Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça é Mr.Bones novamente trazendo o segundo capítulo da minha fanfic de Overlord.

Espero que gostem

Com vocês.

Aquele que Voltou

Capítulo 02: O andarilho

"Meu nome é Rumble Redson. Sou um dos jovens ferreiros que trabalha na nova fábrica Runecraft da capital Feo Berkana. Hoje conheci o Rei Feiticeiro e acho que vou morrer".

Rumble abriu os olhos lentamente. Ele viu as luzes da sala, as paredes de pedra e o senhor da morte de pé próximo a ele. Pode-se imaginar a rapidez com que um anão se levanta, mas nada se compara ao pulo que Rumble deu ao se jogar aos pés da entidade.

O anão prostrou-se com a cabeça tocando tão fundo o chão que poderia abrir um buraco, coisa que ele realmente tinha a intenção de fazer, cavar um buraco, se enfiar dentro e tampar tudo pra sumir, tal era sua vergonha.

— Levante-se – ordenou o senhor da morte.

— Me desculpe, Vossa Majestade, não tenho como demonstrar a extensão do meu arrependimento por minhas ações.

— Levante-se eu disse, não tenho como conversar com você nessa posição, e ainda nem sei qual foi a sua falta para julgá-lo. – 'É tão chato ser solene nessas horas, tudo tem que ser tão cerimoniosos… UFF!' – suspirou Ainz.

— Levante-se rapaz, você está se envergonhando e me envergonhando na frente de Sua Majestade, explique-se de uma vez Rumble. – grunhiu entre os dentes um Gondo bastante mal humorado.

— Me desculpe, não foi minha intenção macular a honra do Rei Ferreiro na frente de Sua Majestade.

— Não se preocupe jovem, seu rei não foi diminuído pela sua humildade, mas até isso tem limites, então comece explicando por que você acha que me traiu!

— Certo, ahem…, é uma história uma pouco longa.

— Seja preciso e se atenha aos detalhes para que eu julgue se você está em dívida comigo ou não.

— Bem, isso aconteceu mais ou menos há uns seis meses atrás… Com a libertação de Feo Jera no ano anterior, a reconstrução da cidade estava adiantada, todos estavam animados e logo seriam enviadas mais cargas da nova Runecraft junto com os outros ferreiros que se mudariam para o Reino Feiticeiro. Eu era encarregado de levar uma das carroças e partiríamos no dia seguinte, então eu e alguns amigos resolvemos comemorar, já que essa seria a minha primeira viajem além do reino anão.

Lógico que quase tudo é motivo para beber em se tratando de anões.

— Nós estávamos bebendo no Porco Ensaboado, a estalagem mais próxima da saída das carroças, estava eu, Fineas Rocker, Vulkus Stellman e Brock Shoter. Na verdade não sou muito amigo de Brock, só o suporto por ser sobrinho da minha prima, pessoa desagradável, sempre reclamando, fazendo o menos possível de sua parte, sempre com algum esquema por fora para tirar vantagem, e se isso não fosse possível, pelo menos a outra pessoa teria prejuízo.

— Não vejo o porquê de você mencionar tanto os defeitos desse seu… "conhecido" – disse Gondo.

— Bem, é porque ele morreu! Quero dizer, não é que eu queira falar mal dos mortos, mas é que não há motivo para falar bem também – continuou Rumble.

— O que aconteceu é que estávamos na estalagem, bebendo e jogando um pouco, ninguém ainda tinha ganhado muito nos últimos meses, mas o futuro era otimista, então estávamos fazendo um joguinho amigável, jogando por cobres sabe, Brock estava roubando como sempre, nada que fosse preciso brigar, mas isso tirava um pouco o ânimo.

— Foi então que entrou na estalagem a coisa mais estranha que já tinha posto os pés lá, um humano.

— Humano! - exclamaram os dois reis simultaneamente.

— Sim, humano, um homem. Isso era novo mesmo, a gente sabia que começaríamos a fazer mais comércio com outros povos, mas nunca imaginamos que alguém viria tão cedo, ainda mais um humano! Geralmente, nós que saímos para negócios e faziam décadas desde que o último apareceu. Se tivesse vindo para comércio ou outro assunto teria usado a entrada principal e ido para as áreas de entrada da cidade, mas ali?! Ali era a saída pela porta dos fundos.

— Continuamos a jogar, mas lógico que ficamos com meio ouvido naquela pessoa.

— Ele estava molhado, mas não sujo, nem parecia ter vindo de uma longa viagem ou carregava uma mochila grande. Foi direto para o balcão falar com Forge, o dono da estalagem – figura bruta, de poucas palavras, uma boa pessoa que passou por tempos difíceis quando o único dinheiro vinha da bebida e comida vendida em uma cidade que ficou em guerra por quase uma década. O estranho pediu quanto era para passar a noite, nove cobres aliás, eu sei porque ia dormir lá e sair cedo junto com Fineas e Vulku.

— "Nove cobres", disse o Forge, "adiantado".

— Então o humano disse: "Veja, meu nome é… Telcontar" – desse jeito ele falou – "eu estou meio sem dinheiro agora, mas gostaria de saber se o senhor teria algum trabalho para eu poder pagar o quarto e uma refeição".

— "Sem trabalho" – falou Forge, e então continuou – "Desculpe amigo, mas as coisas só agora estão começando a andar de novo, ainda não posso abrir mão de alguns cobres" – nunca tinha visto Forge usar tantas palavras em uma mesma frase.

— "Contudo… posso negociar se você tiver algo trocável" – Forge continuou enquanto olhava a bolsa surrada do estranho.

— "Desculpe, mas o que tenho aqui tem um valor sentimental pra mim e não posso trocá-lo".

Então ele se virou e nos viu jogando, veio em nossa direção e sorriu.

— "Olá! Sou Telcontar, posso jogar com vocês?"

— "Ora, veja amigo, a gente está jogando apenas pra se divertir e passar o tempo, jogando por cobres" – eu disse.

— "Além disso, sabemos que você não tem dinheiro." – sutil como sempre o Brock.

— "Ora, eu achei que poderia tentar algum serviço com os senhores".

— "Nah! Não é a gente que contrata os trabalhadores, mas se quiser jogar, talvez o que esteja nessa bolsa sirva como aposta" - Falou rindo o Brock.

— "Ok."

— "Como assim!?" – eu disse – "Meio que a gente escutou você falar que o que tinha nessa bolsa só tinha valor pra você e que não podia trocar, agora você nem hesitou em apostar o que quer que seja isso" – eu retruquei.

Ele apenas sorriu e disse que não tinha problema em apostar, bastava ele ganhar, nisso a gente riu alto.

Ele só pediu pra não mostrar o que tinha na bolsa, ia fazer parte do suspense da aposta, podia ter pedras ou um retrato com bordas de prata, realmente uma aposta. A gente só deu de ombros, mas o Brock, ele tinha aquele sorriso estranho que ele faz quando tem alguma tramoia em mente.

Coisas de valor sentimental geralmente valem mais do que se pensa, pingentes ou broxes com imagens pelo menos valem algumas pratas e Brock sabia disso.

— "Certo eu sou Rumble, este é Fineas, aquele é Vulku e o marrento com as cartas é Brock".

— "Eu sou Telcontar, ao seu dispor. Certo! O que estamos jogando?"

— "Cartas anãs, você conhece? Eu embaralho".

— "Já joguei anos atrás, mestre Brock."

— "Você já jogou com anões antes? Carta".

— "Ah sim, mestre Rumble, há algumas décadas atrás eu passei por aqui, as coisas não estavam tão ruins."

— "Por favor, pare com os honoríficos, ainda somos jovens demais para sermos mestres ferreiros, mas faz bastante tempo desde a sua última visita hein!? Carta, eu aumento dois cobres".

— "Certo, só gosto de ser educado mest- senhor Vulku, mas faz bastante tempo mesmo, eu gosto de viajar, conhecer outros lugares."

— "Eu gosto de ser chamado de mestre, pode continuar chamando Ha! Há!"

— "Não duvido disso, mestre Brock, não duvido."

— "Sabe, pode ser muito perigoso sair andando por aí sozinho, nem todo mundo é tão hospitaleiro."

— "Eu sei me virar mestre Brock, e basta ser um pouco correto com as pessoas pra não arrumar problemas. Carta."

— "Um pensamento simples, mas honesto, eu estou fora."

— "Na próxima você ganha Fineas."

— "Não do jeito que você dá as cartas, Brock."

— "E eu lá tenho culpa se a sorte sorri mais pra mim do que pra vocês! Eu aumento três cobres".

— "Eu saio."

— "Eu também".

— "Certo! O que você tem, mestre Brock?"

— "Três Lords, senhor Telcontar. Há! Há! Há!".

— "Esse é o problema da sorte mestre Brock, às vezes ela resolve olhar para o outro lado. Dois pares de Majestades."

— Vossas Majestades deveriam ter visto a cara do Brock quando percebeu que tinha perdido no próprio jogo.

— "Impossível! Você deve ter trapaceado seu humano!" – xingou Brock.

— "E como eu faria isso? Você que estava dando as cartas!" – replicou Telcontar.

Nessa hora o Brock já tinha levantado e agarrava o humano pelo colarinho. A gente já ia intervir, quando vimos o que o senhor Telcontar segurava em sua mão.

Ele tinha uma adaga de aço colocada no pescoço do Brock, mas o mais incrível era que a adaga tinha duas runas… de cada lado!

— Quatro runas! Em uma adaga, nós mal colocamos três, onde ele arrumou isso!? – Disse Gondo.

O olhar de Ainz se tornou sinistro e as chamas dentro de seus olhos se acenderam – 'Uma adaga de quatro runas deve ser rara no Novo Mundo, provavelmente um item vindo de um jogador, ele mesmo pode ser um jogador ou descendente' – os alertas dispararam dentro da cabeça do ser supremo.

— E o que aconteceu depois, senhor Rumble?

— Ah sim Vossa Majestade, nós meio que começamos um "deixa disso" com o Brock, que já tinha ficado assustado com a lâmina. Então o senhor Telcontar disse:

— "Acho que você não começaria uma briga por causa de onze cobres, não é?"

— "Não, claro que não!" – o Brock falou quase se mijando.

— "Então acho que estamos resolvidos, não é senhores?" – ele disse recolhendo os cobres. Telcontar então se retirou dando boa noite para a gente enquanto sorria.

— Certo, mas isso não explica como você acha que traiu sua majestade!

— Ah sim, isso foi no dia seguinte.

— 'Como os anões gostam de contar histórias' – pensou Ainz – Onze cobres, então ele só ganhou o suficiente para se hospedar.

— E uma refeição Vossa Majestade, que custou dois cobres.

— Só o valor exato para uma noite, deve ter saído com fome pela manhã.

— Ah não vossa Majestade, o café da manhã é incluso.

— Humm, interessante – murmurou Ainz.