família de verdade funcionava não.

Eu me despedi apenas quando ele entrou para o posto de vacinação para cuidar das vacinas recém-chegadas, ele precisava protocolar e ligar para as famílias para começar a agendar os dias com as crianças que tem as doses atrasadas. Eu segui direto para casa, com a certeza de que a encontrara lá.


A casa estava silenciosa, eu poderia até mesmo achar que estava vazia se eu não fosse pelos sons de uma conversa baixa, músicas vindo de uma forma abafada e o barulho de água caindo. Não tinha ninguém no primeiro andar. Já no segundo, eu conseguia ouvir o som de uma conversa baixa entre Peter e Char que estava, fechados em seu quarto a porta do quarto de Damian estava aberto e eu o vi deitado em sua cama, ele ainda não estava com o semblante descontraído de sempre, mas ele estava em casa, eu retribui o seu sorriso quando ele me cumprimentou e antes mesmo que eu pudesse me virar em direção a escada e que ia para aonde tem sido o meu quarto nos últimos dias, ele recolocou os fones e aumentou o volume, voltando a prestar atenção na sua leitura.

Conforme eu ia subindo o barulho de água ia ficando mais forte. O quarto estava intocado, o que me fazia acreditar que ela chegou indo direto para o banho. Nesses dias convivendo diariamente com ela, claro sem tê-la me empurrando para longe e me excluindo eu já tinha conhecido um pouco de suas manias. E esfriar a mente durante o banho era uma de suas maneiras… pelo menos desde que se tornou quase impossível correr e descontar seus contentamentos em que merece. Suas palavras.

Eu não me aproximei da porta, mesmo com ela estando aberta servindo como um convite. Outras coisas que eu aprendi, quando Isabella precisava de um tempo sozinha, ela não tinha problema nenhum em me trancar do lado de fora, fosse da hora do banho, do quarto e até mesmo dos seus sentimentos. E hoje por mais que a porta do banheiro estivesse aberto, eu não sentia nada vindo dela.

Ela precisava pensar e reavaliar suas últimas decisões, por que nada poderia me fazer deixar de achar o quão injusta ela foi. Com todos nós. Talvez, sair poderia ser uma boa ideia, dar um tempo a mais para nós dois diluir toda essa turbulência. Eu não acredito que seria possível algum desentendimento, mas nesse momento era quase certo que seria inevitável.

Na mesma hora que a ideia de sair me bateu, eu a empurrei para longe. Não. Eu não faria isso com ela. A lembrança do estado em que ela ficou no dia seguinte que passamos a noite juntos pela primeira vez me fez crer que Isabella poderia ser a criatura mais corajosa do mundo ao ponto de torná-la estúpida, como ela mostrou isso ontem, mas até mesmo ela tem seus pontos fracos.

Embora não tivéssemos conversado sobre o que aconteceu com ela naquele dia, eu me assustei quando senti medo vindo dela, confusão e incredulidade sobre algo. E eu sabia que nada disso vinha sobre o fato de eu ter realmente arrumado o quarto e deixado como antes. A forma como ela andava pelo cômodo desesperadamente tentando encontrar algo, me fez sair da cozinha e correr para cima e o alívio logo a inundou quando ela me encontrou ali, assim como o sentimento de certeza e confiança em algo. Eu nunca tive um esclarecimento sobre o que realmente aconteceu.

Eu me senti mal por tê-la feito sentir aquela confusão, mesmo que não tenha sido intencional, e não faria isso agora, ainda mais encima de uma decisão que eu estava tomando, eu ficaria, eu prometi isso e para Isabella eu cumpriria todas as minhas promessas.

Enquanto ela me quisesse, eu estaria aqui.

Eu estava tão distraído que não ouvi quando o barulho da água acabou, eu só me surpreende quando a encontrei de toalha na minha frente, não tinha surpresa nos seus olhos, mais uma chateação vibrava dela.

- Porque você não entrou? - ela perguntou com a voz baixa, indo em direção ao armário e escolhendo uma roupa. Uma blusa minha e pelo tamanho, parecia ser um short de algum dos seus pijamas.

- Porque eu estava te esperando para conversar. - eu resmunguei do meu lugar dando o espaço para que ela se vestisse apenas com aquilo. Porra.

- Jasper… - não, mocinha, você não estará me levando dessa vez. Você iria me ouvir.

- Não. Isabella. Nós vamos conversar. - Meu tom pode ter sido um pouco duro, o que a fez parar de esfregar a toalha no cabelo e me olhar.

- Conversar ou brigar?

- Conversar. Pelo menos é essa a minha intenção e se você deixar a sua teimosia e lado por esse tempo tenho certeza que passaremos por isso sem problemas.

- Sim, né. Porque esse seu tom irá nos ajudar muito. Mas tudo bem, vamos lá Major. Vamos começar.

Ela jogou sua toalha no chão e apoiou as mãos na cintura.

Tá legal, não era bem assim que eu estava imaginando levar as coisas.