Arco dois - Mestre e Discípulo
Capítulo um - Encontro
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A capital real de Lugnica, conhecida como Lugnicus, estende-se até onde os olhos podem alcançar, um espetáculo grandioso que desafia as descrições. Suas amplas ruas pulsam com a vida, com uma corrente incessante de pessoas indo e vindo de todas as direções. Carruagens puxadas por majestosos dragões da terra transportam mercadorias preciosas que mantêm a cidade florescendo. A arquitetura, uma mistura de pedra e madeira, evoca a majestade da Europa Renascentista, e o majestoso castelo real ergue-se acima da cidade, como se tocasse o próprio céu. Esta é a coroa de Lugnica, uma joia de rara beleza e esplendor.
Em uma das largas calçadas, um jovem de cabelos castanhos e olhos verdes observa a agitação da cidade. Um arco de marfim intricadamente trabalhado repousa em seu ombro, enquanto uma aljava repleta de flechas balança ao seu lado. Uma espada curta, de formato incomum para aquelas terras, enfeita seu quadril. Ele está envolto em uma capa verde com capuz, embora seu rosto permaneça visível.
"Finalmente cheguei", murmura Kazuma, soltando um suspiro de alívio.
Seis meses se passaram desde que ele deixou a Floresta Congelada, e sua jornada não foi nada fácil. Logo após deixar a floresta, ele foi atacado por um grupo de wolgarms, e embora tenha lutado para impedir que entrassem na floresta, seus números só aumentaram, obrigando-o a bater em retirada. Somente quando chegou a uma vila próxima, protegida por uma barreira mágica, conseguiu um breve descanso.
Lá, Kazuma fez negócios com as peles que trazia consigo e buscou informações sobre a região, com o objetivo de encontrar uma cidade maior. Na manhã seguinte, ele partiu, mas logo percebeu que algo estava errado. Era como se o mundo estivesse determinado a fazê-lo enfrentar inúmeros desafios em sua jornada.
Após vários ataques consecutivos, Kazuma pensou, se todos passassem por esse nível da ataques, não haveria mais humanos nesse mundo, isso estava realmente fora do comum. Kazuma começou a suspeitar que a maldição do Rei Demônio que ele derrotara estava causando isso. Esses ataques haviam atrasado sua jornada, que deveria durar no máximo três meses até a capital.
"Bem, eu o matei. Mas precisava ser tão rancoroso?" Kazuma resmunga.
Kazuma sacode a cabeça para afastar essas memórias intrusivas e começa a caminhar pelas movimentadas ruas de Lugnicus.
"Se as informações que recebi estiverem corretas, talvez não demore tanto para voltar para casa."
Em uma das cidades que visitou, Kazuma obteve informações de um nobre corrupto que ele estava decidido a roubar, depois de ter sido insultado por ele. Assumindo sua persona de "Ladrão Cavalheiresco" com sua máscara preta e branca feita por Vanir, a única coisa que sobreviveu à sua luta com o Rei Demônio. Kazuma já havia aliviado outros nobres pelo caminho, mas esse roubo em particular tornou sua persona notória em pouco tempo.
Depois de receber informações do nobre corrupto de que um nobre com uma mansão na capital possuía um artefato misterioso, Kazuma juntou uma pequena fortuna e partiu. O que ele não sabia é que sua reputação o precedera. Uma série de ousados roubos envolvendo sua icônica máscara preta e branca haviam tornando seu nome conhecido em pouco tempo, principalmente depois de nocautear todos os guardas do nobre corrupto e o deixar pendurado nu no portão da mansão, para toda a cidade ver.
"Big Boss ficaria orgulhosa de ver o nome dos Ladrões Cavalheirescos se espalhando em outro mundo. Bem, vamos explorar a cidade e encontrar um lugar decente para descansar", diz Kazuma para si mesmo.
Ele passeia pelas ruas e avista uma barraca que vende moçãs, uma fruta semelhante à maçã. "Uma, por favor", pede Kazuma ao corpulento vendedor.
"Um cobre", responde o vendedor. Kazuma joga a moeda e pega uma moçã, dando a primeira mordida na fruta suculenta enquanto continua sua caminhada. Porém, um choque inesperado interrompe seu passeio.
Kazuma é abruptamente empurrado por alguém na multidão, fazendo-o perder o equilíbrio por um instante. Ele recupera sua postura e vira-se para identificar a pessoa que o empurrou, mas tudo que vê é um vulto amarelo no meio da multidão. Ele volta a andar, mas para de repente e leva a mão a cintura, sentindo a ausência da sua bolsa de dinheiro.
"Fui escamado!"
…
Em um beco distante e sombrio, longe da agitação da rua principal, encontra-se uma jovem no início da adolescência. Seus cabelos amarelados reluzem sob a fraca luz, e seus olhos vermelhos destacam-se intensamente em sua face. Ela segura firmemente uma sacola que emite um tilintar sedutor de moedas. As roupas desgastadas revelam a dura realidade que enfrenta: um top que mal cobre seus seios inexistentes e um short simples. Em sua cintura, uma grande faca, uma arma que parece excessiva para sua figura diminuta.
Um sorriso de fortuna momentâneo ilumina seu rosto enquanto observa o conteúdo da sacola. "Com isso, talvez eu possa saborear algo melhor por alguns dias. Obrigada, sujeito desatento que não presta atenção por onde anda."
"De nada."
Uma voz sussurra em seu ouvido esquerdo, fazendo-a dar um salto para frente e sacar sua imensa faca em um gesto defensivo. A jovem mantém um semblante sério, mas o medo percorre a lâmina da faca, revelando sua vulnerabilidade.
"Como ele chegou tão perto de mim sem eu perceber? Não ouvi nada. Se ele quisesse me matar teria feito e eu nem poderia reagir." Pensa a garota.
"Realmente não conseguiria." Disse o rapaz.
"Você consegue ler mentes?" pergunta, com receio evidente em sua voz.
"Não, não consigo", responde o rapaz com calma. "É que é fácil deduzir o que você está pensando só olhando para o seu rosto."
O rapaz fala com uma voz tranquila, mas causa um arrepio na espinha da garota, e a tensão aumenta. "Esse cara é perigoso", pensa ela. O rapaz tem uma figura alta em comparação a garota, mas ela já viu pessoas maiores, seu próprio avô era muito mais alto. Mas, inconscientemente, ela sentia que ele era como uma montanha que se eleva sobre ela.
"Na verdade, sou um defensor da igualdade de gênero", continua o rapaz com serenidade. "Seja homem ou mulher, vou dar um drop-kick se necessário. Então, [Bind]."
Com um gesto sutil, o rapaz aponta a mão direita para a jovem e pronuncia uma palavra desconhecida. Uma corda surge de sua cintura, envolvendo-a e a fazendo perder o equilíbrio, levando-a a cair no chão. A jovem fica vulnerável diante desse estranho poder.
"Mas, como você ainda é uma criança, vou deixar passar dessa vez", diz o rapaz, abaixando-se para pegar a sacola de dinheiro que ela roubou.
A jovem fica indignada com as palavras do rapaz, mas sua frustração é silenciada pela corda que a prende. "Criança? Eu tenho mais de 13 anos!"
"O quê?" O rapaz fica surpreso. "Sério? Você é tão pequena..."
A jovem sente uma mistura de emoções, entre raiva pela corda que a imobiliza e irritação pela atitude condescendente do rapaz.
"Me solta para eu te mostrar quem é pequena!" ela grita enquanto se debate no chão, desejando liberar sua fúria, mas o rapaz tenta acalmá-la.
Contudo, a conversa deles é interrompida quando ouvem passos se aproximando do beco. Três homens se aproximam, cada um exibindo uma postura ameaçadora. Entre eles, há um alto e corpulento, outro de estatura média e magro, e um baixinho. O homem magro, no centro, é o primeiro a falar:
"O que temos aqui, hein? Parece que eles estão se divertindo. Mas vocês estão na nossa área. Passem tudo o que têm." Ele saca duas facas.
O rapaz suspira e se levanta. "Desculpe, acabei de recuperar meu dinheiro e não quero perdê-lo de novo."
O magro não perde tempo e avança em direção ao rapaz, que fica a alguns metros de distância. No entanto, o rapaz levanta a mão e profere mais uma palavra desconhecida.
"[Steal]"
Uma luz branca brilha da mão do rapaz, ofuscando a visão de todos. Assim que a luz se dissipa, todos vêem algo inusitado.
As facas que estavam nas mãos do magro agora estão nas mãos do rapaz. Ele joga uma para cima e a pega no ar, checando e equilíbrio da lâmina. "Essa é uma boa faca, acho que vou conseguir uma boa grana vendendo ela."
"Mas o que..." O magro fica estupefato, abrindo e fechando as mãos repetidamente, como se não acreditasse no que está vendo.
"Pequeno ladrãozinho, peguem ele!" ordena o magro aos seus companheiros.
O grandalhão avança, tentando desferir um soco no rapaz, que desvia com agilidade impressionante. O rapaz coloca a mão no peito do grandalhão e murmura algumas palavras, causando uma expressão de dor intensa no rosto do grandalhão, que desmaia e cai no chão.
O magro tenta atacar também, mas, mais uma vez, o rapaz desvia habilmente. Com um movimento rápido, o rapaz coloca a mão na boca do magro, fazendo jorrar água em grande quantidade. O magro entra em pânico, se debatendo, até que seus olhos se reviram e ele também desmaia.
Resta apenas o baixinho, que assiste a tudo isso atônito. "Vai se juntar a eles? Se não leve-os embora." Ele se aproxima e pega seus companheiros caídos. Incrivelmente, ele consegue arrastar os dois companheiros inconscientes, exibindo uma força surpreendente para alguém de sua estatura.
O rapaz se volta novamente para a garota, ele ia falar algo, mas o barulho de algo caindo em seus pés o interrompe. Eles olham juntos para a fonte do som e veem uma meia-máscara que cobre a área dos olhos, metade preta e metade branca, com a abertura para os olhos em formato de meia-lua.
A garota encara a máscara, perplexa, e depois volta o olhar para o rapaz, alternando entre os dois. Com uma surpresa estampada no rosto, ela finalmente diz: "Você é ele! O Ladrão Mascarado!"
…
Kazuma olha para a garota que tem expectativas nos olhos. Ele rapidamente se abaixa, pegando e escondendo a máscara entre suas roupas enquanto lamenta internamente.
"Por que essa coisa tinha que cair agora?" resmunga ele em seus pensamentos. Tinha se acostumado a ser o Ladrão Mascarado, e agora seu disfarce estava em perigo.
"Ladrão Mascarado? Do que você está falando? Não sei de nada disso," tenta Kazuma, mas sua tentativa de dissimulação é terrivelmente óbvia.
"Não adianta mentir, sei que é você. Uma máscara preta e branca, habilidades incomuns. Mas você não parece tão bonito como as histórias dizem," a garota comenta com uma mistura de surpresa e desapontamento.
"Oi! Minha aparência é acima da média," responde Kazuma indignado. No entanto, ele percebe que tentar negar isso só a deixaria mais certa de sua identidade.
Ele suspira profundamente, tentando acalmar seus nervos. "Agora, o que eu faço com você, já que descobriu minha verdadeira aparência?" Kazuma estreita os olhos enquanto observa a garota, que agora exibe uma expressão preocupada.
A garota olha para os lados em busca de uma saída, mas não vê nada que possa ajudar. Em um ato de desespero, ela grita: "Me torne sua aprendiz!"
Kazuma a fita e pensa rapidamente. "Ela tem um talento para o roubo. Conseguiu pegar minha sacola de moedas. Eu a peguei, mas foi mais por azar dela que minha mão passou por onde estava a sacola."
Kazuma apoia a mão no queixo, ponderando. "Definitivamente vou precisar de ajuda para meu próximo roubo. Ela pode ser útil."
"Qual o seu nome?" pergunta Kazuma à garota.
"Felt!" ela responde, flutuando entre receio e expectativa pela resposta.
Kazuma estala os dedos, afrouxando a corda que a prendia e a soltando. "Tudo bem. Eu te aceito como minha aprendiz." Ao ouvir Kazuma, Felt exibe um sorriso largo e salta de felicidade.
"Finalmente! Finalmente! Vou conseguir a vida que sempre quis." Felt pensa. Ser ensinada por um famoso ladrão abre novas portas para ela.
Ela se acalma e pergunta a Kazuma: "Como posso te chamar?"
Kazuma pensa um pouco e dá um sorriso sagaz. "Sou Lupin, Arsene Lupin. Mas agora sou seu professor, então me chame de Mestre ou Professor."
"Entendido, Mestre," responde Felt. Sua resposta é acompanhada pelo som do ronco de seu estômago. Ela olha para baixo, envergonhada, e Kazuma dá uma risada.
"Vamos comer algo."
Continua…
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Notas do autor: E aqui esta o arco dois. Aproveitem.
