Hey, olá!~

Faz algum tempo que não perturbo ninguém com minhas fanfics sem sentido, como vocês estão?
Por enquanto, estou postando essa fanfic aqui que foi escrita em janeiro deste ano para o concurso do Discord do jogo Saint Seiya: Legends of Justice. Como faz tempo que não escrevo nada, peço desculpas se ficar um pouco OOC!
(E, por favor, ignorem o nome cafona D: Eu estava sem ideias)

Também irei postar no FF e no AO3, em inglês.

Flocos de neve caíam do céu, pintando o gramado de branco. O sol estava se pondo e crianças corriam alegremente pela rua, o som alto de risadas invadindo os ouvidos de quem estivesse por perto. Fazia anos que não sentia-se assim, tão leve e vivo, sem preocupações ou medos. Ele estava, enfim, em paz.

Perdido em seus próprios pensamentos, mal podia acreditar que aquilo era real – depois de tantos anos de sofrimento e dor, coisas simples ganhavam uma importância que antes não tinham. A voz de Saori que alegremente conversava com Shunrei, Shiryu e Seiya ou os risos animados de Hyoga e Shun faziam com que tivesse certeza de que tudo que passara antes era tão pequeno, tão sem importância. Seus olhos logo pousaram em seu irmão, observando cada detalhe com muito cuidado, como quem deseja guardar cada pedaço daquele momento na memória, para que nunca seja esquecido.

Sua mente lhe traiu, trazendo à tona lembranças que jurava ter esquecido. Quando havia sido a última vez em que esteve ao lado do irmão? Ou ainda, quando havia visto Shun tão alegre quanto estava agora? Sentiu os olhos lacrimejarem e, por reflexo, voltou a encarar a janela e observar os transeuntes sem muita atenção. As crianças que outrora brincavam, agora se despediam umas das outras, deixando para trás um boneco de neve que parecia acenar para eles.

Havia sido um longo e tortuoso período em que estiveram separados; um período em que não pôde protegê-lo, em que não pode cuidar dele. Sem dúvidas, Shun era hoje um jovem forte e não mais um menino frágil que por diversas vezes dormiu em seus braços para se sentir seguro. Contudo, o que tornava Shun alguém tão especial era sua gentileza, sua empatia e cuidado com os outros – muitas vezes colocando a si mesmo em perigo para proteger e defender o que considerava certo. Batalha após batalha, Shun se tornava mais forte e isso o enchia de orgulho.

Por outro lado, tantas lutas e perdas tiveram o efeito oposto em Ikki: cada vez mais se via afogado em ódio e mágoa, em vingança e morte. Estava totalmente perdido – até que o carinho e o amor que seu irmão tinha o encontraram, deixando-o em uma confusão de sentimentos. Nunca fora do tipo amigável ou popular, sequer gostava de festividades. Ainda assim, lá estava ele recebendo uma xícara de chá que Shunrei lhe ofereceu, enquanto ouvia Hyoga reclamar com Seiya que teimava em comer os quitutes natalinos que estavam na mesa antes da hora.

Pela primeira vez em muitos anos sentia-se leve; estava feliz e seu coração que por tanto tempo fora como uma pedra de gelo, estava cheio de gratidão. Sentia-se vivo, como nunca havia sentido antes. Ao som das vozes animadas e risadas, a noite foi conduzida com muita alegria e ternura.

Estava quase amanhecendo quando decidiram encerrar a conversa e descansar um pouco. Com abraços animados para uns e apertos de mão educados para outros, seguiram cada um para o seu quarto – exceto Ikki, que apenas ficou no pé da escada observando todos se afastarem até que não houvesse mais ninguém além dele ali. Foi até o sofá e ficou a observar a lareira, que, mesmo no fim, ainda queimava. Era um fogo baixo, mas ele estava lá; mesmo fraco, ainda era capaz de aquecer e queimar.

Estava tão distraído, que quase não percebeu que alguém havia sentado ao seu lado. Olhos gentis o encaravam e logo um abraço apertado lhe foi dado. Um longo suspiro escapou dos lábios de Shun que, sem dizer palavra, apoiou a cabeça no ombro do irmão. Ajudando-o a se ajeitar no sofá, Ikki fez com que o Shun deitasse a cabeça em seu colo, exatamente como faziam quando eram crianças. Acariciando os cabelos do irmão, fechou os olhos e permitiu-se um sono tranquilo. Como a fraca chama que queimava na lareira, assim fora sua vida nos anos que esteve distante. O amor de Shun o trouxe de volta; foi esse o sentimento que o fez lembrar de quem ele era e, assim, reavivar a chama que havia dentro dele e que estava esquecida desde a morte de Esmeralda.

Esses momentos são como pequenos milagres; e são esses milagres que fazem tudo valer a pena.