1 de setembro de 1936:
Hoje era o dia, o dia que começaria os meus estudos e não estou ansiosa, não, estou mega ansiosa. Eu acho que se não fosse a poção de sono sem sonhos, não teria conseguido dormir.
Sinto algumas lambidas nos meus dedos e olho para o Tommy. Ele chegou já tem algumas semanas com o Tony.
Tony virou um gato laranja com machinhas brancas e acho que ele gostou de ter virado um gato.
Papai os colocou dentro de uma caixa e apenas deixou um bilhete em cima da caixa dizendo que eles ficariam melhores comigo.
Meus "pais" não se importaram de ter três animais em casa, apenas falaram que a responsabilidade seria minha.
Bom, desde o começo a responsabilidade era minha. Mas eu entendo o motivo deles falarem isso e está tudo bem.
_ Você está preparado para a nossa viagem? - Perguntei alisando o seu corpo peludo. _ Iremos sair daqui e você vai conhecer o lugar que ajudei a construir.
_ "Miau". - Sorri e ele lambeu mais uma vez os meus dedos.
_ Ok, acorde o seu irmão, teremos que ir em poucas horas. - Ele foi até o Tony e deu tapinhas em sua cabeça.
Que ação fofa e carinhosa de acordar alguém.
Coloco os meus sapatos e me levanto. Estava usando um vestido e os broches estavam no colarinho pontudo. Acho que ter algo de coelho é a minha marca registrada.
Vou até o espelho que tinha no quarto roxo e infantil, e arrumo a trança. Mesmo não sabendo como exatamente faz uma trança manualmente, poderia fazer a trança com magia.
E esse seria o meu último dia nesse quarto, já que na próxima vez que fosse ver essas pessoas, nós estaríamos em uma vila militar.
_ Querida? - Lisandra bateu na porta e entrou. _ Está pronta? - Sorriu vindo até mim.
_ Sim, só tenho que pegar a mala. - Apontei para a mala que estava em cima da cama.
Na verdade, não tinha nada dentro dela, apenas a minha bolsa e na bolsa tinha todos os meus materiais, roupas e essas coisas. Então, a mala estava sem nada. Quase sem nada.
_ A sua coruja já foi colocada no carro e só falta você. - Colocou as mãos nos meus ombros e apertou. _ Sentirei saudades, querida. - Beijou a minha bochecha.
_ Também. - Não, não vou sentir.
Sorri e peguei a mala e chamei os dois bichinhos que iriam comigo.
_ Será que realmente pode levar três animais para essa escola? - A mulher perguntou enquanto descíamos a escadaria.
_ Não estava falando nada que não podia. - Ela não falou nada e saímos de casa. _ Não corram. - Digo para os dois gatinhos que estavam indo na minha frente.
_ Estão prontas? - Bastian perguntou para nós.
A coruja estava no banco de trás e eu iria me sentar com ela. Entrego a mala para o homem e ele a colocou no porta-malas.
Entro no carro e a coruja branca piou e sorri para ela.
_ Como vai, Milita? - Ela mordeu meu dedo como se tivesse me fazendo um carinho. _ Percebo que vai bem.
Tommy e Tony entraram no carro e subiram no banco, ficando perto de mim.
_ Coloca o cinto. - Lisandra comentou se sentando no banco da frente.
_ Ok. - Coloquei o cinto e fecho a porta que estava aberta ainda. _ Pronto.
_ Estamos prontas. - A mulher gritou e escutamos o porta-malas se fechando.
_ Vamos lá. - Bastian entrou no carro e deu partida. _ Está nervosa? - Me olhou pelo retrovisor.
_ Um pouco. - Digo alisando os meus gatinhos. _ Mas estou bem e vou ficar bem. - Sorri para eles.
_ Nossa filha já é uma mocinha. - Lisandra comentou. _ Que pena que não estaremos com você no seu aniversário.
_ Tudo bem. - Já fiz aniversário mesmo.
Mas como que ele está? Será que ele está comendo direito? Alguém implicou com ele? Merda, por que estou pensando nele?
Ele não merece sequer estar roubando os meus pensamentos. Mas aí está ele fazendo isso. Sou uma idiota.
O sol da manhã bateu no meu rosto e ele estava quentinho, passei a gostar desse sol, mesmo ele fazendo a minha pele queimar, era um bom sol, ainda mais para a minha saúde.
E ele me deixava quentinha, era uma sensação boa.
_ Filha. - A mulher me chamou e a olhei. _ Estávamos pensando em como você já se tornou uma mocinha, já está na hora de assinar um contrato de casamento. - Espera, o quê?
_ Mas eu só tenho dez anos. - Tentei abrir um sorriso.
_ Justamente, quanto mais cedo você conhecer o seu pretendente, mais cedo você poderá se apaixonar. Como aconteceu conosco. - Sorriu olhando para Bastian.
_ Mamãe, eu acho que está cedo demais para isso. - Papai, mate essa mulher louca que está na minha frente.
_ Eu não acho. - O homem falou. _ Está numa idade perfeita para fazer um contrato e você vai para essa escola, duvido muito que tenha alguém de respeito.
_ Eu não sou ninguém de respeito, papai? - Rodei o meu anel no dedo.
_ Não é isso, não conhecemos a origem dessas pessoas. - Me olhou pelo retrovisor. _ Acho que algum filho de algum militar deve servir.
_ Deve servir. - Repeti as palavras em minha boca. _ Peço desculpas, mas não quero encontrar ninguém ainda, afinal, eu só tenho dez anos. - Eles se olharam e não disseram nada por enquanto.
Fico pensando, se aquela garota ainda estivesse viva e ela escutasse isso, ela iria aceitar calada, não iria? Eu que sou uma intrusa e com pensamentos nada convencionais para essa época.
Mas os meus pais, titia e até mesmo o little lord me entendiam. Então a culpada não sou eu e sim, essas pessoas que não querem compreender que esse corpo só tem dez anos.
Eles querem casar uma criança... E eu não fui assim? Tentei fazer o little lord assinar aquele papel.
Mas você não pensou e repensou? E até mesmo rasgou o papel em pedacinhos, você não é igual a ele, não somos iguais a esses trouxas que só pensam no dinheiro que irá entrar com o seu possível casamento com um militar.
Você tem razão.
Claro, afinal, somos você.
_ Chegamos. - Olhei para o outro lado e tínhamos realmente chegado à estação. _ Está pronta? - Bastian perguntou e concordei enquanto tirava o cinto. _ Então vamos.
Bastian saiu do carro, abriu a porta e os gatinhos saíram e me esperaram na calçada.
_ Que coisa fofas. - Disseram uma pessoa e não prestei atenção.
Peguei a coruja e fechei a porta. Bastian pegou a minha mala e fomos andando para dentro.
_ Você não esqueceu nada, não é? - Já era a décima pergunta que a Lisandra fazia.
_ Não esqueci nada, nem mesmo do bilhete. - Mostrei o bilhete que estava no bolso do meu vestido.
_ E qual é a plataforma? - Agora eles iriam surtar.
_ 9¾. - Eles pararam e fiquei os olhando.
_ Essa plataforma não existe. - Existe. _ Você viu a plataforma direito? - Está me chamando de burra? Entreguei o bilhete para o homem. _ Realmente é essa plataforma.
Olho para os lados e vejo algumas crianças passando pela parede e apontei para a mulher e ela viu.
_ Querido, acho que existe sim, apenas não podemos ver. - Apontou para as crianças que passavam correndo. _ Vamos? Já está quase dando o horário.
Começamos a caminhar em direção daquela plataforma e cada segundo que passava o meu coração pulava no peito. Estou quase lá e isso é apenas um passo para a minha vingança.
Um passo de cada vez, sem pressa.
_ Como devemos passar? - Bastian perguntou e faço que os dois dessem as mãos e os puxei para passar na parede. _ Certo, só podíamos passar.
Estávamos na plataforma 9¾ e ela estava cheia demais e isso me incomodou um pouco. Ficamos em um canto e começamos a olhar em volta.
A gaiola da coruja estava no chão e os gatinhos estavam olhando para a multidão, eles miavam de vez em quando. Acho que eles não gostavam de multidão também.
_ Sentirei saudades, querida. - Sorri e abracei a mulher e ela se abaixou para ficar mais confortável.
Queria que o papai e a mamãe estivessem aqui no lugar dessas pessoas, mas tudo bem.
_ Também, mamãe. - Sorri e me desgrudei de seu corpo. _ Também vou sentir sua falta, papai. - Abracei o homem que estava olhando para nós. _ Vejo vocês em dezembro.
Queria nunca mais ver essas pessoas, mas era meio que impossível fazer isso.
_ Fique bem, sim? Qualquer coisa mande uma carta, se isso for possível. - Você acha que comprei uma coruja para quê?
_ Ok. - O trem apitou e me agachei para abrir a gaiola da coruja.
Ela se apoiou no meu braço e alisou o meu rosto.
_ Vá para Hogwarts, irei até você quando terminar a seleção. Ok? - Ela alçou voo.
_ O que você disse a ela? - Lisandra me perguntou e dei de ombros. _ Ok, vá. - Levantei e abracei ela. _ Me mande uma carta ou qualquer coisa.
_ Ok. - Me despeço do Bastian e pego a gaiola e a mala para entrar no trem.
_ Bilhete. - Disse o bilheteiro.
_ Aqui. - Entrego o bilhete para ele.
_ Boa viagem.
_ Igualmente. - Passo por ele e os gatinhos já pulavam no corredor. _ Último vagão. - Falo para eles.
Eles continuaram correndo e tentei os acompanhar. Mas eles eram mais rápidos do que eu, ainda mais por um deles estar voando.
Olho para trás e para frente e faço a gaiola diminuir e a coloquei no meu bolso.
Toquei na minha varinha que estava presa na minha coxa e fiquei pensando em como iria ver a memória e até hoje eu não sei a resposta.
Nunca fiz uma varinha emitir uma memória e não tinha nenhum livro comigo que dizia sobre isso, estava na estaca zero nesse quesito.
Afinal, eu não posso saber tudo, não sou uma enciclopédia e isso eu acho que é uma desvantagem, a maioria das pessoas que quero matar sabem mais do que eu. Preciso ser melhor que eles e eu vou ser.
Abro a última cabine do último vagão e faço os gatinhos entrarem primeiro. Entro na cabine e a fechei e faço feitiços de não me perturbem.
Coloco a mala no lugar próprio para ela e me sentei.
_ Depois de tanto tempo, finalmente estou aqui. - Sorri para eles e apoio a minha cabeça na parede da cabine. _ Estou feliz. - Sorri fechando os olhos.
_ "Miau" - Disseram pulando no assento.
_ Devemos fazer dessa cabine a nossa propriedade e teremos que chegar mais cedo para pegar sempre essa cabine, ou acabaremos nos sentando com pessoas desagradáveis.
_ "Miau". - Os alisei.
Alguns minutos depois o trem começou a andar. Os apitos e os barulhos eram sons que não me deixavam aborrecida, eram sons que fazia meu coração pular no peito.
Vou ver eles novamente, depois de um ano, eu vou ver eles novamente. Será que eles irão aparecer no Grande Salão como a Cassiopeia disse? Isso seria estranho, mas, ao mesmo tempo, muito bom.
Bom, na verdade, não passou um ano, passou milênios e espero que eles não briguem comigo.
O tempo estava passando e escuto alguém batendo na minha porta. Bom, eu fiz esse feitiço para os adolescentes não me perturbassem e não os adultos.
Abro os meus olhos e me levantei indo até à porta. Abro a porta e era a bruxa dos doces.
_ Boa tarde, senhorita. Doces? - Sorri e concordei. _ Não tenho muitas variedades, mas esses são bons.
_ Você sempre passa por aqui por último? - Perguntei pegando sapos de chocolate e feijõezinhos de todos os sabores.
_ Sim, por causa que aqui é o último vagão. - Ela tem um bom ponto.
_ E se você passasse por aqui primeiro a partir de hoje? - Coloquei os doces no meu assento e pego a minha mala para entregar o dinheiro.
_ Não sei se isso pode ser possível. - Sorri e entreguei o dinheiro para ela.
_ Eu pago para você vir aqui primeiro. O que acha? - A bruxa sorriu e brincou com o dinheiro que entreguei. _ Mil galeões. O que acha?
_ Mil e duzentos. - Sorri e falei:
_ Mil e quinhentos por sete anos. Começo te pagando 750 na próxima viagem, já que nessa não vale. - Ela sorriu.
_ E em dezembro você vai me pagar 1.500 por conta dessa viagem?
_ Não, como eu disse, essa não vale, estamos assinando um acordo verbal agora e não posso ser boazinha demais te dando mil e quinhentos de mão beijada. Entende? - Ela riu e suspirou.
_ Você é boa nisso, acho que fiz um ótimo acordo.
_ Acho o mesmo. - Ela se retirou e fechei a porta.
Sentei-me novamente e começo a comer os feijõezinhos. E não sei se era sorte ou não, eu só peguei sabores comestíveis.
Continuei comendo os doces que comprei e quando eles acabaram, faço os plásticos sumirem.
O céu gradualmente estava escurecendo e a luz da cabine se acendeu quando não era mais possível existir luz nela.
Fiquei esperando a luz acender e tentei não surtar enquanto ela não acendia. Rodei meu anel e apenas esperei.
Foi aterrorizante? Foi, mas pelo menos consegui não fazer um lumos ou acender a luz manualmente.
Um passo de cada vez, já venci alguns medos e esse será mais um deles.
_ Coloquem as roupas. - Escutei uma garota falando na cabine do lado. _ Ué, pensei que tivesse mais uma cabine aqui. - Falou olhando em meus olhos, mas não me viu. _ Vamos. - Ela deve ser um dos monitores.
Como a minha mala não estava mais em seu lugar, começo a colocar a minha roupa.
Retiro a minha varinha da minha coxa e a coloquei no meu pulso com a ajuda de um coldre.
Era estranho voltar a usar um coldre de pulso depois de tantos anos e era um pouco desconfortável ficar incapaz de movimentar o seu pulso como antigamente, mas era o que tinha.
Coloquei as minhas roupas e era tudo preto, cinza e branco. Cores que passei a gostar. Bom, preto apenas em roupas e não em decoração ou escuro...
Tiro a gaiola do bolso do vestido e a coloquei na mala.
Um barulho de aparatação me fez olhar para trás e era o Penny.
_ Penny! - Digo feliz e o abracei e ele ficou todo desconcertado.
_ M-minha princesa... - Fiquei o olhando. _ Minha princesa está muito bonita.
_ Obrigada, o que faz aqui?
_ Meu senhor pediu que Penny falasse algo, ele disse que é para a minha princesa escrever uma carta para ele.
_ Ele disse qual assunto?
_ Sobre a sua seleção e sobre os seus pais.
_ Claro, fale para ele que será a primeira coisa que vou fazer.
_ Tenha uma boa viagem, minha princesa. - Ele sumiu e termino de colocar o broche no colarinho da camisa social branca.
Aliso meu anel de coelho e suspirei me sentando, ainda bem que minha magia já tinha se adequado ao meu corpo algumas semanas atrás ou iria passar vergonha na frente de vários pirralhos.
Que horror.
E mesmo conseguindo a minha magia de volta, não consegui tirar nada da minha varinha. Eu só queria saber qual é a memória! É tão difícil assim?
Olhei para o lado e os gatinhos estavam dormindo, queria fazer isso também, estava com sono.
O trem apitou depois de algumas horas e os gatinhos acordaram assustados e os acalmei.
_ Está tudo bem, é que chegamos. - Eles correram para o meu colo. _ Tudo bem, estou aqui. - Os abracei e arrumei as minhas coisas com ajuda da minha magia.
Vejo que já estávamos na estação de Hogsmeade. Ah! Hogsmeade existe e uau, queria ter visto sendo construída.
Pego a minha mala e saio da cabine e os gatinhos pareciam confortáveis nos meus braços, mas eles eram pesados.
E eles estavam adorando ter toda aquela atenção. Pareciam que eles eram o rei e todos aqui eram seus súditos, mas não dava para negar que eles eram fofos.
_ Que fofos, aquele laranja parece ser o mais bagunceiro. - Falou uma menina.
_ E o outro parece ser o mais comportando. - Que grande mentira, eles parecem dois demônios.
Saímos do trem e eu entrego a minha mala para o encarregado disso.
_ Primeiros anos... - Gritou um homem robusto. _ Boa noite, senhorita.
_ Boa noite, senhor. - Ele sorriu e continuou chamando os primeiros anos.
_ Todos estão aqui? - Olhei para trás e as crianças faziam a mesma coisa. _ Então vamos. - Seguimos ele. _ É meio escorregadio, preste atenção e não se perca.
O lugar não era somente escorregadio, mas também escuro. Apertei os meus gatinhos nos braços e eles lamberam minhas mãos.
_ Estou bem. - Sorri e continuei fazendo o meu percurso. _ Tenho vocês comigo para me proteger e tenho... - Olhei para o anel e apenas calei a minha boca.
_ Vocês irão ver Hogwarts em poucos segundos. - Fizemos uma curva e vimos o esplendoroso castelo e todos atrás de mim, começaram a falar o quão magnífico o castelo era.
_ Nossa, tão grande. Meus irmãos diziam que era pequeno, mas vendo por esse lado, vou acabar me perdendo. - Disse um menino.
_ Cuidado! - Alguém deve ter caído.
_ Está tudo bem aí? - Perguntou o homem com um lampião que não iluminava quase nada.
_ Está tudo bem. - Gritou.
_ Ok, vamos lá. - A inclinação do lugar era propensa as pessoas caírem. _ Quatro em cada barco, nenhum a mais.
Entrei em um barco e espero as outras três crianças entrarem. Não conhecia ninguém e continuaria assim por algum tempo.
_ Vamos partir. - Os barcos começaram a se movimentar e alguns estavam falando que queriam vomitar. _ Cuidado com a cabeça. - Gritou e todos abaixaram o corpo.
Ficamos mais algum tempo no barco e felizmente ninguém caiu. E mesmo se caíssem no lago a lula iria ajudar.
_ Desçam e subam a escadaria. - Espero os outros descerem e desço do barco tentando me equilibrar para não cair.
Subimos a escadaria e uma mulher com trajes bruxas apareceu. Seu cabelo ruivo era muito bonito.
_ Boa noite, me chamo Selwin, sou professora de DCAT e é um prazer conhecê-los. - Como eu era a última, dou um toquinho na parede e todo o castelo vibrou.
_ Vocês sentiram? - Alguém perguntou e a professora ficou olhando para os lados. _ O que aconteceu?
_ Acho que teremos uma surpresa hoje. - Sorriu.
Coloco os meus gatinhos no chão e eles entraram na passagem que a parede fez e eles sumiram da minha vista.
_ Vamos? - Não prestei atenção na professora falando sobre as casas, eu já sabia.
As portas do Grande Salão abriram e todos suspiraram em admiração e eu, eu apenas sorri por ver esse castelo tão cheio de vida.
Senti saudades.
O teto enfeitiçado continuava sendo lindo e as mesas cheias de alunos me enchiam de orgulho. Muito bem, amigos. Vocês conseguiram e estou feliz por vocês.
A professora começou a falar os nomes em ordem alfabética e como o meu era "L", iria demorar um pouco.
Continuo prestando atenção nos alunos e vejo um Corvino de 16 a 17 anos observando a mesa da Lufa-Lufa. Será que tem alguém que ele goste naquela mesa?
Sigo o seu olhar e antes que eu visse quem era a pessoa, a professora chama o meu nome. Apenas o primeiro, já que ela se engasgou.
_ Esses sobrenomes estão certos? - Perguntou a professora enquanto eu chegava para frente e ficava na visão de todos.
_ E qual é o sobrenome que está aí? - Diretor Dippet perguntou.
_ Malfoy e Avery. - Todos no Grande Salão pararam de falar e prestaram atenção em mim.
Isso, continuem, quero que isso aconteça.
_ Avery? - Um aluno gritou. _ Que eu saiba só existe dois herdeiros.
_ E Malfoy não pode ter filhos, só um em cada geração. - Gritou outro.
_ Ela é uma fraude! - Nossa, pegou pesado.
_ Eu não tenho esses sobrenomes, senhora. - Ela me olhou e suas sardas ficaram aparentes por causa da iluminação do Grande Salão. _ Eu só tenho Granger.
_ Isso deve ser um erro, Selwin. Eu mesmo fui entregar a carta para a senhorita Granger, e ela é uma nascida trouxa. - Meus olhos encheram de lágrimas e alguns falaram que isso era para as pessoas sentirem pena de mim.
Mas olha, é exatamente por isso que estou fazendo isso e vocês são inteligentes, mas nem tanto.
E eu agradecia por estar ligada a Hogwarts, poderia ouvir cada coisa surpreendente, mas eu tinha que saber como usar isso ao meu favor.
Antigamente, Hogwarts só me mostrava quando ela queria e eu queria saber usar isso a vontade, sem ela para me indicar isso.
_ Uma nascida trouxa querendo se tornar uma sangue puro. Que piada. - Olha, eu sou uma sangue puro.
Um dia vou falar todos os meus sobrenomes e quero ver vocês engolirem essas palavras. Mas, por favor, continuem, quero que o meu teatro seja perfeito.
_ Tudo bem, é apenas um erro e por favor, se sente. - Sentei-me no banquinho e o chapéu foi colocado na minha cabeça.
"Fale baixinho, senhor seletor"
Falei com ele no pensamento, ele iria falar para todos o que estava vendo na minha cabeça, mas certas coisas ele poderia falar apenas para mim.
_ Ora, ora, ora, o que temos aqui? - Se remexeu na minha cabeça. _ Vejo que a viagem lhe fez bem, mas não sou fofoqueiro e não vou contar.
"Tem certeza?"
Ele riu e continuou falando sobre o que via em minha cabeça.
_ Você tem coragem e isso é invejável, daria orgulho imenso para a Grifinória. Como deu para o seu irmão, o meu inventor. - Ele falou as últimas palavras baixinho.
"Eu realmente dei orgulho a ele?"
Ele balançou em cima da minha cabeça como se estivesse me dando a sua resposta e era um sim.
_ Sua inteligência é maravilhosa e se daria bem na Corvinal, mas é preconceituosa e não se encaixaria com os alunos de mentes abertas. - Muito obrigada, senhor seletor.
Antes que eu falasse alguma coisa. Quatro pessoas ou fantasmas entraram no Grande Salão e todos ficaram surpresos.
_ Olha, se não é a "filha" da dona do meu coração. - Salazar piscou para mim e fiquei chocada demais para reagir.
Ele não mudou, bom, mudou, já que era um fantasma.
_ Você está falando da minha irmã, seu doente. - Godric tentou bater no Salazar. _ Você está tão pequena. - Retiro o que disse, não queria que eles viessem me ver.
_ Ela está tão fofa, olha essas bochechas. Coisa linda. - Rowena tentou apertar as minhas bochechas que já tinham mais gordura que antes. _ Irá arrasar corações. - Já faço isso sem intenção.
_ Parem, vamos ver que casa ela irá estar. - Helga, eu te amo tanto.
_ Senhores. - Dippet se levantou e todos fizeram isso.
Eles fizeram uma reverência e se sentaram novamente em seus lugares e até mesmo os alunos fizeram isso, isso só mostrava o respeito e carinho que eles sentiam por essas quatro pessoas.
Sinto-me feliz por eles.
_ Isso, deixe ela saber qual casa irá estar. - Salazar ficou olhando o chapéu. _ Continue.
_ Como desejar, senhor Slytherin. - Salazar revirou os olhos. _ A casa amarela e preta, é aberta para todos e você não concordaria com certas coisas.
"Realmente não concordo com tudo que a Helga acreditava, mas ela era uma boa amiga."
_ Ela também acha. - Senhor seletor falou. _ Agora só sobra a casa verde e prata, e você tem todas as qualidades ou para os outros, "maldições", para ser uma Sonserina.
"Então vou para a Sonserina?"
O senhor seletor não afirmou. Mas eu sabia que Salazar iria ficar muito feliz com isso, também iria ficar feliz. Assim... Nada.
_ Como meu criador pediu na nossa primeira conversa, irei realizar o pedido dele nesses anos.
"O que o Godric pediu?"
_ Meu criador pediu que eu não fosse benevolente apenas a escola, a Hogwarts. Ele me pediu que eu fosse leal a quinta fundadora. - Sussurrou e fiquei chocada demais. _ E esse dia chegou e irei fazer o que me foi pedido e que aceitei de bom grado.
Godric... Você fez tanto e eu nunca iria saber se eu não fosse para Hogwarts. Obrigada.
Fiquei olhando para ele e acho que ele entendeu. Ele sorriu e fez uma mesura para mim.
_ Não irei contar nada para ninguém, mesmo que me façam falar e que me queimem, não contarei nada para ninguém. Afinal, você é uma nascida trouxa e para outros e para você, uma sangue-ruim. - Tentei não sorrir. _ Será difícil a sua missão, mas já me decidi. SONSERINA!
Salazar pulou e veio até mim, mas ele se esqueceu que era apenas um fantasma e ele passou por mim.
_ Isso! Eu venci a aposta. - Os meus outros amigos ficaram com raiva do Salazar esbanjando felicidade.
_ Isso deve estar errado, eu lembro que a "mãe" dela era corajosa.
_ Todo mundo é corajoso, mas ela era muito inteligente, até mais que eu. - Rowena comentou e tirei o chapéu e entreguei para a professora e fui em direção da casa verde e prata.
Merda, Dorea estava me olhando e sorrindo como se soubesse de um segredo supersecreto e bom, sabia.
Sentei-me na ponta da mesa e alguns pediram que dessem mais espaço, já que eles não queriam ser tocados por uma sangue-ruim.
Acho que nem a demonstração dos fundadores irá mudar os pensamentos dessas pessoas e olha, eu não ligo.
Como se eu ligasse por ser chamada de sangue-ruim ou se eles continuassem falando que vou contaminar todas as pessoas que tocar. Não, não sou assim e na verdade, quero que eles continuem.
Dorea tentou sair do seu lugar para se sentar ao meu lado, mas foi impedida por Cedrella.
_ Por que está me impedindo? Não acha estranho os fundadores darem boas-vindas a uma nascida trouxa?
_ O que acho estranho é seu entusiasmo para uma menina qualquer. - Meus ouvidos estavam prestando atenção nessa conversa e meus olhos prestavam atenção na seleção de casas da Lucretia.
_ Uma menina qualquer? - Dorea zombou. _ Você vai lavar essa boca com água e sabão qualquer dia desses, e vou rir muito. - Lucretia foi selecionada para a Sonserina e todos queriam ser seus amigos.
Era assim que um nascido trouxa se sentia? Nossa, que pena. Que pena que não sinto empatia por eles.
Dippet falou sobre as regras da escola e a comida apareceu e eu comi. Olho para a mesa na minha frente e vejo meu odiável avô. Canopulous Macmillan.
Espero que ele se engasgue comendo esse frango e morra asfixiado.
Vejo uma garota da Lufa-Lufa e ela estava um pouco irritada e ela me parecia familiar, mas não sabia quem era.
Talvez fosse uma Greengrass, mas ela não era loira, era o oposto. Tinha cabelos castanhos e cacheados.
Continuo comendo e sinto todo o castelo, ele era formidável e a magia que tinha nele, cresceu ainda mais.
Estou curiosa para saber se consigo ver e ouvir sem estar em Hogwarts. Bom, um dia eu testo isso.
Termino de comer e vejo que tinha suco de abóbora, nunca experimentei. Será que era muito grosso ou era ralo?
Só posso saber se eu beber e foi isso que fiz.
Bebo o conteúdo da taça e não era ruim, era muito bom e doce. Acho que era melhor que suco de laranja.
Sequei a minha boca e fiquei esperando a monitora chamar os primeiros anos, não poderia sair daqui, já que eu era uma pessoa que não conhecia o castelo.
_ Primeiros anos, aqui. - Dorea levantou do seu lugar e fico surpresa, ela era a monitora?
_ Vai lá, monitora. - Dorea olhou para o garoto e deu um dedo do meio para ele. _ Sempre agressiva, ursinho.
_ E eu sempre te mandando se foder, babaca. - Sorriu. _ Vamos, primeiro ano.
Saio do meu lugar e sigo a Dorea para fora do salão e em vez de segui-la até as masmorras. Entro em uma passagem que a escola fez para mim.
_ Senti saudades disso. - Toquei na parede e ela estava quentinha. _ Me leve até a Melissa. - Uma escadaria se formou e subo os degraus.
Cada passo que eu dava, o lugar ficava mais iluminando e adorava isso.
Abro a porta e me abaixo para não ser morta por um livro. Senti saudades disso também.
_ Você finalmente chegou. - Falou uma adolescente chorona. _ Sabe quanto tempo esperei por isso?
_ Milênios? - Perguntei pegando o livro do chão. _ Também senti saudades, Meli. E você mentiu para mim.
_ O que eu menti?
_ A Debby não veio se despedir de mim.
_ Salazar tinha a pedido para pegar algo e ela se atrasou, mas não se preocupe. Ela está viva e bem. - Fiquei confusa.
_ Como?
_ Quando você foi embora, comecei a me sentir fraca e falei para os fundadores que conseguia ficar na ativa por pelo menos 10 anos.
_ Por isso que você deixou Marius descobrir o diário. - Ela sorriu e veio até mim. _ Mas isso não explica a Debby estar viva.
_ Minha mestra! - Olho para o lado e vejo a elfa. _ Quanto tempo.
_ Muito tempo mesmo. - Sorri e a cumprimentei. _ Como está viva?
_ Melissa me ajudou a me colocar num sono profundo, eu só acordei um ano atrás quando a senhorita chegou e ficou naquele ano.
_ Ah, compreendo.
_ Também entrei em um sono profundo e só acordei um ano atrás. Bom, se eu tivesse acordado antes, não deixaria o garoto pegar o diário, mas não tive forças para impedir e pelo menos antes de dormir, fiz que a passagem do quarto dele se fechasse. Mas me desculpe.
_ Tudo bem, já aconteceu, mas a passagem dava aqui? - Ela concordou. _ Dabrian me contou no diário dele que o meu salão está trancado.
_ Sim, ele só vai abrir se você quiser e como você sumiu, ele acha que você o pediu para se trancar também.
_ Entendo, obrigada por me contar essas coisas.
_ Você não me impediu de fazer isso. Então eu apenas contei.
_ Tem como pegar a minha mala e meu uniforme no meu quarto no salão comunal da Sonserina?
_ Você só precisa abrir o seu salão.
_ E como faz?
_ Apenas coloque a sua mão na parede que deveria ser a porta e diga: eu abro, eu aceito e eu te liberto. - Debby falou pegando o livro das minhas mãos.
_ Obrigada, Debby. - Ela sorriu e foi colocar o livro no lugar. _ Ela está tão diferente.
_ Helga e Rowena a ensinaram tudo, então ela não é como antes. Não gagueja e não fala em terceira pessoa, e gostei bastante disso. - Ri e fui até a parede que deveria ter uma escadaria.
_ Eu abro, eu aceito e eu te liberto. - Falei e a passagem abriu e um ar quente passou por mim. _ Agora você pode colocar as coisas no meu quarto?
_ Claro. - Ela estalou os dedos e Hogwarts mostrou a minha mala, o uniforme e os gatinhos no meu quarto. _ Os gatinhos estavam no quarto da Rowena, então eu os tirei de lá e os coloquei no seu quarto.
_ Obrigada. - Sorri e fui até as mesas do fundo, até hoje não me sentei nas cadeiras flutuantes ou na mesa.
Peguei um pergaminho e pena e comecei a escrever para o meu pai. Contei para ele sobre a minha estadia e o que aquelas pessoas queriam fazer, contei sobre qual casa fui selecionada e falei que sentia saudades.
Mas para os meus "pais", tive que escrever tudo que aconteceu e como eles me odiavam, mas que eu não queria mudar de escola.
Coloco as cartas em envelopes separados e falo:
_ Abra para mim, você sabe aonde quero ir. - Falei para Hogwarts, já que a Melissa estava voando pela sala e ria à toa.
Acho que ela está aproveitando os milênios que ficou presa em um sono quase eterno, mesmo ela estando acordada desde o ano passado.
A parede me mostrou uma passagem secreta e passei por ela. Desci e subi escadas e no final estava no corujal.
_ Milita? - Chamei e uma coruja voou até mim. _ Como foi a viagem? - Ela alisou o meu rosto. _ Vejo que tudo deu certo, isso é bom.
Amarrei uma das cartas em sua perna e dei a outra carta para ela.
_ A carta em sua perna é para o Grindelwald, você sabe onde ele está, não sabe? - Ela piou. _ E a outra carta é para os meus "pais", se lembra do caminho? - Ela bicou o meu dedo e alçou voo. _ Espero respostas. - Gritei.
Olho para o corujal e sinto um feitiço de limpeza e sorri por isso.
_ Me leve até o segundo andar. - A parede abriu novamente e segui em frente, mas ela não me levou até o segundo andar.
Ela nem mesmo me levou para a sala precisa.
Virei para voltar para a passagem, mas a passagem se fechou no meu rosto. O quê? Ela nunca fez isso comigo.
_ Cale a boca, sabe quem sou? - Escutei uma voz forte no final do corredor.
_ Apenas um Black, acha que seu sobrenome me dá medo, Charis? - Charis Black? Aquele que eu não sabia nada mais que a sua data de nascimento?
_ Ele pode não te dar, mas eu dou. Já que está tremendo como um idiota. - Caminho em direção da voz e vejo que era aquele Corvino que eu tinha visto mais cedo.
Seus cabelos não estavam negros como antes e sim, cinzas. Ele era um metamorfomago. Incrível.
Ele apontou a sua varinha para a jugular do Lufano e riu.
_ Você sabe o que fiz nesses anos todos?
_ E mesmo assim não tem a garota, que chato, não? - O Black arrumou os óculos e apertou a garganta do lufano com sua mão enluvada.
_ Mencione mais uma vez ela, e você verá Merlim mais cedo. - O Lufano riu.
_ Enquanto você está aqui, Kalil está com ela. - A testa do Black franziu e ele deu um soco no Lufano que ria. _ Fraco e covarde, todo Black é assim?
A parede que eu estava encostada me empurrou para a frente e os dois me olharam.
_ Merda, uma pirralha apareceu justo agora? - O Lufano me olhou com raiva e olhei com raiva para a parede.
_ Continuem, estou indo embora. - Digo caminhando na direção oposta dos dois.
_ Espera aí. - Olhei para trás e o Black vinha atrás de mim e comecei a correr.
Hogwarts me mostrou uma imagem e tive que parar ou iria cair. Era uma lufana e estava fugindo de um Grifinório. Merda, o que tudo isso indicava? Devo parar de ser a vilã e ser a heroína?
Não, me perdoem, mas não sacrifico o meu bem mais precioso para salvar o mundo. Eu sacrifico o mundo para salvar o meu bem mais precioso.
Sinto meus ombros serem agarrados e a minha visão voltou ao normal.
_ Olha, o que você viu...
_ Você quer fugir de um monitor? - Pergunto sem entender bem se eu vi um broche de monitor na roupa do grifano.
_ Mas é claro que sim. - Ele me olhou confuso e jurei que seus olhos eram azuis, mas agora estavam negros.
_ Cabelos legais. - Digo para os seus cabelos pretos presos em um rabo de cavalo.
_ Obrigado. - Ele estava confuso pelo rumo da nossa conversa. _ Olha, o que você viu... - Coloquei a mão na sua boca e o empurrei para o lado e puxei a menina que entrava no nosso corredor.
_ Você quer ser salva? - Perguntei e ela me olhou ofegante.
_ S-sim. - Peguei as mãos dos dois e entramos em uma passagem secreta.
Os dois ficaram atrás de mim e a parede fechou quase totalmente, mas tinha alguns buracos que podíamos ver o que estava acontecendo ao lado de fora.
_ O quê... - A menina tapou a boca do Black e ele ficou a observando.
A mão dela tremia, o que será que deve ter acontecido para isso acontecer?
E isso deve ser coisa do destino, porque essa menina era a lufana que me parecia familiar e que estava irritada em sua mesa.
_ Onde você está? Vamos continuar brincando, eu sei que você estava gostando. - Idiota.
A menina soluçou e tentou colocar a mão na sua boca, mas ela tremia demais. Espero que não tenha acontecido aquilo que estou pensando.
O Black a abraçou e se sentou com ela no chão enquanto ele a consolava.
_ Passou, já passou. - Sussurrou.
O grifano continuou a sua caminhada e fiquei olhando para os dois no chão.
Deveria fazer que a garota não pensasse no ocorrido, então, faço a coisa mais idiota do mundo, me apresento.
_ Eu me chamo Leesa e vocês? - Me agachei no chão e fiquei olhando para eles.
_ Charis, Charis Black.
Ele mordeu a ponta de sua luva e a tirou de sua mão e, começou a fazer carinho no rosto da lufana. As bochechas da garota estavam rosadas e molhadas.
_ Essa é a Safira Silty Alax. - A garota o olhou e piscou algumas vezes.
_ Você me conhece? - Olhei para o Black e ele continuava fazendo carinho na bochecha da menina.
_ Como não posso conhecer a pessoa que me salvou no meu segundo ano? - Ela ficou chocada com a informação. _ Estava sendo ridicularizado por aqueles idiotas da Sonserina e você veio e me defendeu.
_ Pensei que não soubesse quem eu era.
_ Na época eu não sabia, mas depois descobri com o tempo. Ele fez alguma coisa com você? - Vejo ela tremer. _ O que ele te fez, minha joia rara?
Nossa, tão romântico, e estou sobrando, mas não quero sair daqui sem saber de cada detalhe.
_ Podemos ir para um lugar melhor. - Digo me levantando. _ Que tal irmos para a torre de astronomia, será melhor conversarmos enquanto observamos as estrelas.
_ Não quero...
_ Será melhor desabafar e eu acho que ninguém aqui vai te julgar, ou contar... - Falou me observando. _ Afinal, ela é apenas uma primeiro ano.
_ Uma primeiro ano que salvou vocês. - Pontuei.
_ Ela tem razão. - A lufana falou e se levantou. _ Quer ajuda? - Sua voz era tão calma e serena. Parecia a voz de um anjo. _ Se isso não te dar nojo.
_ Nojo? - Perguntei. _ Por que nojo?
_ Sou uma nascida trouxa. - Deu de ombros. _ E nascidos trouxas não são bem recebidos, ainda mais por um Black.
_ Não sou como os meus parentes, não mais. - Aceitou a mão da garota e dou algumas batidinhas na parede.
_ Vamos. - Uma passagem abriu e eles me seguiram.
_ Não sabia que existiam essas passagens, isso iria me ajudar tanto. - A garota falou. _ Como você descobriu em tão pouco tempo?
_ Apenas apareceu para mim. - Não queria prolongar o assunto.
_ Devo agradecer a vocês por me ajudarem. Obrigada. - Não respondo.
_ Você se sente um pouco melhor? - O garoto só faltava se jogar no chão para ser pisado por ela. Nada contra, acho que as pessoas apaixonadas são doidas e fariam de tudo pelo seu amado.
Saio da passagem e o vento gelado da noite me fez arrumar a minha capa. Vou até à beirada e vejo o quão alto era aquele lugar.
Quando isso foi construído, eu não estava mais andando por Hogwarts, estava trancada na minha sala, e muitas coisas nunca vi, estaria descobrindo nesse ano.
Olho para trás e os arcos que estavam em volta do planeta (?) me pareciam familiares. Vou até os arcos e vejo que as coisas que estavam escritas nele era de um vira-tempo.
Rowena, você realmente reciclou o meu vira-tempo. Sorri tocando os arcos que se mexiam. Você é inacreditável.
_ Você é a menina que fez a maior confusão no Grande Salão. - Charis falou e o olhei.
_ Sim. - Dou de ombros. _ E você é um Black, um Black na Corvinal.
_ Sim, sofri muito por isso. - Mas Marius também era um Corvino, será que ele também sofreu?
_ E irei sofrer muito por aquilo. - Vou até ele. _ Temos um passado triste, então, temos uma trégua?
_ Você faz amigos assim?
_ Na última vez eles me raptaram para ser a consultora deles. - Sorri.
_ Seu passado parece ser mais horrível do que o meu. - Mil vezes pior. _ Mas temos uma trégua.
_ Gostei disso. - Olhei para a menina e ela tentava se acostumar com o frio. _ E você? O que aconteceu?
_ Temos que falar sobre isso mesmo?
_ É melhor desabafar com alguns estranhos do que amigos que irão te julgar com os olhos.
Foi exatamente assim com o little lord.
_ Ela está certa, talvez nunca mais iremos nos falar.
_ Mas isso não faz vocês terem uma carta na manga para me chantagear? - Ela tem um bom ponto.
_ Podemos jurar. - Não, não me mete nesses seus assuntos românticos.
Eu não juro. Posso fazer uma promessa, mas jurar já é demais.
_ Posso prometer, mas jurar eu não juro. - Sorri e a menina entendeu.
_ Por que não? - Charis me perguntou aborrecido.
_ Porque jurar é pecado. - Ter uma pessoa com costumes trouxas ao meu lado é muito bom. _ Eu entendo, você pode prometer e irei confiar em suas palavras.
_ Mas eu tenho que jurar? - Sorriu ladino. _ Você é bastante má, senhorita Alax.
_ Só estou fazendo o mínimo para me proteger.
_ De mim? - Perguntou quase rente a boca dela. _ Nunca fiz nada para você.
_ Justamente. - Ele arrumou o cabelo da garota.
Isso está parecendo uma novela romântica e que o casal secundário está se conhecendo e dando os primeiros indícios de amor. Eu só queria uma pipoca para continuar vendo esse melodrama.
_ Você machuca o meu pobre coração. - Enrolou o cabelo dela em seus dedos sem a luva. _ Mas você pode fazer isso. - Aposto que ela corou.
_ Pare de ladainha e jure. - Ela era uma pessoa de fibra e coragem.
_ Eu juro pela minha magia que não irei contar nada para ninguém do que irei escutar aqui. - Beijou a mecha de cabelo em seus dedos. _ Satisfeita?
_ Muito. - Ela me olhou.
_ Eu prometo não contar nada para ninguém do que irei escutar aqui. - Mostrei as minhas mãos para ela.
_ Por que está mostrando as mãos? - Eles perguntaram.
_ Por nada. - Sorri e fui me sentar no chão. _ Por favor. - Os instruí a se sentarem.
_ Desde o ano passado o Kalil está tentando me fazer gostar dele e no começo foram só rosas, mas depois que eu disse que não gostava dele, ele começou a ficar agressivo. - Ela começou a tremer e o Black a abraçou.
_ Ele tentou algo? - Perguntei.
_ Hoje... - Ela soluçou. _ Ele tentou fazer coisas comigo dentro de uma sala abandonada do terceiro andar, mas consegui fugir e ele falou que não seria a primeira vez que ele iria fazer aquilo... - Ela começou a chorar.
_ Podemos matar ele? - Perguntamos e o Black me olhou impressionado.
_ Pensei que só as pessoas das trevas fossem tão assassinas. - Black comentou rindo. _ Acho que gostei de você.
_ Eu posso dizer o mesmo. - Sorri. _ Se pudéssemos, deveríamos contar para um professor. - Eles me olharam e riram. _ Eu disse alguma coisa de errado?
_ Sim. - Disseram.
_ Primeiramente, Kalil é um grifinório e qualquer grifinório é protegido pelo professor Dumbledore. E o professor Dumbledore tem mais posicionamento do que o próprio diretor. - Black me explicou e fiquei um pouco chocada.
_ Por quê? O que faz os Grifinórios serem melhores que as outras casas?
_ Serem corajosos e heróis? - Safira comentou brincando com a capa do Black. _ Eles são melhores que nós, isso é um fato e até mesmo na competição das casas.
_ Mas a Sonserina venceu o quadribol e só por causa disso virou um inferno. Eram brigas demais e isso me irritou um pouco. - Black não prestou atenção na garota brincando com sua capa.
_ E se existir alunos que consigam vencer os Grifinórios?
_ Se isso acontecer, estarei me casando com uma nascida trouxa e lufana. - Ele sorriu ladino e a menina ao lado dele ficou o olhando. _ Quer apostar? - Só conheço pessoas que gostam de apostar, impressionante.
_ Você está me pedindo em casamento, Black?
_ Não, longe de mim. Só estou pedindo a futura lufana que se case comigo. - Queria um desenvolvimento, mas eles já se conheciam.
_ Só nos encontramos algumas vezes, o que fez...
_ Estamos fugindo do assunto, depois vocês podem fazer juras de amor. - Pontuei cansada. _ Eu acho que irá existir um aluno que irá ser o pilar dessa escola.
_ Você? - Perguntaram.
_ Escutaram a parte do aluno? - Como bem sabem, eu não quero nada, só quero o mundo e ser o centro das atenções não é comigo.
Irei deixar esse cargo para o little lord, ele sempre gostou de ser o centro das atenções mesmo.
_ Você falando assim até parece que viu o futuro. - Eu não vi, mas vivenciei.
_ Black, não sou uma vidente. - Dei de ombros. _ Mas provavelmente você não estará nessa escola para ver os Grifinórios caindo e a Sonserina se levantando.
_ Por que a Sonserina? - Ele me perguntou. _ Por que não pode ser os corvinos?
_ Ou até mesmo os Lufanos.
_ Mas quem disse que só vai ser a Sonserina que vai se levantar? Irei fazer as três casas serem respeitadas e massacrar os coraçãozinhos daqueles leões. - Desculpe, Godric.
_ Como?
_ Fazendo a Sonserina se levantar. - Eles reviraram os olhos. _ Pensem, quem é o vilão? Quem é a casa que a Grifinória mais odeia? Se a Sonserina tiver toda a atenção, não podemos fazer as duas casas restantes se levantarem, mas nas sombras?
_ Você quer que a gente comece uma rebelião? - A lufana perguntou.
_ Não, longe de mim. Apenas quero que se levantem e sigam a cobra. - Sorri me levantando. _ Afinal, devemos ter o nosso próprio Lorde, não acham? - Eles ficaram confusos.
_ Mas Grindelwald está ganhando. - Black confidenciou e a lufana franziu os lábios.
_ Mas ele não tem um sucessor e ele não viverá para sempre. Não devemos fabricar um, mas nós mesmos?
_ Você já tem um candidato em mente? - A lufana perguntou. _ Você parece tão decidida, acho que já tem um plano em mente e só está nos usando. - Tão inteligente.
_ Sou apenas uma criança, o que eu poderia fazer? - Sorri para eles.
_ Seus olhos parecem a própria maldição Avada. - Black ficou me fitando.
_ Oh, obrigada.
_ Não foi um elogio e parece que estou vendo o próprio demônio na minha frente. - Sorri ainda mais.
_ Mas eu sou um anjo. - Sorri.
_ Espera, o que essa rebelião vai adiantar? - Olhamos para ela.
_ Não estamos fazendo uma rebelião. - Pontuei. _ Estamos fazendo uma revolução.
_ Não é a mesma coisa?
_ Quase. - Falei. _ Isso vai adiantar muito sobre o problema e devemos enfraquecer a Grifinória de fora para dentro.
_ E as pessoas que não acham a Grifinória grande coisa? As pessoas que estão naquela casa.
_ Elas são a minoria. - Falei.
_ Mas elas são apenas maçãs boas em torno de maçãs podres e elas não merecem ajuda? - A lufana perguntou e o Black ficou calado.
_ Não, elas são a minoria e se eu for salvar todas as pessoas, não serei uma santidade para essas pessoas?
_ Mas elas são pessoas, tem sentimentos.
_ E eu não ligo. - Ela me olhou pasma. _ Acho que você não compreendeu, não vou estender a minha mão para um bando de Grifinórios, eu vou esmagá-los como insetos.
_ Mas isso é horrível.
_ O mundo é horrível. Está vivendo em conto de fadas e não percebeu que a vida é assim? - Ela olhou para o Black como se precisasse de ajuda.
_ Ela está certa, a Grifinória é a escória e devemos acabar com ela. - Não pensei em acabar com ela, pensei em calá-la, mas esse jeito está bom também.
_ Mas isso é...
_ Você está dando para trás? Lembre-se do garoto que quase te estuprou e deve ter várias pessoas assim naquela casa e talvez... - Dei de ombros. _ Tenha estuprado alguém e a pessoa se calou por medo da Grifinória, por medo de Dumbledore.
_ Mas... - Ela respirou fundo e fechou os olhos. _ Ok, tudo bem. Vou plantar sementinhas por aí e o que você vai fazer depois? Plantar sementes até a minha coruja planta, quero ver como você vai cuidar dessa semente.
_ Ainda não sei, não pensei nisso ainda, mas eu sei que terei a resposta cedo ou tarde.
_ Quando você tiver essa reposta, nos avise e iremos ajudar, não vamos? - Perguntou para o Black.
_ Claro, você foi o estopim dessa revolução e vou ajudar como eu puder e eu queria que meu primo estivesse aqui, ele poderia ajudar... - Seus olhos brilharam. _ Mas a prima Dorea está e ela pode ajudar.
_ Espera, seu primo é o Marius? - Ele concordou e liguei os pontos.
Ele foi a pessoa que empurrou Marius e o que fez achar o diário. Sem esse garoto ninguém saberia de alguns dos meus segredos e Dorea não iria pensar em coisas demais. Merda.
_ Conhece o meu primo?
_ De vista. - Eu o salvei. _ Então você fala com a sua prima e me manda uma carta ou fale comigo em um lugar privado.
_ Vamos nos encontrar aqui amanhã e você pode pensar em um plano até lá, não é? - Não sou da Corvinal como você, seu idiota!
_ Claro. - Levantei os lábios para um sorriso. _ Vejo vocês amanhã de noite e boa noite.
_ Boa. - Eles disseram e a parede abriu para mim.
_ Me leve até o meu salão e sem erro dessa vez. - Ela tremeu e mostrou o caminho. _ Obrigada, se não fosse por você, não teria a fagulha da guerra que nos espera. - Encostei a minha testa na parede e ela estava quente. _ Espero que o little lord use essa fagulha para fazer um incêndio, mas que ele consiga controlar.
Começo a andar e dessa vez ela me levou para o lugar certo.
Entro no meu salão e ele não mudou nada, mas estava limpo e sem poeira, ótimo.
_ Por favor, coloque banheiros nos dormitórios. - A sala tremeu e eu acho que ela fez o que pedi. _ Obrigada.
_ Sua sem coração! - Rowena gritou entrando na minha sala com os outros. _ Você nem se despediu de nós.
_ Despedi do Salazar. - Eles olharam para o fantasma e começaram a brigar com ele. _ Mas, me perdoem, deveria ter despedido de vocês.
_ E por que não fez? - Helga perguntou. _ Era por causa da sua possível morte?
_ Não, foi um motivo egoísta. - Salazar ficou me olhando. _ Eu não queria chorar e pensar que vocês estariam mortos quando eu chegasse nesse tempo, e vocês são meus amigos e eu não queria... - Funguei o nariz. _ Me despedir.
_ Leesa. - Eles disseram em uníssono.
_ Tudo bem, já passou e me desculpem. - Eles tentaram me abraçar, mas não conseguiram me tocar e isso doeu, doeu muito.
_ Tudo bem, te perdoamos. - Rowena disse.
_ E obrigado por salvar a menina. - Godric me agradeceu. _ Meus alunos são impossíveis de disciplinar.
_ Antes de eu falar o que penso... - Eles se calaram. _ Melissa, poderia me explicar o motivo daquilo ter acontecido? - A adolescente sorriu envergonhada.
_ Hogwarts é como os duendes, como eu já disse, ela consegue se lembrar do passado e ver o futuro. Mas como você sumiu, a agilidade de percepção do futuro retrocedeu, antes era de 15 segundos de agilidade.
_ Por causa disso eu via o Godric me chamando ou eles entrando no meu salão. - Apontei para os fantasmas.
_ Sim, mas agora, agora a velocidade de ver o futuro e repassar essas informações para você é quase nula, você já estava vendo o que já estava acontecendo e... - Ela ficou nervosa.
_ O que foi? - Perguntamos.
_ Hogwarts e eu estamos conectadas em outro lugar além da sala precisa. Estamos conectados na sala do diretor.
_ Dippet tem controle sobre as alas, salas, magias e essas coisas? - Perguntei.
_ Sim, mas não tem controle sobre as visões, apenas você, bom, quando Hogwarts e eu melhorarmos você terá mais controle, agora só podemos te jogar visões do nada, como antes.
_ Entendo, mas esse controle pode me prejudicar de alguma forma?
_ Sim, pode cancelar por algum tempo a nossa conexão com você.
_ As passagens também?
_ Isso eu não sei, afinal, foi a sua magia, Hogwarts e eu que fizemos as passagens. Bom, pensando bem, pode. - Suspirei e deixei isso de lado.
_ Godric, voltando ao assunto, você sabe o que vou fazer, não sabe? Devo me desculpar antecipadamente e dizer que tudo isso que vou fazer é para me proteger e...
_ Leesa, respira. - Godric veio até mim. _ Essa escola também é sua, faça o que quiser, apenas não a destrua.
_ Vai ser difícil. - Ele riu.
_ Tudo bem, acho que se a destruir podemos ter mais torres e salas. Faça o jeito que você quiser, estaremos com você.
_ Isso me conforta e muito. - Olhei para Salazar. _ Obrigada pela varinha e você poderia ter me dito que você a faria para mim.
_ Mas aí não seria um presente. - Sorriu. _ Que bom que você gostou e fico feliz por isso, pequena rata.
_ E como faz para ver as memórias?
_ Um dia você vai conseguir. - Idiota.
_ Poderia me dizer.
_ Mas aí não teria graça. - Revirei os olhos. _ E você está fofa sendo pequena.
_ Obrigada e como foram as suas vidas?
_ Acho melhor você se sentar, vai ter muita coisa para contar. - Helga riu e realmente teve muita coisa.
Mas tudo que Dabrian já tinha me contado em apenas algumas linhas.
───※ ·❆· ※───
_ Toma e você, não coma tanta carne. - Digo para o Tony.
Estávamos no Grande Salão comendo o nosso café da manhã e uma coruja branca e outra negra apareceram na minha frente.
Uma era a Milita e a outra não sabia de quem era.
Vamos ver a carta da Milita primeiro.
_ Como vai, meu amor? - Ela bicou o meu dedo e dei alguns petiscos para ela. _ O que você trouxe para mim?
Ela me mostrou um bilhete e aposto que era do papai.
E sim, era. Estava dizendo que ele já confirmou o meu terceiro sobrenome, falou que todos estavam sentindo saudades e ficou feliz por eu estar na Sonserina. Ele já sabia que eu iria para essa casa.
Mas ele não entendeu como aquelas pessoas poderiam querer casar uma criança, mas disse que qualquer coisa era para mandar uma carta para ele e ele acabava com o assunto.
E a carta era dos meus "pais" dizendo que qualquer coisa era para mandar uma carta e eles iriam me tirar dessa escola imediatamente. Aposto que queriam me tirar daqui para que eu conhecesse alguém o mais rápido possível.
Idiotas, acham que irei largar os meus estudos para viver submissa a um homem? Não sou da Corvinal, mas não nasci burra.
Guardei os papéis na capa e vi a Milita voar pelo salão e sair pela janela.
_ E você? O que trouxe para mim? - A coruja piou e alisou a minha mão e levantou uma de suas pernas.
Peguei o bilhete e aquilo me deixou um pouco confusa. Tinha um feitiço para mudar a letra.
───※ ·❆· ※───
Queria vê-la novamente como uma criança, você é a coisa mais fofa que já vi.
Obs: a coruja se chama Serafin e eu gostaria que você me mandasse pequenos bilhetes.
-S-
───※ ·❆· ※───
"S"? O que isso quer dizer? Quem é "S"? Salazar não é, afinal, ele é apenas um fantasma e ele já me viu como criança.
Quem que eu conheço que tem "S" no nome?
Será que é o meu ex/futuro marido? Mas isso quer dizer que ele se lembra de mim e se lembra de nossas vidas passadas, isso é horrível.
Devo responder?
A coruja continuou me olhando e parecia esperar um bilhete. Peguei um pergaminho, pena e tinha, rasguei no meio o pergaminho e escrevi algo curto.
───※ ·❆· ※───
Quem é você? E como me conhece, senhor "S"?
───※ ·❆· ※───
_ Aqui, senhor Serafin, tenha cuidado em sua viagem. - A coruja piou e alisou a minha mão que entregou o bilhete. _ Fofo.
Ele voou e sumiu do Grande Salão, mas essa coruja me deixou um certo sentimento no peito e não sabia qual era.
Termino de comer e me levanto para sair do Grande Salão. Os gatinhos me seguiam e os livros flutuavam ao meu lado.
_ Como uma primeiro ano sabe o feitiço de levitação? - Olho para o lado e tento não revirar meus olhos. _ Como vai, Leesa?
_ Eu te conheço? - Perguntei confusa para a Dorea.
_ Me poupe, você não mudou fisicamente, apenas diminuiu e eu gostei dos coelhos. - Falava do meu broche.
_ O que você quer, Dorea? - Ela sorriu e me puxou para perto.
_ Meu primo me informou que uma certa Sonserina quer começar uma rebelião...
_ Uma revolução, é diferente.
_ Ok, revolução. O que é a mesma coisa. - Revirei os olhos e fiquei vendo as pessoas passando por nós. _ Ele me disse para fazer a cabeça dos Sonserinos e sabe, eu sou a monitora chefe e tenho mais controle sobre eles.
_ Parabéns. Agora resume, não tenho o dia todo.
_ Certo, as provas irão chegar uma hora ou outra e eu não sei a maioria dos feitiços que o professor Flitwick passou no ano passado e só passei nos NOMs porque pedi muito a Merlim. E a maioria das pessoas está na mesma, alguns estão com dificuldade em poções e mesmo que o professor Slughorn seja ótimo, ele conversa mais do que ensina.
_ E o que tenho a ver com isso?
_ Você é um poço de fofura para não dizer o oposto. - Dei o dedo do meio para ela. _ Também te amo. - Doida. _ O que quero dizer é que como você é a mais velha de todos...
_ Me chame de velha novamente e vou te deixar falando sozinha.
_ Ok, desculpe, o que estou tentando dizer, é que você deve ter muito conhecimento e como queremos alunos do nosso lado, o que você acha de ser a professora? Uma professora de reforço. - Sorriu e fiquei a olhando.
_ Acho que quando a sua mãe te deu à luz, ela deixou você cair. - Ela riu.
_ Não me importo com isso, mas é sério. Por favor, seja a nossa professora. - Ela suplicou. _ Eu conheço alunos que precisam de reforço e você é a nossa única esperança.
_ Eu sou a única esperança de muita gente e não faço caridade.
_ Eu sei disso muito bem. Mas você terá os alunos na palma de sua mão e não terá apenas a Sonserina, mas as outras casas também. Vamos lá, Leesa. Pense com carinho.
_ Quantos alunos?
_ Bom, que eu consegui convencer foram uns 20.
_ E onde você pensa em colocar essas pessoas para estudar? - Ela abriu e fechou a boca.
_ Você deve saber de algo, já que é a quinta fundadora e ainda não contei para os meus pais ou irmãos, então o seu segredo está guardado e selado comigo. Mas, eu quero saber dos detalhes desse acontecimento.
_ Um dia e obrigada, isso é muita consideração sua. - Sorri.
_ Por que sinto que você está zombando de mim?
_ Porque estou. - Sorri ainda mais. _ Me encontre com essas pessoas no sétimo andar no almoço e procure o seu primo...
_ Charis?
_ Sim, por quê? Você tem outro?
_ A maioria dessas pessoas são meus primos e fico confusa às vezes. - Ela deu de ombros. _ Ok, vou chamar ele e os alunos.
_ E chame a lufana que vai estar ao lado dele. - Ela ficou confusa. _ O nome dela é Safira, Safira Alax.
_ Ah! O amor do Charis. - Até ela sabe. _ Ok, vou fazer isso. - Ela tirou algo da sua capa e me entregou. _ Eu tinha que entregar o seu horário ontem, mas você sumiu e não apareceu.
_ Eu não vou aparecer naquele salão, ainda não quero morrer. - Mesmo sendo impossível.
_ Então onde você dormiu? - Senti os meus gatinhos alisando os meus calcanhares.
_ No meu salão. - Sorri e saí de perto dela. _ Até o almoço.
_ Até.
Já sabia qual aula eu tinha agora, Melissa me informou, mas ter a grade horária era bem melhor. A minha primeira aula do dia era história da magia, que legal.
_ Se vocês forem brincar por aí, não se percam. - Falei para os gatinhos. _ Cuide deles. - Dei uma batidinha na parede e ela vibrou.
Continuo andando e algumas pessoas passaram por mim e fingiram que não me viram, mas isso é bom, ser um fantasma tem as suas vantagens.
Entro na sala do professor Binns e para a minha surpresa, ele já era um fantasma. Sentei-me na carteira dos fundos e coloquei os meus livros no espaço dentro da mesa.
Fiquei esperando o restante dos alunos chegarem e alguns pegaram um sênior para que eles mostrassem o caminho.
Hogwarts era um lugar estranho e fácil de se perder e se não fosse por causa das minhas passagens também me perderia. Acho que entendo essas pessoas.
_ Abram o livro...
_ Professor, antes de começarmos, poderia nos dizer a história da dama sorridente? - Olhei para o Lufano e fiquei com dor de cabeça.
Nós não deveríamos estar aprendendo sobre a Rebeliões dos Duendes? Ou até mesmo as Guerras dos Gigantes?
_ Quando a dama sorridente surgiu, eu não era vivo. - Mas você não está vivo. _ A dama sorridente foi uma mulher. - Não me diga?
_ E é verdade que ela matou mais de mil homens? E ela continuava sorrindo? - Uma Sonserina perguntou.
_ Ela não matou todos, ela os numerou e designou para cada experimento. - Como sabem disso?
_ Como sabem disso? - Perguntou uma Lufana.
_ Algumas das pessoas que estiveram em sua posse foram vendidas para traficantes e alguns para bordéis. Os que sobreviveram nos bordéis contaram a história e mostraram o número em suas testas. - Ele voou pela sala. _ Alguns contaram que tinha um número em específico que ela deixou ir, alguns dizem que ela se apaixonou por ele e outros dizem que ela teve pena.
Foi a segunda opção, ele me fazia lembrar de mim e odiava vê-lo daquele jeito.
_ E o que aconteceu com ele?
_ Ninguém sabe, talvez a dama sorridente saiba. - Não sei. _ E ela teve ajuda para fazer experimentos estranhos.
_ Quem? - Todos perguntaram.
_ Os duendes, eles ajudaram a dama a fazer os seus experimentos. Mas o que ela gostava mesmo era de torturar as pessoas. - Eu? Não gosto de fazer isso, apenas fiz por necessidade.
_ Por que a chamamos de dama sorridente? - Uma voz baixinha veio do fundo e alguns riram.
_ Não é óbvio? - Um Sonserino falou. _ Ela torturava sorrindo.
_ Sim, ela sorria enquanto torturava as pessoas e por causa disso o apelido.
_ Mas não acham estranho? A dama sorridente tem quase o mesmo apelido da quinta fundadora. - Isso é verdade.
_ Fundadora sorridente e dama sorridente... - Alguns falaram.
_ Vocês estão dizendo que a nossa fundadora é uma sádica e assassina? Eu duvido, ela deve ser muito carinhosa e amorosa e por isso que estava sempre com um sorriso no rosto. - Falou uma Lufana.
Olha, sinto em lhe informar, mas sou tudo isso que você falou, menos a parte de carinhosa e amorosa.
_ Não estamos dizendo isso, mas ter o mesmo apelido é um pouco suspeito e por que a estamos chamando de quinta fundadora se nem um salão Comunal ela tem? - Um Sonserino perguntou.
_ Só que me faltava, precisa ter um salão Comunal para se tornar um fundador? Então vou criar um e serei a fundadora. - Não é tão fácil, você precisa praticamente ser raptada pelos fundadores e ser consultora do futuro para eles.
_ Não foi isso...
_ Mas foi isso que nós entendemos. - Todos concordaram com a Lufana.
_ E como estamos falando da fundadora, professor, você sabe algo sobre ela?
_ Apenas o que diretor Phineas nos contou na época e ele achou um quadro com cinco pessoas, dois homens e três mulheres.
_ Os dois homens devem ser Godric e Salazar. - Cochichou alguém.
_ E as mulheres devem ser Rowena e Helga. Só falta sabermos o nome da quinta fundadora. - Respondeu.
_ Ninguém sabe o nome da quinta fundadora. Phineas viu a memória do Godric, mas apenas o sorriso dela aparecia, nem a voz ou o rosto. Apenas o corpo e o sorriso, e ele disse que era um belo sorriso.
_ Alguém conseguiu achar alguma coisa? - Perguntei e alguns me olharam.
_ Marius Black achou um diário daquela época e contou para os pais e os pais contaram para todos que a quinta fundadora tinha sumido e que as palavras que têm em cada salão foi obra dela.
_ Palavras? Que palavras? - Alguém perguntou.
_ Elas estão no lado da lareira de cada salão e a família Greengrass é a única família que viu de perto a quinta fundadora e mais, no diário disse que a mulher ajudou muito a família, mas nunca puderam retribuir e eles esperam que um dia eles possam fazer isso. - Isso é novo.
_ Retribuir? Retribuir de que forma? - Perguntei interessada.
_ Não sei, senhorita. - Se isso for realmente verdade, eu não ganhei apenas a família Black. Ganhei mais uma família com bastante recursos e vou usufruir muito bem desses recursos.
Depois desses questionamentos, o professor pediu que nós abríssemos o livro e ainda não era os livros da titia. Infelizmente.
E falando nela, será que ela seguiu o meu conselho? Espero que sim, não quero brigar com ela, mesmo eu já tendo brigado há muito tempo.
Foram duas aulas seguidas e era bem entediante, mas segui firme, diferente dos outros alunos e mesmo já sabendo disso tudo por causa dos livros que lia na biblioteca do meu avô... Devo parar de chamá-lo de avô.
Espero não o encontrar, não quero ver aquele homem nem pintado de amarelo e bom, o vi de amarelo já que ele é um Lufano.
A aula acabou e retirei os meus livros de dentro da mesa e os fiz levitar. Saio da sala e vou em direção do sétimo andar.
Como tinham muitos alunos em minha volta, não poderia fazer uma passagem e eu esperava que os meus gatinhos estivessem bem, eles foram embora depois de dez minutos dentro da sala de aula.
Essas escadas um dia vão me matar, ainda bem que tenho as minhas passagens e elas faziam pequenas escadas que poderiam me levar até o sétimo andar em questão de segundos.
Isso vai me matar! Sou tão sedentária assim? Por Merlim.
_ Tem certeza de que devemos estar aqui? Estou morrendo de fome. - Vi um Sonserino reclamar, era aquele de ontem que implicou com a Dorea.
_ Vai ter comida. - Falei ofegante. _ Se vocês quiserem.
_ Uma pirralha? Sério mesmo, ursinho? Ela é do primeiro ano, não sabe nem le... Ela está levitando os livros? - Sorri e passei pela multidão de alunos.
Tinham do segundo ao sétimo ano e Dorea era impressionante, devo dar um voto de confiança para ela.
_ Esse é o Ector, ele é um babaca, mas tem dificuldade em poções. - O garoto parecia estar no sexto ano, como a Dorea.
Ele deu um peteleco na testa dela e a menina pisou no seu pé. E mesmo sentindo dor pela pisada que levou, ele sorriu e vi no meio daquela cabeleira bagunçada e castanha, que ele tinha uma pinta no canto de seu olho cinza, já que o outro era castanho.
_ Eu sou um amor, por que me chamou de babaca? - Ele fez beicinho.
_ Destrói os corações de qualquer um, igual a um babaca.
_ O sujo falando do mal lavado e até parece que você não faz a mesma coisa. Lembro que hoje mais cedo você deu uma livrada no Charlus.
_ Ele estava me irritando. - Ela olhou para trás e começou apresentar os outros. _ Esses são Charis e Safira, como você bem sabe.
_ Parece que você arrumou aquilo que estávamos questionando. - Arrumou seus óculos e seus cabelos estavam brancos.
_ Eu falei, sempre resolvo as coisas, cedo ou tarde. - Sorri para ele.
_ Mas isso é apenas o começo. - Safira olhou para todos.
_ Sim, apenas o começo. - Da minha vingança. _ Olha, eu me chamo Leesa e vocês devem saber que sou uma nascida trouxa. - Dorea zombou, mas não falou nada. _ A Dorea me pediu que eu ensinasse a vocês tudo que sei e o que vocês necessitam.
_ E como podemos confiar em seu intelecto? - Perguntou uma garota da Corvinal.
_ Vocês vão descobrir logo, logo. - Olhei para trás e a parede vibrou. _ Melissa, abra para mim e para essas pessoas, mas não conceda entrada para ninguém sem a minha ordem. - Sussurrei.
_ Como desejar. - A porta da minha sala apareceu e todos ficaram maravilhados, eu fiquei exatamente assim quando a fiz.
Abro a porta e faço que todos entrassem na sala.
_ Essa é a sala da quinta fundadora? - Uma lufana perguntou pulando. _ Isso é incrível.
_ Espera. - Ector parou e ficou me olhando. _ Como você descobriu isso aqui em menos de um dia?
_ Segredo. - Fechei a porta e disse. _ Vamos começar?
_ Sim. - Disseram.
Eles nem pensavam que eu faria de suas vidas acadêmicas um inferno.
