Isenção de responsabilidade: Harry Potter e seus personagens não me pertencem. Eu não ganho um centavo com isso, mas espero que se divirtam lendo.
1º Capítulo: Contato, conhecendo a criatura
Minerva McGonagall tropeçou em uma pequena poça ao sair do beco em que havia acabado de aparatar, parecia ter chovido há pouco tempo e, se as nuvens escuras no céu fossem uma indicação, haveria outro aguaceiro a caminho. Londres... A mulher deixou um suspiro resignado escapar enquanto, discretamente, lançava um feitiço para secar os sapatos encharcados. Conferindo mais uma vez os arredores, ela puxou uma bússola em suas mãos, o objeto devidamente encantado com o endereço do nascido trouxa a quem ela estaria apresentando o mundo bruxo pela primeira vez.
Seguindo a direção apontada pela pequena flecha, Minerva andou pelas ruas da Grande Londres. Ela tinha a vaga consciência dos prédios de aparência conservadora se sobrepondo no que era considerado o coração do Mayfair, nunca tendo se interessado muito pelo mundo trouxa, essas entrevistas com futuros estudantes de Hogwarts forneciam uma breve atualização do avanço da sociedade não mágica. Parando antes de atravessar de Lane Park para a Deanery St., experiências anteriores que quase acabaram em desastres a ensinaram a observar com cuidado a sinalização do tráfego, a bruxa franziu o cenho para um casal que passou ao seu lado, rindo e cochichando, enquanto a mulher mais jovem, e sem muito decoro, apontava para ela.
Se empertigando com a audácia juvenil, Minerva fez uma breve verificação em sua aparência, apenas para constatar que não havia nada de errado com seu conjunto de tweed cinza transfigurado. Era um traje trouxa simples e que lhe dava o ar exato de profissionalismo que qualquer um poderia esperar de uma Professora tão bem conceituada em sua área. Resmungando sobre o senso de moda de crianças que andavam por aí em estranhas calças azuis rasgadas, ela ergueu a mão para ajustar seus óculos de armação quadrada e se atrapalhou com a aba de seu chapéu. Seu grande, e muito pontudo, chapéu de bruxa. Congelada em horror diante da gafe, levou um momento para perceber que o fluxo de veículos havia cessado.
Atravessando a rua enquanto retirava o acessório que parecia tão escandaloso entre os trouxas, ela procurou um canto sossegado e, com um aceno de varinha, o encolheu para guardá-lo no bolso. Não era à toa que as pessoas ficavam olhando engraçado para ela. Exasperada com o seu descuido frívolo, a bruxa conferiu mais uma vez a direção a seguir e marchou resoluta pelo caminho indicado.
Tilney St. se fez conhecida no virar da esquina, uma pequena viela espremida entre ruas muito mais imponentes e sinuosas, embora os prédios de aparência requintada dissessem que não havia nada de medíocre sobre o lugar, ou sobre as pessoas que o habitavam. Caminhando até a outra extremidade da rua, ela finalmente alcançou seu destino, o número 1 gravado em dourado na porta de madeira ébano brilhou fracamente sob um feixe de luz solar que escapou por entre as nuvens. Uma placa também dourada chamou sua atenção à esquerda da entrada, Minerva pressionou o indicador no que ela supôs ser a campainha e então pescou a carta de aceitação de um dos bolsos internos de seu blazer, o aspecto do pergaminho entre os dedos e o brasão de Hogwarts a enchiam de uma sensação de conforto familiar. Olhando mais atentamente para a caligrafia floreada da pena de repetição em tinta verde, a bruxa se viu surpresa diante do nome da criança que ela não tinha se preocupado em verificar com antecedência. Não que ela a conhecesse de qualquer forma, mas não era todo dia que você se deparava com alguém da nobreza. Por um momento, Minerva considerou que houvesse um erro, mas teve que empurrar suas dúvidas quando a porta se abriu para revelar uma mulher jovem e de aparência agradável, cabelo loiro preso em um coque muito menos severo do que o seu próprio.
"Pois não?" questionou a loira em tom plano. Pigarreando e aprumando a postura, a bruxa se apresentou.
"Bom dia, eu sou a Professora Minerva McGonagall e tenho uma carta para entregar à sua filha."
Piscando, a trouxa lançou um olhar confuso em sua direção enquanto murmurava aturdida "Mas eu... eu não tenho uma filha..." Minerva franziu o cenho, parece que a sua presunção a fez cometer um equívoco.
"Esta é a casa da Srta. Darwin, correto?"
"Oh!" todo o rosto da mulher se iluminou em reconhecimento. "A senhora está pedindo pela Condessa. Sim, esta é sua casa."
A bruxa soltou um suspiro, parece que não houve erro quanto à identidade da criança então. "Muito bem, será que eu poderia entrar e falar com ela e seus pais?"
A mulher mais jovem se empertigou em uma postura muito mais confiante, coluna ereta e seu tom, o de alguém que já havia empregado o mesmo discurso um sem número de vezes ou, ao menos, o ensaiado com dedicação. "Sinto muito, mas Lady Darwin está ocupada no momento e, de toda forma, ela não recebe visitas que não estejam previamente agendadas. A senhora pode solicitar uma audiência com um de seus assistentes ou com o Departamento de Relações Públicas do escritório. Tenha um bom dia."
Chocada com a dispensa, Minerva levou um segundo para pesar suas opções e, então, escolhendo o que parecia mais simples, puxou sua varinha e lançou um rápido Confundus na loira, que agora ela presumia ser algum tipo de criada, antes que a porta se fechasse em sua cara. Observando o olhar enevoado que se sobrepôs na mulher, a bruxa deu um passo à frente. "É muito gentil de sua parte convidar-me para entrar e esperar pela Srta. Darwin enquanto ela termina sua atribulação."
"Sim... sim, me acompanhe por aqui..." murmurou titubeante a jovem enquanto a guiava através de um hall de entrada suntuoso, as paredes brancas fazendo um lindo contraste com o piso escuro. Minerva foi deixada em uma grande sala de estar, com orientação para se fazer confortável em um dos muitos sofás ou poltronas dispostos no ambiente, enquanto a criada murmurava algo sobre conseguir um pouco de chá. A bruxa quase cometeu a indignidade de gemer quando afundou no sofá deliciosamente macio, ela não tinha certeza se magia poderia criar algo tão agradável ao toque, mas, olhando ao redor, ela se atreveria a dizer que havia um ar de esplendor quase mágico em cada detalhe da decoração. Desde o tapete fofo sob seus pés ao lustre de cristal que pendia do teto, tudo gritava elegância e poder, e mesmo assim, havia um toque delicado de personalidade que evidenciava que aquele lugar não era apenas uma vitrine para o bom gosto, mas, sim, um lar.
Sua contemplação foi interrompida alguns minutos depois pela entrada da mesma criada, não apenas com uma xícara de chá, mas um carrinho de serviço completo com bolos e outras guloseimas que rivalizavam com a variedade apresentada por Adelaide e seu carrinho no Expresso de Hogwarts. Se sentindo um pouco oprimida, Minerva mal percebeu que respondia às perguntas sobre suas preferências enquanto a outra mulher produzia o que a bruxa mais tarde chamaria de 'a melhor xícara de chá da minha vida'. Depois de verificar mais uma vez a disposição dos pãezinhos em uma das travessas de prata, a trouxa fez uma pequena reverência e saiu pelo mesmo pórtico lateral que havia entrado. Houve uma agitação breve no corredor e a bruxa pôde distinguir a voz da criada e a de um homem, se o tom grave era uma indicação.
"Perdão, Sr. Wallace."
"Está tudo bem, Daisy. Sem dano feito." falou o homem em um barítono rico. "Não precisa me acompanhar até a saída, eu já conheço bem o caminho. Tenha um bom dia."
"Um bom dia para o senhor também." murmurou a jovem.
Minerva observou, com curiosidade, o homem passar pela frente do arco que conduzia a sala, seus passos muito largos para que ela tivesse tempo de notar sua aparência, além do fato de que ele era alto e esguio e parecia estar usando um terno azul marinho. Voltando sua atenção para os doces a sua frente, ela pescou um biscoitinho encaracolado e praticamente derreteu com o sabor de canela em sua língua. Parcialmente distraída pela comida, levou um momento para notar que estava sendo observada. Com um pequeno sobressalto, a bruxa se levantou e assumiu uma postura mais composta, na sua frente, o mesmo homem em um terno elegante a encarava com uma expressão afiada. Seu olhar era mais especulativo do que qualquer outra coisa e, para seu horror, Minerva se encontrou corando. Corando. De todas as coisas indignas que ela poderia fazer, agir como uma colegial pega em uma travessura era completamente mortificante.
"E quem seria você?" questionou o trouxa, sua voz sem nenhum vestígio do calor que ele havia destinado à criada, Daisy, ela agora sabia.
"Professora Minerva McGonagall," ele a olhou como se a informação fosse irrelevante e precisasse de elaboração, então, pigarreando para clarear a garganta, ela continuou. "Estou aqui para uma audiência com a Srta. Darwin a respeito de uma vaga em minha escola. Bem, na verdade, a escola onde leciono e sou Vice-Diretora."
"Entendo..." disse com um pequeno aceno de cabeça antes de continuar, "o que eu não entendo, é porque tanto Lady Darwin quanto eu não fomos informados dessa audiência..." dando alguns passos laterais em direção a parede onde se localizava a lareira esculpida em mármore, o homem puxou uma fina corrente negra que até então havia passado despercebida em sua inspeção. "mas essa é uma questão que vamos remediar."
Engolindo em seco, Minerva observou o trouxa tomar uma posição quase belicosa em relação a ela. Sua maleta descartada aos seus pés e os braços cruzados enquanto a encarava com a expressão mais feroz que a bruxa poderia imaginar. As coisas pareciam ter escalado muito rapidamente e, se ela não tomasse providências para reverter a situação, Minerva tinha a sensação de que essa visita acabaria em um incidente com as autoridades trouxas. E ela, definitivamente, não queria ser obrigada a solicitar ajuda do Ministério Mágico. Resignada sobre o fato de precisar usar magia contra trouxas mais uma vez em um intervalo de tempo tão curto, a bruxa estava prestes a alcançar sua varinha quando passos no corredor a fizeram hesitar.
"Como posso ajudá-la, Profes..." a frase ficou perdida quando Daisy notou a outra figura na sala, "Oh! Sr. Wallace, eu achei que o senhor já havia partido...?" questionou incerta.
"Estava no caminho para isso, mas então me deparei com esta... situação." comentou com uma inflexão mordaz na última palavra, "Eu não sabia que a Condessa tinha outra reunião marcada para hoje de manhã." o olhar que o homem enviou na direção da loira teria congelado Fiendfyre. "O que você sabe sobre isso?"
Daisy parecia atordoada, ela abriu a boca mudamente, enquanto olhava de um para o outro, antes de conseguir murmurar de maneira quase ininteligível, "Eu... eu não... eu apenas... atendi a porta e... e... eu..." quando lágrimas cortaram as bochechas pálidas da pobre moça, Minerva teve que levar a mão à boca para abafar o ofego horrorizado quando ela percebeu que a mulher mais jovem estava sofrendo por tentar romper a névoa que o seu feitiço Confundus havia causado. O tal Wallace também pareceu levemente alarmado com o derramamento emocional, mas não fez menção de se aproximar e tentar ajudar, nem recuou em sua inquisição.
Baques ritmados se fizeram ouvir enquanto uma voz suave parecia cantarolar uma melodia alegre, o som se tornando mais alto e atraindo a atenção dos três ocupantes da sala para a entrada da mesma. "Hey, Daisy! Eu acabei de..." uma pausa enquanto a pessoa parecia apurar a situação, "O que está errado, querida?" o tom animado da saudação inicial transformado em um apelo quase maternal.
"Mi-Milady!" o tom angustiado da moça foi ignorado por Minerva enquanto ela espichava o pescoço para ter seu primeiro vislumbre da condessa. Um momento depois, o véu do mistério caiu junto com o queixo dela ao contemplar a dita cuja finalmente adentrar na sala arrastando uma abalada Daisy consigo.
"Venha, sente-se um pouco e recupere o equilíbrio." disse a garota, guiando a criada até o sofá localizado em frente àquele ocupado anteriormente pela bruxa mais velha, "Pronto. Agora inspire e expire devagar... isso, muito bem." a gentileza comedida pegou Minerva de surpresa e, quando ela achou que nada mais a superaria, a condessa simplesmente ergueu as mãos e secou as trilhas de lágrimas do rosto da loira. "Deixe-me pegar uma xícara de chá para você."
Quando ela se virou em direção ao carrinho de serviço, imediatamente à sua frente, Minerva prendeu a respiração. A imagem que a garota fazia não era nada como qualquer coisa que ela teria se atrevido a conjecturar. Shorts e blusa que faziam muito pouco para cobrir uma pele de chocolate ao leite e o par de meias mais ridiculamente colorido que ela já tinha visto e que fariam as vestes usuais de Albus parecerem sóbrias e sem graça. Coroando tudo isso, o rosto mais desconcertante com o qual ela já tinha se deparado. Havia tanta coisa acontecendo nele, ao mesmo tempo, que Minerva não tinha certeza se mesmo o adjetivo 'complicado' era completamente apropriado para descrevê-lo.
A garota só olhou na direção da bruxa mais velha por um segundo, sobrancelha arqueada em questionamento mudo, mas então sua atenção se voltou para o preparo do chá e enfim de volta para a criada. Daisy tomou a xícara em suas mãos trêmulas e bebericou pequenos goles sob o incentivo da Condessa, "Por favor, Will, solicite a presença de outro funcionário." disse a nobre sem desviar seu olhar da loira que, felizmente, havia deixado de chorar.
Sem preâmbulos, o homem se adiantou e puxou a mesma corrente de antes e então retomou sua postura de braços cruzados ao lado da parede. Um par de minutos em espera, com o silêncio cortado apenas pelas fungadas ocasionais de Daisy, Minerva não se atreveria a ser a primeira a falar para não correr o risco de agravar a situação que já parecia tão delicada, o martelar de saltos contra o piso de madeira indicou a aproximação da outra criada. Uma mulher mais velha, cabelos grisalhos e rugas bem marcadas no rosto, se aproximou da entrada da sala e fez uma breve verificação de seus ocupantes antes de voltar sua atenção exclusivamente para a Condessa.
"Em que posso ajudá-la, Milady?" sua voz era rouca e mais desgastada do que a idade sugeria, talvez pelo consumo de tabaco, imaginou a bruxa.
"Daisy não está se sentindo muito bem, Martha, acompanhe-a para que ela possa descansar um pouco. Talvez um comprimido para acalmar os nervos, sim?" disse a garota enquanto pegava a xícara de chá vazia e a depositava na mesinha de centro.
A criada mais jovem se levantou num sobressalto, alisou o vestido preto simples enquanto balançava a cabeça em negação. "Não é preciso, Condessa, eu... eu estou perfeitamente bem para trabalhar. Eu..."
"Você vai fazer exatamente como eu disse, porque não foi uma sugestão." o tom empregado era calmo, mas firme, e não deixava nenhum espaço para contestação. "Quando você acordar, se estiver se sentindo melhor, pode tirar o resto do dia de folga e ir para casa, mas se ainda restar qualquer sombra de mal-estar, eu quero ser avisada para poder tomar as devidas providências. Fiz-me clara?"
A loira balançou a cabeça "Sim." e quando seus ombros caíram em alívio, ela conseguiu completar, "Obrigada, Milady." a Condessa apenas lançou um olhar para a mulher mais velha, Martha, que prontamente se acomodou ao lado da outra em um meio abraço e a conduziu para fora. O ambiente mergulhou em novo silêncio enquanto eles esperavam os passos e sussurros das criadas se extinguirem na distância.
Aparentemente satisfeita, a Condessa se voltou para o homem. "Você quer me explicar que diabos foi isso, Will?!" a inflexão imperativa fez os dois adultos se empertigarem.
"Não olhe pra mim assim, seria mais apropriado perguntar quem diabos é essa mulher?!" se defendeu rapidamente ele, enquanto acenava na direção de Minerva que não sabia se si encolhia ou fuzilava o homem pelo ataque deliberado. A bruxa estava guerreando com o sentimento hipócrita de indignação quando ela sabia que era a responsável indireta pelo estado de Daisy, embora parte dela teimava em atribuir parcela da culpa ao comportamento pouco cortês do homem.
"Eu chegarei lá eventualmente," disse a garota sem prestar muita atenção ao assunto. "mas, primeiro, eu gostaria de ouvir a versão dos fatos de alguém que conheço e em quem confio."
Parecendo apaziguado pelo comentário, ele abrandou sua postura com um suspiro e começou "Ao descer as escadas, depois da nossa reunião, esbarrei em Daisy que parecia um tanto aérea, na hora eu não pensei nada de mais, Deus sabe que ela tem o coração no lugar, embora pudesse fazer proveito de um par de neurônios extras," o ar entediado da garota disse a Minerva que ela não estava impressionada com o comentário maldoso do sujeito. "Quando alcancei o hall, encontrei a porta aberta sem aparente razão. Fiquei preocupado, então tranquei a porta e estava no caminho para questionar os funcionários e solicitar que fizessem uma varredura em toda a casa. Foi quando me deparei com essa daí..." Minerva estava farta, outro esgar em sua direção e ela amaldiçoaria o sujeito desagradável. "Uma tal Prof.ª Minerva McGonagall, se você puder dar crédito a alguém que está obviamente invadindo..."
"Alto lá! Minha entrada foi permitida..." com uma ajudinha de magia, mas quem estava contando? "E eu não vim até aqui para ser destratada de tal maneira vil, tenho um trabalho para fazer."
"Muito bem, Prof.ª McGonagall. Que trabalho seria esse?" questionou a garota.
"Você não pode ser séria, Hope?!" explodiu o homem. "Vai mesmo dar ouvidos a ela? Deveríamos apenas chamar a polícia de uma vez e acabar com a palhaçada..."
"É o suficiente, Will." a voz calma da Condessa era modulada com uma autoridade indiscutível, seu olhar se voltando mais uma vez para a mulher mais velha. "Então?" Pigarreando, Minerva se preparou para o que seria sua terceira, e de preferência última, introdução do dia.
"Sou a Prof.ª Minerva McGonagall, Vice-diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e estou aqui para entregar sua carta de admissão para o próximo ano letivo." Terminou estendendo a dita carta na direção da garota que a pegou sem cerimônia.
O silêncio reinou no ambiente pelos minutos seguintes, enquanto a garota abria e analisava o conteúdo do envelope. Quando satisfeita com a leitura, ela ergueu os olhos e se sentou no sofá às suas costas enquanto indicava para que a mulher mais velha fizesse o mesmo, "Você disse magia e bruxaria?" veio a pergunta simples.
"Eu vou precisar de uma bebida mais forte do que chá para isso...!" exclamou o homem de forma exasperada, se movendo até um aparador lateral adornado com copos de cristal e garrafas de um líquido ambarino que remetiam a Firewhisky. Minerva fez uma pequena careta para a atuação deselegante, mas voltou sua atenção para a criança.
"Sim. Veja bem, você é uma bruxa! Alguém com habilidades mágicas. Você nunca fez nada extraordinário? Algo que parecia impossível…" antes de terminar, ela foi interrompida por uma mão levantada em sua direção.
"Perdão, Prof.ª McGonagall, minha questão parece não ter sido bem formulada, dando margem à interpretação errada. Não são as minhas habilidades que eu estou questionando, mas a escolha de uso do termo 'magia'."
"Ah..." Minerva estava perdida, como exatamente ela deveria responder a isso? Talvez com o básico? "Hum... veja bem... pessoas podem nascer com ou sem magia. Aqueles que nascem com magia são chamados de bruxos e os que nascem sem magia são chamados de trouxas se ambos os pais também não tiverem magia ou de abortos se pelo menos um dos pais tiver magia e a criança não." Vendo que a garota parecia interessada na explicação, a julgar pela sobrancelha arqueada, ela continuou, "Você, no caso, é uma bruxa nascida trouxa, mesmo que seus pais sejam trouxas, você nasceu com magia." se dando conta de um ponto importante que ela havia deixado escapar diante da comoção anterior, ela terminou seu discurso com uma questão. "Por falar em seus pais, seria melhor ter essa conversa em conjunto com eles, para que eu possa esclarecer suas dúvidas quanto à sua estadia em Hogwarts e instruir sobre alguns por menores... Eles não estão em casa no momento?"
Houve um momento de silêncio esquisito até que a garota se dispôs a responder, "Eles estão fora do país." ela levantou do sofá e seguiu até o homem que havia se despojado em uma poltrona próxima ao aparador de bebidas. "O que você acha?" Perguntou entregando-lhe a carta.
Enquanto o sujeito lia, Minerva se recriminou. Ela não deveria ter falado de magia tão abertamente na frente de trouxas que não tinham ligação familiar com crianças mágicas. Realmente, não era sua intenção cometer tantos erros, ela apenas foi pega no embalo da situação e não pensou em todos os detalhes; mas talvez aquele fosse um mal menor, julgando por quão a vontade o homem parecia, ele deveria ser muito próximo a família, talvez até mesmo o tutor legal da criança enquanto seus pais estavam viajando. Satisfeita com aquela conclusão, e com um suspiro resignado, a bruxa estava pronta para lançar um discurso sobre o Estatuto do Sigilo quando foi precedida.
"Parece bastante conciso, a maior parte é só uma lista de material extravagante, mas de outra forma, uma carta de admissão simples."
"Sim. Também achei que parecia adequado." concordou a garota com um aceno.
"Mas o fato é que parecer adequado não é o suficiente." continuou o homem enquanto seus olhos se desviavam de volta para a bruxa. "Você pode provar o que diz? Sobre essa... magia?"
Minerva não tinha certeza se deveria se sentir insultada pelo tratamento informal ou aliviada que o homem não tivesse voltado a insultá-la de fato. Escolhendo ater-se ao que era mais importante no momento, ela fez um breve meneio de cabeça e puxou sua varinha, brandindo-a com um murmúrio ininteligível na direção da mesa de centro, a xícara, recentemente usada pela criada Daisy, se transfigurou em um adorável canário amarelo que trinou e sacudiu suas asas como se testasse as capacidades do próprio corpo.
"Bem, se isso não foi um truquezinho interessante." disse o homem com uma risada.
"O que é isso?" perguntou a garota, não dando tempo à Minerva de responder ao homem detestável à altura.
"Hum... isso é um canário belga transfigurado a partir de uma xícara de porcelana." concluiu seriamente e, apenas no caso de que sua plateia tivesse perdido esse detalhe, Minerva reverteu a transfiguração.
"Não isso..." retorquiu a garota, olhando incisivamente na direção da bruxa, "Isso na sua mão. O que é?" concluiu apontando para que não houvesse dúvida ao que ela se referia agora.
"Oh! Essa é a minha varinha." respondeu quase surpresa, mas não deveria estar, é claro que a criança nunca teria visto uma varinha de verdade antes, com a sua criação trouxa. "Todo bruxo e bruxa precisa de uma varinha para lançar feitiços. Você também vai conseguir uma no Ollivanders, quando visitarmos o Diagon Alley para comprarmos seu material."
Minerva não entendeu os olhares que estava recebendo. O homem tinha uma expressão que flutuava entre divertida e exasperada, como se ela tivesse contado algo engraçado e absurdo sem intenção. Já a garota parecia um crupe curioso, inclinando sua cabeça para o lado com um olhar interrogativo em seu rosto. Como se desistisse de um pensamento que tivesse pouca importância, a criança deu de ombros e voltou para o assunto. "Todos os bruxos precisam de uma varinha, então? Não há aqueles que possam lançar feitiços sem o uso de uma?"
"Hum... sim, bem... alguns bruxos e bruxas são capazes de lançar feitiços sem varinha, mas é muito difícil, requer muito estudo e prática, e mesmo assim a maioria só é capaz de executar os encantos mais simples."
"Prof.ª McGonagall, corrija-me se eu estiver errada, mas a senhora acabou de dizer que é necessário um grande preparo para lançar magia sem varinha, isso significa que alguém sem esse conhecimento prévio não pode fazer mágica?"
"Hum... sim, isso está certo..." ela respondeu meio incerta, então um pensamento clicou em sua mente, "Oh! A não ser, é claro, magia acidental." percebendo ao que a criança provavelmente se referia. "Ela é motivada principalmente por sentimentos intensos que podem causar pequenas explosões mágicas que são mais comuns na infância pela falta de controle."
"O que a senhora quer dizer, então, é que uma criança só pode lançar magia sem varinha devido à falta de controle emocional?" perguntou a garota, parecendo quase insultada. "O que a senhora enquadraria como emoção forte, Prof.ª McGonagall?"
"Perdão...?" balbuciou surpresa, Minerva estava completamente aturdida com o questionamento impetuoso que parecia ter vindo de lugar nenhum.
"A pura e simples vontade pode ser considerada uma emoção forte o suficiente? Porque as crianças agem com base no que querem. Uma criança faminta, desesperada para encher sua barriga vai desejar transformar migalhas em uma refeição completa. Assim como uma criança apavorada vai desejar, desesperadamente, que o motivo de seu medo desapareça." a criança tomou um instante para recuperar o fôlego e então deu sequência ao seu discurso de maneira mais branda. "O que eu quero dizer, Prof.ª McGonagall, é que a mesma vontade que bruxos mais velhos dedicam a aprender magia sem varinha, pode ser aplicada a crianças pela pura e simples necessidade. Correto?"
Dizer que Minerva estava perplexa seria um eufemismo, ela não tinha exatamente uma ideia de como descrever como se sentia a respeito do discurso apaixonado. Embora pudesse ver o mérito da teoria, ela nunca havia ouvido falar de algo como isso. Parecia apenas mais especulação do que fatos, por isso ela tentou ser diplomática ao evadir a questão.
"Sinto muito, Srta. Darwin. Eu realmente não tenho um conhecimento profundo sobre magia sem varinha, mas tenho certeza que alguém com a sua disposição curiosa será capaz de encontrar as respostas que procura. Talvez até encontre auxílio entre os meus colegas de profissão. O próprio Diretor Dumbledore é um dos poucos bruxos vivos que eu conheço capaz de executar mais do que feitiços básicos sem uma varinha." terminou em tom plano na tentativa de apaziguar a garota.
"Entendo..." o murmúrio simples e desinflado de ânimo foi seguido por um olhar determinado na direção do homem sentado ao lado. Minerva tinha se desligado da presença dele por alguns minutos e ficou surpresa com a seriedade de sua expressão. Ele estava tenso, havia abandonado todo o ar de deboche e provocação de momentos atrás. Ali estava um homem pronto para mover montanhas.
"Agradecemos a sua visita, Prof.ª McGonagall. A senhora nos deu muito em que pensar, vamos entrar em contato assim que a Condessa se decidir." a dispensa prática perdeu um pouco o efeito quando ele franziu a testa diante de uma dúvida, "A carta mencionou algo sobre uma resposta via coruja... isso não seria algum tipo de chavão mágico para nomear os correios, seria?" diante da expressão desentendida da mulher, ele completou com um suspiro, "Corujas, é claro. Por que não?" com um olhar exasperado, ele tentou resolver o assunto de uma vez. "No caso de pessoas que não dispõem de corujas mensageiras, como exatamente devemos entrar em contato com a senhora?"
"Oh, geralmente eu apenas obtenho uma resposta quando entrego a carta ou, no mais tardar, em um segundo encontro, previamente agendado, que costuma ser seguido pela visita à Diagon Alley para a compra de materiais escolares." respondeu prontamente.
A maneira incisiva com que o homem a olhava fez a bruxa se sentir desconfortável. "Então, o que você está me dizendo é que só existe essa maneira esdrúxula de comunicação?"
"Agora, Will. Não é preciso ser desagradável a respeito de uma cultura que obviamente não entendemos." disse a garota de maneira apaziguadora, voltando sua atenção para a mulher mais velha, ela continuou. "Perdão, Prof.ª McGonagall, mas é necessário um pouco mais de informações para tomar uma decisão de tal magnitude, espero que a senhora compreenda."
"É claro, eu entendo perfeitamente. No caso, eu posso responder a quaisquer dúvidas que você possa ter no momento. Tenho certeza de que seria capaz de saná-las, além de tranquilizá-la quanto a sua estadia em Hogwarts."
"Bem, essa não é a questão, Prof.ª McGonagall." contestou a criança resoluta. "Minha prioridade não é a participação na sua escola, mas a descoberta de que existe toda uma sociedade secreta, da qual, aparentemente, eu faço parte, mas nunca fui informada até hoje." Minerva abriu a boca sem palavras, sim, mas ela podia ver o ponto.
"Compreendo. Quanto ao porque a senhorita só foi contatada agora, é de praxe que nascidos-trouxa entrem no mundo mágico aos onze anos, quando o ensino mágico se torna obrigatório. Pode não ser o melhor ajuste, mas tem funcionado assim nos últimos séculos, desde que o Estatuto do Sigilo foi promulgado para proteger nosso povo das perseguições que eram comuns na Idade Média." percebendo o ponto de entrada para o assunto em questão, ela continuou, "O Estatuto do Sigilo é uma lei de extrema importância para segurança tanto do mundo mágico quanto do mundo trouxa. Podemos viver em paz graças a ele, por isso é de vital importância que nada dessa conversa extrapole o seio familiar." na última parte, ela voltou seu olhar para o tal Wallace, que apenas arqueou uma sobrancelha em resposta.
"Isso não será um problema, todos os meus funcionários e colaboradores possuem contratos de sigilo assinados e bem amarrados," dispensando a questão como frívola, a garota continuou, "mas eu não posso deixar de comentar que qualquer coisa, especialmente paz, baseada na ignorância não tem um suporte sólido e confiável. É realmente impressionante que tenha se mantido por séculos, mas levando em conta que vocês podem contornar seus problemas com um balançar de varinha, não chega a ser uma surpresa..." lançando um olhar suspeito em direção ao bolso onde Minerva havia guardado a dita varinha, a criança pareceu chegar a algum tipo de epifania. "Ah... Foi isso que aconteceu não foi?"
"Perdão?" diante do olhar perdido da bruxa, a condessa elaborou sua questão, para a qual já parecia saber a resposta e não estava satisfeita com ela.
"A senhora usou magia em Daisy, por isso teve sua entrada facilitada em minha casa. Não foi?" Minerva estava além de mortificada, ela não estava acostumada a ser repreendida, especialmente por uma criança, a pior parte era que era justificado. "Isso vai machucá-la permanentemente?"
"Não! Não deveria machucá-la de maneira alguma..." respondeu resignada.
"Ela parecia bastante perturbada para mim." retorquiu Wallace, sua expressão retomando a ferocidade especulativa com a qual a abordou inicialmente.
"Bem, se você não tivesse atacado a pobre moça, ela teria ficado perfeitamente bem..."
"Agora a culpa é minha?! Mas é muito cara-de-pau mesmo!"
"Cuidado com a língua, senhor!" exclamou indignada. Ambos estavam em pé no meio da sala, separados apenas pela mesinha de centro e se encarando com punhais nos olhos. Se Minerva não estivesse tão presa ao momento, ela teria ficado chocada com o quão rápido eles tinham se encaixado em um conflito, mas ela estava incapaz de se ajudar, o homem tinha o dom de apertar todos os botões errados e, no que dizia respeito a ele, a bruxa parecia ter a mesma habilidade.
"Vocês querem um pouco de privacidade?" os olhares perplexos que a garota recebeu com a interrupção, a fizeram completar divertida. "Porque seja lá se vocês forem começar a se estapear ou a se beijar, eu prefiro não estar na mesma sala..."
O engasgo horrorizado de Minerva foi acompanhado pelo resmungo do homem de "Nos sonhos dela..." o que conseguiu arrancar um olhar venenoso da bruxa.
"Homem detestável! Ao invés de perder tempo com as suas besteiras, eu deveria apenas transformá-lo em um sapo."
"Para que você possa beijá-lo e, então, ele será um príncipe?!" a pergunta impertinente da garota foi feita com a expressão mais falsamente inocente que Minerva já tinha testemunhado, e pensar que ela já deveria estar saturada com todos os tipos de travessura juvenil depois de anos como Chefe da Casa de Gryffindor. A gargalhada do sujeito, enquanto ele se jogava mais uma vez na poltrona anteriormente ocupada, não ajudou a melhorar as coisas. Mas não houve tempo para tentar recuperar a face diante da zombaria, pois a criança mudou rapidamente a direção da conversa para uma questão muito mais séria. "Deixando de lado essa bobagem, muito me surpreende que a senhora seja a primeira a quebrar o Estatuto do Sigilo que defendeu em princípio. Me diga, Prof.ª McGonagall, é um hábito das pessoas com magia sair por aí enfeitiçando e ameaçando pessoas sem magia?"
"O quê...? N-não! É claro que não!" Minerva se sentia cada vez mais mortificada, mas a garota estava certa, havia sido um desvio de conduta sem precedentes da sua parte. E a julgar pelo olhar cheio de orgulho no rosto do tal Wallace, ele estava acostumado e até mesmo incentivava a atitude demandante e eloquente da criança. Então uma realização a atingiu. Aquela não era uma criança comum, mas alguém a quem obviamente havia sido ensinado o ardil do jogo político, que poderia pensar além do superficial, que poderia manobrar uma conversa a seu favor e tomar o controle da situação ao seu redor. Mais do que isso, ela era um membro da nobreza e, consternada, Minerva percebeu que a havia tratado como uma criança qualquer, mesmo com as sugestões sutis das criadas e do próprio Wallace, em toda a sua interação, a bruxa mais velha nunca usou a deferência apropriada que a posição de Condessa exigia. Levantando-se e fazendo uma pequena e cerimoniosa reverência em respeito, a bruxa se comprometeu em acertar as arestas de seu comportamento. "Minhas sinceras desculpas, Condessa, minha conduta tem sido menos do que meus padrões usuais de decoro. Mas peço que leve em consideração que no Mundo Mágico não é comum a entrada de alguém com a sua linhagem."
"Meu título não tem nada haver com linhagem, mas aprecio suas desculpas, embora não tenha sido a maior lesada nesta situação." o olhar incisivo que seguiu o fim do comentário deixou claro que a Condessa esperava mais.
"De fato. Hum… Milady, eu estou absolutamente de acordo que Daisy foi a maior prejudicada, mas quero garantir-lhe que nenhum dano real foi feito à saúde dela." Diante da expressão indecisa da Condessa, Minerva se viu por bem explicando melhor o que havia acontecido, "Admito que a princípio minha entrada na casa não foi concedida e, fora do meu melhor julgamento, lancei um feitiço Confundus em Daisy. Ele embaça a última memória da pessoa atingida e a torna suscetível a uma pequena sugestão como, por exemplo, permitir uma entrada antes negada." aqui a bruxa mais velha se sentiu encolher um pouco, porque agora, esmiuçando o ocorrido, a coisa parecia bem mais grave.
Um bufo desviou sua atenção da Condessa para o homem ao lado, Wallace parecia presunçoso quando murmurou: "E ainda teve a coragem de dizer que não estava invadindo…" reprimenda bem merecida, Minerva só pôde franzir os lábios em consternação.
"Eu vou ter que pensar mais sobre isso também." A jovem nobre tinha um ar especulativo que deixou claro para Minerva que ela ainda não havia ouvido o fim disso. "De qualquer forma, eu gostaria de outras fontes de informação. A senhora mencionou um lugar, Diagon Alley se não me engano, é algum tipo de cidade bruxa?"
"Centro comercial, na verdade. Fica aqui mesmo em Londres, na Charing Cross Road."
"Oh! Ótimo, não é longe daqui. Eu adoro as livrarias e lojas de discos da Charing Cross, mas onde fica exatamente esse Diagon Alley? Não lembro de já ter visto nenhum prédio com esse nome…" questionou com animação, dificultando para Minerva ver alguém da nobreza ao invés de apenas uma criança curiosa.
"Não é exatamente um prédio, mas, sim, todo um bairro magicamente escondido."
"Escondido…" especulou Wallace. "Como podemos encontrar esse lugar então?"
"Você não o encontra de jeito nenhum. A entrada é encantada para que os trouxas não possam vê-la," Minerva achou por bem esclarecer de uma vez. "mas, um bruxo ou bruxa, basta apenas acessar o pub chamado de Leaky Cauldron, a entrada para o Diagon fica nos fundos."
"Bem… acredito que podemos começar a trabalhar a partir disso." Disse a Condessa, seu tom definitivo, enquanto se levantava e andava em direção a lareira, puxando a mesma corrente preta que parecia ser algum tipo de sinal para a criadagem. "Foi, se nada mais, realmente interessante conhecê-la, Profa. McGonagall. Talvez haja a possibilidade de repetirmos esse encontro de maneira mais apropriada. Até mais ver."
"Eu… Hum…" Minerva balbuciou enquanto se levantava, mais perplexa com o desenrolar da situação do que qualquer outra coisa. Percebendo rapidamente que qualquer tentativa de prolongar o encontro seria interpretada como rude, ela se limitou a completar com um suspiro resignado. "Apenas por precaução, caso não consiga acessar o Diagon, eu enviarei uma coruja em duas semanas para esperar uma resposta. Isso parece aceitável?"
"Se a senhora faz questão, sim, isso é perfeitamente aceitável." A Condessa confirmou com um aceno de cabeça e então voltou sua atenção para a entrada da sala onde a mesma funcionária mais velha havia acabado de entrar. "Martha, a Profa. McGonagall está de saída, por favor, acompanhe-a até a porta."
"Pois não, Milady. Siga-me, Prof.ª McGonagall."
"Até mais ver, Condessa." Minerva disse enquanto seguia a criada, fazendo questão de não reconhecer Wallace que ainda se atreveu a lançar um sorrisinho desagradável em sua direção. Quando a porta foi fechada após sua saída, a bruxa levou um momento parada na calçada para tentar processar o que havia ocorrido. Piscando em incredulidade, Minerva se deu conta de que ela tinha acabado de ser abatida por uma pequena cobra. Com uma risadinha que ela não pôde evitar, ela seguiu em busca de um local discreto para aparatar de volta aos portões da escola. "Pobre Severus, ele não saberá o que o atingiu..."
