Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones com o capítulo 13 da minha Fanfic.

Nesta parte saberemos um pouco mais sobre Tuare e teremos uma participação especial.

Se houver erros me ajudem a melhorar, comentários e correções são bem vindos. Obrigado.

Link para as páginas da fanfiction e Wattpad estará nis comentários.

Com vocês

El que Volvio

Capítulo 13: O que é o amor?

Por todo o tempo que Sebas ficou na audiência com a Rainha, Tuare se manteve ao lado da porta junto com o valete, aguardando. Muitos serviçais passavam pelo corredor e às vezes era possível ouvir que falavam sobre o embaixador.

As pessoas possuem a tendência de não perceber o que acontece à sua volta, já que o ambiente comum e sem perigo leva ao ponto de relaxamento. Por sua vez, aventureiros possuem um nível de atenção muito maior devido à natureza de seu trabalho – o risco de morte por uma desatenção é grande. Da mesma forma, na Grande Tumba de Nazarick, o lugar mais perigoso no Novo Mundo para um humano, qualquer deslize pode significar morte, mas Tuare já estava acostumada, não só por causa da exposição a tais perigos, mas também pelo seu treinamento.

Umas das qualidades mais prezadas na Tumba é a excelência, ou seja, fazer o seu melhor serviço o tempo todo o máximo possível. Tuare foi treinada para isso, e mesmo o ser humano pode ser ensinado a ser 100% eficiente com as ferramentas e motivação certa.

Aqui neste palácio humano, onde os maiores perigos eram as maquinações mundanas, os sentidos de Tuare podiam perceber conversas a dezenas de metros de distância: ela podia ouvir as empregadas cochicharem sobre como o embaixador era bonito, se era casado ou sobre qual família conseguiria chamar sua atenção com uma de suas filhas.

Em E-Rantel, enquanto passeava com Sebas, Tuare percebia também essas conversas, mas num tom mais respeitoso. Por estarem sempre na companhia um do outro em seus momentos de folga, as pessoas sabiam que havia um relacionamento entre eles, além disso, Tuare detinha um cargo importante na mansão do Rei Feiticeiro. Mas aqui… aqui ela era apenas uma empregada acompanhando seu mestre.

Mestre, companheiro, namorado, afinal o que eles eram? Tuare às vezes se pegava pensando nisso, qual era o seu relacionamento com Sebas?

Ela era a namorada dele? Pois passeavam juntos, comiam juntos, andavam de mãos dadas pela cidade e às vezes se beijavam em locais discretos, mas nunca houve uma conversa, sobre isso, simplesmente surgiu depois que ela foi salva, duas vezes, por Sebas. Na verdade, quem tomou a iniciativa de beijá-lo foi ela. Será que ele sentia a mesma coisa que ela ou apenas se sentia na obrigação de corresponder a uma ilusão que ela mesma criou?

Ela era sua companheira? Pois eles repartiam seu tempo juntos e muitas coisas levavam a conversas onde as decisões de Sebas eram ponderadas pelas ideias dela. Isso é companheirismo, não é? Há amor nisso?

Ela era a serviçal que seguia seu mestre? Ela era uma empregada, mas será que ela seria somente isso, alguém que estava ali para servir Sebas em todos os seus desejos, afinal, por ter tido sua vida salva por ele, ela estava em dívida. Por que então não usufruir disso o máximo possível, mesmo que eles talvez nunca se tornassem íntimos em uma cama?

Olhando para si mesma, Tuare percebia o quanto era deficiente no quesito atração quando comparada às outras mulheres. As empregadas homúnculos podiam ser descritas como perfeitas, todas eram diferentes umas das outras, mas o charme de cada uma era inegável. Em E-Rantel, mulheres nobres com muito mais prestígio em seu dedo mínimo circulavam nas ruas. Aqui, as filhas mais voluptuosas do reino se mostravam disponíveis, e agora até a rainha estava em uma conversa privada com Sebas.

Em contrapartida, Tuare não era mais tão jovem, seu jeito era simples, apesar de seus modos terem sido refinados à perfeição para o padrão humano, e o seu passado era horrível. Quem poderia querer algo com ela?

Esses pensamentos intrusivos surgiam de vez em quando, achar que não era o suficiente ou que apenas tinham pena dela, até mesmo questionar o seu amor por Sebas. Ela realmente amava ele? Talvez tudo não passava de admiração ou algum tipo de obrigação mental de servir a quem tinha lhe salvado.

Então, ela estava apaixonada ou apenas admirava muito seu salvador? Quando esses pensamentos apareciam, ela se lembrava da melhor resposta que pôde obter de si mesma, e essa resposta veio com a ajuda de um lugar inesperado, do Lord Demiurge.

Poucas semanas após passar pelo treinamento mínimo exigido pela Senhora Yuri Alfa e começar o serviço na Grande Tumba, Tuare foi convocada para limpar no andar do arquidemônio. As empregadas ficaram em polvorosa, pois raramente alguém ia lá, os serviços eram realizados pelas convocações do Lord Demiurge. Várias empregadas se reuniram para preparar Tuare, lhe trazendo anéis de sustento e resistência – essa foi a primeira vez que as empregadas homúnculos pareciam se solidarizar com a humana, mostrando um nível de preocupação visível.

Ao chegar no andar que se parecia com uma caverna vulcânica, Tuare foi escoltada por um demônio com a aparência de um homem extremamente belo, com chifres e asas de morcego. Passaram por criaturas vindas de locais abissais, os horrores lançavam olhares para a humana, e ao chegarem a um enorme prédio, ela foi recebida por outro demônio: este tinha a forma de uma mulher que gritava, em todos os sentidos, luxúria: lábios que fariam um homem se derreter, seios enormes, quadris sedutores e roupas mínimas. O ser demoníaco a levou por corredores labirínticos, onde em cada sala que passavam algo indescritível estava sendo executado, seguiram então até o que seria o escritório do guardião do andar.

O arquidemônio estava sentado atrás de sua mesa, parecendo aguardar a chegada da empregada, com largo um sorriso a cumprimentou.

— Bem-vinda. Gostaria que você realizasse a limpeza desta sala.

— Um bom dia para o senhor, Lord Demiurge. Começarei imediatamente.

Os equipamentos de limpeza já estavam ali à disposição da humana, e estranhamente, o local parecia impecável, o que não impediu que Tuare fizesse todo o serviço de limpeza novamente. Enquanto ela trabalhava, o guardião mantinha seus olhos em cima dela, até que veio a pergunta.

— Como você tem passado, gostando da estadia?

— M-Muito bem, obrigada, Lord Demiurge. Os dias são atarefados e todos estão sendo muito cortêses, mas acredito que ainda precisarei me esforçar muito para chegar perto das habilidades das outras empregadas.

— Claro que sim, afinal há limites para o que um humano pode realizar, não é?

— Como o senhor disse. Mas, mesmo assim, me empenharei ao máximo para que possa servir aqui.

— Essa é uma atitude louvável, pois não há maior honra do que servir ao Rei Feiticeiro.

— Acredito que seja, ma-… Lamento, Lord Demiurge, não deveria expressar meus pensamentos sem sua autorização.

— Por favor, não pare agora. Gostaria muito de saber sua opinião sobre nós.

Tuare engoliu em seco. Ela estava de costas para o arquidemônio, mas podia sentir um misto de hostilidade e malícia que vinha dele, na verdade, de todos que estavam neste andar. Na maioria do tempo na Tumba, o que ela sentia era indiferença, mas aqui a sensação era de que queriam ela para o jantar, e não da forma boa.

Ela ponderou suas palavras, respirou fundo e falou.

— A-Acho que todos na Grande Tumba de Nazarick estão apaixonados.

— Apaixonados? – isso foi estranho até para Demiurge. Amor, vindo de um demônio! – Explique.

— Acho que todos que aqui habitam amam a Grande Tumba de Nazarick e o Rei Feiticeiro - Tuare era uma mulher simples, nunca teve muito estudo, seus pensamentos e forma de falar apenas agora estavam se desenvolvendo, graças às aulas de Sebas e Yuri Alfa, mas ainda era difícil pôr em palavras o que ela queria dizer.

— Não é normal amar o seu governante supremo?

— Não no nível dos habitantes daqui, Lord Demiurge. Se me permite explicar, acho que a dedicação aqui vista não pode ser encontrada em lugar nenhum e só pode ser considerada como amor, puro e incondicional.

— Se alguém se dedica a um serviço por mera obrigação, isso seria servidão. Se fossem seguir alguém pelo seu poder, seria apenas por interesse. – Tuare continuava – Se o significado dela for pessoal, como adorar a um deus, seria devoção. E se você sacrificar tudo por essa pessoa o tempo todo, seria martírio.

— Mas não é o que acontece aqui. Todos se dedicam o tempo todo a fazer o seu melhor para a prosperidade da Grande Tumba e do Rei Feiticeiro, competindo entre si, mas também se apoiando para o bem comum – falava Tuare, tentando usar o máximo de educação e as novas palavras que havia aprendido recentemente.

— Então não seríamos diferentes das opções que você disse antes, seriamos apenas fanáticos – apontou o arquidemônio com óbvio desgosto.

— I-Isso seria verdade se o Rei Feiticeiro não fosse quem ele é. Nas poucas semanas em que estou trabalhando aqui, eu vi como ele cumprimenta as empregadas quando passam pelo corredor, como demônios são tratados com respeito ao encontrarem com ele, e como as criaturas frágeis do sexto andar são protegidas pela mão de seu senhor – Tuare respirou fundo antes de proferir as próximas palavras.

— Aqui está a diferença: todos recebem amor e gratidão do Rei Feiticeiro em retorno à sua dedicação. Eu ainda não estou pronta para servi-lo diretamente em seu escritório, mas a maior queixa que parece vir das empregadas é de que tirarei uma parte infinitesimal de seu tempo e atenção com o Rei Feiticeiro. Se isso não é amor, como posso chamar?

— Um amor que é dedicado ao nosso senhor, inclusive por Sebas – disse Demiurge.

— Sim, o amor do Senhor Sebas para a Grande Tumba é inquestionável. Por isso mesmo que preciso me esforçar para ser aceita como parte de Nazarick, assim também farei parte desse amor.

— O senhor disse que sou apenas humana, e é verdade, nunca poderei me comparar às outras empregadas de Nazarick, mas não é isso que importa, não importa se você é apenas uma convocação ou um grande guardião, contanto que façamos o nosso melhor, nosso senhor nos amará da mesma forma.

Tuare nem havia percebido que chamara a Grande Tumba de jeito tão informal ou que se referira ao Rei Feiticeiro como seu mestre, mas Demiurge percebeu.

Ele também percebeu que Tuare não havia demonstrado interesse no Incubus ou na Succubus que a acompanharam, ou que tivesse pensamentos preconceituosos por todos os demônios por onde passou, medo, talvez. Ela nem mesmo vacilou ao passar pelas salas onde torturas estavam sendo aplicadas em outros humanos. Sua vontade e resolução estavam focadas em ser aceita na Tumba.

O arquidemônio procurava uma falha que justificasse a retirada da proteção de seu senhor, mas tudo que recebeu foi um presente inesperado: a noção de que eram amados por seu mestre, pois isso era perceptível até para a humana.

Demiurge agradeceu pelo serviço e dispensou Tuare para se retirar. No caminho de volta, a sensação de desprezo que sentiu ao entrar havia diminuído a ponto de quase desaparecer. Na verdade, ela até foi cumprimentada ao passar por demônios que usavam tridentes para enfiar algo em uma cratera fumegante. Aparentemente, todos eram convocações do Lord Demiurge, logo compartilhavam de sua opinião, o que para Tuare significava que ela havia passado pelo teste do guardião.

Ela nunca contou isso a Sebas, mas talvez compartilhasse o acontecido algum dia, pois se lembrava disso com carinho. Foi ali que ela percebeu que os servos da Grande Tumba podiam amar e que podiam mudar de ideia sobre certas coisas. Talvez Sebas nunca a amasse como amava Nazarick, mas ela esperava que pudesse algum dia amá-la como mulher.

Logo que Sebas saiu da audiência com a Rainha, os três seguiram para suas acomodações. O quarto de Tuare e do valete ficavam em lados opostos, ligados por portas internas ao de Sebas. Ao chegarem lá, se dirigiram para os seus cômodos.

— Tuare, por favor, fique. Gostaria que você me fizesse companhia mais um pouco.

— Claro, Senhor Sebas, o Senhor provavelmente quer discutir sobre… aquele assunto.

— Não, de jeito algum. Gostaria apenas de ficar um pouco mais com você.

Tuare então abriu um verdadeiro sorriso de felicidade