Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr. Bones com o cap.25 da minha fanfic, Aquele que Voltou.

Néia escuta historias de fantasma.

Se gostaram comentem e compartilhem.

Com vocês

Aquele que Voltou

Capítulo 25: Lembranças

— Senhorita Neia, sei da natureza urgente de nossa busca, mas essa não seria uma maneira um tanto imprudente de conseguir informação?

— PRÓXIMO! Você reconhece esta pessoa? Não? Obrigada! Por que diz isso senhor Éclair?

— Bem, me parece que há, pelo menos, algumas centenas de pessoas nesta fila que agora estão sabendo de coisas que gostaríamos que não fossem divulgadas mais do que o estritamente necessário.

— PRÓXIMO! Você conhece esta pessoa? Não? Obrigada! Não acho que o senhor precise se preocupar com isso, os fiéis nunca contariam para ninguém.

— Como pode ter certeza, senhorita Neia?

— Oras, por que eu pedi para não contarem, senhor Éclair. PRÓXIMO!

Neia, após meses presenciando como os fiéis seguiam suas orientações ao pé da letra, passou a imaginar que se tratava apenas de um nível alto de devoção que eles possuíam, em vez de ser o forte controle mental que ela exercia sem saber.

— O senhor conhece esta pessoa?

— Sim senhorita, acho que conheço – disse um ancião.

— Por favor senhor, venha comigo até a outra sala. Bertrand, continue vendo se mais alguém reconhece o desenho.

— Muito bem, senhor…? – questionou Neia.

— Frogus Enói, mas pode me chamar de Frog.

— Obrigada pela ajuda, senhor Frog. Como o senhor conhece esta pessoa e o senhor tem certeza de ser ela?

— Bem, certeza não posso garantir, tenho boa memória para rostos, mas acho realmente que sei quem ele é? – disse o ancião que parecia querer fazer suspense.

— Então, quem ele é?

— O Fantaaaasma do Cemitééério! – falou o homem gesticulando as mãos como se fossem algo para se assustar.

— Eh!? – Neia ficou sem entender.

— Desculpe a brincadeira senhorita, mas é assim que o chamo pois o tenho visto visitar o cemitério principal há muitos anos. Sempre no começo da noite, ele vem a cada cinco ou dez anos, pode ser que venha com mais frequência e eu não o tenha visto, mas sei que é a mesma pessoa.

— O senhor já conversou com ele alguma vez, perguntou o nome dele?

— Sim, conversamos na primeira vez que o vi, nas outras vezes apenas o cumprimentei, ele me disse que se chamava Connor, nunca vou esquecer do susto que levei He He He!

— O senhor poderia nos falar mais, como foi esse encontro?

— Bem, eu estava fugindo do meu pai, não queria fazer os serviços que ele tinha para mim, meu pai era o coveiro na época, agora quem tem esta função sou eu.

— Então eu estava me escondendo ao lado de uma das criptas quando ele apareceu do nada atrás de mim e disse "Oi!", deu pra sentir a minha alma saindo pela boca, e outras coisas por baixo, ainda bem que consegui me segurar He He He!

O homem parecia se divertir contando a história e Neia se mostrava bastante interessada, Éclair atento e CZ, bem, de CZ não se podia ter uma noção do que pensava, como sempre.

— Continuando, ele me deu um baita susto e perguntou o que eu estava fazendo ali! Meu pai sempre me disse para não conversar com estranhos, mas ele parecia diferente, como um velho amigo, eu contei que não queria trabalhar ali e ele me perguntou o motivo.

— Eu disse "Quem quer trabalhar em um cemitério?!", ele disse que era uma função muito importante e me perguntou qual o problema em trabalhar ali.

— "Os mortos" eu falei, o problema é os mortos, e ele falou "Qual o problema com os mortos? Eles estão mortos, não podem te machucar".

— "Mas e quando eles saem por aí atacando pessoas e mordendo elas?" eu disse, "Ah! Os mortos-vivos, você tem medo dos mortos-vivos" ele falou.

— Ele disse que não precisava ter medo dos mortos-vivos, cuidado sim, como qualquer espécie basta ser cuidadoso que talvez eu nunca veria um na minha vida. Eu respondi que não entendia, os mortos-vivos aparecem nos cemitérios, como nunca eu ia ver um? Meu pai tinha visto muitos surgirem, dava um trabalhão quando era apenas um, mas se apareciam muitos ao mesmo tempo era preciso chamar aventureiros.

— "Os mortos-vivos surgem do acúmulo de energia negativa, trazendo os mortos de volta. Sem memória e bastante irritados, eles podem ser perigosos, para evitar esse acúmulo é preciso realizar a benção destes locais", ele falou, então eu disse que a igreja cobrava muito para abençoar o local com tanta frequência, então ele disse que mesmo coisas simples podiam ajudar, acender velas, orar pelos mortos ou deixar lembranças eliminavam tais energias. Eu nunca tinha ouvido falar disso, não sabia como era em outros lugares, mas nós apenas enterramos os mortos e deixamos lá, não tínhamos este costume de visitar cemitérios, deixar presentes e coisas positivas. Hoje esse hábito se tornou comum em Horburn.

— Estranho, eu sempre fiz essas coisas desde que era pequena – disse Neia.

— Pois é, depois que começamos a fazer isso, meio que o pessoal viu que apaziguava os mortos e acabaram aderindo.

— Eu então quis saber sobre os outros mortos-vivos, como os lichs, e ele me falou que era raro surgir mortos-vivos superiores. Os lichs eram como represas arrebentando, um acúmulo muito grande de energia negativa sendo liberado de uma vez, mas às vezes, os lichs eram apenas humanos que transcenderam a sua forma usando magia, abdicando da humanidade para se tornar imortais.

— Como eu era muito jovem, perguntei se existiam mortos mais poderosos e ele falou que sim, Lichs ancestrais, Lichs King, eu falei de Surshana, e ele disse que Surshana foi adorado com um deus, mas que não estava no topo da pirâmide. Havia um ser mais poderoso que ele e era extremamente raro, só poderia existir um por vez no mundo, a personificação da própria morte. Se eu me encontrasse com tal criatura, a única opção seria me ajoelhar e me submeter, e talvez, ele disse TALVEZ eu sobrevivesse se jurasse fidelidade. Esse ser ainda não havia aparecido neste mundo, mas eu saberia quando um surgisse, então quando fui resgatado dos campos de Jaldabaoth eu vi esse ser e fiz como fui ensinado.

— Mas quem libertou a maior parte dos campos durante a guerra foi Sua Majestade o Rei Feiticeiro.

— Isso mesmo, quando vi o Rei Feiticeiro eu tinha certeza de que ele era o maior dos seres não vivos, o Overlord.

— Sim, Ainz-Sama é um Overlord, o Ser Supremo que decide sobre a vida e a morte – disse CZ com a costumeira neutralidade, mas Neia pode perceber o orgulho que essas palavras carregavam.

— Isso mesmo que imaginei, hoje eu estou vivo graças a Sua Majestade. O senhor Connor, depois de termos conversado, me perguntou se eu ainda tinha medo dos mortos, eu respondi que não, agora eu tinha pavor deles, e então rimos. Ele se despediu e foi embora, só o vi anos depois quando já cuidava do cemitério sozinho.

— Me desculpe senhor Frog, mas estou confusa, o senhor disse que faz anos que o vê e a sua história parece ser antiga, que idade o senhor tinha quando o conheceu?

— Aah! A senhorita percebeu não é, minha história não fazia muito sentido, eu tinha dez anos quando o conheci, hoje tenho setenta, então eu o tenho visto há pelo menos 60 anos, e ele mal envelheceu. Depois de uns trinta anos vendo ele não mudar eu passei a achar que se tratava de um fantasma, por isso o apelido.

— O senhor o viu recentemente?

— Sim, sim, há poucos meses, como sempre, visitando o mesmo túmulo.

— Obrigada pela ajuda, senhor Frog.

— Eu que agradeço pela oportunidade de ajudar meu Deus e a senhorita.

Após o coveiro se retirar, Neia e CZ repassaram o que haviam descoberto.

— Parece uma história muito estranha, não é, mas não acho que o senhor Frog mentiria.

— Não detectei níveis de alterações na voz que indicassem mentira, mas manipulação mental não pode ser descartada.

— Eu sei CZ, mas para isso precisariam saber com antecedência dessa busca, um nível de preparação muito alto e acesso a informações que só vocês teriam, acho que não é o caso.

— Positivo, somente Ainz-Sama conseguiria prever tais movimentos. Preciso checar o cemitério, procurar evidências.

— Certo CZ, eu vou com você. Bertrand pode continuar verificando se mais alguém reconhece esse Connor, nome estranho.

— Eu ficarei aqui, gostaria de ajudar pondo em ordem algumas coisinhas se a senhorita não se importar – na verdade, Éclair estava a ponto de ter um ataque vendo o estado da bagunça no domicílio improvisado de Neia.

— Mas senhor Éclair, o senhor é meu convidado, não poderia deixar o senhor fazer algo assim.

— Deixe disso senhorita, acredito que toda ajuda deve ser bem-vinda e o meu dever como mordomo número um pode ser estendido para ajudar um servidor tão fiel de Vossa Majestade o Rei Feiticeiro.

— Obrigada senhor Éclair! CZ, acho que podemos ir, o cemitério fica do outro lado da cidade, só chegaremos lá quando estiver bem escuro.

— Sem problema Neia Baraja, eu enxergo no escuro e sua viseira tem visão noturna, ficaremos bem, eu te protejo.

Durante o trajeto, cada um montou em um cavalo. Apesar de CZ ser do tamanho de Neia, sua montaria parecia estar se cansando mais rápido, como era esperado, já que a empregada era muito mais pesada com seu interior feito de metal, mas Neia não sabia disso.

Passaram por vários bairros onde podia se observar o progresso da reconstrução da cidade que parecia estar se recuperando, alguns lugares mais rápido do que outros. O bairro onde ficava a igreja de sua congregação parecia ser o que tinha menos investimentos, talvez quando a igreja estivesse pronta o bairro renasceria, pensou Neia.

Ao chegarem ao cemitério, perceberam várias luzes pelo local, velas acesas em homenagem aos mortos, uma tradição pouco vista fora de Horbur. Seguindo a orientação que o senhor Frog havia repassado, chegaram a uma área pouco visitada.

— Há muitas lapides CZ, como vamos saber qual é?

— Senhor Frog deu descrição do lugar, lápide quadrada com pomba esculpida em cima.

— Humm, vamos ver, a quadra é essa, então deve seeeer eeeessaaaa, achei, aqui CZ.

— Bom trabalho, Neia Baraja.

— O túmulo é de um aventureiro, Misutä Bönzu, tem uma frase meio apagada, "O maior de todos os heróis". Nunca ouvi falar dele, deve ser alguma homenagem. Podemos pesquisar amanhã nos registros junto com o senhor Fro-… – Neia parou no meio da frase, ela estava andando enquanto falava até que percebeu um túmulo simples recém-escavado, sem o caixão que deveria estar dentro. Na lápide, apenas um nome.

— Por Sua Majestade, não pode ser… roubaram o corpo de Remédios Custódio!