Arco um - Despertar

Capítulo dois - Novo mundo

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Sentado em uma cadeira de madeira na varanda rústica da cabana, Kazuma concentra-se em sua habilidade [Heal]. Uma pálida luz branca emana de sua mão direita enquanto a direciona sobre o peito. Ele vem usando essa habilidade desde o momento em que acordou todos os dias na última semana.

"Não é tão eficaz quanto os poderes de cura da Aqua, mas pelo menos estou fazendo progresso."

Após terminar de usar a habilidade, Kazuma inspeciona seu próprio corpo. Seus braços já estão completamente recuperados, exibindo apenas algumas cicatrizes que atestam sua recente batalha. O peito, que estava seriamente ferido, também mostra sinais significativos de recuperação.

"Minhas estatísticas subiram consideravelmente desde que subi de nível. Agora, devo ter mais mana que a Darkness, e talvez até possa vencer a Megumin em uma queda de braço."

Enquanto Kazuma observa a paisagem da floresta coberta de neve, suas memórias dos últimos sete dias começam a retornar.

Uma semana atrás...

"Parece que estou muito longe de casa."

Após Kazuma soltar essa observação, Emilia e Puck trocam olhares interrogativos, aguardando sua próxima pergunta ou explicação.

"Vou fazer mais uma pergunta. Vocês já ouviram falar do Rei Demônio?"

Esta é a pergunta crucial para Kazuma, pois espera que mesmo pessoas em uma terra desconhecida tenham conhecimento sobre o Rei Demônio, especialmente alguém com a notoriedade dele.

Emilia olha para Puck em busca de uma resposta, considerando que seu conhecimento é limitado em comparação com o do espírito.

Sob o olhar expectante dos dois, Puck responde. "Desculpa, mas nunca ouvi falar desse Rei Demônio."

Ambos ficam surpresos com o que escutam. A surpresa de Emilia é palpável, pois Puck normalmente é sua principal fonte de conhecimento. Por outro lado, Kazuma exibe uma expressão de tristeza.

"Kazuma, você está se sentindo bem? Alguma coisa está errada?" Emilia indaga com preocupação.

Diante das perguntas de Emilia, Kazuma responde com sinceridade, pois o desespero começa a se apoderar dele. "Não, não estou nada bem. Acabei de descobrir que possivelmente fui transportado para outro mundo por uma maldição e não tenho ideia de como retornar."

Após dizer isso, Kazuma começa a hiperventilar, sua respiração torna-se irregular. Emilia tenta acalmá-lo, mas sua agitação persiste até que Puck pouse sobre a cabeça de Kazuma e emita uma pulso de mana que tranquiliza sua mente, fazendo-o cair em um sono profundo mais uma vez.

Ao abrir os olhos, Kazuma aguardava secretamente que os eventos recentes fossem apenas um pesadelo passageiro. No entanto, ao deparar novamente com o teto desconhecido, a cruel realidade se impôs implacável.

Quando ele direcionou o olhar para a janela, percebeu que já era noite. Emilia ainda estava presente, sentada na cadeira ao lado da cama, cochilando. Kazuma ponderou se deveria acordá-la, mas decidiu deixá-la descansar.

No entanto, antes que pudesse retornar ao sono, Emilia despertou. "Kazuma, você está se sentindo melhor agora? Fiquei preocupada que algo terrível pudesse ter acontecido."

As palavras preocupadas de Emilia tocaram Kazuma profundamente, e ele respondeu sinceramente: "Estou me sentindo melhor agora, Emilia. Peço desculpas pela minha crise anterior, foi apenas um momento de desespero."

Em resposta, Emilia pareceu aliviada por perceber que ele estava mais calmo. "Você deve estar faminto. Você não comeu direito nos últimos três dias, pelo menos."

Kazuma se surpreendeu com o tempo que passou inconsciente, mas levando em consideração as circunstâncias, não era surpreendente.

"Onde está Puck?" Notando a ausência do felino superprotetor, Kazuma perguntou por ele.

"Ele está dormindo agora, mas estará acordado amanhã. Vou preparar algo para você comer, descanse por enquanto."

Emilia saiu do quarto, deixando Kazuma sozinho. Ele esperava conversar mais com Puck, que aparentava ter um conhecimento mais amplo do que Emilia, mas isso teria que esperar até o dia seguinte.

Algum tempo depois, Emilia retornou com uma tigela de sopa, já que a primeira provavelmente foi perdida durante a crise de Kazuma.

Kazuma comeu em silêncio, saboreando a sopa. Não era a melhor que ele já tinha provado, mas a fome transformava qualquer comida em algo maravilhoso.

Após terminar de comer, Emilia pegou a tigela e se despediu: "Tenha uma boa noite e descanse. E não se preocupe com nada, vai ficar tudo bem."

"Obrigado, e boa noite."

Quando Emilia saiu do quarto, Kazuma tentou novamente adormecer, sabendo que seus problemas não seriam resolvidos virando a noite acordado.

Pelos próximos dias, Kazuma trabalhou em acelerar sua recuperação e aproveitou para conversar com Puck e Emilia, coletando informações e compartilhando detalhes sobre sua casa em Belzerg.

"Então esse tal de Rei Demônio é bem semelhante à Bruxa da Inveja." Afirma Puck enquanto ele escuta a história de Kazuma.

"Bruxa?" Indaga Kazuma.

Puck olha em volta procurando por Emilia e se aproxima de Kazuma, ele pousa no ombro dele e sussurra: "A cerca de 400 anos, ocorreu um desastre no mundo. Uma bruxa surgiu e criou um exército de mabeasts que se alimentam de mana e destruíram parte do mundo."

Kazuma presta atenção especial à história de Puck. "Depois de um tempo, ela foi selada por um herói e uma sacerdotisa com a ajuda do Dragão Divino Volcanica."

Então Puck se aproxima ainda mais de Kazuma e sussurra mais baixo, quase inaudível. "A bruxa tinha uma aparência única, era uma meia-elfa, cabelos prateados e olhos ametistas."

Kazuma se vira para Puck com claras dúvidas nos olhos, que Puck responde. "Sim. Lia é incrivelmente parecida com a Bruxa, e ela sofre por causa disso com o preconceito das outras pessoas, eles acham que ela é a encarnação da Bruxa, por isso ela tem um complexo por sua aparência."

Kazuma não se surpreende com o que escuta, na Terra mesmo as pessoas já odiavam umas às outras por uma simples diferença de ideias, imagine se você é a cópia perfeita de alguém que quase destruiu o mundo.

"Então eu gostaria que você não falasse nada sobre a aparência dela." Puck faz um pedido sincero e Kazuma assente.

Tempo presente…

Enquanto suas memórias se dispersaram como névoa, Kazuma notou Emilia emergindo da floresta com um coelho que havia caçado. Seus olhos se encontraram, e um sorriso caloroso iluminou o rosto dela ao perceber a recuperação de Kazuma.

"Você está quase completamente recuperado. Isso é maravilhoso", disse Emilia, exibindo sua preocupação genuína.

Kazuma respondeu com um leve sorriso, apreciando a atenção dela. "Sim, estou começando a me movimentar normalmente de novo, embora ainda precise pegar leve."

Olhando para o coelho, Kazuma teve uma ideia. "Mas eu nunca teria me recuperado tão bem sem a sua ajuda. Gostaria de agradecer preparando este coelho que você trouxe."

Emilia hesitou, inicialmente recusando a ajuda de Kazuma, já que ele era seu convidado. No entanto, Puck interferiu com um sorriso travesso. "Deixe-o, Lia. Precisamos variar um pouco nosso cardápio, e estou curioso para saber se nosso viajante aqui tem receitas especiais."

Durante essa semana, eles se aproximaram bastante trocando brincadeiras. Pelas suas conversas, Puck percebeu que apesar de Kazuma ter a mesma idade que Emilia, a quantidade de experiência de vida que ele tem faz Emilia parecer ainda ser uma criança, além de ser bastante inteligente. Puck acha que tal companhia pode ser benéfica para Emilia, ensinando a ela o que ele não pode.

Kazuma, desafiado por Puck, aceitou o desafio com determinação. "Farei uma refeição tão deliciosa que você implorará para que eu cozinhe para você sempre."

Preparando o coelho, Kazuma e Emilia passaram algum tempo juntos na cozinha, compartilhando histórias e risadas. Eventualmente, eles serviram o cozido em três pratos, cada um deles com um olhar de expectativa.

"Um simples guisado de coelho Kazuma. Esperava mais de você depois do que disse."

"Você não tem muita credibilidade dizendo isso enquanto baba somente com o cheiro."

Kazuma tinha razão. Um filete de baba escorria de sua boca, ele tentou limpar com a pata, mas o dano à reputação do grande espírito já havia sido feito. Kazuma se senta na cadeira, mas nem toca em seu prato. Ele cruza as mãos em frente ao rosto na pose Gendou e observa os dois.

"Vamos lá, experimentem", desafiou Kazuma, escondendo um sorriso.

Em uníssono, Puck e Emilia provaram o cozido e, imediatamente, qualquer som foi abafado pelo som de mastigação entusiasmada. Quando terminaram, apenas pratos vazios permaneceram diante deles.

Kazuma, satisfeito com o resultado, perguntou: "Então, o que acharam?"

Puck retomou seu tamanho normal e pulou na mesa, praticamente implorando. "Kazuma, por favor, nunca vá embora e cozinhe para nós sempre!"

"Ora, ora, ora. O grande espírito Puck não pode resistir a minha culinária. Será que devo aceitar isso e cozinhar para sempre aqui?"

Kazuma começou a brincar, mas percebeu a expectativa sincera de Emilia e o sorriso arrogante desapareceu de seu rosto.

"Infelizmente, não posso ficar aqui para sempre, mas ficarei feliz em cozinhar enquanto estiver aqui."

Puck se levanta horrorizado e percebe o que fez, ele olha para Kazuma e diz com uma voz venenosa. "Isso nunca aconteceu. Entendido?"

Kazuma assentiu com rapidez, sentindo um calafrio na espinha. Ele então tentou mudar de assunto. "Quem gostaria de repetir?"

Quando Puck e Emilia ergueram a mão ao mesmo tempo, ele serviu mais do guisado e continuou a conversa descontraída com os dois.

Um mês havia transcorrido desde o momento em que Kazuma havia despertado naquele mundo desconhecido. A manhã estava fria, e Kazuma decidiu sair da cabana para praticar suas habilidades. Com determinação, ele tentava usar sua magia [Teleport] repetidamente, na esperança de encontrar um meio de retornar para casa. No entanto, a tentativa falhou mais uma vez, deixando-o frustrado e desapontado.

Kazuma suspirou, a nuvem de vapor condensando no ar gélido. Sentou-se na neve, observando sua própria respiração congelar. Enquanto isso, Emilia e Puck o observavam, preocupados com seu estado de espírito. Emilia se aproximou lentamente, e Puck seguiu-a com passos flutuantes.

Puck, antecipando a resposta, perguntou: "Você não conseguiu de novo, não é?"

Kazuma assentiu, a frustração evidente em sua expressão. "Sim, Puck. O ponto de teleporte foi redefinido, então não consigo voltar para ele. Poderia tentar o teleporte aleatório, mas não quero depender da sorte."

Enquanto Kazuma fazia um anjo de neve, Emilia se ajoelhou ao lado dele, preocupada. "O que vai fazer agora?"

Kazuma ficou em silêncio por um momento, pensando cuidadosamente na pergunta. Finalmente, ele respondeu, com um toque de resignação em sua voz: "Acho que vou ter que partir e procurar uma maneira de voltar para casa."

Emilia sentiu uma pontada de tristeza ao ouvir isso. Ela se apegara a Kazuma durante esse mês, e Puck percebeu isso. Sabendo que Emilia passara anos em solidão antes de conhecer Kazuma, Puck sabia o quão importante ele se tornara para ela.

Numa tentativa de descontrair o ambiente, Puck mudou de assunto, perguntando sobre as habilidades mágicas de Kazuma. "Kazuma, sua magia é diferente de qualquer outra que eu conheça. Ela é assim em seu mundo?"

Kazuma, olhando para Puck, decidiu demonstrar. Ergueu a mão esquerda e apontou para o espírito, invocando a magia [Wind Breath]. O vento atingiu Puck, fazendo-o dar piruetas no ar e bagunçando o cabelo de Emilia.

Ele respondeu, enquanto se levantava e sacudia a neve: "Sim, é bem diferente da magia da Emilia, mas deve haver alguma semelhança, já que consigo usá-la mesmo neste mundo."

Emilia, ajeitando seu cabelo desarrumado, perguntou, curiosa: "Então, qual é a sua afinidade elemental?"

Kazuma, permitindo que a neve caísse de suas roupas, considerou a pergunta. "Ainda não tenho certeza, mas não acho que vá fazer diferença saber."

"Eu posso descobrir para você." Afirma Puck. Ele pousa na cabeça de Kazuma e se concentra. O tempo passou rapidamente, e ele logo percebeu que a magia de Kazuma era única.

Depois de alguns minutos, Puck abriu os olhos e compartilhou suas descobertas: "Isso é estranho. Consigo sentir a mana em você, mas não consigo identificar uma afinidade ou mesmo um portão."

Emilia arregalou os olhos de surpresa. "Sem um portão? Mas como você consegue usar magia, Kazuma?"

Kazuma franziu o cenho, confuso com os termos. "Portão? O que é um portão?"

Puck esfregou o queixo com uma pata e explicou pacientemente: "Bem, em termos simples, o portão é o que permite que você retire mana do od e o recarregue. Ah! O od é onde a mana é armazenada. Voltando ao assunto, existem pessoas com portões quebrados, o que as impede de usar magia, mas não existe alguém sem portão. Você é uma anomalia."

Kazuma ponderou sobre isso, mas não viu como isso era um problema para ele. "Isso não parece ser um problema para mim."

Puck concordou, mas alertou: "Bem, talvez não seja, mas seria melhor que ninguém descobrisse."

Kazuma assentiu, aceitando o conselho. "Certo, vou tomar cuidado."

"Mas a real pergunta é como você consegue usar magia sem um portão de vários elementos, até magia estranha que nunca vi." Pondera Puck.

"Eu aprendi usando meu cartão de aventureiro." Responde Kazuma.

"Cartão de aventureiro? O que é isso?" Emilia pergunta.

"Eu não sei explicar como funciona, mas se você fizer um cartão de aventureiro na guilda e escolher uma classe, você pode aprender habilidades dessa classe usando pontos de habilidade que se ganha ao subir de nível." Explica Kazuma com seu melhor entendimento.

"Pontos de habilidade? Experiência? Nível?" Dessa vez foi Puck quem questionou.

"Esse é realmente um outro mundo." Exclama Kazuma. "Você ganha experiência matando qualquer coisa viva, absorvendo parte da alma dela, essa experiência sobe seu nível, que aumenta suas estatísticas básicas como força, mana, inteligente, sorte, e dá pontos de habilidade." E Kazuma termina sua explicação.

"Então qualquer um pode aprender qualquer classe?" Puck pergunta novamente.

"Em teoria sim. A classe depende dos seus status básicos. Se você tem pouca mana mas bastante força, não adianta tentar ser um mago, mas se for louco suficiente pode tentar. A minha é aventureiro, dita ser a mais fraca, mas como bônus posso aprender qualquer habilidade de qualquer classe." Responde Kazuma como um professor.

"Acho que entendi. E onde está esse cartão?"

"Provavelmente foi destruído. Agora não tenho ideia de como está meu nível."

Terminando a conversa entre Puck e Kazuma, Emilia pergunta. "Kazuma. Qual o seu plano agora?"

Kazuma pensa um pouco e responde. "Eu preciso fazer alguns equipamentos, talvez um arco e flechas, com sorte uma espada curta."

Ouvindo a resposta de Kazuma, Emilia pensa um pouco e se vira para Kazuma.

Emilia se aproximou, sugerindo: "Kazuma, por que você não vem comigo? Quero te mostrar algo."

Kazuma ficou intrigado com a proposta de Emilia e concordou com um sorriso: "Claro, estou curioso para saber o que é."

Continua…

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Notas do autor: Bem amigos, aí esta o segundo capítulo. Espero que gostem.