2 de agosto de 1936:
Ainda não tive a coragem de levantar da cama e tomar aquela poção. Não conseguia parar de rebobinar a noite passada.
"Obliviate"
"Quem é você?"
Por que dói? Já sabia que isso iria acontecer, então eu não deveria estar feliz que funcionou? Então por que dói?
Olho para o lado e a luminária estava acesa e os coelhos corriam em volta da lua. E dou um suspiro de derrota, não era isso que eu queria? Então engula o choro e se levanta.
Você não pode ficar deitada na cama o dia todo apenas por fazer a coisa certa, e pensar que eu tive que obliviar até uma cobra.
Eu sou uma pessoa horrível e não quero sair daqui nunca mais.
Mas se eu não sair, não poderei ir para Hogwarts. E é Hogwarts, o lugar que passei anos da minha vida querendo ir. Bom, eu ajudei a construir, mas não estudei nela.
Vamos, você verá os seus amigos, verá a Melissa. Vamos, Leesa. Será legal.
Certo, será legal.
Sentei-me na cama e dou pequenas batidinhas na minha bochecha e a motivação já estava a todo vapor no meu corpo. Quem liga se perdi a única pessoa que me entendia? Posso encontrar outras.
Ou eu posso ser a única pessoa que me entenda. Muito melhor.
Saio da cama e retiro os meus anéis, o colocando em cima da mesa de cabeceira.
_ Vocês dois, comecem a se despedir. - Digo e Tony caiu da cama e bateu seu rostinho no meu tornozelo. _ Não posso levar você para Hogwarts, meu amor. - Peguei ele do chão. _ Mas papai me prometeu que iria cuidar bem de você. Você entende? - Ele começou a chorar. _ Não chore, ficarei chateada. - O abracei.
_"Miau"! - Tommy começou a chorar também e fiquei chateada novamente.
Parece que estou matando os dois.
_ Tudo bem, vou levar os dois comigo. Mas você... - Cutuquei o Tony. _ Será um gato, não posso levar um chupacabra para escola. Entendeu bem, mocinho? - Ele sorriu e o deixei no chão. _ Vocês são tão manipuladores.
Pego a minha bolsa e retiro de lá um vestido de uma criança de pelo menos dez a onze anos. Era um vestido simples, mas de um azul-claro. O colarinho era branco e daria para usar o broche que papai me deu.
Não precisaria usar luvas e isso até que era algo bom. Sempre esquecia de usar luvas quando saia de casa.
Coloco as peças íntimas em cima da cama, um par de sapatos preto sem salto e meias.
E a última coisa que retiro da minha bolsa foi a poção. A bendita poção.
A poção que iria me fazer uma criança, bom, pelas contas, eu tinha que tomar a poção toda e se eu tomasse apenas um pouco, iria voltar a ter 26 anos. Para chegar aos 10 ou 12 anos, preciso tomar a poção toda.
Já que ela fazia a pessoa retroceder em dois, dois anos. E se eu retrocedesse de 28 para 10 rapidamente, meu corpo não iria aguentar e eu iria acabar morrendo e não queremos isso.
Deixo a poção em cima da cama e vou até o banheiro para tomar banho. Tinha que aproveitar um pouco meus últimos minutos com um corpo de 1,70.
Não vou sentir falta de ter seios medianos, não vou sentir falta de ter coxas grosas ou de ter um pé que só cabe em sapatos de numeração 37 a 39.
Isso com certeza não vou sentir falta.
Retiro a minha camisola e a calcinha, e vou direto para o chuveiro.
Será que vou ter que diminuir os meus anéis? Como será a família Granger? Espero que eles não sejam esquisitos.
Meus dentes estavam batendo um nos outros e isso era apenas a ansiedade batendo na minha porta. Meu corpo não estava tremendo por fora, mas estava tremendo por dentro.
Era como se eu estivesse sentindo calafrios, mas esses calafrios viraram tremores.
Estou ansiosa, ansiosa para colocar tudo que pensei em prática. Tanto tempo para chegar aqui, para chegar o dia que colocaria a primeira coisa em prática.
Ser uma Granger.
Isso é apenas a primeira coisa e já estou assim. Ansiosa.
Imagina quando terminar a minha vingança, o que vou sentir? Felicidade? Alívio? Ou medo?
Felicidade, com certeza será felicidade.
Desligo o chuveiro depois de alguns minutos e não uso toalha para me secar, estava com pressa. Faço o feitiço para secar o meu corpo e tranco a porta do quarto com a minha magia.
Sinto se o Abaffiato ainda estava presente no quarto e estava. Respiro fundo e pego a poção, minhas mãos tremiam um pouco, mas isso não me impediu de destampar o vidrinho da poção e beber um pouco do líquido.
Não poderia beber tudo de uma vez.
Sinto meu corpo formigar e os ossos do meu corpo começaram a estalar. Os músculos estavam rígidos, mas dava para aguentar, não estava tão ruim.
Parece que fiz um logo exercício e esse era o dia seguinte. Estava apenas com o corpo dolorido, nada de mais.
Fico esperando algo grandioso acontecer, mas não acontece nada.
Será que pensei que voltando para os meus 26 anos, eu teria o Dragon ao meu lado? Já que ele foi tirado de mim quando eu tinha 26.
Que piada.
Agora vamos para o segundo gole, dessa vez vou ter 24 anos e mais uma vez nada aconteceu.
Tomo mais um gole e dessa vez apenas senti um pouco de dor nas articulações, nada que me fizesse gritar.
Olho para o lado e Tommy e Tony estavam me observando com certa cautela, como se a qualquer momento eles fossem sair do meu quarto e pedir ajuda.
Vinte, agora terei vinte anos.
Meu corpo doeu e me curvei para frente, meus pulmões estavam buscando ar e meus olhos estavam doendo tanto que pensei que eles iriam soltar do meu crânio.
Vamos lá, corpo. Você só tem 20 anos ainda, você só retrocedeu oito anos, nada de mais. Agora para de doer e colabora.
Parecia aquelas vezes que o nervo embolava e doía tanto que você não conseguia gritar, você só fazia massagem no local para voltar ao normal.
A dor era parecido com isso.
Olhei para o meu corpo e ele continuava igual, não mudou nada. Tudo bem, só tenho 20 anos ainda.
Mais um gole e tenho 18 anos, e foi pior que antes, tive que me sentar no chão e respirar fundo. Eu não vou aguentar, isso dói tanto que estou quase pensando que estou sendo torturada novamente.
Tenho que aguentar, preciso aguentar. Isso não é nada que já passei, isso não é nada que vou passar.
Respira fundo e solta o ar devagar. Isso, boa garota.
_ "Miau". - Tommy tentou vir até mim, mas o Tony o impediu. _ "Miau"! - Ficou irritado.
_ E-está tudo bem, Tommy. Eu só preciso me acostumar e tudo vai ficar bem. - Sorri para ele e seco o suor da minha testa.
Deveria ter tomado banho depois que fizesse isso.
Olho para a poção e a bebo novamente, estou quase lá. Quase lá.
Não, não estou quase lá nada, isso dói. Dezesseis, tenho dezesseis e parece que estou sentindo a varinha do Potter ferindo a minha pele novamente.
As cobras em minhas costas pareciam agitadas, será que o little lord também está sentindo essa dor?
Não posso pensar em outras pessoas agora! Sinto os ossos do meu corpo diminuindo e me joguei para trás.
Tentava não apertar tanto o vidrinho da poção. Mas a minha outra mão socava o chão para ver se o meu cérebro prestava atenção naquela dor.
Será que as minhas cicatrizes irão sumir? Não pensei nisso, mas, se as minhas cicatrizes sumirem, os cortes do meu pulso também não irão sumir?
Para descobrir isso, preciso ter quatorze, e para isso, preciso sentir mais dor. Tudo para um bem maior, dizia papai e Dumbledore.
Sentei-me e sinto minhas costelas doerem pelo movimento, queria continuar deitada, mas deitada poderia acabar entornando a poção.
Olho para a poção e a bebo mais um pouco.
Prendo a respiração e parecia que meu corpo estava sendo queimado vivo, nunca mais, nunca mais irei beber uma poção desse tipo.
Só preciso tomar mais duas vezes e acabou. Acabou...
Mas já podia sentir que diminuí consideravelmente e tudo em mim se tornou menor, isso era tão estranho.
Meus pensamentos e crenças não diminuíram, mas o meu corpo, sim. Espero que meu corpo se acostume em questão de segundos, não quero parar o meu dia para tentar organizar os meus membros e minhas funções motoras.
Olho a poção na minha mão e tomo coragem para terminar esse sofrimento. E mais uma vez a dor apareceu.
_ Só mais uma vez. - Sorri tentando secar o suor que estava fazendo os meus olhos arderem. _ Última vez. - Bebo o restante da poção.
Dez... Tenho dez anos. Joguei-me para trás e eu não tinha forças para fazer nada. Nem mesmo para segurar o vidrinho da poção.
Ele rolou dos meus dedos e meu corpo estava estirado no chão. Meus músculos estavam tencionados e doía duas vezes mais que antes.
Minha caixa torácica subia e descia rapidamente e me sentia um pouco desconfortável. Parecia que alguém estava sentado em cima dos meus pulmões e chutava o meu estômago para que eu vomitasse tudo que estava dentro dele.
Levantei as minhas mãos devagar e vejo o quão pequenas elas eram. Era assim que eu era quando era uma pirralha? Só pela mão já sei que sou uma pessoa fofa.
Deslizo as minhas mãos pelo meu corpo e podia sentir as costelas. Bati os meus joelhos um no outro e sinto o quão ossudos eles eram.
Que maravilha, voltei a ter anemia? Será que as manchas avermelhadas que eu tinha antigamente apareceram também? Não, não quero ser um pimentão cheio de manchas.
Eu me virei de bruços e pensei que iria doer mais, mas não foi assim que aconteceu. Apenas senti que meus seios não existiam, sou uma tábua de passar roupa. Perfeito, não gostava de ter seios grandes mesmo, mesmo eles sendo medianos.
Tento me levantar do chão, mas não consegui me levantar rapidamente e era só o que me faltava, tenho que me arrastar até o banheiro?
Duvido que vou fazer isso.
Faço a minha magia ir até a bolsa, mas ela ficou vacilando e só pude revirar os olhos.
_ Você está de sacanagem com a minha cara, meu amor? - Digo olhando a massa branca que tremia.
E reparei que a minha voz ficou fina, mas não tão fina para ser algo irritante, mas era estranho ter uma voz desse timbre.
_ Por que você não está funcionando? Passamos tanto tempo juntas e você quer enfiar uma espada nas minhas costas?
Ela negou as minhas palavras e acariciou o meu rosto.
_ Você sabe que apenas me fazendo carinho não vai resolver, não sabe? - Ela se distanciou novamente. _ Você pode pegar a minha bolsa em cima da cama? - Ela se arrastou e trouxe a minha bolsa. _ Obrigada.
Retiro da minha bolsa uma poção para reabilitar o meu corpo mais rapido, não poderia ficar o dia todo aqui.
Bebo o líquido aquoso e sinto o meu corpo esfriar rapidamente. Isso era bom.
Sentei-me no chão e começo a me alongar, os estalos que meu corpo dava de vez em quando era um pouco prazeroso, não sei o porquê.
Levanto do chão e minhas pernas tremeram um pouco, mas não me fizeram cair. Tento andar um pouco e era estranho, parecia que eu era um bebê dando os meus primeiros passos.
Pego a minha bolsa e o vidrinho do chão e um deles coloquei na cama, mas o outro jogaria no lixo.
Vou em direção ao banheiro e antes de entrar no chuveiro, jogo o vidrinho no lixo. Entrei no box e ligo o chuveiro, não iria sair com cheiro nojento de suor.
_ "Miau"! - Olho para o lado e vejo Tommy em cima do Tony.
_ Estou bem, meu amor. - Sorri tirando o sabão do meu corpo. _ Ou você está se perguntando se sou eu mesmo?
_ "Miau". - Como se eu fosse entender o que você está dizendo.
_ Espero que seja a primeira opção. - Continuo tomando banho.
Quando desliguei o chuveiro, peguei a toalha e comecei a me secar, a minha magia estava tentando se adequar nesse corpo, e como tenho dois tipos de magia, iria demorar um pouco mais.
Antes de voltar para o quarto, olho para o espelho e vejo as minhas costas e lá estavam elas, as cobras, o vira-tempo e até mesmo as cicatrizes. Isso quer dizer que meu corpo retrocedeu, mas nem tudo fez isso.
Olho para o meu antebraço e ele continha os cortes avermelhados e um negro. Ainda bem que isso não sumiu.
Antes de ir para a família Granger, tinha que fazer o feitiço para esconder as minhas marcas, as cicatrizes e os cortes.
A única coisa que me impedida de fazer isso agora, era a minha magia. Tanto do núcleo, quanto do meu sangue.
Saio do banheiro e começo a colocar a minha roupa. O vestido bateu nos meus joelhos e ele tinha bolsos escondidos nas laterais.
Coloco a minha meia e calço os sapatos.
Eles serviram perfeitamente e fiquei aliviada, pensei que eu tivesse que pedir a mamãe para poder diminuir os meus sapatos.
Olho em volta e tinha que escovar os dentes e pentear os meus cabelos. Preguiça.
Pego a minha bolsa e retiro de dentro dela o broche de coelhos. Os coloquei no colarinho e eles eram tão fofos. Papai sabia perfeitamente como fabricar joias fofas.
Coloco a caixa do broche na bolsa e comecei a colocar as coisas nela. Seja os meus diários, desenhos estranhos que fiz quando estava entediada ou até mesmo a minha luminária.
Como não tirei nenhuma das minhas roupas para colocar no closet, ele estava vazio. Mas algumas roupas que usei e coloquei para lavar, o Penny as deixou na poltrona para que eu guardasse.
Já que ele sabia perfeitamente que não poderia colocar elas no closet ou tocar nessa bolsa. Ele é um elfo inteligente.
Pego essas roupas e as coloco na bolsa. Olho em volta novamente e vejo que estava esquecendo dos meus anéis.
Coloco o anel do Dragon no meu dedinho e ele se encaixou perfeitamente. Mas o anel do little lord ficou um pouco folgado e nada que eu não possa resolver.
Arrumo a bolsa no meu corpo e vou em direção ao banheiro.
Fico me observando no espelho e eu até que estou bem fofa. Minhas bochechas estavam um pouco fundas, mas ainda continha um pouco de gordura.
Olho para o meu cabelo e ele estava grande. Achei que o cabelo iria diminuir e não crescer. Preciso cortar o meu cabelo, não gosto dele grande.
Escovo os meus dentes e penteio o meu cabelo.
_ Vamos descer, estão esquecendo de alguma coisa? - Perguntei ajeitando o colar.
_ "Miau". - Tommy respondeu e pela forma do seu miado, ele estava dizendo que não estava esquecendo nada.
_ Então vamos. - Abro a porta e eles foram à frente. Desci a escadaria. _ Mamãe! - Gritei e escutei passos apresados. _ Mamãe, poderia me fazer uma trança e chamar o tio Victor?
_ Leesa? - Ela me olhou chocada. _ Mon bijou é tão fofa. - Ela veio até mim e me abraçou. _ Que vontade que tenho de morder você.
_ Está me sufocando. - Digo quase morrendo por falta de ar.
_ Me perdoe, mas você está tão fofa vestindo esse vestidinho e você é tão pequena. - Me abraçou novamente. _ Coisa fofa.
_ O que foi? - Papai perguntou e olhamos para ele. _ Leesa?
_ Ela não é a coisa mais fofa, meu senhor? - Mamãe estava sorrindo alegremente e olhei para o dedo anelar dela, um anel?
Ele era bastante bonito e o desenho era um floco de neve e as pontas tinham safiras, nada muito extravagante, mas perfeito para a mamãe que gostava de coisas simples.
_ Papai, você tem bom gosto para anéis. - Sorri e ele tossiu. _ Foi você quem fez, não foi?
_ Foi. - Disse baixinho.
_ Parabéns para os dois. - Sorri e puxei a mamãe para a sala e papai veio atrás de nós. _ Poderia fazer uma trança.
_ Claro. - Ela me sentou na poltrona e ficou atrás de mim.
_ E papai, poderia chamar o tio Victor? Eu acho que a minha anemia voltou. - Ele concordou e estava caminhando para fora da sala, mas a mamãe o fez parar.
_ Leesa, o que são essas marcas? - Merda.
_ Nada de mais, elas vão sumir. - Não agora, pelo menos. _ Não se importe mui... - Mamãe saiu de trás de mim e se ajoelhou na minha frente.
_ Claro que nós nos preocupamos, mon bijou, nós te amamos e só queremos o seu bem. - Acariciou a minha bochecha.
_ Sua mãe está certa, se você quiser, posso matar essa pessoa agora mesmo. - Era bom ter pessoas que eu poderia confiar.
_ Obrigada, mas não é necessário...
_ Não é necessário? Minha princesa, essas marcas em seu corpo parecem ser de tortura. - Papai estava irritado e apertou a poltrona. _ Foi aquele seu avô? Eu vou matá-lo!
_ Espera! - Agarrei a sua mão. _ Não foi ele. - Não tenho nenhuma marca daquela época.
Acho que devo isso a Leesa que mudou as memórias daquelas pessoas ou eu não teria apenas essas marcas de tortura.
_ A pessoa que a fez não nasceu ainda, então é difícil matar essa pessoa.
_ Então posso matar os ancestrais dele.
_ Não! - Falei rapidamente e soltei a sua mão. _ Eu quero matar aquela pessoa com as minhas próprias mãos. Entende? - Ele suspirou e saiu da sala. _ Papai, não faça nada.
_ Eu vou chamar o Victor, pare de pensar no pior. - Gritou.
_ Mamãe, você está triste? - Alisei seu rosto e ela beijou a minha mão.
_ Sempre me perguntei quem te deu esse anel, foi aquela pessoa que te deu a luminária? - Fez que o meu anel adequasse no meu dedo.
_ Sim, ele me deu como presente de aniversário. - Ela sorriu e concordou.
_ Mon bijou é tão forte, eu não senti nenhum feitiço em seu corpo. - Ela franziu a testa. _ Me desculpe, deveria me atentar mais a você e saber o quanto você sofreu nesses anos. Isso dói o meu coração e não consigo imaginar o quanto dói em você.
_ Eu estou bem, já passou. - Ela negou.
_ Mesmo você falando que passou e que não dói mais, eu sei que deve doer quando você vê o seu corpo ou quando você se lembra. É por causa disso que você odeia o barulho? - Cada vez que ela falava ela ficava mais triste. _ É por causa disso que você só dorme com a luz acesa?
_ Mamãe...
_ Não, eu deveria saber dessas coisas e sou uma falha como sua mãe, me perdoe, mon bijou. Vou ficar mais atenta dessa vez.
_ Como você poderia saber disso tudo? Aconteceu quando eu nem te conhecia, e eu não saio contando para o mundo sobre essas coisas.
_ Mas você deu sinais.
_ Poderia ser apenas uma mania, você não tem culpa, mamãe. - Nem você e nem o papai.
Beijei a testa dela e ela deitou sua cabeça no meu colo e vejo o Tommy e o Tony sentados no sofá.
_ Mas, por favor, me perdoe. Eu vou ser melhor daqui em diante.
_ Tudo bem. - Acariciei os seus cabelos e escuto passos vindo de trás.
_ Minha princesa. - Victor apareceu e se ajoelhou e beijou a minha mão.
_ Tio Victor. - Passei a chamá-lo assim desde que papai o chamou para visitar mais vezes a mansão.
Antes me esquecia de chamá-lo assim e apenas o chamava de senhor, acho que assim está melhor.
_ Você diminuiu, tomou alguma coisa? - Ficou surpreso e colocou sua maleta no chão.
_ Uma poção que iria fazer isso comigo, mas eu acho que voltei a ter anemia.
_ E você poderia me dizer como não percebeu um feitiço no corpo dela? - Victor olhou o papai sem entender.
_ Mas o meu feitiço iria rastrear qualquer feitiço ou anomalia em seu corpo.
_ Qualquer coisa? - Perguntei e ele concordou.
Mas ele não descobriu sobre o meu sangue, juramento e sobre o feitiço que coloquei no meu corpo.
_ Isso quer dizer que a minha filha é mais forte que você? - Mamãe já tinha tirado a sua cabeça do meu colo e me olhou surpresa.
_ O que isso significa? - Perguntei sem entender.
_ Você é mais forte que bruxos de nível quatro. - Mamãe confidenciou.
_ Nível quatro?
_ Bruxos com um núcleo além do normal e o meu senhor é um bruxo de nível dois. - Se levantou.
_ Dumbledore a mesma coisa. - Confidenciou.
_ Então, sou mais forte que o tio Victor?
_ Talvez. - Tio Victor se levantou e ficou ao meu lado. _ Eu vou fazer um feitiço, deixe sua mente completamente vazia. - Concordei com o papai.
Ele fez um círculo transparente, mas eu poderia ver o contorno dele, ele era estranho. Papai tentou colocar esse círculo na minha testa, mas ele se dissipou no ar.
_ Ela não é uma de nível dez. - Eles sorriam e eu tentava raciocinar como chegamos nessa ocasião.
_ Não sou uma bruxa comum? - Não sabia que bruxos tinham níveis.
_ Você não é quase um aborto. - Como a Mérope?
_ Que bom. - Falei e ele fez outro círculo e esse era branco. _ Esse é do nível nove?
_ Fui um pouco além e esse é só o nível cinco. - Papai tentou aproximar o círculo na minha testa e a magia se dissipou.
_ Incrível. - Mamãe e Victor falaram.
_ Minha filha tinha que ser poderosa mesmo, vamos para o nível três. - Era um círculo cinza e ele também se dissipou.
_ Será que a mon bijou é mais poderosa do que o senhor? - Mamãe perguntou feliz, feliz até demais.
_ Já podemos passar o título de Lady das Trevas para ela. - Victor sorriu. _ Você é fraco.
_ Pelo menos é a minha filha, imagina se fosse outra pessoa.
_ Você a mataria. - Dissemos e ele riu.
_ Não posso negar. - Ele fez um círculo preto. _ Esse é o segundo grau, se isso se dissipar também, não consigo medir o seu núcleo. - E não demorou muito para se dissipar e alguns vasos de flores quebraram em um estouro.
_ Acho que descobrimos o motivo de nenhuma varinha gostar de você. - Revirei os olhos.
_ Você não é sensitivo? - Victor perguntou. _ Você pode sentir a cor da alma dela.
_ E o que isso significa?
_ Significa que ele pode sentir como é a alma da pessoa. - Mamãe explicou. _ Se ele sentir cheiro de rosas, quer dizer que sua alma está se desenvolvendo, se sentir cheiro de mel, quer dizer que a alma já é antiga. - Então vai dar mel.
_ O problema é que já tentei fazer isso. - O olhamos. _ Mas o cheiro que sinto vindo de sua alma é fumaça e podridão. - Uau, sou uma pessoa horrível.
_ E o que significa?
_ Não sei, por isso que nunca contei nada sobre isso.
_ Se a nossa princesa é tão forte que nem você consegue sentir o cheiro da alma dela, isso quer dizer que não posso fazer muita coisa para resolver os possíveis problemas que se escondem dentro dela.
_ E como podemos resolver isso?
_ Bom, você disse que tinha um curandeiro, mas ele pode ter deixado coisas para trás também.
_ Ela precisa de uma pessoa compatível com sua magia, não é? - Papai raciocinou.
_ Sim, e eles devem compartilhar a magia em um ato de solidariedade.
_ Eu não conheço ninguém. - Falei tentando não lembrar de uma pessoa.
_ E como seria essa pessoa? - Mamãe perguntou.
_ Bom, ela vai se sentir bem perto dela, se sentir confortável e será como uma conexão.
_ Tipo almas gêmeas? - Papai ficou irritado.
_ Não, é mais como se pudessem ter um vínculo mais forte do que apenas amizade. - Tentei não revirar os olhos. _ A magia da pessoa fará bem a nossa princesa e a magia dela fará bem a pessoa.
_ Como almas gêmeas. - Papai pontuou.
_ Não, almas gêmeas você precisa ficar com a pessoa destinada ou você morre, isso não tem nada a ver com ela e a princesa pode achar essa pessoa e não sentir nenhum sentimento romântico.
_ Mas enquanto não encontramos essa pessoa, você poderia ver essas cicatrizes e a possível anemia dela? - Mamãe voltou ao assunto inicial.
_ Claro. - Ele apontou sua varinha para mim e perguntei para ele.
_ Essa pessoa será como um calmante? Ele me fará sentir bem e irá me entender?
_ Podemos colocar dessa forma, ele é como um remédio que irá estabilizar o seu humor e você fará a mesma coisa com essa pessoa.
Não acho que ele seja assim, ele me deixou ainda mais irritada.
_ Mas para isso você precisa aceitar a magia dele. - Merda, você é um leitor de mentes?
_ Entendo.
_ Bom, você não tem anemia, não mais. Mas precisa comer mais e essas cicatrizes não irão sumir, sinto muito, minha princesa.
_ Tudo bem. - Tento sentir o meu núcleo e a magia das minhas veias e elas estavam se recuperando, mas eu conseguia fazer um pouco de magia.
A magia do meu núcleo estava se adequando mais rapidamente no meu corpo e faço que as minhas cicatrizes sumissem do meu corpo.
Ainda bem que eles pensavam que os cortes no meu pulso eram apenas mais cicatrizes.
_ Estou cansado. - Victor pegou sua maleta e se sentou no sofá com os meus bichinhos. _ Vou ficar aqui por um tempo.
_ Faça o que quiser. - Revirou os olhos e mamãe tirou os meus cabelos dos meus olhos e disse:
_ Seu cabelo está tão grande, quer que eu o corte? - Mamãe ficou atrás de mim.
_ Gostaria.
_ Penny, me ajude. - Penny apareceu e ficou esperando os comandos de sua dona. _ Irei cortar o cabelo da nossa princesa, você os queime rapidamente, ok?
_ Penny irá fazer o que a madame ordenou.
Mamãe pegou a varinha e começou a cortar os meus cabelos, e me lembrei do Dragon quando Potter cortou meu cabelo pela primeira vez.
E também lembrei da titia, sinto saudades dela e espero que ela esteja bem.
Sinto cheiro de queimado, mas era apenas o meu cabelo evaporando.
_ Muito melhor. - Mamãe disse e começou a refazer a trança que ela iria fazer alguns minutos atrás.
_ Obrigada, Penny. - Penny sorriu e saiu da sala.
Olhei para todos e suspirei enquanto arrumava a minha bolsa no meu corpo.
_ Espero que vocês fiquem bem.
_ Ficaremos, e iremos te visitar de vez em quando. Então, por favor, não bata a porta no nosso rosto, ok? - Papai falou enquanto se sentava no braço do sofá perto do Victor.
_ Meu senhor, você pode sair daí. - Papai ficou chocado, mas obedeceu ao que a mamãe disse. _ Existem tantos lugares no sofá e você quer logo se sentar no braço? Por Merlim.
_ Desculpe. - Papai pediu e eu e Victor ficamos rindo. _ Parem de rir. - Falou emburrado.
_ Acho que estou vendo uma coleira em seu pescoço. - Victor zombou. _ Vinda, você é a única que coloca juízo nele.
_ Mas, Victor, o meu senhor tem juízo. - Falou confusa.
_ Você colocou ainda mais. - Riu e papai revirou os olhos.
Sorri pela pequena confusão e senti a mamãe beijando o topo da minha cabeça.
_ Prontinho, mon bijou. - Concordei e me levantei.
_ Eu acho que será melhor para você deixar os dois aqui. - Falou sobre os meus bichinhos. _ Sua magia ainda está fraca e deu para perceber o esforço que você fez para esconder as suas cicatrizes.
_ Ele tem razão, mon bijou.
_ Posso transformar o Antônio em uma coruja. - Antônio foi até ele e bateu em sua perna. _ O que foi?
_ Ele quer ser um gatinho, o transforme em um gatinho. - Tony saiu de perto dele sorrindo.
_ Ok, um gato, entregarei eles em um dia qualquer.
_ Tem certeza? - Perguntei em dúvida.
_ Tenho, sair com esses dois pode ser um pouco problemático. - Ele tinha razão.
_ Ok. - Vou até os dois e falo: _ Vocês irão ficar aqui por mais alguns dias, papai vai levar vocês até mim, ok?
_ "Miau". - Ele parecia chateado, mas o Tony o empurrou.
_ Se comportem. - Os beijei. _ Vejo vocês por aí, e mandarei uma carta. - Abraço a mamãe e depois abracei o papai.
_ E eu? - Tio Victor sorriu. _ Até algum dia, minha princesa. - Abracei ele e falei:
_ Não mate ninguém que eu não mataria. - Sorri para eles e saí.
_ Você não comeu nada. - Papai gritou, ele tinha razão, mas não estava com fome, estava ansiosa demais para comer.
_ Até algum dia. - Gritei e saio da mansão.
O dia estava agradável e minha magia principal está se adequando ainda no meu corpo, então não posso aparatar, e pedir o Nôitibus era suicídio.
Vamos andando, será melhor e caminhar um pouco não mata.
Atravesso ruas e mais ruas, vejo pessoas rindo e outras zangadas demais para apreciar o dia. Mas quando entrei em uma rua deserta, a rua do casal Granger, uma voz familiar me parou.
_ Você tem um cheiro estranho de tempo. Viajou muito nele? - Olhei para trás e sorri para a mulher que continha todos os seus dentes em sua boca.
Agora que percebi, papai cheirava a alma, mas e a titia?
_ Como consegue sentir o cheiro de tempo no meu corpo? - Me aproximei da mulher.
_ Tenho um dom que me faz sentir o cheiro de pessoas que viajam no tempo, seja o corpo ou alma, e você é uma delas.
_ Acho que você não tem só esse dom. - Ela concordou.
_ Posso fazer profecias, mas eu acho que você já sabe disso. - Sorri.
_ E a senhora seria quem?
_ Batilda, Batilda Bagshot. - Estendeu a sua mão e apertei. _ Você me lembra alguém. - Sim, você sempre me dizia isso.
_ Quem? - Perguntei me fazendo de sonsa.
_ Você é exatamente igual a ele e acho que fiz bem em seguir a minha profecia.
_ E como era a profecia? - Retirei a minha mão da sua.
_ Que uma criança de cabelos incrivelmente negros e de olhos verdes, iria começar a destruição que ela idealizou. - Sorri.
_ E você veio me parar? - Ela me mostrou o banquinho de madeira e sentamos.
_ Não, por que eu iria fazer isso? Você deve ter um motivo para fazer isso, não é? - Você sempre acerta, titia.
_ Sim, você tem razão, e é um motivo egoísta, mas é um motivo.
_ Você tem cheiro de tempo, e não é um cheiro desagradável.
_ Cheiro de tempo é desagradável?
_ Sim, às vezes sinto cheiro de esgoto, mas o seu. - Ela sorriu. _ É um cheiro floral e me faz querer seguir as suas ordens. Mas como posso seguir as ordens de uma criança? - Ela fez uma pergunta retórica.
_ Não quero que você me siga, apenas seja assim. - Sorri e me lembrei das semanas que passei com ela. _ E não confie tanto na luz, você vai se arrepender.
_ Está falando para eu seguir o meu sobrinho?
_ Neto. - Ela me olhou e sorriu. _ Eu sou a filha dele, titia.
_ Eu sei, minha visão me disse e ela me disse que você já me conhecia.
_ E isso é bom, poupa tempo e se você me conhecesse em outra realidade e soubesse que eu era filha do seu sobrinho...
_ Neto.
_ Você iria me esconder isso por qual motivo? - Ela ficou pensativa.
_ Eu iria saber que você iria descobrir por conta própria, e que você não estaria pronta para descobrir naquele momento. Entende?
_ Hoje eu entendo completamente, obrigada.
_ Mesmo não sabendo o motivo de me agradecer, apenas irei dizer: de nada.
_ Apareça mais vezes, gosto de conversar com a senhora. - Ela se levantou e disse:
_ Foi bom conhecer você, Leesa. - Sorri e não perguntei como ela sabia o meu nome.
_ E eu fico feliz de revê-la, titia. - Levantei-me e dei tchau para ela. _ Se você for encontrá-lo, diga que gostei de tê-lo como pai. - Gritei e continuei andando.
_ Até. - Escuto o barulho de aparatação.
Continuo andando e vejo que a rua não era movimentada. Era bem pacífica, mas essa calmaria iria acabar em menos de 3 anos e todos os países já devem estar se preparando.
Mas eu também, também já estou me preparando há bastante tempo.
Olho os números e vejo a casa do número 71 e na frente dessa casa tinha um carro da época.
Toquei a campainha e esperei até alguém me atender.
Você convidaria o demônio em forma de anjo para entrar em sua casa? Espero que não.
A porta abriu e uma mulher apareceu, e a primeira coisa que reparei foram em seus olhos. Poderiam ser castanhos, mas era um castanho tão bonito.
A mulher me olhou estática e ela deve estar pensando em coisas estranhas, já que devo me parecer com a sua filha.
_ Bom dia, desculpe atrapalhar. - Sorri contida e a mulher continuou me observando.
_ Querida, você está vendendo algum doce? - Sorriu e seu sorriso parecia amável, apenas parecia.
_ Não, acabei me perdendo da minha mãe e a mamãe sempre dizia que eu deveria procurar uma pessoa para poder ligar para casa. - Mexi nas minhas mãos.
_ Sua mãe está certa, mas você poderia ter ficado no mesmo lugar que você se perdeu dela, ela poderia te encontrar assim.
_ Tinha pessoas estranhas me olhando e senti um pouco de medo. - Ela se ajoelhou no chão e segurou as minhas mãos.
_ Não se preocupe, querida. Vamos ligar para a sua mãe e ela estará aqui para te buscar. Tudo bem? - Secou as minhas lágrimas.
_ S-sim. - Sorri tentando conter as lágrimas falsas dos meus olhos.
Ela se levantou e me conduziu para dentro e a casa era aconchegante, nada tão luxuoso quanto a casa da mamãe, mas era aconchegante.
Fomos até a cozinha e vi um homem sentado na cadeira e lia um jornal do dia.
_ Pensei que a Leesa estivesse no andar de cima. - O homem ficou me observando.
_ Ela parece muito com ela, não é? - Sorriu. _ Mas ela não é a nossa pequena.
_ Bom dia, senhor. - Respondi educada.
_ Até a voz se parece. Será que... - Ele não terminou de falar, mas eu entendi.
Ele estava pensando que a "Leesa" tinha uma irmã gêmea. Poderia ser, mas não é.
_ Querida, você quer comer alguma coisa antes de ligar para a sua mãe?
_ Não, muito obrigada. - Sorri tímida. _ Posso ligar para a mamãe agora?
_ Claro. - Me levou até a bancada que tinha o telefone e ele era tão estranho.
Tinha uma manivela e o formato era de castiçal, era muito estranho. Será que esse você tinha que pedir ao telefonista para completar a chamada?
_ Sabe como usar? - Perguntou, enquanto colocava uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
O seu cabelo tinha várias ondinhas, talvez tenha ido ao cabeleireiro e pedido para passar a tesoura quente em seus cabelos para fazer essas ondas.
_ Não, poderia me ensinar? - Perguntei nervosa.
_ Claro. - Sorriu e começou a me explicar como funcionava o telefone.
Em vez de prestar atenção nisso, prestei atenção na minha magia e ela já estava totalmente preparada para me ajudar em seis feitiços.
Mas se fosse fazer outros tipos de feitiço, não iria conseguir. Ela não está 100% pronta para me ajudar em algo além de seis feitiços. Nem mesmo a magia do meu núcleo.
Parecia que eu realmente virei uma criança com falta de controle da minha magia.
_ Entendeu? - Perguntou sorrindo.
_ Claro, obrigada. - Sorri e apontei meu dedo indicador para ela. _ Obliviate. - Sorri e ela ficou com os olhos vidrados e continuou esquecendo de sua filha.
_ Querida? - Olhei para o homem que vinha até nós.
_ Obliviate. - Ele ficou exatamente como a mulher. Estático. _ Irei voltar, vocês fiquem aqui e não falem nada.
Saio da cozinha e caminho olhando para as fotos que deveriam ter três pessoas, mas agora só tem duas. Até o momento.
Subo a escadaria e vou abrindo as portas. Tinha um banheiro e duas suítes, um quarto principal e por fim, o quarto da "Leesa".
Abro a porta e a criança estava brincando com bonecas, uma boneca de porcelana com olhos vividos em azul.
_ Quem é você? - Perguntou largando a boneca e sua voz era idêntica à minha.
Ela realmente se parecia muito comigo, e papai, você fez um ótimo trabalho.
_ Ninguém importante. - Falei entrando no quarto e fui até ela.
_ Como entrou aqui? - Ela se levantou e era alguns centímetros maior que eu. _ Onde estão os meus pais?
_ Na cozinha.
_ Mam... - Ela iria sair do quarto, mas fiquei atrás dela e coloquei a minha mão em sua boca.
Ela começou a se debater, mas não era tão forte ao ponto de me fazer soltar.
_ Não, não faça assim. Você fez a sua missão perfeitamente, mas agora... - Alisei a sua bochecha e a menina começou a chorar por causa do medo. _ Agora está na hora da verdadeira Leesa tomar o seu lugar.
Ela balançou a cabeça negando e seus gritos abafados e lamentáveis me fizeram sorrir.
_ Antes de te matar, vamos ver as suas memórias, que tal? - Entrei em sua cabeça desprotegida e vejo tudo que eu poderia ver, tudo que ela lembrava.
Sua cor favorita era roxo, ela já tinha perdido a sua avó aos 6 anos e sua mãe sempre chorava quando ia colocar ela para dormir.
O motivo? Ela queria engravidar e não estava conseguindo. Que pena, não?
O pai era amoroso e sempre tentava consolar a esposa. Dumbledore ainda não veio e isso era um alívio.
Depois disso, era tudo o que ela gostava e não gostava. Ela não gostava da vizinha do lado, mas gostava quando a vizinha da frente entregava doces a ela.
Sorri e alisei o pequeno e anguloso rosto e disse em um sussurro.
_ Bons sonhos. - Coloquei o dedo em sua cabeça e digo aquele feitiço que me dava ânsia de vômito. _ Avada Kedavra.
A menina ficou flácida em questão de segundos e larguei o corpo inerte no chão. O barulho foi audível e poderia assustar as pessoas do andar debaixo, mas não ouvi nenhuma movimentação.
Olhei para o quarto e ele era infantil demais, parece que a família Granger não queria que a sua "Leesa" crescesse. Que pena.
Rasgo os meus dedos com os dentes e faço que o meu sangue pingasse na garota.
_ Queime tudo e não deixe sobrar nem o pó. - Continuo fazendo o meu sangue cair na garota, até que não foi mais necessário.
Pelo menos o meu sangue não precisava de magia para ser usado, isso é bom. Bom, meu sangue contém magia, mas para ser usado para esses fins, não precisava. Que confusão.
O corpo sumiu e nem mesmo deixou uma marca no carpete. Meu sangue, eu gosto tanto de você.
Saio do quarto e desço a escadaria indo até os dois adultos que continuavam parados. Sento eles nas cadeiras e começo a refazer as suas memórias e algumas fotos que estavam na geladeira, começaram a ter três pessoas novamente.
Mas dessa vez comigo.
Refaço as memórias da Lisandra e logo depois a do Bastian. E eles piscaram quando terminei de refazer as suas memórias. Pronto, a primeira coisa que deveria ter feito há muito tempo, eu fiz. Finalmente!
_ Querida, você está um pouco pálida. Será que pegou um resfriado de verão? - Ela levantou da cadeira e começou a medir a minha temperatura com a mão. _ Que coisa, você não está quente, mas está tão pálida. - Sou pálida por natureza.
_ Está tudo bem, mamãe. - Sorri pegando a sua mão e me deu repulsa. _ Mas estou com fome.
_ Você sempre está com fome. - Papai riu e pegou o seu jornal novamente.
_ Papai, você falando assim, até parece que eu só como. - Fiquei emburrada e me sentei na cadeira. _ O que tanto tem nesse jornal? - Queria lavar a minha boca com cloro e parar de dizer papai e mamãe para essas pessoas.
Acho que vou vomitar.
_ A guerra civil espanhola está todo a vapor e isso me preocupa um pouco. - Ele comentou.
_ Eles poderão te chamar? Ou isso poderá nos atingir de alguma forma? - Lisandra perguntou colocando o café da manhã na mesa.
_ Não e não, mas é meio estranho. Não sei como explicar, acho que devo ver com o meu superior se podemos mudar para a vila militar.
_ Tem certeza, querido? - Isso era novo, não sabia que ele era militar.
_ Tenho, temos que nos proteger e eu vou subir de cargo daqui há algumas semanas, está tudo bem pedir isso.
_ Se você está dizendo, mas não se preocupe tanto. O rei não iria se meter em uma guerra que não é nossa e não podemos esquecer que ele é uma pessoa inteligente. - Claro, só vai abdicar o trono em dezembro por causa do amor.
_ Qual o cargo que o papai vai ter dessa vez? - Tentei parecer contente e animada.
_ Tenente-general. - Nossa, ele tem um posto excelente no exército.
Não é maior que o posto de general, mas é superior que do major-general.
A campainha tocou e eu não iria me levantar. Continuei comendo enquanto Bastian se levantava do seu lugar e ia até à porta.
_ Por que você está com a sua bolsa? Irá sair?
_ Não, apenas gosto de tê-la por perto. - Sorri.
_ Querida, melhor vocês me acompanharem. - Limpei a minha boca e corri até a sala e me encontrei com Dumbledore.
Espero que não seja o Dumbledore viajante do tempo.
_ A senhorita deve ser a Leesa Granger, não é? - Certo, não é o viajante.
_ Sim, quem é o senhor? - Perguntei tombando a cabeça e a Lisandra chegou antes que ele respondesse.
_ Por favor, se sente, meu marido disse que tem algo importante para nos dizer. - Lisandra se sentou e me sentei ao seu lado.
Acho que já me acostumei a ser uma intrusa nas vidas das pessoas, mas dessa vez, dessa vez eu não queria chamar essas duas pessoas de mamãe e papai. Mas eu era obrigada a chamá-los assim.
Sentia nojo e repulsa estando ao lado deles, mas eu tinha que me acostumar, só tenho que ficar por sete anos com eles.
Bastian se sentou na poltrona e ficou observando o velho.
_ Desculpe-me por vir em um horário tão precoce. Mas sou um professor e venho informar que a senhorita Granger tem uma vaga garantida em nossa escola. - Entregou dois papéis para os meus pais.
Olhei para o papel da Lisandra e vi que explicava sobre Hogwarts.
_ Magia? Isso é uma piada? - Papai ficou irritado.
_ Eu sei que é difícil de acreditar, mas é verdade. Sua filha é uma nascida trouxa, possuidora de dons imagináveis.
_ Eu posso fazer magia? - Fico contente.
_ Não escute esse velho louco. - Bastian falou.
_ Mas...
_ Isso pode mudar um pouco a sua visão por mim? - Dumbledore começou a fazer magia, mas magia simples.
_ Uau. - Fiquei contente. Devo virar atriz, seria uma das melhores.
Mas era cansativo, fingir ser uma criança pura e sorridente não é comigo.
_ Como é possível? - A mulher perguntou chocada.
_ Somos bruxos e temos uma comunidade inteiramente mágica e sua filha tem esse dom, ela tem uma vaga para a melhor escola de magia e bruxaria.
_ Temos que pagar alguma matrícula? Onde podemos comprar os materiais?
_ Sobre os materiais, você consegue tudo no Beco Diagonal. - Entregou a carta para ela e ela abriu rapidamente.
_ Penas, tinta, pergaminhos, caldeirões e até mesmo uma varinha. - A mulher riu e entregou a carta para o seu marido. _ Isso é totalmente inacreditável.
_ Mas muito real, senhora Granger. A sua filha é uma bruxa e poderá fazer grandes feitos em nosso mundo, e sobre a matrícula, ela não existe, a escola é totalmente de graça e se os senhores não tiverem condições de pagar os materiais, ajudamos com isso.
_ Incrível. - Acho que todo mundo gosta de saber que podemos ganhar coisas de graça. _ O que acha? Devemos aceitar isso? - O homem perguntou para a sua esposa e ela estava olhando mais uma vez sobre o papel.
_ É seguro? Aqui está falando que ela ficará de setembro até o final de junho na escola e só irá voltar em datas importantes.
_ Não existe um lugar mais seguro que Hogwarts. - Quase ri. _ Dou a minha palavra. - Sorriu bondoso. _ Seu broche é muito fofo, senhorita.
_ Obrigada, senhor. - Sorri tocando os broches.
_ Ela cismou que queria um broche de coelho e tive que comprar. - A mulher contou.
_ O senhor poderia me explicar onde fica esse Beco Diagonal? - Bastian já sabia que a resposta de sua pergunta era um sim.
Eu vou para Hogwarts! Já posso pular no sofá como uma louca? Depois de anos eu vou estudar em Hogwarts.
Dumbledore começou a explicar ao homem sobre o Beco e a Lisandra me entregou a folha que dizia sobre Hogwarts.
Não dizia nada sobre as casas, mas estava dizendo sobre as disciplinas que existia na grade horária dos primeiros anos.
_ Bom, irei agora. Espero que vocês fiquem bem nessas semanas que faltam para a senhorita Granger se ingressar em Hogwarts.
_ Irei nesse ano? - Perguntei fingindo confusão.
_ Sim, encontro você no dia primeiro de setembro. - Sorriu para todos e se despediu de nós.
_ Levarei o senhor até a porta. - A mulher disse e se levantou.
_ O que acha? - Bastian me perguntou. _ Quer estudar nessa escola?
_ Sim. - Falei animada e não fingi isso. _ Não posso?
_ Claro que pode, se você quer. - Guardou a carta e o papel em seu bolso do paletó e se levantou. _ Vá escovar os dentes, iremos hoje nesse tal de Beco Diagonal.
_ Sério? - Perguntei ansiosa. _ Ok, já volto.
Deixo o papel em cima do sofá e corro para o segundo andar para escovar os dentes. Quando cheguei no banheiro, vejo que a escova roxa não estava lacrada e não tinha nenhuma lacrada no armário do banheiro.
Tudo bem, tenho uma escova roxa na minha bolsa. Pego a escova da antiga Leesa e a coloco na minha bolsa, não poderia jogar ela no cesto de lixo, eles iriam desconfiar.
Tiro a embalagem da escova e coloco na minha bolsa. Começo a escovar os dentes e coloquei a escova no seu devido lugar. Não era na minha bolsa.
Saio do banheiro e desço a escadaria e fico esperando a mulher colocar os sapatos.
_ Já está pronta?
_ Sim. - Sorri e arrumei a minha bolsa.
_ Ok, vamos. Seu pai disse que devemos trocar o nosso dinheiro.
_ Por quê? - Odeio ser uma pessoa idiota, mas tenho que tentar.
_ O dinheiro não serve para comprar as suas coisas. - Concordei.
_ Estão prontas? - Ele estava usando chapéu e seu terno cinza estava perfeito.
_ Vamos. - Saímos de casa e entramos no carro que estava na frente da casa.
_ É muito longe? - Lisandra perguntou me prendendo no cinto e ela se sentou ao meu lado.
_ Não, é algumas quadras daqui.
_ Você vai trocar o dinheiro enquanto vamos ver as coisas?
_ Sim, acho que consigo fazer isso. - Coitado, vai acabar se assustando com os duendes.
_ Eu acho melhor todos nós irmos com o papai, pode ter coisas estranhas nesse lugar. - Bastian me olhou pelo retrovisor e concordou.
_ A nossa pequena está certa. - Sorriu.
Não demorou muito para que ele encontrasse a famosa entrada do Beco. Caldeirão Furado.
_ Tem certeza de que é aqui? Parece mais uma loja velha do que um bar. - A mulher disse enquanto me ajudava a sair do carro.
_ Mas eu vejo um bar e está escrito Caldeirão Furado, não conseguem ver? - Perguntei apontando para o bar, claro que eles não iriam ver, são trouxas.
_ Se a nossa pequena consegue ver, ela que irá nos guiar, o que acha? - Ele perguntou e segurou a minha mão e atravessamos a rua.
_ Ok, vou mostrar o caminho. - Seguro a mão da mulher e entramos no estabelecimento.
_ Acho que realmente é um bar. - Lisandra riu e ela conseguia ver o bar.
_ Formidável. - E continuamos indo para a entrada do Beco. _ Como vamos passar...
_ São trouxas? - Olhei para trás e vejo o dono do bar. _ Imagino que a garotinha seja uma das novas alunas de Hogwarts.
_ Sim, senhor. - Sorri. _ Como que entra?
_ Bem simples, tem uma sequência nesses tijolinhos. - Ele fez a sequência e prestei atenção na sequência. _ Viu? - A passagem começou a abrir.
_ Uau, isso é tão mágico. - Me lembrei da primeira vez que vim aqui.
Ainda não estávamos sendo caçados, podíamos sair.
_ Isso é apenas o começo. - O senhor sorriu e ele tinha razão, isso era apenas o começo.
Caminhamos para a multidão e me lembrei o motivo de odiar agosto. Esse lugar vira o inferno.
_ Não, você não vai comprar mais uma coruja. - Olhei para o lado e era uma menina brigando com outra.
_ Aonde devemos ir primeiro? - Lisandra sussurrou.
_ Ao banco. - Apontou para Gringotts.
_ Ok, vamos lá. - Continuamos caminhando e a mulher observava todos em sua volta.
Entramos no banco e ele tremeu e todos os duendes me olharam e não fizeram a mesma algazarra de antes. Apenas acenaram para mim e continuaram aos seus afazeres.
_ O que seria essas coisas? - Perguntou atordoada.
_ Acho que são duendes. - Digo não gostando do tom de voz dela.
Trouxas, tão insensíveis com tudo que desconhecem.
_ Bom dia, senhor duende. - Digo tomando as rédeas da situação. _ Queríamos saber como trocamos o nosso dinheiro. - O duende era aquele rabugento que me odeia.
_ Temos uma taxa para isso.
_ Tudo bem. - Bastian disse.
_ Quanto vocês querem trocar? - Não prestei atenção nisso, fique observando o lugar.
Vejo Caspra e Kenny juntos e eles olharam em minha direção. Kenny iria falar o meu nome, mas Caspra o empurrou para dentro e acenou para mim.
Caspra era muito inteligente, gostava dele.
_ Só um minuto. - O duende falou enquanto pegava o dinheiro que o Bastian entregou.
_ Uma facada doeria menos. - Ele guardou a carteira. _ Quase pensei que estava sendo roubado.
_ Aquele homem disse que se a gente não tivesse dinheiro...
_ Não, eu consigo pagar os materiais da nossa filha. Isso só foi um pouco chocante e de última hora, vou resolver, fique tranquila.
_ Aqui. - O duende trouxe um saco de dinheiro e eu sabia que o dinheiro que Bastian deu não daria para um saco.
Eles pegaram do meu cofre?
_ Uma pessoa de bom coração doou esse dinheiro para a primeira criança que viesse aqui. - O duende girou o saco e me mostrou o símbolo do meu pai.
Pai, você continua me surpreendendo e queria saber como ele fez isso em tão pouco tempo? Será que ele já tinha avisado os duendes que se eu aparecesse era para dar esse dinheiro aos meus "pais"?
_ Que pessoa generosa. - A mulher sorriu e realmente, ele era muito generoso. _ Agradeça a pessoa por essa gentileza.
_ Ele ficará feliz por saber de seus agradecimentos. - Zombou.
Bastian pegou o saco de dinheiro e o faço diminuir sem que ninguém percebesse.
_ Muito mais prático. - Apenas enfiou no bolso da calça.
_ Aonde vamos?
_ Varinha, quero comprar a varinha. - Digo realmente feliz, será que vou conseguir ter a minha varinha?
_ Ok, vamos lá. - Fomos caminhando e abrindo espaço na multidão e mesmo ficando irritada com a falação, não me abalei.
Entramos na loja de varinhas e o senhor Olívaras apareceu sorrindo.
_ Um rostinho novo, tem muito tempo que não vejo um por aqui. - Sorriu e me chamou para mais perto. _ Qual sua mão dominante?
_ Essa. - Levantei a mão direita.
_ Lindo anel de coelho. - Sorri e concordei. _ Vamos ver. - Fez meu braço ficar reto e o mediu. _ Tem uma mão talentosa, eu posso ver. - Ele foi até o final da loja e trouxe uma caixinha. _ Tente essa. - Era uma varinha comum. _ Trinta e cinco centímetros, flexível, madeira de espinheiro-negro e núcleo de fibra de dragão.
_ E o que devo fazer? - Perguntei com medo de assassinar outra varinha.
_ Apenas a balance. - Concordei e a peguei e nem deu tempo de balançar. A varinha se partiu na minha mão.
_ Isso é normal? - Lisandra perguntou incerta.
_ Normal não é. - Tirou a varinha partida da minha mão. _ Ela deveria ter quebrado a vidraçaria ou bagunçando a minha loja, mas ela partiu a varinha.
_ Posso tentar outras? - Perguntei incerta.
_ Claro, iremos achar a sua varinha.
_ Obrigada. - Sorri e vi ele pegar outra caixinha.
_ Maleável, 39 cm, madeira de salgueiro lutador e núcleo de serpente chifruda. - A cor da varinha era bege com algumas lascas em marrom. _ Tente.
Peguei a varinha e ela evaporou na minha mão. Isso vai demorar.
_ Impressionante. - O senhor parecia contente e energético. _ Já sei! - Ele foi até os fundos da sua loja novamente.
_ Isso é motivo de alegria? - O homem perguntou enquanto via a minha mão segurar o nada.
_ Talvez eu seja um caso raro. - Realmente sou.
_ Podemos ficar aqui o dia todo, você vai conseguir a sua varinha, querida. - Lisandra me consolou.
_ Aqui. - Olívaras retornou com duas caixinhas. Uma era vermelha aveludada e a outra era algo lindo.
A caixinha era de um azul noturno e tinha estrelas em toda a sua estrutura e, elas brilhavam como se fossem reais. Isso era pó de estrela? Tão bonita.
_ Tente a qual você se sentir confortável. - Olívaras parecia muito feliz.
Abri a caixinha azul e o clique da caixinha fez o meu coração bater rapidamente em meu peito. Estou ansiosa, parece que essa varinha está me chamando.
_ A caixinha é linda. - Sim, ela era linda.
Mas a varinha era ainda mais.
A madeira era escura, mas parecia que a madeira foi feita envolta de um cristal azul e brilhante. O cristal tinha pequenas estrelas voando e me lembrei do pó de estrela novamente. A base era de madeira escura com algumas lascas em lilás.
A ponta da varinha era de cristal, mas o meio da varinha não tinha cristal e sim, a madeira escura. Ela era linda.
A peguei da caixinha e um ar quente passou por mim e o cristal azul mudou de cor e se tornou amarelo. Era alegria?
_ Parabéns, senhorita. - Tenho uma varinha e ela é minha. _ Ela tem 34 cm e é flexível. - Parei de prestar atenção na minha varinha e o fiquei o observando.
_ Não vai dizer sobre a madeira ou o núcleo? - Perguntei não entendendo nada.
_ Não posso fazer isso já que não sei.
_ O que quer dizer com isso? - A mulher perguntou confusa.
_ Quem fez essa varinha foi Salazar Slytherin, um dos Fundadores de Hogwarts. - Fico chocada e me lembro de todas às vezes que Salazar me disse que iria fazer uma varinha perfeita.
_ Essa varinha era dele? - O homem negou.
_ Salazar fez essa varinha para uma pessoa muito especial para ele. - Meu coração tremeu. _ Nem mesmo a Morgana, a esposa do Salazar, conseguiu colocar as mãos nessa varinha.
_ Nossa. - Falo tentando me recompor.
A varinha que ele dizia que seria para ele, era para mim. Salazar, você sempre está me ajudando e eu não fiz quase nada por você.
Espero que a sua vida tenha sido um pouco feliz.
_ A única coisa que sei que tem nessa varinha é sangue cristalizado de basilisco e pó de estrela. - Sim, eu sei as suas especificações.
Mas queria saber qual é a memória que tem nessa varinha. Um dia será que vou descobrir?
_ Quanto devemos? - Bastian perguntou.
_ A varinha veio de uma doação e nunca foi tocada, então é um presente. - Ele me olhou e sussurrou para mim. _ Senhorita, você pode fazer magia fora de Hogwarts com essa varinha, ela não tem o bloqueio. - Piscou para mim.
_ Você...
_ Não conheço e não devo conhecer, mas a história que diziam devo reconhecer. - Olhou para as pessoas atrás de mim. _ Mas as duas varinhas antes dela valem 10 galeões cada uma.
_ Vinte. - Olívaras concordou e o homem tirou o dinheiro para pagar.
E fiquei o observando, Olívaras sempre foi tão estranho? Parece que ele sabe de tudo, mas, ao mesmo tempo, nada.
Será que se ele soubesse, ele me ajudaria a ter a minha varinha? Ou ele vai falar para o mundo que uma viajante do tempo estava ali?
_ Espero coisas grandiosas da senhorita. - Sorriu enigmático.
Coloco a varinha na caixinha e a levo na mão.
_ Obrigada, senhor. - Sorri enquanto me despedia.
Ele não vai fazer nada e eu não farei nada com ele.
Saímos da loja e fomos comprar uma coruja. Queria saber como papai iria me entregar os meus bichinhos.
Eu só não imaginava que seria dentro de uma caixa.
