Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic de Overlord: Aquele que Voltou.
Como E-Rantel mudou nos últimos meses, e como Yuri Alpha tem passado os seus dias?
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 31: Nova Normalidade
Quando o Herói Negro Momon confrontou o Rei Feiticeiro, aquilo se tornou uma lenda. A grandeza, a coragem, a humildade, e por fim, o acordo – Momon fora capaz de forçar o Rei Feiticeiro a uma barganha e a segurança do povo fora garantida, tudo foi tão épico que parecia saído de um conto ou sonho, por isso estava fora da compreensão das pessoas, algo intocável, uma verdadeira lenda.
Ator de Pandora percebeu isso ao conviver com a população. Em suas conversas, parecia que as pessoas não alcançavam a totalidade do evento, de que eles estavam realmente seguros, a confiança só chegou ao ponto de tornar a vida suportável, então uma nova intervenção foi necessária, esta mais sutil, com a participação de Momon no incidente das crianças, tudo pareceu começar a andar.
A conversa mundana com os pais era algo que as pessoas podiam entender, algo mais natural para suas vidas, lidar com as coisas comuns e o cotidiano às vezes é o máximo que alguém é capaz de suportar.
Quando as crianças passaram a andar pelas ruas sem serem mortas, um sentimento de alívio tomou conta, os adultos circulavam com mais confiança e os serviços voltaram a funcionar, afinal todos precisavam comer, para comer era preciso trabalhar, e para isso tudo o comércio precisava reabrir. Não foi instantâneo, levou meses até uma relativa normalidade.
Nos meses que se seguiram, o fluxo de pessoas indo e vindo para a cidade melhorou, mas então de repente veio o BOOM!
Simplesmente do dia para a noite, centenas de pessoas começaram a chegar: comerciantes, imigrantes e aventureiros vindos de Arwintar, estes últimos atraídos pela nova Guilda dos Aventureiros, agora reformada em sua função e que possuía a famosa Masmorra de Treinamento, algo que atraiu multidões, desde os placas de Cobre querendo aprender, até os Platinas e Mithrils prontos a se testar e conseguir novas armas.
Por falar em armas, um novo comércio floresceu, as armas rúnicas estavam à venda na loja da guilda, vindas a princípio do reino Anão e depois da Vila de Carne onde passaram a ser fabricadas pelos primeiros imigrantes e se tornaram a febre do momento. Mais fortes, com mais efeitos e muito, muito mais baratas que as enfeitiçadas, por causa disso as armas comuns acabaram relegadas às pessoas comuns, mas "se você for um aventureiro, você precisa de uma arma Rúnica", essa foi a propaganda feita. Então quando os primeiros ferreiros anões chegaram a E-Rantel para criar as novas forjas, as encomendas explodiram.
Em seis meses sua população já havia dobrado, os espaços eram todos ocupados, mas os funcionários do Reino Feiticeiro não ficaram parados neste tempo. Durante todo o período, houveram mudanças, as favelas foram desocupadas, seus moradores enviados a fazendas para trabalhar, aqueles que quisessem, lógico, alguns fugiram e depois se arrependeram ao descobrir que quem ficou agora tinha sua própria terra, seus próprios mortos-vivos arando e a vida era muito mais fácil. Vários vizinhos se uniram em grupos e montaram suas próprias fazendas coletivas, assim podiam explorar áreas maiores e unir forças conjuntas para o serviço.
Após esvaziar as favelas, elas foram demolidas pelo Exército de Construção. Em apenas alguns dias, milhares de mortos-vivos arrancaram cada tijolo ou pedaço de madeira aproveitável, seguidos por Cavaleiros da Morte que escavavam os terrenos continuamente, vistos do céu poderiam ser confundidos com formigas cortadeiras que abriam uma enorme ferida na cidade sem parar mesmo durante a noite, foi preciso lançar Silêncio na região para evitar o barulho, e após alguns dias foi possível ver o que estava sendo feito: esgotos, ruas, calçadas, parques, fundações e todo tipo de coisas necessárias para um novo bairro, assim em uma semana os prédios começaram a ser levantados, mas estes tinham aparência estranha, alguns com portas enormes, outros com entradas pequenas, tudo sendo feito ao mesmo tempo em um caos organizado por Elder Lichs, acompanhados por anões mestres na arte da construção. Tudo tinha o seu lugar, por isso até mesmo as ruas possuíam, a cada dez metros, uma runa que aumentava a resistência, e em menos de um mês o bairro Demi-Humano estava pronto.
Todas as casas e comércios já tinham destinos, seus moradores chegaram junto com o Boom. Cadastrados e organizados, agora tinham onde criar suas próprias histórias.
Mas o exército de construção não parou, seguiu construindo bairros pela linha de fora da muralha, agora chamada de Muralha Interna, formando um novo anel ao redor da cidade, isso levou um ano para ficar pronto. Mesmo os bairros antigos não passaram sem reformas, afinal precisavam se adaptar à nova população que chegava, parques foram criados e a disputa para fazer a maior estátua de Ainz se deu início.
Após a conclusão dos bairros externos, os construtores se dividiram em dois grupos, aqueles que manteriam a expansão da cidade e o outro que passaria a refazer o sistema viário. A primeira estrada refeita foi a que levava a Carne, assim o que se levava dois dias de viagem passou a ser percorrido em poucas horas com as novas carroças puxadas pelos Devoradores de Almas. Essa expansão continuaria formando a rede viária para as principais cidades até chegar ao Reino Anão, a capital do Império Baharuth e além.
Tudo que era preciso para os humanos, anões e os Demi-Humanos vindos de Abelion Hills, Arwintar ou qualquer outro lugar estava disponível em E-Rantel, oportunidades de comercio, aventuras e estudo.
Após descoberto o que era feito no orfanato, agora chamado de Instituto, os pais lotaram as salas com seus filhos e logo foi preciso criar novos colégios, afinal as crianças estavam seguras lá, comiam, aprendiam a ler, escrever e calcular. Se só isso não fosse o suficiente, a partir de uma certa idade ainda podiam se dedicar a um oficio: ferraria, costura, culinária, alquimia.
Quando alguns dos alunos demonstravam possuir dons, eram observados com mais atenção, potenciais fontes de habilidades desconhecidas era um dos motivos da existência destas escolas.
Lorde Demiurge ficou impressionado com a quantidade daqueles que demonstraram tais habilidades, aparentemente ter algum talento era mais comum do que se esperava, uma a cada cinco crianças parecia ser capaz de fazer algo único. A maioria desses talentos aparentava ser inútil e nunca seria detectada se não fossem os testes diários disfarçados junto a todas as aulas, provas, exercícios e exames médicos, mas "mesmo algo bobo pode ser a arma que vencerá uma guerra" disse Ainz uma vez.
Demiurge queria levar as crianças para seu laboratório, mas estava terminantemente proibido por seu mestre de chegar perto dos colégios. Ele tinha a sua fazenda para cuidar e a simples proximidade do demônio podia levar as crianças a loucura e estragar tudo. Nigredo e Pestônia cuidavam dos menores e Yuri Alpha não abriria mão de seus alunos.
Entre os mestres de ofício a ingressar no Instituto, haviam Homens-Lagarto ensinando piscicultura, anões ensinando ferraria comum, humanos e elfos lecionavam em diversas áreas, e para aqueles que demonstravam capacidade, ainda aprendiam artes de lutas e até mesmo magias.
Um desses mestres era um ex-paladino do Reino Nobre, um Nazarin que partiu para pregar a palavra de seu Deus e descobriu que na própria capital do Reino Feiticeiro não havia uma igreja destinada a ele, algo que pretendia remediar, mas primeiro precisava de uma congregação. Assim, se tornou professor de esgrima e nas horas vagas espalhava a palavra de seu senhor usando o Livro da Justiça, este era o primeiro rascunho feito por Neia, uma coletânea de histórias que Sua Majestade contou a ela durante sua viagem e de seus feitos durante a invasão do Reino Santo.
Agora com quatro Institutos para gerenciar, a Diretora, como era conhecida Yuri Alpha, estava bastante ocupada. Mesmo com a ajuda de Nigredo e Pestônia e uma centena de funcionários, ela ainda trabalha até tarde da noite, algo que não era um problema para um morto-vivo, mas seu mestre insistia nas horas de descanso. Apesar disso, Yuri ainda arranjava tempo para ajudar sua pupila a treinar as empregadas da mansão.
Tuare acreditava que as atuais empregadas, mesmo sendo as melhores das melhores disponíveis, não chegavam ao padrão exigido por ela e sua Tutora para atender a seu mestre, lhes faltava a devoção fervorosa vista nas Empregadas Homúnculos, algo que era bem mais visível na nova turma que estava sendo formada no Instituto. Assim que ultrapassassem suas antecessoras, as formandas as substituiriam no serviço.
Como de costume, Yuri começou seu dia com a rotineira visita à entrada principal da cidade.
— Bom dia senhores, alguma novidade nesta manhã? – perguntou Yuri Alpha aos funcionários da alfândega como fazia todas as manhãs durante os últimos dois meses após ter recebido a missão de seu mestre.
— Não senhora Alpha, as outras entradas e as patrulhas internas não relataram a chegada de alguém com descrição fornecida – disse o Lich com sua voz rouca. Práticos e sucintos, essa era a mesma frase dita a cada dia.
— Obrigada pelo serviço. Caso haja qualquer nova informação, entrem em contato imediatamente – se despediu a empregada.
Sua carruagem a aguardava, simples para os padrões de Nazarick, um coche de teto conversível, em sua lateral o emblema do instituto junto do Reino Feiticeiro ao fundo.
Com este carro aberto, a população conseguia ver Yuri, algo que, segundo Ator de Pandora, era importante para se criar um vínculo com os moradores. Muitos cumprimentavam com acenos discretos, pois a atitude rígida da Diretora não dava muita margem para frivolidades, até mesmo aventureiros experientes ficavam intimidados com sua pessoa, mas as crianças, estas acenavam efusivamente quando a viam.
Hoje era dia de folga do colégio para as crianças, então haviam várias pelas ruas acompanhando seus pais onde quer que estivessem indo. Como uma sociedade medieval amparada em religiões politeístas, não havia um dia específico na semana para ser guardado, apenas datas festivas, mesmo o conceito de semana, mês e ano eram diferentes dos que Ainz conhecia, então ele decidiu que, convenientemente, uma vez a cada seis dias haveria uma folga nos colégios.
Como as crianças passaram a ficar um dia em casa com seus pais, esse dia de trabalho passou a ser um dia com menos trabalho, pois se seu rei ordenou que descansassem, era isso que iriam fazer.
A carruagem de Yuri já estava chegando ao Instituto quando ela recebeu a mensagem.
— 'Senhora Alpha, recebemos um sinal positivo.'
— 'O alvo foi confirmado?'
— 'Sim Senhora, o comparativo com o retrato é de noventa e cinco por cento positivo.'
— 'Em qual parte da cidade ele se infiltrou?'
— 'Desculpe senhora, não houve tentativa de infiltração dissimulada.'
— 'Então onde ele está?'
— 'Bem na minha frente senhora Alpha, está olhando pra mim.' – disse o Lich enquanto era observado pela figura sorridente do Viajante.
