Olá Pergaminhos e Nazarins, outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou fechando este arco com a nossa Chūnibyō preferida.

As Rosas Azuis visitam mais cidades e tomam várias decisões.

Com vocês

Aquele que Voltou

Capítulo 50: Sozinha

Lakius tinha muito o que pensar. Após deixar sua amiga, foi diretamente para o hotel. Ela não tinha mais a mínima disposição para comemorar, passando a noite toda encarando sua espada.

Na manhã seguinte, o sol brilhava no céu, e ela se levantou com um peso no coração.

— Bom dia a todas.

— Bom dia, Monte de Músculos. Parece que você se divertiu.

— Muito, baixinha, mas no final, o magozinho não foi páreo para ISSO! - disse Gargaran, flexionando o peitoral.

— Espero que você não o tenha matado - disse Tia.

— Não vamos esconder nenhum corpo por você - completou Tina.

— A última vez que o vi, ele ainda estava respirando. Senti falta de vocês. Onde foram?

— Encontramos alguém no caminho, e depois cada um resolveu fazer algo diferente - explicou Evileye.

— Quem vocês encontraram?

— Renner. Nós encontramos a Renner - disse Lakius, chegando na sala.

— Parece que você levou uma surra, chefe. O monstro na sua espada não te deixou dormir?

— Foi... algo assim.

— E como isso é possível a princesa ainda estar viva?

— Me dê uma xícara de chá forte, que eu te conto sobre Renner. Isso, obrigada. Quando estávamos voltando... - a líder das Rosas Azuis passou a próxima meia hora contando os acontecimentos do dia anterior.

— Puta merda, ela encontrou o próprio Rei Feiticeiro. Então, o garoto cereja também está vivo. Mas depois disso, acho que não vou poder chamá-lo mais desse jeito, hahaha!

— Por que você pensaria coisas assim?

— É natural, chefe. Em momentos de dor, vida e morte, as pessoas se voltam ao instinto. Além do mais, não é segredo que ela sempre quis arrastá-lo para fora daquela armadura. Bem, o que vamos fazer?

— Acho que ficaremos só mais alguns dias apenas.

— Podemos confiar nela?

— Eu não sei. Ela parece mudada. Mesmo sem controle mental, ela está diferente, mais forte, determinada. Não sei exatamente o que é, mas suas decisões ainda parecem ser as que ela tomaria.

— Talvez. Então, por enquanto, vamos continuar fazendo o que estivemos fazendo até agora.

— Sim, observar e aprender.

Nos dias seguintes, visitaram os bairros demi-humanos. Eles eram estranhos, como se a arquitetura humana tivesse sido imposta ao padrão de construção, sendo apenas adaptada para as outras espécies. Quanto mais para dentro dos bairros, menos essa influência era sentida, mas nunca apagada.

Quando decidiram que já tinham visto o bastante, foram até a prefeitura se despedir. Depois de tudo, um mês na cidade já era o suficiente.

— Adeus, minha amiga. Espero que nos vejamos em breve. Pena não terem conseguido se encontrar com Momon, mas suas responsabilidades não se restringem mais apenas a E-Rantel.

Na verdade, Ator de Pandora estava tentando evitar encontrar com a pequena vampira assediadora.

— Adeus, Renner. Também espero voltar logo. Adeus, Climb. Foi bom vê-lo novamente.

— Eu digo o mesmo, senhorita Lakius.

— Até mais, garotão. Pelo visto, você cresceu bastante. Se continuar assim, vai acabar mais alto do que eu, hahaha!

— Deixe disso, senhora Gargaran. Pelo menos agora parece que eu não atraio mais sua atenção.

— Oh ho ho! E ficou mais atrevido também - Gargaran disse, dando um soco no ombro de Climb, que fingiu perder o equilíbrio.

— Certo, meninas, vamos.

Após sua partida, Climb e Renner ainda permaneciam na varanda, vendo a carruagem se afastar.

— Elas ficarão bem?

— Sim, meu amor. Segundo Lord Demiurge, elas fazem parte dos planos de nosso senhor, e a morte delas não está prevista… por enquanto.

— Eu deveria estar me sentindo mal por esconder o que houve conosco, mas agora sinto apenas um leve incômodo. Isso vem de nossa nova natureza?

— Provavelmente, mas você ainda tomaria decisões baseado em suas experiências. Mas não pense muito nisso. Seja apenas você mesmo. Agora, deite! - disse Renner, liberando suas asas e derrubando Climb no sofá.

Viajar hoje em dia se tornou muito mais fácil. As novas estradas eram muito melhores, embora não se comparassem às de E-Rantel, ainda encurtavam em muito o tempo. Nas semanas seguintes, o que viram pelo caminho foram lugares onde deveria haver uma vila ou cidade, e agora… nada. Apenas nas que deveriam ser as maiores, ainda era possível ver partes das construções que não tinham sido reutilizadas. Quanto às outras cidades e vilas que não haviam sido arrasadas, pareciam maiores e mais prósperas, uma dualidade gritante.

As Rosas Azuis passaram por E-Pespel, E-Libera e outras cidades, sempre procurando algo, mas logo perceberam que nem mesmo elas tinham mais ideia do que seria. Aqueles que sobreviveram agradeciam aos seus deuses normalmente. Havia liberdade religiosa, mesmo que muitos tivessem se voltado para a nova religião emergente ou apenas se apegado ainda mais à dedicada a Shusharna. Nada era imposto, exceto a ordem, e as leis, por mais estranhas que fossem, nenhuma era absurda.

Chegaram em uma noite na cidade portuária de E-Naúru. Após se acomodarem na estalagem, foram para uma taberna próxima, a melhor fonte de informação de uma cidade.

— Isso não deveria ser possível.

— O que, chefe malvada?

— Isso, pessoas bebendo sem se socarem. Isso é uma taberna. Onde você já viu uma sem brigas?

— Deve ser por causa dos guardas mortos-vivos?

— Eles não podem estar em todos os lugares, e não tem quase nenhum fora do porto.

Então uma das gêmeas esticou levemente a ponta do pé, fazendo uma pessoa tropeçar e derramar a bebida em outro cliente sentado.

— FILHODUMAVACA! Olha por onde anda!

— Eu tropecei, foi mal.

— Foi mal o caramba, EUVOUTEVIRARDOAVESSO!

— Você não vai fazer nada! - disse o taberneiro se aproximando com um bastão - você vai soltar ele senão eu chamo uma patrulha.

— Não tenho medo dos guardas, nem de passar a noite numa cela.

— É, mas com certeza seu crédito na guilda vai cair. Nada de Masmorra por um bom tempo com certeza.

O brutamontes pareceu pensar, então soltou a pessoa.

— E você, pague uma bebida para ele.

— Mas eu tropecei, foi sem querer!

— Eu te livrei de uma surra. Agora, pague a bebida e saia daqui.

As Rosas apenas observaram a ação.

— Com licença, senhor, sempre é assim?

— O quê? Essas briguinhas?! Nah! Ainda estamos no centro. Nos bares mais afastados, pode ser mais frequente.

— Não, quero dizer, como foi resolvido, com essa conversa.

— Aqui? Às vezes funciona, com os menos bêbados, pelo menos. Às vezes não, daí é a guarda que é chamada.

— E como resolvem? Não vimos tantos guardas mortos-vivos, na verdade, fora de E-Rantel, eles são bastante raros nas cidades.

— Os guardas normais dão conta. Na dúvida, prendem os dois. Se houver crime, chamam um juiz itinerante, um Linch. Aí usam charm ou algo assim para saber de quem é a culpa.

— E se for uma situação onde os guardas normais não dão conta?

— Então nós resolvemos - disse uma cavaleira que acabara de entrar - nunca imaginei que veria as Rosas Azuis por aqui.

O taberneiro se afastou enquanto Lakius se aproximava da cavaleira.

— Boa noite, eu sou Lakius Alvein Dale Aindra, líder da Rosas Azuis.

— Eu sou Scama Elbero, líder das Quatro Armas, esta é minha companheira Lilynette Piano. É um prazer conhecê-las.

— O prazer é nosso. Gostariam de sentar e beber conosco?

— Eu vou aceitar, obrigada.

— Eu não, obrigada. Meu turno terminou, então vou voltar para o meu maridinho - falou Lilynette, meio que babando.

— Boa noite, Lily. Bem, o que as trazem a E-Naúru?

— Estamos viajando, senhorita Scama, em uma missão. Sabe, ficamos sabendo que esta cidade foi cercada. Como ela sobreviveu se Re-Uroval, que era maior, não?

— Sorte?! Acho que foi isso. Havia um exército de mortos nos cercando. Tivemos que enfrentar um Cavaleiro e um Guerreiro da Morte, mas não fomos páreos para eles. Somente quando alguém da Red Drop surgiu e os destruiu, tivemos chance de fugir pelas docas. Mas ao chegarmos lá, havia um exército emergindo da água. O Conde Naeura, em um momento de frustração, levantou as mãos e gritou: "Eu me rendo!" - Scama falou, imitando de forma cômica o gesto com os braços levantados - para nossa surpresa, um Linch surgiu e aceitou a rendição. Nem sabíamos que era possível negociar com os mortos. Acho que Re-Uroval não teve a mesma chance.

— E agora vocês são a maior cidade portuária ao norte, a última antes da Cidade Estado de Argland.

— Isso, estranho, não é mesmo? Acho que no final havia outro motivo para nos poupar, mas não faço ideia do porquê - disse Scama, esvaziando sua caneca de cerveja.

Após várias cervejas, voltaram à estalagem.

— Parece igual às outras cidades, chefe. As que sobraram, quero dizer.

— Sim, parece que foram escolhidas a dedo, não apenas por se renderem, mas pela localização e infraestrutura. Cada uma com nobres capazes de manter a ordem e seguir as novas leis.

— E dobrando de tamanho neste meio tempo. Será que é a mesma coisa nos outros países? - ponderou Lakius.

— Não sei, Gargaran, mas acho que chegou a hora de irmos para Argland e encontrar Rigrit.

— Eu não vou - disse Evileye. - Quero voltar a E-Rantel. Precisamos falar com Momon.

— Mas Evil...

— Nós também não vamos, chefe malvada.

— Vocês também?

— Sim, precisamos de mais perspectiva. Se ficarmos juntas, levaríamos uma vida para olhar tudo. Nós vamos para o Reino Dracônico. Nos encontramos em alguns meses.

— E você, Gargaran? Pelo jeito, você também já se decidiu.

— Sim, chefe. Eu quero ir ao Reino Nobre e depois até Abellions Hills. Só vimos cidades humanas. A gente precisa saber o que está acontecendo por lá.

— Certo, vocês têm razão - disse ela, resignada. - Vamos nos comunicando. A gente se vê em alguns meses, então. Amanhã cada uma parte em uma direção.

Após todas se retirarem, Lakius ficou sozinha em seu quarto, encarando sua espada.

— E você, demônio, não vai falar nada? Ou decidiu me abandonar também. VAMOS! FALE! Não vai me tentar com suas palavras doces e venenosas?! FALE COMIGO MALDITO!!!

Ninguém respondeu. Como sempre, Lakius falava sozinha. Ela havia se tornado aventureira muito jovem e sempre sonhara em enfrentar um grande vilão ou suportar a tentação usando apenas sua força de vontade. Esse costume a acompanhou quando adulta, mesmo após enfrentar tantos inimigos realmente fortes, acabou gerando interpretações erradas por suas amigas.

O Demônio das Sombras no quarto quase ficou tentado a responder, mas sem orientação de Renner, ele se limitou a permanecer em silêncio. Porém, Lord Demiurge seria informado desse estranho hábito.

...

NOTA DO AUTOR

Ufa! Terminando outro arco, agora vou ter uma folga para descansar porque os próximos 6 capítulos já estão prontos, acabei tendo que escrever este encima da hora porque não queria ir e voltar na linha do tempo.

Aqui tentei dar um fundo para o hábito de Lakius falar sozinha ou com a espada, para quem não sabe Chūnibyō é o termo usado para "Doença do segundo grau", uma fase vergonhosa onde os adolescentes para tentar se achar especial imaginam ser um heroi, agir de forma exentrica, ter uma maldição ou poder especial, geralmente tal fase passa, mas as vezes pode ser necessário ajuda psicológica.

Detalhe: Lakius não é a única que tem isso , Ainz/Satouro teve essa fase e Ator de Pandora é um lembrete vergonhoso desse tempo.

Então, as férias de Ainz terminaram e vocês sabem o que aconteceu no final do volume 16.