Arco Dois - Mestre e Discípulo
Capítulo Dois - Primeiras Lições
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Depois de aceitar Felt como sua aprendiz, Kazuma, também conhecido como Mestre Lupin, decide encontrar um lugar para comer e discutir seus próximos passos. Ele conduz Felt pelas movimentadas ruas da cidade, em busca de um local adequado para sua refeição e conversa.
Finalmente, Kazuma escolhe um restaurante de aspecto refinado que parece promissor. Ao entrarem, são recebidos por um atendente que os avalia com certo desprezo. É evidente que estão sendo subestimados devido à aparência desgastada de Felt, que está coberta de sujeira e veste roupas simples.
"Vou querer uma mesa para minha amiga e eu." Diz Kazuma.
O atendente faz menção de expulsá-los do local. "Desculpe, mas este é um local destinado a pessoas de alta classe. Eu sugiro que saiam antes que eu chame a segurança", declara o atendente com arrogância, fazendo um gesto para que se retirem.
Felt fica furiosa com o tratamento dispensado e já está se preparando para revidar com palavras afiadas, mas Kazuma intervém com calma e uma pitada de mistério.
"Contudo, acredito que nosso dinheiro seja tão valioso quanto o de qualquer outro frequentador deste estabelecimento", responde Kazuma calmamente, enquanto tira de um bolso uma moeda peculiar e a exibe ao atendente com orgulho.
A moeda é de um tamanho considerável e brilha com uma tonalidade prateada mais refinada do que a prata comum. Ela é adornada com a imagem de um dragão.
O atendente, momentaneamente atordoado com a moeda misteriosa, logo recupera a compostura. Ele faz um sinal para um garçom que se aproxima prontamente.
"Por favor, acompanhe nossos distintos convidados até uma mesa", diz o atendente ao garçom, cuja expressão curiosa demonstra que ele se pergunta sobre o atendente aceitar esses clientes, mas seu profissionalismo o faz agir como de costume.
Eles são conduzidos até uma mesa no centro do restaurante. O local está repleto de clientes desfrutando de uma atmosfera animada, com música suave ao fundo e aromas deliciosos de comida pairando no ar.
Ao se sentarem, o garçom entrega um cardápio para ambos, mas Kazuma decide diferente. "O que você recomenda?"
"O faisão assado de hoje está divino. Para acompanhamento, um vinho de safra de 15 anos de Volachia." Disse o garçom.
"Vou querer isso, e para minha amiga também, mas um suco no lugar do vinho."
O garçom assentiu e se afastou com o pedido. Logo retorna com o vinho e o suco, e os deixa sozinhos novamente.
Quando finalmente estão sozinhos, Felt não consegue mais conter sua curiosidade. "Mestre, como você conseguiu que nos aceitassem? E que moeda é essa?"
Kazuma pega novamente a moeda e a exibe com um olhar enigmático. A moeda brilha com seu esplendor único, deixando Felt fascinada.
"Essa é uma Moeda Sagrada. É usada quando se tem grandes transações de dinheiro, uma dessa pode alimentar uma familia por um bom tempo. Ele nos deixou entrar pois esse é o poder do dinheiro."
Felt arregala os olhos com o que ouve. "Mas se você tem tanto dinheiro, por que veio atrás de mim?"
"É que ninguém me passa a perna." Kazuma responde com um sorriso sagaz.
"Agora me fale um pouco sobre você." Kazuma pede e Felt assente. À medida que Felt compartilha suas experiências, detalhando sua vida nas ruas e suas habilidades furtivas, ele escuta atentamente, observando seu potencial como sua futura discípula. Mas a história é interrompida com a chegada do pedido deles.
Kazuma, com uma elegância que lembra a de nobres, aprecia cada pedaço de seu prato elaborado. Por outro lado, Felt se sente um pouco deslocada diante de tal sofisticação e se atrapalha com os talheres, fazendo um esforço para não aspirar a comida com voracidade.
"Coma com calma, Felt. A comida não vai fugir", aconselha Kazuma com um sorriso gentil enquanto observa as tentativas desajeitadas de sua aprendiz.
Felt segue o conselho de seu mestre e tenta se acalmar. Ela começa a comer de forma mais refinada, tentando imitar os modos de Kazuma.
Enquanto saboreiam a refeição, Kazuma decide iniciar suas lições. "Felt, escute. Vou lhe ensinar as regras para te fazer uma boa ladra." Felt olha para ele e assente.
"Primeira regra de um bom ladrão: nunca chame a atenção desnecessariamente", começa Kazuma a instruí-la. "Seja discreta e mantenha-se alerta ao ambiente ao seu redor."
Felt ouve cada palavra com interesse, compreendendo a importância de passar despercebida em suas futuras ações.
"Segunda regra: aprenda a ler as pessoas. Observe-as, identifique seus pontos fracos e use isso a seu favor. Seja amigável com os fracos e desafie os arrogantes."
Felt parece absorver essas lições com rapidez, como se suas experiências passadas já a tivessem preparado para esse aspecto do ofício.
Kazuma continua com sua instrução: "Terceira regra: confie em seus instintos, mas nunca ignore a lógica. Se algo parece bom demais para ser verdade, geralmente é. Sempre tenha um plano de fuga em mente."
Felt faz uma careta, percebendo que isso pode ser mais complicado do que pensava. Ela estava acostumada a agir por impulso.
"Quarta regra: sempre esteja ciente de suas circunstâncias. Conheça os lugares em que você atua, saiba quem são as pessoas influentes e mantenha-se atualizada sobre os eventos importantes na cidade", orienta Kazuma, com uma seriedade que denota a importância dessa regra.
Felt assente, percebendo que esse conhecimento pode ser crucial para suas futuras empreitadas como ladra.
"Quinta regra: mantenha um disfarce convincente. Às vezes, a melhor maneira de passar despercebido é se parecer com alguém que não atrairia suspeitas", continua Kazuma.
Felt contempla essa regra, entendendo que a capacidade de adotar diferentes identidades pode ser uma ferramenta valiosa em sua carreira.
Kazuma sorri satisfeito com a dedicação de Felt em aprender e prossegue com a instrução.
"Sexta regra: pratique suas habilidades regularmente. O treinamento constante aperfeiçoa seus talentos e a mantém afiada", aconselha ele. "Apesar de essa ser uma regra que nem sigo." Pensa Kazuma.
Felt, determinada a ser a melhor, concorda com entusiasmo.
Enquanto Kazuma compartilha essas lições com sua aprendiz, o restaurante ao redor deles continua a ecoar com risadas, conversas animadas e música suave. A atmosfera do lugar é uma mistura de luxo e animação, proporcionando um cenário intrigante para o aprendizado de Felt.
Felt continua a absorver as palavras de seu mestre, fascinada e grata por essa oportunidade de aprendizado. Ela agora está mais determinada do que nunca a seguir os passos de Mestre Lupin e se tornar uma ladra habilidosa.
…
A conversa fluía harmoniosamente entre Kazuma e Felt, até que uma voz feminina, carregada de arrogância, interrompeu a atmosfera tranquila. A mulher estava sentada em uma mesa ao lado, com sua presença imponente e seu vestido vermelho berrante, destacando-se no ambiente refinado do restaurante. Seus cabelos laranja caíam em cachos perfeitos, e seus olhos vermelhos observavam os arredores com uma expressão desdenhosa.
"Eu costumava gostar de vir aqui para desfrutar de uma boa refeição, mas agora que este lugar aceita 'ratos', não voltarei mais", proclamou ela com um tom de superioridade, alto o suficiente para que todos ao redor pudessem ouvir.
Kazuma imediatamente percebeu que a mulher estava se referindo a ele e a Felt. Ele se virou na direção dela, encarando-a diretamente. Ela era notavelmente alta, e seu busto volumoso rivalizava com o de Darkness. Seu leque vermelho era usado não apenas para amenizar o calor, mas também para esconder seu sorriso de desdém. O atendente, visivelmente desconfortável, aproximou-se na esperança de apaziguar a situação.
"A comida deste restaurante é realmente excelente. Eu estava planejando voltar aqui mais vezes, mas é difícil aproveitar uma refeição com uma cadela latindo aos meus ouvidos", Kazuma retrucou com um tom firme e voz alta o suficiente para ser ouvido por todos.
A mulher arregalou os olhos em surpresa pela resposta ousada de Kazuma. "O que você disse?"
"Repito, foi exatamente o que você ouviu. Ou o latido da sua boca abafou minha voz?" Kazuma retrucou, não se intimidando.
O atendente estava cada vez mais desconfortável com a discussão acalorada. Enquanto isso, um homem corpulento e imponente surgiu entre a mulher e Kazuma. Ele parecia ser uma figura de autoridade, e sua voz era calma quando falou.
"Peço desculpas pela minha senhora. Ela não está acostumada a interagir com pessoas de seu status", explicou o homem, referindo-se à mulher.
Kazuma observou o homem atentamente. Era alto e musculoso, usando uma capa laranja que destacava sua presença. Um capacete de ferro com uma flâmula vermelha cobria sua cabeça. Kazuma também notou que o homem tinha o braço esquerdo ausente.
Kazuma sente sinceridade nas palavras do homem. Ele pensa em aceitar para acabar com o conflito, mas a mulher não desiste. "Aldebaran. Dê um jeito nessa ralé que me insultou." Ordena a mulher.
Embora o homem, chamado Aldebaran, tentasse persuadir a mulher a desistir da discussão, ela parecia decidida a continuar.
Kazuma decidiu intervir para encerrar a discussão. "Chega!", anunciou com autoridade. "Que tal resolvermos isso de uma maneira mais civilizada, através de um jogo?"
A mulher ergueu uma sobrancelha, considerando a proposta de Kazuma. Seu sorriso parecia indicar que ela acreditava já ter a vitória garantida. "Um jogo? E qual será a aposta?"
"O perdedor deve pagar as refeições do vencedor e seus convidados, além de não poder voltar a este restaurante", propõe Kazuma com um sorriso confiante.
A mulher ponderou a oferta por um momento e finalmente concordou. "Muito bem. Que tipo de jogo é esse? Um duelo, talvez? Se for, Aldebaran me representará." Ela olhou para seu acompanhante, que se resignou diante do pedido de sua senhora.
"Pode-se dizer que é um duelo, mas não é necessário um representante. Você mesma pode participar", explicou Kazuma. "Será um simples jogo de pedra-papel-tesoura."
A mulher hesitou por um instante, claramente desconhecendo o jogo, enquanto Aldebaran explicava as regras detalhadamente.
"Então é só isso? Tudo bem, vamos jogar", concordou a mulher, apesar de ainda expressar dúvidas. "O primeiro a conseguir três vitórias vence."
Kazuma e a mulher se prepararam para o desafio, posicionando-se de frente um para o outro, com as mãos prontas para o jogo. A tensão no ar era palpável enquanto começavam sua partida.
""Pedra-papel-tesoura!"" Dizem ambos.
…
Caminhando por um parque, Kazuma estava de ótimo humor após sua vitória esmagadora no jogo de "Pedra-papel-tesoura". Felt observava seu mestre com curiosidade e finalmente decidiu que era hora de fazer uma pergunta que a intrigava.
"Mestre," chamou Felt, rompendo o silêncio descontraído, "você não acha que quebrou várias regras lá atrás?"
Kazuma virou-se para encarar sua aprendiz com um sorriso misterioso. "Ah, minha querida aprendiz, eu esquci de dizer a última regra que sempre sigo: às vezes, apenas às vezes, é necessário jogar as regras pela janela e se jogar de cabeça na situação diante de você."
Felt parou por um momento, claramente intrigada. "Então, qual é o propósito das regras, afinal?" Ela indagou, buscando entender o raciocínio de seu mestre.
Kazuma soltou uma risada cativante. "As regras, minha cara, são como diretrizes. Mas a verdadeira diversão reside em quebrá-las e abraçar as surpresas da vida."
Mudando de assunto, Kazuma voltou sua atenção para Felt. "Você mencionou que vive nas favelas, não é?"
Felt assentiu com a cabeça, curiosa sobre para onde a conversa estava indo.
"Perfeito," disse Kazuma, com um brilho travesso nos olhos, "quero que vá até as favelas e espalhe a notícia de que o restaurante que visitamos hoje oferecerá refeições gratuitas para qualquer pessoa que alegar ser convidada por Arsene Lupin."
Felt pareceu hesitante com a ideia. "Mas por que você quer fazer isso?" Ela perguntou, preocupada com possíveis consequências.
Kazuma deu de ombros, mantendo o sorriso malicioso. "Ela me insultou, minha querida. Como mencionei antes, não importa quem seja; eu sempre retribuirei na mesma moeda. Agora vá, e eu a esperarei aqui."
Felt assentiu e, em um piscar de olhos, desapareceu como um redemoinho, deixando Kazuma surpreso com a velocidade de sua aprendiz.
Cerca de duas horas depois, Kazuma estava tirando um cochilo em um banco quando Felt voltou triunfante. "Missão cumprida," ela anunciou.
Kazuma esfregou os olhos e se espreguiçou. "Você conhece uma boa hospedaria por aqui? Acabei de chegar à cidade hoje."
Felt pensou por um momento até se lembrar de um lugar adequado. "Siga-me."
Numa parte mais tranquila da cidade, Felt conduziu Kazuma a uma hospedaria onde conhecia alguns dos funcionários. Kazuma fez o check-in e deu a Felt suas instruções finais. "Nos encontraremos neste parque às 8 da manhã."
Com isso, Kazuma subiu para o quarto. Deitando na cama, Kazuma pensa no dia agitado que teve. Quando o sono está para chegar, uma dúvida entra em sua mente. "Como eu vou ensinar minhas habilidades para Felt se não existe cartão de aventureiro aqui?" Essa pergunta fez Kazuma passar a noite acordado pensando em uma solução.
Continua…
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Notas do autor: Capítulo cinco. Aproveitem.
