Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.

Revelações acontecem em um encontro inesperado.

Com vocês

Aquele que Voltou

Capítulo 49: Reencontro

— RENNER! - gritou Lakius ao saltar da carruagem, seguida pelas outras Rosas Azuis.

Ela atingiu as escadarias com tanta força que se não houvesse uma runa em cada degrau, o mármore teria sido esmagado.

— RENNER, VEM COMIGO, EVIL! TELEPORTE! - gritava a aventureira enquanto pegava a antiga princesa pelo pulso e a puxava em direção à maga.

— Lakius! O que você está fazendo aqui? O que você está fazendo? - perguntou Renner com um semblante preocupado.

— Estamos saindo.

— Pare, Lakius.

— Não temos tempo. Vamos! - ela falou, mas então recebeu um tranco e olhou para sua amiga, por uma fração de segundo, com o canto do olho, ela viu um sorriso no rosto de Renner, algo tão rápido que sua mente mal registrou. Quando a olhou de frente, só pôde ver sua face assustada e o esforço para não se mexer.

— Pare, Lakius, você está me machucando. Se acalme, minha amiga, o que você está fazendo?

— Eu, eu... estou te salvando. Talvez essa seja a única chance que tenhamos.

— Para quê? Fugir? Para onde? E depois?

Lakius não sabia responder. Na verdade, até agora ela nem imaginava que sua amiga ainda estivesse viva.

— E-eu não sei, mas a gente pode conseguir sair daqui. C-como você ainda está viva?

— Se acalme. Não precisamos fugir assim. Essa é uma coincidência incrível. A gente precisa é conversar. Venham, está um pouco tarde, mas acho que ainda podemos tomar um chá. Não é mesmo? Venham, vamos entrar. - disse a princesa enquanto pegava a mão de sua amiga e indicava o caminho para dentro da prefeitura.

De todas as coisas que este momento pudesse ser, uma coincidência era a última opção. Renner já havia sido informada da chegada das Rosas Azuis desde que saíram de Arwintar. A partir deste momento, um Demônio das Sombras manteve vigilância constante. Foi particularmente divertido estimar qual seria o melhor momento para se mostrar a sua amiga neste dia em específico, organizar para que a carruagem certa as pegasse na Guilda e fizesse um trajeto que passasse pela prefeitura apenas usando eventos que levassem o cocheiro a decidir por tal caminho sem que isso envolvesse suborná-lo. Tudo foi simplesmente brincadeira de criança.

A antiga princesa Renner já era conhecida por ter uma mente ágil, todavia quem era mais próximo dela sabia que isso era eufemismo. Na verdade, ela possuía uma mente em nível genial, para os padrões humanos. Agora, com a mudança de raça, sua inteligência e raciocínio saltaram para fora dessa escala. Sua nova mente demoníaca ainda era a dela, mas parecia como se um mundo de novas informações e possibilidades tivesse se aberto.

Apesar de tudo isso, em questão de inteligência, ela ainda não se sentia estar aos pés de seus superiores diretos: Lady Albedo e sua organização, seu mentor Lord Demiurge com seus planejamentos, nem mesmo se aproximava de Lord Pandora, alguém inigualável na arte performática, a qual ela mesma tinha tanto orgulho e ao seu lado parecia ser apenas uma criança atuando. Mas agora ela tinha tempo para aprender, uma vida eterna para isso. Pretendia algum dia ser capaz de emular essas características. Sua única urgência era se mostrar o mais eficiente e prestativa possível. Afinal, se seus superiores estavam em padrões tão inalcançáveis, quem dirá o Mestre Supremo de tais seres? Divino seria a única maneira de descrevê-lo.

Enquanto isso, Ainz estava em uma aldeia na Grande Floresta de Evasha, tentando aprender alguma coisa com um velho elfo negro.

Renner seguia pelos corredores da prefeitura. Ninguém dava mais do que um olhar para o grupo que seguia a assessora da primeira ministra.

— Por aqui, podemos sentar na sala reservada. Vou pedir um chá. Gostariam de algo para comer? Talvez uns biscoitos.

— Eu... sim, por favor. Uns biscoitos estão bons.

Apenas Lakius poderia ser considerada uma "amiga". As outras, no máximo, eram suas colegas a serem toleradas. Quando chegaram na sala, as gêmeas preferiram se encostar em um sofá afastado, enquanto Lakius e Evileye sentaram na mesa junto com Renner. Ela preferia ter esta conversa a sós, mas a presença das outras Rosas Azuis não era inesperada.

— O que houve com vocês, garotas? Parece que saíram de uma briga. Vocês tiveram algum problema na cidade? Posso pedir para alguém ajudá-las se estiverem com problemas.

— Não, não. Nós fomos conhecer a Masmorra de Treinamento. Acho que nos empolgamos e... PELOS DEUSES, COMOVOCÊESTÁVIVA!!! - explodiu a líder.

— Certo, acho que vou precisar contar sobre o último dia de Re-Estize e a queda da casa Vaisef. Pelo que me lembro, a cidade estava cercada e sendo invadida.

— Sim, o exército do Rei Feiticeiro havia chegado às nossas portas. Nós estávamos nos despedindo quando eu fui traída. - disse, lançando um olhar para as amigas que não demonstraram reação alguma.

— Isso mesmo. As Rosas Azuis fizeram o que fizeram com você apenas porque se importavam. Elas entraram em contato comigo e planejamos a sua retirada para o seu bem.

— Para o meu bem? Eu lutaria para salvar o máximo de pessoas possível.

— E morreria inutilmente, salvando pessoas que provavelmente morreriam em seguida. Lembre-se, a cidade estava cercada. Entenda, você que era importante, uma guerreira valiosa, mas não seria páreo para alguém daquele exército.

— Como você sabe disso? Nós talvez pudéssemos derrotar algum grupo, ou um general, abrir uma brecha no cerco.

— Talvez fosse uma premonição ou sorte que nos levou a tomar aquela decisão. Pois depois que você... foi levada, Brain falou exatamente a mesma coisa. Saiu com a mesma intenção, e mesmo assim não retornou ou parou o avanço do exército.

— Nós somos melhores, e em maior número. Poderíamos talvez até enfrentar o próprio Rei Feiticeiro.

— Não, não poderiam. Você não tem idéia com quem estaria lidando. Talvez, eu digo, talvez um Dragon Lord pudesse se equiparar a Sua Majestade.

— Como você pode dizer isso? - bufou a guerreira, descontente.

— Lembre, ele enfrentou e derrotou o próprio Jaldabaoth, e sozinho! Além do mais, ele não estava em nossos portões, ele estava em minha casa. - disse Renner, abaixando a cabeça e demonstrando uma tristeza profunda.

— O que? Como? O que houve? - Lakius perguntou preocupada com sua amiga.

— Snif!... é difícil, mas você precisa saber. Depois que levaram você para um lugar seguro, eu fiquei com a minha família. Pedi a meu pai para que os tesouros reais fossem escondidos pela cidade. Se eles fossem parte do objetivo desta guerra, talvez assim evitaria a destruição. Mas... não evitou. - desta vez ela escondeu o rosto em um lenço.

Lakius estava se levantando para consolar sua amiga, mas foi impedida com um gesto.

— Estou bem, snif! As lembranças de tanto sofrimento doem, mas estou bem. E-eu pedi a Climb que escondesse os tesouros. Enquanto ele estava fora, o Rei Feiticeiro chegou ao palácio:

...

— Protejam o rei! - gritavam os guardas palacianos.

O Rei Feiticeiro andava calmamente pelo corredor. Apenas sua presença derrubava a maioria dos defensores. Os mais fortes eram levados à loucura.

Ao chegar no salão do trono, as portas se abriram sozinhas.

— Vejo que o próprio Rei Feiticeiro decidiu estar presente no momento da destruição de meu reino.

— Boa tarde, Rei Ramposo. Lamento que tudo tenha chegado a este ponto. Mas não me dá nenhum prazer ver toda esta dor. Como Rei, o senhor entende que uma lição precisa ser ensinada. Lamento que tenha sido o senhor a servir de exemplo, mas não foi por isso que estou aqui.

— Não? Qual motivo traria um rei à presença de outro?

— Lamento dizer, mas venho com más notícias. - o Rei Feiticeiro então fez um sinal e um Cavaleiro da Morte entrou, trazendo uma urna ornamentada.

— Não, por favor não. - sempre que algo assim acontece, só pode significar uma coisa: a cabeça de alguém. - Meu filho, por favor, não meu filho.

— Lamento, o príncipe Zanak veio até a mim tentar negociar o fim da guerra. Conversamos por curto tempo, mas meu respeito por ele cresceu imensamente.

O Rei Ramposo segurou a caixa ornada, abriu ela parcialmente e então a fechou.

— Como ele morreu?

— Ao final de nossa conversa, ele entendeu que não haveria paz e com determinação até desejou nos encontrarmos no campo de batalha. Mas essa chance nos foi roubada. Seus próprios nobres se rebelaram e de forma traiçoeira o mataram. Trouxeram sua cabeça até mim como troféu, tentando ganhar algum benefício. Mas tudo o que lhes dei foi sofrimento. Lamento sua dor.

— Obrigado. Sei que o senhor não tem motivos para mentir. Poderia apenas ter vindo aqui se vangloriar. Mas pelas suas palavras, todo sentimento de vitória parece apagado.

— Sim, algumas coisas simplesmente tiram a pouca satisfação que poderíamos ter.

— Então, senhor Rei Feiticeiro, como um pai em luto, peço novamente a sua misericórdia para com meu reino. E ofereço mais uma vez minha cabeça em contrapartida.

— Me condoliso com sua perda, Rei Ramposo. Mas seu reino não pode ser salvo.

— Então que seja apenas o último bem que me resta, minha filha.

— NÃO, PAI! POR FAVOR, NÃO!

— Ainda sou seu pai e seu rei. Se eu puder salvar apenas uma vida, a minha morte terá valido a pena. Então que seja a sua, Chardelon.

— Por favor, meu pai, não faça isso.

— Eu... aceito - disse o Rei Feiticeiro - como um favor de Rei para Rei.

Ramposo se levantou do trono e caminhou até o Rei Feiticeiro. Em sua cintura estava pendurada o maior tesouro do reino: a espada Razor Edge, que um dia pertenceu a Gazeff Stronoff. O rei sacou a arma. Algum dia ele talvez tenha sido um grande guerreiro. A girou com habilidade e ofereceu o punho ao seu carrasco.

— O senhor faria?

— Seria uma honra. Ninguém se atreveria a tirar esse direito do senhor.

O rei se curvou em agradecimento e abaixou a cabeça, esperando o golpe. Nem mesmo o sentiu. Um corte rápido e limpo encerrou sua vida.

...

— ... Isto pertence a você - disse o Rei Feiticeiro, entregando a espada para mim, snif!

— Oh, Renner, me desculpe - agora Lakius segurava a cabeça da amiga contra o peito - mas como você está aqui, você poderia ter ido embora.

— Eu não poderia deixar o que sobrou do reino com um destino incerto. Nem deixar meu Climb morrer.

— O que você fez?

— Eu fiz a única coisa que poderia ter feito. Eu negociei, negociei a minha última posse: minha própria liberdade. Ofereci ela para que as cidades que se renderam não fossem atormentadas e que... Climb pudesse ficar comigo. Argumentei que, sendo a última representante viva de minha família, se eu continuasse aqui, as pessoas poderiam aceitar o governo de Sua Majestade com mais facilidade. Como Momon, me tornaria uma garantia para a paz do povo. Ele aceitou. Desde então, eu trabalho junto com a primeira ministra para o bem-estar de nossos cidadãos.

— Mas ele ainda é... um morto-vivo. Seus únicos desejos são destruir a vida e governar tudo.

— Você acha que o Rei Feiticeiro é um morto-vivo comum? Até agora, pelo que sabemos, ele só respondeu a ataques. Você tem razão, ele pode não sentir remorso por matar seus algozes, mas também não parece sentir prazer. Tudo o que ele faz tem um objetivo. Se o seu for conquistar, parece que ele fará isso protegendo o que é seu.

— Evileye, alguma coisa? - disse Lakius, virando-se para a feiticeira.

— Não, não sinto qualquer controle mental sobre ela.

— Você acha que eu estaria enfeitiçada? Minha amiga, o Rei Feiticeiro não precisa disso.

— Eu imaginei que poderia ser. Você está trabalhando para aquele que matou metade do reino.

— E manteve a outra metade viva, e agora mais próspera do que nunca. Livre de corrupção, das drogas ou escravidão. Sem traições e sem as antigas facções disputando migalhas de poder.

— Você o admira!

— Sim, depois que vi do que seu governo é capaz, eu o admiro. Ele demonstrou mais honra do que a maioria dos humanos. Ele não teria motivos algum para manter este reino vivo, ainda assim cá estamos. Admita, agora que viu como é esta cidade, você ainda acha que o Rei Feiticeiro é mau?

— Eu... não sei. A idéia que tinha sobre esta cidade era totalmente diferente, mas nós não olhamos tudo e nem ficaremos muito tempo. Nós vamos para... - Lakius olhou em volta como se esperasse ver espiões escondidos atrás das cortinas.

— Não me conte. Sabe, uma cidade pode não ser o bastante para ter uma idéia de como o Rei Feiticeiro governa. Se vai viajar, passe pelas cidades que restaram de Re-Estize. Você as conhece. Veja seu povo. Veja como a vida daquelas pessoas mudou. Veja se estão sofrendo ou se estão felizes. Faça seu julgamento baseado em fatos. Ah! O chá chegou. Agora, minha amiga, mudando de assunto, me conte o que vocês andaram fazendo nesses meses?

...

NOTA DO AUTOR

Sobre como aconteceu os fatos na sala do trono, essa versão da história contada por Renner pode ter acontecido ou não daquela maneira.