Isabella

A forma como Jasper me encarava fazia como se brasas escorressem por todo o meu corpo, era bem obvio e perceptivo a atmosfera tensa a nossa volta. Eu não queria brigar com ele, não tinha sido essa a minha intenção quando eu tomei a decisão de ir para Seattle.

Todos estavam bem exaltados, eu sabia que ele tinham ficado preocupado, e eu entendia o porquê. Eu não era nenhuma idiota que fez algo idiota para chamar atenção. Seria uma viagem rápida, como muitas que eu já tinha feito ao longo dos anos. É claro que a situação hoje tinha mudado, mas eles tinham que saber que eu não. Eu ainda era mesma e continuaria sendo.

Eu não permitiria que ninguém se metesse no meu caminho.

Eu não admitiria ser intimidada, ser coagida e muito menos que eles me manipulassem. Eu continuava sendo a Isabella que corria pelo deserto deixando rastros, fosse meu cheiro, minhas marcas ou apenas pedaços de vampiros idiotas picotados para trás.

Se esse não era o momento certo para agir assim, bem… foda-se. Sinto muito, mas no meu estado de espirito era apenas assim que eu conseguiria responder.

Peter e Charlotte estavam chateados comigo, Maria provavelmente querendo meu coro para fazer um novo tapete para seu escritório, enquanto Jasper… eu tinha visto seu alívio em seus olhos quando invadiu o caminhão logo assim que eu entrei na cidade, eu também senti esse alívio por estar de volta, mas também tinha visto a chateação. Bem, eu também estava chateada.

O seu silêncio tinha sido uma merda, naquela hora e agora aqui… ele queria conversar e eu queria discutir… obviamente isso não daria certo. O homem que estava disposto a falar se calou no momento em que eu mudei minha atitude, mas infelizmente a paciência já rachada tinha se rompido e eu dificilmente estava me preocupando em me conter no momento.

Eu realmente não queria chatear ninguém, mas o que eu poderia fazer, acho que foi eu que comecei…

- O que estamos fazendo aqui? - ele perguntou depois de alguns minutos contados em que ficou apenas me analisando.

- Conversando… não é isso o que você quer?

Seu corpo levantou da cama tão lentamente que eu não perdi nenhum movimento, a forma como suas mãos se apoiaram no joelho, como seus ombros ficaram rígidos para aplicar força neles, sua boca ficando fina em uma careta tão fofa dele tentando se controlar, sua provável vontade de gritar e seus olhos… suas pupilas dilataram tanto que quase cobriu todo o dourado. E eu tinha certeza que isso não tinha nada a ver sobre estar com tesão como acontecia normalmente.

Jasper estava com raiva.

E eu não poderia culpá-lo porque eu também estava. Eu sabia que se continuasse com isso logo estaríamos rolando por esse quarto quebrando as coisas e não seria da nossa forma divertida, embora eu soubesse que o cavalheirismo e caráter de Jasper não o deixaria tocar em mim, mas eu não poderia dizer o mesmo de mim, quando tudo o que meu corpo pedia era um pouco de ação.

- Controle sua vibração querida, isso não acontecerá hoje.

Eu era a porra de um livro aberto agora? Nem mesmo em meus próprios sentimentos eu tinha mais o controle?

- Isso aqui não é tesão, idiota. - resmunguei dando um passo para trás. Como se isso adiantasse de algo.

- Eu sei que ão cariño. O fogo em seus olhos mostra o quanto você queria poder me assar neles. Por que Bella?

- Porque você está me irritando. - o empurrei querendo passar por ele e ir até a cama.

- Eu estou te irritando? Ficamos a porra de um dia sem nos…

Jasper fechou os olhos e respirou fundo e eu aproveitei para revirar os meus. Esse homem era um santo. E nesse momento eu estava dando um Amém por isso.

- Você quer brigar, tudo bem, eu posso te levar para a floresta cariño, posso arrumar um urso com o dobro do seu tamanho se for o caso e deixá-la rolar com ele o quanto você quiser, mas isso aqui. - ele apontou para nós dois. - Isso que você quer, não vai rolar.

Eu era uma idiota e eu tinha certeza que nesse momento todos concordariam com isso.

- Eu estou a mil… - cochichei esfregando minhas mãos no rosto e sentando na cama.

- Bella, você só precisa…

- Quebrar… o que eu preciso é quebrar o pescoço da pessoa que anda me irritando e sabe o que é pior? Eu não posso, porque o idiota não está aqui.

Jasper aproveitou esse momento para se ajoelhar na minha frente e segurar a minha mão.

- Eu te assustei, eu sei disso e me desculpe. Eu falo a verdade quando digo que não foi minha intenção. Foi apenas instinto Jasper. O que eu fiz… era o meu trabalho, é o que eu sou, o que eu sempre fui, isso foi o meu trabalho a quase 20 anos. As coisas podem ter mudado agora, não sou ignorante a isso, mas vocês precisam entender que eu não mudei. Não vou deixar de fazer o que eu preciso, para o que? apenas para evitar um confronto? Essa não sou eu.

- E para deixar isso claro você precisa se colocar em risco? Você acha isso justo com todos, comigo?

- Eu nunca estava em risco. Nem eu e nem vocês.

- Você não tem como garantir isso, Isabella. Imprevistos acontece.

- Imprevisto. Isso eu realmente não posso avaliar, mas o restante da situação isso eu tinha toda sobre o meu controle, porque é o meu trabalho Jasper. Se um imprevisto acontecesse eu daria um jeito.

- Como você deu quando foi capturado por Handall e ficou um ano sendo prisioneira?

Nesse ponto eu tinha perdido a noção, meu movimento rápido em ficar de pé por pouco não o derrubou.

- Vocês se esquecem que eu me deixei ser pega? Que eu quis estar lá? Eu decidi que dançaria conforme a musica. Eu sai e não foi com a ajuda de nenhum de vocês querido. Eu simplesmente chutei a porra da bunda daquele otário para fora da minha cela, recolhi o meu povo e arrebentei aquele caralho de portão e corri a tempo de salvar a bunda de vocês.

Eu estava de pé com Jasper dando passos para trás, seus olhos estavam arregalados, Peter tinha entrado pela minha porta, com certeza reconhecendo minha exaltação. Char e Damian tinham parado próximo a ela.

- Eu sei como fazer a porra do meu trabalho, eu aprendi a porcaria da lição também. Então quando digo para ficarem, fiquem. Porque eu sei o que eu estou fazendo. Porque eu não sou uma filha da puta metida a fodona nessa merda, tá legal. Eu sei que não estou sozinha. E é justamente por isso, eu não quero ficar sozinha. Eu não vou arriscar nenhum de vocês. Eu não vou perder nenhum de vocês, isso não esta acontecendo. É a minha responsabilidade, e a minha decisão… assim como a consequência seria toda minha também.

- Não somos crianças Isabella. Se formos contar estamos nesse mundo a mais tempo que você. - Peter se aproximou.

- Não estamos aqui para ser protegidos Doçura. Sabemos lutar e estávamos todos disposto por isso, Você não precisa fazer nada sozinha. - Char parou ao lado do marido.

- Escute-os Bella. - Jasper brigou.

- Chega. - eu reclamei voltando a sentir aquela dor de cabeça idiota.

- Você me criou. - eu me virei para a porta quando a voz de Damian entrou no quarto. - A senhora me ensinou tudo o que eu sei, de como matar, sobreviver à como viver. Esteve ao meu lado e me manteve ao seu, eu me esforcei, queria ser o melhor para você se orgulhar e pudesse contar comigo. E eu sou. Eu sei disso e você também sabe.

- Damian… eu sei… eu, só… não é uma opção...

- O que? Eu posso ser…

- Perder você NÃO é uma opção… porra. Esse é um risco que eu não estou disposta a correr…

- Isabella. - voz de Maria me parou.

A minha postura ficou rígida, conforme eu assumia minha posição. Damian reconhecendo meus movimentos e se posicionou ao meu lado direito assumindo a sua. Eu conhecia o tom de sua voz, ainda respondia a sua autoridade, meus nervos estavam tensos o que me fazia agir na forma automática, reconhecendo meu lugar e ficando em alerta e respeitosamente de cabeça inclinada.

- Se exaltar não vai te levar a nada. Nós conversaremos sobre isso…

- Não tem nada a ser discutido, Maria... - meu rosnado a fez se aproximar.

- Não me interrompa. - sua ordem me calou, mas eu não deixei de encará-la de cabeça erguida. - Vamos encontrar a melhor forma para agirmos. Suas ações hoje foram impudentes.

Eu queria questionar e brigar, mas eu sabia que qualquer movimento que eu fizesse seria um desastre, já que seria obvio que todos se meteriam e eu não queria arrumar ainda mais confusão.

Seu suspiro mostrou como ela compreendia meu comportamento, a força que eu estava colocando em um controle que eu nunca tive antes.

- Você precisa entender que as coisas mudaram Isabella. Nós não podemos mais sair como se não tivéssemos responsabilidades aqui. Era necessário, eu entendo isso, mas tínhamos que sentar e ver a melhor forma de como fazer. Isso aqui não é nenhum regimento. Somos uma comunidade… somos uma família agora, então agiremos como uma entendeu?

Ela se aproximou, tocando meu ombro enquanto eu ainda estava preso na palavra que saiu de sua boca. Família, Maria não tinha família ela tinha soldados. Ela nunca tinha visto as coisas de uma forma tão diferente.

- Em outros tempos, seu comportamento seria visto como desacato e você seria punida. Você sabe que isso não vinha me agradando muito antes das coisas mudarem, mas você tem o dom de me tirar dos trilhos, garota. Sabe qual é a minha vontade? Amarrá-la com aquelas correntes e deixá-la em alguma cela até que eu consiga realmente respirar sem ter a vontade de arrancar a sua cabeça por ter se colocado em risco… de novo. Mais eu amo muito seu pai. E ele já viveu tempo suficiente em sua filha, então… pelos próximos dias, o que quer dizer que é até eu me der por satisfeita, você estará em serviços administrativos na delegacia… como minha assistente.

- O que? - eu gritei.

- Nada disso, nem um pio enquanto as correntes ainda são uma ideia muito tentadoras para mim.

Jasper

Já tinha se passado meia hora que ela deitou se recolhendo no canto da cama e pela primeira vez mantendo uma distância entre nós, e eu passei todo esse tempo encarando a parte de trás da sua cabeça. Bella não disse mais nenhum apalavra depois que Maria saiu do quarto, seus olhos vagaram entre cada uma de nós e por fim parando na janela, eu realmente pensei que ela sairia, mas para a nossa surpresa ela apenas bufou e voltou para o banheiro dessa vez fechando a porta e se trancando lá dentro. Ela estava usando o chuveiro novamente como uma ferramenta para acalmar seus nervos, ignorando completamente o fato de que eu poderia ser uma ajuda bem mais eficiente, mas não, a teimosa decidiu me bloquear novamente.

Estava explícito nos olhares dos três como eles me desejavam boa sorte antes de sair, eu bem lá no fundo eu sabia que precisaria de toda a sorte do mundo, principalmente quando ela saiu com seus cabelos molhados novamente, vestindo a mesma roupa e se jogou na cama virando para a parede e ficando por ali.

Eu não me afastaria, mais também não iria impor minha presença. Eu apenas assumi o meu lugar, joguei a coberta por cima de nós dois e nos deixei ficar ali, seguindo uma rotina que parecia ter se tornado tão nossa nos últimos dias. Poderia ser algo idiota de se fazer, nós não dormíamos, não nos cansávamos, mesmo quando passávamos horas durante o dia trabalhando e correndo de um lado para o outro ajudando no que fosse necessário, não existia a fadiga por um dia exaustivo que nos fizesse precisar de um banho relaxante e desejar uma cama confortável. O nosso motivo era diferente, era o nosso tempo, aonde poderíamos cuidar e curtir um ao outro, que poderíamos nos amar e nos compreender melhor. O sentimento de amor vinha crescendo em mim a cada dia mais e eu desejava que hoje fosse mais uma daquelas noites em que nós rolaríamos nessa cama compartilhando um com o outro a profundidade do nosso sentimento.

Mas agora, ela estava ali remoendo o que era preciso em sua mente, enquanto eu tentava entender qual era a peça que eu tinha em mãos do quebra-cabeça que Isabella Swan tinha se tornado.

- Em momento nenhum eu duvidei que você não fosse capaz. Sendo que há coisas que eu sinto… - eu optei por sussurrar ainda mantendo distancia. - Desde que te reencontrei eu sinto um desejo imenso de sempre tê-la por perto, sinto a necessidade de saber que você está bem e segura. E eu tinha que reprimir isso tudo, porque não era um direito meu. Mas agora? Ter você em meus braços fez toda essas necessidades ainda mais… - Eu suspirei dessa vez sentindo um desespero em encontrar as palavras certas, eu não queria piorar as coisas. - Eu preciso de você bem Bella e segura, porque eu tenho um medo danado de te perder. Eu sei que não tenho direito nenhum de te impedir de lutar suas batalhas e eu nunca faria isso. Mas você também não pode me tirar o direito de está lá e protegê-la ao meu modo, lutando e cuidando da sua retaguarda enquanto você faz o que sabe fazer de melhor que é chutar a bunda de todos aqueles idiotas.

Sua risada veio junto com um fungar.

Seu corpo pequeno se mexeu na coberta e ela se virou me puxando para um abraço.

- É sobre isso querida, ninguém aqui acha que você não é mais capaz. Nós apenas queremos ser incluídos na diversão.

- Não é divertido Jasper, é perigoso.

- Se é perigoso para nós, é para você também. Ainda mais sozinha. Não seja teimosa, se é doloroso para você imaginar nos perder se qualquer coisa pode dar errado novamente, para nós é a porra de um pesadelo se tornando verdade se você continuar agindo assim.

Ela não me respondeu, mas roçou seu nariz em meu pescoço e cobriu meu lábios com os seus. Foi um beijo delicado e amoroso, sem nenhuma outra intenção a não ser transmitir o conforto que nós dois estávamos precisando naquele momento.

- Você é importante de mais para mim cariño. Eu te amo, entende.

- Não. Eu não entendo. - ela riu. - Mas eu sinto. O seu amor amor e o meu. Amar alguém no passado me machucou Jasper e eu não estava nenhum pouco disposta a viver isso de novo. Eu não estava procurando por esse sentimento, não precisava disso. Não, até eu ver você novamente, preste a ter sua bunda explodida por uma bomba, eu senti desespero, medo e raiva primeiro, depois veio a atração ao mesmo tempo que eu queria chutar todos vocês de volta para o buraco em que tinham se enfiado em todos esse anos, parte disso era porque eu não queria nenhum deles perto de mim e uma parte maior ainda era que ter você no meio de toda aquela confusão era… ruim de mais para mim. Ainda mais porque eu sabia que todo aquele interesse que sentia era errado.

- Eu tenho toda a força do mundo para destruir quem tentar fazer mal a qualquer um de nós, a nossa família, mas eu não tenho forças nenhuma para me manter longe de você… eu te amo de mais agora para poder te perder a qualquer momento, amor.

Eu a beijei tão intensamente, jogando nela todo o amor que eu tinha em mim e isso foi o suficiente para nossas mãos se mexerem tirando nossa roupa do caminho. Não tinha aquele tesão avassalador, mas tinha a necessidade de estarmos conectados. Eu passei um inferno na terra, ao tê-la sozinha em uma cidade com horas de distancia longe de qualquer ajuda. Eu senti medo de perdê-la, medo de continuar sendo deixado de fora. Então amá-la era como eu poderia acalmar meu coração de que ela estava bem e aqui. Enquanto eu poderia mostrar em muitas formas de beijo e toques o quanto eu a amava e não estava disposto a passar o resto da minha eternidade sem tê-la ao meu lado.


Bella saiu da cama nos primeiros raios de sol, eu já conseguia ouvir o movimento pela casa, mas continuei deitado. E eu esperava que ela ficasse também, Charlotte bateu à porta do quarto no tempo certo em que ela saiu do banho.

Eu a observei quando ela saiu do banheiro e abriu a porta, ela sorriu para a pequena criatura loira que estava do outro lado da porta e aceitou a caneca, sem dificultar em nada dessa vez. Depois de fechar a porta ela se voltou para mim que ainda estava na cama e se aproximou, dando um gole na sua caneca.

Ela se sentou ao meu lado escondendo um sorriso enquanto dava um gole, deixando seus lábios levemente manchados. Seus cabelos estavam soltos e secos formando uma moldura bem charmosa envolta de seu rosto. Sua beleza era incrível e tão natural, ainda para parada ali na minha frente apenas de sutiã de calça jeans se preparando para sair, era a porra de uma tentação, mesmo quando não tinha intenção nenhuma de me seduzir.

Me virando de lado me apoiei no braço e deixei o lençol escorregar pelo meu corpo, isso a distraiu o suficiente para que eu conseguisse fazer o meu próximo movimento. Ela não prestou atenção quando tirei a caneca de sua mão, mas se recuperou logo sendo rápida em segurar minha mão quando percebeu que eu a estava levando até a boca.

- O que você pensa que está fazendo, Jasper? - não tinha julgamento em sua pergunta e o seu tom foi tão limpo e suave, diferente da noite passada, ela estava apenas curiosa. O que era justificável, já que nesse tempo junto eu nunca tinha mostrado interesse no sangue. Eu não saberia dizer o que ela estava pensando sobre o assunto, mas eu tinha certeza que ela não me julgaria, em nenhum momento ela nunca me julgou. Esteve ao meu lado sempre que eu tinha que sair para caçar, fosse viagens longas ou curtas. Ficava nervosa quando me via adiando minhas saídas, não por medo de eu perder o controle e atacar nossos vizinhos, mas porque a ideia de eu esta sofrendo de fome e reprimir isso a torturava… Isabella conhecia a sensação melhor que ninguém e cuidava para que ninguém a sua volta passasse por isso, e mesmo assim nunca impôs nenhuma outra alternativa, apenas me empurrava para fora de casa e passávamos parte da noite caçando.

- Apreciando um bom café da manhã com você.

- Jasper. Você não precisa fazer isso.

Ela acabou ficando um pouco agitada se colocando de pé, mesmo que meu tom tivesse sido o mais descontraído possível. Eu não entendo o porquê da sua reação e com medo de tê-la chateada com algo, eu me levantei ficando na sua frente.

- O que foi?

- Você não tem que fazer as coisas só porque eu faço… não é assim que eu espero que nosso relacionamento funcione, eu sei que você já tem que estar aqui com isso tudo acontecendo, mas você não precisa...

- Ei, Cariño. Devagar ai. Eu não estou entendendo. - eu a impedi de vomitar mais palavras.

- Você fugiu da guerra e de Maria, Jasper. E hoje eu faço parte de tudo isso, eu sei que é difícil para você…

- Você está enganada, querida. Sim, eu posso não suportar Maria, assim como eu sei que não sou a sua pessoa favorita também, mas estar aqui com você não é nenhum sacrifício para mim. Eu me afastei da luta que não fazia sentido para mim, me afastei de uma pessoa cruel e gananciosa. Maria pode ainda ser um osso duro de se roer, mas isso o que ela está fazendo aqui é algo grande e algo que eu quero ajudar, quero fazer parte. E isso é uma decisão minha.

- Eu… entendo… mas Jasper. Eu não quero que você se alimente de sangue humano por causa de mim. Eu sei o quanto você sofreu para entrar na dieta da sua família. O quanto se alimentar de sangue machucou você.

- Machucar humanos era o que me machucava Bella, com isso aqui, eu não machuco ninguém. Fazer a transição para o sangue animal foi difícil porque eu já tinha consumido sangue humano antes e muito por sinal. Eu nunca fui um descontrolado o meu problema com você no inicio era que você era uma tentação com pernas, mulher. E eu era um esfomeado. - não pude evitar brincar a agarrando com meus braços. - Esfomeado sim, descontrolado não.

Edward tinha um prazer em fazer um drama sobre minha fome constantes, achando que seria muito difícil que eu seguisse a dieta, por estar sempre com fome. Eu era um soldado, nada que um regime e treinamento com o meu controle não resolvesse, tanto que eu vivia em uma casa com mais de sete vampiros vegetarianos e tinha que lidar com a fome de todos eles. Quando Bella chegou na família realmente as coisas se complicaram para mim, seu cheiro era incrível e não era bem do seu sangue que eu estava falando, a minha atenção vivia sendo atraída para ela e Edward sempre tratava de mantê-la afastada. E hoje eu conseguia entender o porque de toda aquela atenção.

- Está tudo bem… vai ficar tudo bem – falei pegando a caneca de suas mãos novamente.

- Você não está fazendo isso por mim… promete.

Eu franzi o cenho por sua insistência.

- Não posso cariño… mas eu posso prometer que não é pelo motivo absurdo que você está achando. Eu preciso da minha força Bella. Se vamos proteger essa cidade e cuidar de todos, eu preciso da minha força, da minha concentração e disposição. Se eu vou ter que cuidar que você não perca esse lindo pescoço enquanto sai por ai fazendo merda ao ponto de deixar meus cabelos dourados, branco, eu vou precisar de tudo de mim. Serei forte para unirmos nossas forças e seremos uma frente única. Porque eu não estou dando nenhum passo para longe de você, meu bem. Entendeu?

Seus olhos brilharam com lágrimas que não escorreriam, mas em seus lábios um sorriso bobo abriu enquanto ela me assistiu dar um gole em sua caneca.


Eu estava no meio do me banho quando ela abriu a porta do banho e gritou uma despedida rabugenta, ela queria me esperar, mas é claro que Maria tinha vindo atrás dela não dando chance de ela fugir do seu castigo. Haveria uma reunião e depois Bella estaria junto com seu pai cuidando de algumas coisas na própria delegacia, então ela estaria indo junto com eles.

Quando eu desci estava apenas Peter e Damian na cozinha me esperando, eles me informaram que estaríamos indo para a delegacia a pedido de Maria para participarmos da reunião. Charlotte tinha ido para a escola se encontrar com Emmett que resolveu estudar algumas trilhas e aumentar a segurança ao redor do prédio.

Todos estavam sentados em uma mesa comprida, Bella e Charlie estavam sentados nas primeiras cadeiras na ponta da mesa sendo que um de cada lado, em um pequeno aparador próximo a parede tinha um computador ligado junto um monitor grande preso na parede. Maria estava do lado de Charlie e eu me apressei empurrando Peter e pegando a cadeira ao lado de Bella, me debruçando e a beijando enquanto me sentava. Damian apenas optou em continuar de pé parando próximo a porta, enquanto Peter resmungava sentando ao meu lado.

- Eu tenho que esperar até quando? - Bella reclamou.

- Tenho algum compromisso? - Maria questionou debochada. - Pelo que eu sei esse é o meu único compromisso, então temos todo o tempo do mundo para esperar…

Mentira. Maria estava puta pra caralho por estar ali, ela poderia usar toda a sua lábia para tripudiar de Isabella e a punir, mas ela não me enganava. Nunca me enganou. Mais raiva do que ela estava sentindo por está ali era a chateação que ela tinha com Bella, por tudo o que ela fez ontem. Então sim, ela aguentaria calada apenas para se deliciar com a insatisfação de Isabella. Trágico, eu sei.

E para sua alegria, ou não. A tela do computador logo piscou em uma chamada, que Damian se aproximou para atender, e logo o monitor acima se acendeu.

- Olha só que maravilha, temos companhia dessa vez, Jasper Halle, quanto tempo menino.

- Major Whitlock, senhor. - o corrigi respeitosamente.

- Ora, não fomos informados que tinha retornado ao serviço. Carlisle não comentou sobre sua saída da "família" da última vez em que nos falamos sobre Eliezer.

- E porque…

- Ei, aqui. Eu sei que vocês passam muito tempo ocioso dentro dessa caverna luxuosa e que é um bálsamo ter alguém para tricotar, mas vamos guardar nossas agulhas para outro momento senhores.

Para meu espanto e desespero, não foi da boca de Peter que essas palavras desaforadas saíram. O movimento da cadeira de Maria foi tão rápido que seu cabelo chegou a esvoaçar até Charlie, seu chute por baixo da mesa passou raspando por minha perna, o que me fez se encolher e reflexo. Bella acabou resmungando um palavrão, mas não retirou suas palavras sem paciência.

- Realmente criança. Conversar com velhos amigos é sempre um vento de ar fresco, mas não podemos nos deixar se distrair. Então, precisamos conversar e entrarmos em um acordo sobre o que fazer com o Alasca.

- Alasca está perdido Aro, isso já foi conversado. - seu tom controlado era o indício do quanto ela estava se segurando para continuar sentada naquela cadeira. - A única região meramente segura são as terras Quileutes que tem por lá.

- Se conseguirmos libertar Eleazar, poderemos reaver…

Bella movimentou sua cadeira se voltando para Maria esperando alguma reação da mulher, que apenas balançou a cabeça acenando para que ela seguisse em frente.

- Certo. Isso realmente pode ser feito. - estava claro que ela não ouviu uma palavra depois do que ele disse, já que ela simplesmente o interrompeu enquanto ele ainda falava os motivos validos por ter que recuperar Eleazar. - Usar Dimitri para rastreá-lo pode ser um movimento inteligente e os daria uma boa chance de fazer os movimentos sem atrair muita atenção.

- Veja bem minha querida. Não podemos dividir nossa guarda, estamos com nossas mãos cheias no momento, estamos a cada dia recebendo mais visitantes que estão apreensivos com toda essa confusão que Vladimir e Stefan estão fazendo.

- E você espera que eu saia com meus homens para fazer esse serviço?

- É o que seria mais viável.

- Viável? - Isabella riu não conseguindo se segurar e ficado de pé. Peter apenas se recostou na cadeira pronto para apreciar o show, eu tentei segurar seu braço mas não fui rápido o suficiente.

- Nós sabemos que Damian é um ótimo rastreador Swan. Envio antes consiga uma posição, monte uma estrategia e faça seu trabalho… Nada tão diferente do que você já fez. - Caius dessa vez se pronunciou.

- Damian tem suas ordens e sua função, e ser seu cão de caças não é uma delas, Caius.

- Tempos desesperados pedem meninas desesperadas. Você precisa…

- Eu preciso? Antes de qualquer coisa Caius, eu não recebo ordens suas. Não faço parte da sua guarda, do seu coven ou o que quer que seja. Meu pessoal não é da conta de vocês. Ninguém sairá daqui sem uma ordem minha, temos uma cidade em crescimento estamos trabalhando…

- Uma cidade com humanos tendo conhecimento sobre nossa existência…

- Está querendo insinuar alguma coisa com isso? - seu tom ficou tão frio quanto seus olhos que se escureceram imediatamente, a possível indício de uma ameaça.

- Isabella. - Maria a chamou, ficando tensa… todos estávamos muito tensos, bem tirando Peter. Damian tinha saído da porta e se aproximado dela, desde o momento em que ela ficou de pé, mas não se atreveu a dizer nada, mesmo que seu nome tivesse sido citado.

- Não. - Ela se virou para Maria. - Estamos sendo engolidos em uma guerra diária e esses humanos estão lutando contra a morte todos os dias, a raça humana nesse país virou massa de modelar nas mãos de criaturas que acreditam que os Volturis não tem poder nenhum sobre essas terras. E eles estão errados? Estamos pagando por um erro de vocês, quando lá atrás deixaram essas duas pestes petrificadas, mas ainda vivas o suficiente para sair criando ervas daninhas por ai.

- Esse é um problema seu Aro, não nosso.. Eu já tenho demônios suficientes na minha conta, mas estou pronta para mandá-los direto para o inferno. E vocês estão?

- Isso é dá conta de todos. - Caius estavam furioso por conta de sua afronta.

- Vamos ser sinceros Caius, vocês perderam o contato com Eleazar, alguém que pareça ser de muita importância para gerar tanta preocupação. Sendo que mesmo assim vocês deixaram sair da guarda. E isso faz vocês questionarem até aonde a lealdade dele com os Volturis vai. Pelo que eu sei sua companheira também estar desaparecida.

- Nós temos a lealdade de Eleazar, isso não estar em questão…

- E ele tem a de vocês?

- Isabella… - Maria ficou de pé. Ao mesmo tempo que Caius se levantou se exaltando, embora Aro pedisse por paciência.

- Seu medo é que Vladimir e Stefan consigam alguns dons, cruze o oceano e vá chutar a bunda de vocês? Porque é isso o que vai acontecer se eles realmente tiverem Eleazar. Eles não estão vindo atrás de mim, pelo menos não com a mesma intenção que iram atrás de vocês. Pelo contrário, já que não é bem a minha morte que eles desejam, diferente de com vocês.

Eu me vi preso ao que ela disse.

- Então, chega das porras dessas reuniões idiotas. Eu não estou mandando Damian, não estou deslocando nenhum de meus homens para salvar a bunda de vocês, quando eu tenho homens, mulher e crianças aqui precisando de um lugar seguro para viver.

- Isabella – dessa vez foi seu pai. Maria a encarou como se pudesse fazê-la entender tudo o que ela precisava. E de alguma forma bem bizarra, funciona.

- Ok, certo. - ela bufou exasperada. - Eu sei que nós fizemos um trato, Maria e eu garantimos que não tínhamos interesse em brigar e nem em desavenças. Então, como prova disso, eu digo: envie Dimitri e quem mais você achar conveniente e eu os liderarei até o Alasca e tentaremos recuperar Eleazar, antes que qualquer coisa pior aconteça. Essa é a minha oferta final. Se não concordar, então bem… se virem.

Ela encerrou a chamada.

Eu não sabia se ficava surpreso por ela desligar na cara deles ou pelo que ela acabou de dizer. Uma sensação gelada corria por todo o meu corpo só de imaginá-la saindo… novamente.

- Qual é a porra do seu problema? - Maria gritou.

- O que foi agora? - Bella gritou de volta.

- Essa decisão não é sua, Isabella.

- E nem dele Maria. Eles não são ninguém para vir me dar ordem. Se querem salvar suas bundas, que mandem pessoal. Eles estão cagando para o que está acontecendo aqui, mas agora os deles estão na reta e eles querem que eu coloque em risco o meu povo? Nem fodendo.

- Eu posso chutar algumas bundas General…

- E eu posso chutar a sua, garoto, se você começar também a me encher com isso. Não estou arriscando nenhum de vocês por causa de três reis decrépitos que tem preguiça de levantar suas bundas de seus tronos e vir lutar suas batalhas.

- Você me treinou para isso.

- Sim Damian, ensinei a você tudo o que sabe, mas como Maria decidiu deixar bem claro ontem, as coisas mudaram por aqui, não é. Sendo que isso aqui não mudou. - ela apontou entre os dois. - A diferença é que agora eu posso gritar um sonoro não e não apenas sofrer calada toda vez que tinha que enviar e ansiar para a sua volta ou não. - ela chutou levemente a cadeira em que estava sentada e naquele momento todos nós podemos ver o que de fato a vinha tirando dos trilhos nos últimos dias… o seu medo.

- Ontem você me acusaram sobre riscos. Isso é um risco, não vou enviar você sozinho. Você é necessário aqui.

Ela se virou para a Maria e relaxou seus ombros, querendo mostrar em seus jeitos que ela não queria brigar.

- Eu sei que é perigoso e eu sei que você não me deixaria mandar todos eles para o inferno. Não queremos a atenção deles novamente para nós, não é. E eles precisam da nossa ajudar. Mas eu não posso Maria e eu não vou mandar o Damian para lá. E eu não vou deixar você fazer isso também. Se alguém vai serei eu. Os Volturis é uma coisa nossa, minha e sua, não deles. Então eu vou.

Os olhos do menino suavizaram diante da demonstração de afeto de Isabella, aquela troca não me incomodou, em momento nenhum eu me senti ameaçado e nem mesmo enciumado, pelo contrario, reconhecer o mesmo carinho nele aqueceu meu coração sabendo que de uma forma, a importância de Bella com Damian era correspondida, não era de uma forma romântica, era apenas uma ligação que eles tinham muito especial um com o outro.

Ele a virou e a puxou para um abraço um pouco antes de ela empurrá-lo para fora da sala e ser puxada junto com ele.

- Não sei porque não vi isso antes, eu já esperava por isso a muito tempo. - Maria resmungou enquanto puxava sua cadeira e sentava novamente, com certeza afetada pelas palavras de Isabella.

- O que?

Charlie se aproximou jogando um dos braços em seu ombro, enquanto Peter se ajeitava e começava a cutucar no seu telefone, com certeza narrando tudo para Charlotte, e contanto o grande Show que ela perdeu.

- Isabella ficou furiosa com Caius na primeira reunião quando ele fez a mesma coisa, sugerindo que Damian usasse seu dom de rastreio para que localizasse Eleazar, claro que foi de uma forma mais sutil do que agora, isso o levaria direto para a boca do lobo, sendo que Damian é importante de mais para Isabella, sempre foi.

- Por quê? - eu perguntei sem entender.

- Ele era o cantante de Isabella, antes dela transformá-lo. - Peter disse ainda com sua atenção no telefone.

Aquela informação me pegou de surpresa, porque eu não esperava por isso. Eu lembrava de Edward e de como ele se sentiu ao encontrá-la e senti a sua sede desenfreada… o cheiro delicioso, o desejo… a forma como ele salivava e o sentimento que ele sentia ao se entregar ao seus instintos antes de fugir por um tempo para Denali e depois voltar determinado a enfrentar isso… Edward não tinha contato com sangue a anos, e se orgulhava do seu controle, então ele tinha o sentimento de confiança de que ele conseguiria resistir a isso também.

Imaginar Isabella, uma recém-nascida, mesmo já tendo passado do seu primeiro ano de vida, vivendo no meio de um ambiente propenso e estimulante a se entregar a todos os seus instintos, vivendo um inferno na mão daquele demônio, sendo privada de suas refeições com regularidade, e ainda encontrando seu "cantor" poderia ter sido uma catástrofe, mas não foi… porque? Como ela conseguiu?