Aos poucos sentiu os sentidos retornarem,lhe arrancando do estado de inconsciência,a dor deuma pontada atrás da cabeça foi a primeira coisa que conseguiu registrar.
Conhecia bem essa sensação.
Aos poucos deu-se conta de que estava deitado.
Sentiu algo frioe úmido tocar seu rosto esfriando-o.
Curioso, ele lutou para abrir os olhos.
Seu corpo estava extremamente cansado e reclamava,implorando para voltar a inconsciência,ao ponto que ele mal os levantou.
E assim que o fez, se arrependeu profundamente.
A luz alaranjada o cegou no minuto em que o fez,obrigando-o a fechar os olhos com força,ao tempo em que,tentava se sentar,derrubando a toalha úmida sobre seu colo.
Todo o seu corpo sentiu a dor atormentá-lo de uma única vez.
– urgh.
Balbuciou baixo,sentando-se.
Sua mente estava nublada,tudo o que lembrava e de estar analisando os documentos no escritório,depois disso, era tudo um borrão.
– Você não deveria se levantar,seu corpo vai ficar meio letárgico por um tempo.
Não ficou nenhum pouco surpreso quando viu o pisciano entrar no quarto, carregando uma bandeja consigo.
– novamente?
Perguntou zonzo, enquanto o mais novo depositava a bandeja em sua mesa de cabeceira.
O quarto era grande,com piso e colunas de mármore branco, cortinas e carpetes vermelhos, mesas cheias de papéis e algumas poltronas confortáveis.
A cama em que se encontrava era grande, coberta por finos lençóis brancos, e dava vista direta para as enormes portas duplas.
– Sim,sabe, eu vou acabar morrendo um dia desses, você sabe o quão assustado eu fico toda vez? Se você desenvolver imunidade às minhas rosas,estarei perdido.
Resmungou dramático, um tanto fora do personagem,sentando-se na beirada da cama do outro,ao tempo em que moía algumas pétalas cor de pêssego.
Ignorando as reclamações do mais novo,ou sua simples falta de decoro, Saga percebeu tardiamente que estava nu,e isso o alarmou.
Desde que mandou Kathia pro Japão, evitava retirar o manto a todo custo, e bem…tomar banho não era a mais honrosa das tarefas neste caso.
– Não se preocupe, falei com a Santa Kyrios,ela ficou feliz em ajudar.
Informou sorrindo maliciosamente,fazendo o mais velho bufar.
Ambos sabiam bem dos sentimentos que a mais velha aprendiz de Shaka mantinha pelo azulado, e o fato de ela saber do segredo deles, e colaborar pelas costas de seu mestre, dava um nó no estômago do grego.
– Então, ainda está funcionando?
Questionou mudando de assunto, ao que o outro assentiu,enquanto acendia um fósforo e o colocava no pires,onde estava o pó de pétalas.
Não demorou muito para que uma fina e perfumada fumaça suave começasse a se espalhar, como um incenso.
Fazia alguns anos desde que ele e o pisciano desenvolveram um método para contenção em caso de Kathia estar ausente.
Método esse que consistia em,drogar Saga,sempre que ele perdesse o controle.
– Argh,ainda sim,isso é horrível.
Resmungou, sentindo as pontadas em sua cabeça.
– Creio que sim,você se sentirá melhor se deitar.
Comentou o sueco,apontando para o fraco equilíbrio do homem.
– Não tenho tempo para isso.
Reclamou cansado,começando a empurrar os lençóis.
Não se importando com a nudez frente ao pisciano,mas meio alarmado sobre o que aconteceria se não estivesse com o manto.
– Onde estão minhas roupas?
Questionou apressado,pondo as pernas pra fora da cama.
Internamente se perguntou o quanto que a pobre Kyrios viu enquanto estava desacordado.
Sabia que Afrodite podia ser compassivo e completamente descarado em medidas assustadoramente iguais.
Por pouco conseguiu agarrar-se à beirada da cama, uma vez que uma tontura terrível o assaltou.
– Acho que não entendeu,você não tem permissão para ir até lá, e eu vou garantir isso,nem que eu tenha que te nocautear de novo.
Ameaçou o nórdico, vendo como o outro estava meio sentado no chão, de forma muito pouco digna para o líder do santuário.
Este,assim como o geminiano, tão pouco se importava com a nudez alheia.
– Afrodite! Eu não pedi permissão! Eu vou e ninguém irá me impedir.
Rosnou em tom cortante,levando a mão à cabeça, se sentindo ainda mais tonto.
– Acho que não, a flor de damasco que eu criei parece ser mais forte que o esperado, então, volte para a cama,nós cuidaremos de tudo, förstått?
Insistiu o pisciano, com um sorriso nenhum pouco inocente, enquanto segurava o homem nu pelo braço e o ajudava a se deitar novamente.
Saga tinha quase certeza de que a fraqueza insistente que sentia se devia à fumaça, que aos poucos, e de forma imperceptível, tomou todo o aposento.
– Você deveria confiar mais em nós.
Admitiu o nórdico meio chateado, antes de dar as costas para o mais velho, o rabo de cavalo celeste balançando enquanto se afastava.
– Freyj.
Chamou,fazendo o mesmo parar,ainda de costas.
Ninguém nunca o chamava pelo nome, por razões mais do que óbvias.
– Obrigado.
Agradeceu,sentindo-se cada vez mais sonolento,ao ponto que mal ouviu o sussurro do outro, antes deste passar pelas portas, que se fecharam, assim como os olhos de Saga, que se rendeu aos braços dos oneiros.
…………………………….
Sacudiu a cabeça para tirar essas lembranças desagradáveis.
Mas ainda sim, o trato que Kido Saori propôs, ia e voltava em sua mente.
Sem que percebesse,já estava na rua,afastado do orfanato.
As ruas ainda estavam vazias, uma vez que já era noite, exceto por alguns transeuntes aqui e ali.
Marin estava certa, ele era muito distraído, mas,já que estava aqui, poderia ir até a praia.
Ou foi o que pensou.
– Seiya-kun, com licença, você é o Seiya-kun?
Perguntou uma voz suave atrás dele, que se virou surpreso.
Não havia sentido uma única presença sequer.
Era uma garota,muito familiar,de rosto gentil e beleza quase ingênua.
De longos cabelos azul escuro,presos em dois rabos de cavalo, pele clara e olhos verdejantes.
Ela vestia uma regata vinho, short branco e sandálias baixas trançadas.
Provavelmente uma moça rica, considerado que, ingenuamente usava algumas jóias,como brincos,bracelete e anel.
Era atípico ver alguém andar com tantas joias em um bairro portuário, principalmente à noite.
– v-você me conhece?
Perguntou envergonhado.
Seu rosto corando ainda mais quando os grandes olhos verdes olharam atentamente para si.
E como o idiota que ele era,Seiya presumiu incorretamente que ela estava flertando com ele e sorriu.
– Espere…
Parou no meio do caminho, quando um pensamento lhe ocorreu, e ele a olhou mais atento.
Cabelos azul marinho…olhos verdes…
Ela deu a ele um sorriso gentil.
– Sou eu,Miho.
A cabeça do jovem cavaleiro bugou.
Esta era sem dúvidas Miho-san,sua amiga de infância, da época do orfanato,é quase um ano mais velha que si.
– Estás bem? Parece que…KYAAA!
Gritou surpresa quando o mais novo pulou sobre si e a girou em um abraço.
– Miho-san! Há quanto tempo! Hahaha!
Riu feliz, não tendo nenhum decoro.
– Sim,sim,agora me ponha no chão!
Pediu/ordenou a moça irritada, seu rosto um tanto corado.
Tendo sido criada com a mimada princesa do templo, não estava acostumada com essas explosões de afeto,exceto pelas crianças.
E isso meio que não era adequado.
– Certo, desculpe-me.
Pediu o rapaz, colocando a moça no chão,que ajeitou as roupas amassadas.
– PRINCIPESSA!
gritaram duas vozes preocupadas,meio longe, mas aproximando-se rapidamente, estavam duas primeiras, que corriam em sua direção.
– Sto bene! Non è necessario che tu venga!
Informou a jovem em uma língua que o castanho não entendia.
As duas pessoas, meio receosas, obedeceram,e permaneceram afastadas, impedindo Pégaso de identificá-los.
– Fico muito feliz em lhe ver Miho, soube que foi adotada depois que fui embora, então temi que não fosse mais lhe ver.
Admitiu feliz.
Era muito bom rever um rosto amigo.
– Sim,a seis anos atrás, eu fui adotada, e me levaram para a Itália,mas,não é algo para dizermos na rua.
Respondeu suave,observando um carro preto se aproximar,por onde desceu uma garota de longos cabelos roxos, vestida de terno,que abriu a porta para a azulada.
– Venha, vamos conversar em outro lugar.
E com isso, entrou no veículo, sendo seguida segundos depois por um desnorteado Pégaso.
