Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.

Lupusregina seguirá o Viajante e aprenderá muito sobre ele e sobre si mesma.

Com vocês

Aquele que Voltou

Capítulo 34: Oh dia! Oh Azar!

— Hehe! Isso foi divertido – falou o senhor Talbot – bem, obrigado novamente pela oferta, mas não pretendo passar a noite na cidade. Estou procurando algo, umas ruínas, vocês não saberiam de algo assim na floresta?

Todos ficaram sérios.

— Na floresta? – Enri sussurrou de forma assustada – você quer entrar na floresta, à noite?

— Sim, mas não se preocupe, eu sei me cuidar. Então, sobre as ruínas...

— Humm, alguns caçadores mencionaram algo no fundo da floresta a dois dias de viagem mais ou menos, se souber o caminho, mas nos avisaram para nunca nos aproximarmos de lá, que era um local proibido e que só entraria quem desejasse a morte – Jugem alertou lembrando do aviso de Lupusregina e como ela sorriu o tempo todo ao falar disso.

— Então deve ser o que estou procurando, poderia me apontar a direção? Muito obrigado pela ajuda senhora Enri, pequenina, senhores.

— Tem certeza que não posso convencê-lo a desistir? Pelo menos a ir durante o dia, hoje é lua nova, não terá nada de luz, não que isso fará muita diferença, a floresta continua incrivelmente perigosa mesmo nestes dias.

— Obrigado pelo aviso, mas eu realmente preciso ir, o tempo urge, mas não se preocupem, tudo que preciso é de um pouco de sorte – disse o Viajante dando uma piscadela para Nemu, a menina, apesar de jovem, sabia que ele nunca mais voltaria.

— Tchau, tio! Meu nome é Nemu, não vou esquecer da sua história.

O homem não sabia se ela falava sobre o que ele tinha contado ou sobre a sua pessoa, sorriu e foi embora em direção à floresta.

A borda ficava a apenas alguns quilômetros da cidade. Ao entrar na mata, o dia terminou e a luz sumiu instantaneamente, apesar disso o Viajante seguiu confiante. Lupusregina seguia a umas dezenas de metros atrás, com sua habilidade furtiva era virtualmente invisível e com sua capacidade de ver no escuro era como olhar o viajante em um dia claro.

— 'Ainz-Sama. É Lupusregina reportando.'

— 'Prossiga, Lupusregina.'

— 'Como informado, o Viajante chegou à vila, se apresentou com o nome de John Talbot, pediu orientações e se dirigiu para a Floresta de Tob. Ele está seguindo em direção à falsa Nazarick.'

— 'Como imaginei, ele provavelmente tentará fazer contato lá. Não posso acompanhar com espelho remoto dentro da floresta, siga ele e não interfira por enquanto, mas tome cuidado, não sabemos que poderes ele possui. Se precisar de apoio, Aura está na floresta fazendo uma exploração de última hora.'

— 'Como ordena, Ainz-Sama. Lupusregina desligando. '

Estranhamente, apesar do escuro, o Viajante avançava sem dificuldades. Muito mais do que isso, ele acelerou o passo, nada parecia impedi-lo, nem galho, cipó ou espinho e nem mesmo os animais o incomodavam.

Em determinado momento, um urso monstruoso passou a apenas alguns metros dele, não o viu, ouviu ou cheirou o Viajante, era impossível isso acontecer. Ele nem mesmo parou para se esconder, no momento que cruzou com o urso ele estava passando por trás de uma árvore, um sincronismo absurdo.

Lupusregina já havia percebido o quão estranho o Viajante parecia, para começar ele não tinha cheiro, tudo tem cheiro, por menor que seja, seres vivos ou mortos cheiram a suor, urina, doenças, feromônios ou hormônios, as plantas tem perfumes, odores específicos, coisas fabricadas cheiram a seus materiais e a quem os carregou, até mesmo Elementais tinham cheiro, cheiravam a natureza, mas ELE, ele não cheirava a nada, nem mesmo à limpeza, essa ausência era desconcertante.

Outro detalhe era que ele não se sujava, não tanto quanto deveria pelo menos, a lama que prenderia os pés de um caçador experiente simplesmente desgrudava e não o sujava, ele nem mesmo deixava pegadas, não como as de um humano. Elfos eram os seres existentes que deixavam as pegadas mais suaves, na neve eles mal mexeriam a superfície, mas ele deixava marcas mais suaves ainda na floresta, apesar dos pés afundarem no musgo, assim que ele retirava o local voltava quase ao normal, com o solo era a mesma coisa, seria ele um fantasma, espectro ou espírito? Novamente vinha o problema do cheiro, ele não cheirava a algo espectral.

Em terceiro lugar, ele sabia aonde ir. Não era só como se ele enxergasse no escuro, mas ele desviava o mínimo possível dos obstáculos, seguindo em uma linha reta em passo acelerado. Após algumas horas, ficou óbvio que ele não se cansava, ou comia ou tinha sede. Solution já havia mencionado esta estranheza entre suas conversas nestes dois últimos meses.

E por último, a sensação estranha que ele emitia. Era algo diferente, coisas angelicais ou abissais tinham auras especificas, outros seres como os mortos ou até paladinos emitiam auras baseadas em seus karmas, mas ele não, nada vinha dele, mas ainda assim Lupusregina tinha essa sensação, algo primitivo dentro dela a alertava que seu instinto estava deixando passar algo que ela não compreendia.

Fora tudo isso, ela ainda parecia ter a crescente antipatia por ele, sua atitude despretensiosa, sua maneira de falar despreocupada, a forma como ele seguia pela floresta perigosa como se estivesse em um passeio, se ele começasse a assobiar ela talvez não aguentasse toda essa irritação.

— 'Quem ele pensa que é? Andando por aí assim, falando com as pessoas como se as conhecesse, falando com a minha Enri daquele jeito, ela é minha... meu brinquedo.' – pensou a empregada enquanto o seguia.

O que levaria mais de um dia para um aventureiro experiente percorrer, o viajante levou apenas seis horas de caminhada. Ele chegou à falsa Tumba de Nazarick, uma cópia exata da área externa da verdadeira Grande Tumba. Após o experimento com os trabalhadores, ela foi deixada como isca caso alguém a buscasse, uma armadilha para os orgulhosos.

O Viajante parou bem no limiar do terreno, ele olhava as pilastras do portal, chutou um pouco de terra, andou de um lado para outro, será que ele estava desconfiado?

— 'Ainz-Sama quer que ele entre na falsa Tumba para acionar as armadilhas, testá-lo e enviá-lo via teleporte para algum dos cômodos mais perigosos de Nazarick, por isso não há guardas no pátio. Mas por que ele não entra?'

O Viajante então fez algo estranho, olhou para o céu, olhou para o próprio pulso como se tivesse algo preso nele e bateu duas vezes, depois molhou o dedo na boca e testou a direção do vento, tirou uma folha de papel de dentro do casaco, escreveu algo, amassou e jogou no chão, depois disso partiu em outra direção, se distanciando da falsa Tumba.

— 'Ainz-Sama, o viajante não caiu na armadilha.'

— 'Humm, o que ele fez então?'

— 'Parece que ele perdeu o interesse assim que viu a entrada, fez um ritual estranho e jogou um papel fora, vou recuperá-lo e então segui-lo novamente.'

— 'Bem, isso era esperado, Lupusregina, o papel que ele jogou pode ser uma pista, mas também uma armadilha.'

— 'Eu sei, meu senhor, mas é meu dever verificar'.'

— 'Boa sorte, Lupusregina.'

— 'O papel está amassado, vou desdobrá-lo, possui símbolos escritos de um lado, do outro está escrito "Me desculpe".'

Então o talismã queimou, não houve brilho ou círculo mágico, nada que indicasse ter tido algum efeito.

— 'Ainz-Sama, não vejo efeito nenhum sobre mim. Ainz-Sama?' – Nada. sua comunicação fora cortada.

Lupusregina sacou outro pergaminho de mensagem e o queimou tentando entrar em contado com seu mestre, mas o feitiço falhou, ela tentou novamente tentando falar com Aura o feitiço se conectou.

— 'Aura-Sama!'

— 'AAAAaaaah! QUEM TA FALANDO COMIGO! – disse uma voz velha.

— 'Quem está falando?' – perguntou a empregada.

— 'QUEM É VOCÊ ESPIRITO, O QUE VOCÊ QUER COMIGO?!!' – disse a voz humana masculina.

Lupusregina cortou a mensagem que havia falhado novamente, o viajante fez algo, ela não podia falar com seus aliados, estava sozinha agora, então ela deu um sorriso.

— Agora somos só nós dois.

Partindo em uma corrida pela floresta, somente depois de percorrer algumas centenas de metros é que percebeu que havia perdido o rastro do Viajante.

— Esperto, ele seguiu em linha reta até agora, provavelmente deve ter mudado de rumo em alguma lugar lá atrás sabendo que seria seguido.

Lupusregina então retornou prestando mais atenção no caminho tentando localizar o sutil rastro, algo que estava levando mais tempo do que ela queria, até que por fim.

— AHÁ! – disse Lupus se levantando em vitória, algo que ela não deveria ter feito, pois acabou atingindo com a cabeça uma enorme colmeia de Abelhas Negras.

As Abelhas Negras, apesar de possuírem ferrões extremamente perigosos, não feriam Lupusregina, sua pele era capaz de resistir até mesmo a picadas nos olhos sem incômodo, mas este foi um ano especificamente produtivo para esses insetos e sua colmeia estava cheia com o dourado e viscoso alimento.

Todo o conteúdo da colmeia se derramou sobre Lupusregina, que tentou limpar os olhos. Com um passo em falso, escorregou e acabou caindo sobre uma moita de Hortelã Selvagem, esta variedade muito rara possui um odor tão forte que poucas folhas esmagadas são capazes de impregnar um ambiente. Lupus escorregava e tentava se firmar sem sucesso, acabou rolando para fora da moita e quando conseguiu ficar de pé parecia mais um ser feito de plantas do que a conhecida Empregada de Batalha.

— Mas que droga! Tenho que alcançá-lo, um feitiço de limpeza no caminho e pronto, vou estar limpAHaaaaaaaaa! – desta vez Lupus tropeçou em uma raiz, algo impossível até um minuto atrás e que se repetia pela terceira vez, ela foi arremessada pelo seu impulso em direção à ribanceira, rolando e atingindo dezenas de cipós pelo caminho. Ao final da ravina, estava completamente amarrada.

Cipós Estranguladores fazem parte das espécies de plantas caçadoras, tão fortes como cabos de aço, mesmo depois de cortados continuam apertando suas vítimas.

A empregada estava zonza e quando estava prestes a se soltar viu a criatura parada sobre sua cabeça, era grande e peluda.

— 'Fenrir! O lobo de Aura' – pensou ela, já que sua boca estava tampada por um dos cipós.

O lobo a cheirou, soltou um som estranho como se indicasse que não sabia o que era aquela coisa feita de folhas e cipós. Quando Lupus pensou em se soltar, foi abocanhada por Fenrir e carregada, sua mestra Aura saberia o que era aquilo.

Lupusregina tentou escapar, mas cada vez que tentava romper os frágeis cipós, o lobo apertava mais a mandíbula, ela não poderia se soltar sem ferir o animal de estimação de Aura.

— 'Eu falhei! EU FALHEI AINZ-SAMA! Me perdoe Ainz-Sama!' – gemeu uma resignada empregada.

Após algumas horas, Fenrir chegou ao coração da Grande Floresta de Tob. Aura investigava o enorme lago sob ordens de seu mestre, então estranhou a chegada de seu lobo que ela havia enviado para auxiliar Lupusregina se preciso.

— Aqui garoto, o que você tá fazendo? Você tinha uma missão!

O lobo abaixou as orelhas com a reprimenda e então soltou sua carga.

— O que é isso? Lupus!?

Lupusregina começou a se soltar, uma cena cômica dela tentando arrancar os cipós que insistiam em se segurar em seu cabelo.

— Lupus, o que houve?

— Olá Aura-Sama, eu... eu ... EU FALHEI COM AINZ-SAMA!!! BUAAAAAHH!!!

— Calma, calma, me explique tudo que aconteceu.

A empregada então contou todos os acontecimentos enquanto Aura tentava fazer uma cara séria.

— ...então foi assim que acabei aqui.

— Que bom então que o Fenrir te achou Lupus, bom trabalho garoto.

O Lobo gigante abanou freneticamente a cauda.

— Por que? Ele me arrastou por metade da floresta, fui atingida por cada galho no caminho.

— Por isso mesmo, acho que você foi amaldiçoada Lupus, podia ter sido bem pior.

— Como? Sou uma Clériga, posso saber quando alguém está amaldiçoado e eu não ESTOU – esbravejou Lupusregina batendo com o punho na árvore, o que resultou na queda de várias frutas podres sobre sua cabeça.

— Ok, estou amaldiçoada.

Aura tentava conter o riso, quase sem sucesso, ele não vinha da ironia de ver a sádica recebendo seu próprio remédio, Aura não era esse tipo de pessoa, mas da simples cena de comédia pastelão que presenciara.

— Não ria por favor - disse Lupusregina caindo de joelhos derrotada – não gosto que riam de mim.

— Mas você faz a mesma coisa com todo mundo, vive pregando peças nas pessoas.

— MAS EU FUI FEITA ASSIM! – gritou de forma chorosa – eu fui feita assim! Sniff!

Aura se aproximou e colocou a mão sobre sua cabeça, Lupusregina é uma lobisomem e nesta noite de lua Nova estava na fase mais baixa de seu instinto animal, ainda assim a elfa tentou consolá-la da única maneira que conhecia, dando tapinhas na cabeça caída da empregada.

— Tudo bem, já passou, vamos te limpar e você vai estar pronta de novo, ninguém está bravo. Você pode lançar Purificar para quebrar maldições, não é?

— Sniff... Sim, mas não sei qual é a maldição, eu posso começar com Purificação Menor e ir subindo até a mais forte caso não funcione ou posso usar Purificação Divina de começo, mas nos dois casos vou ficar com pouca mana no final.

— Acho que você deve usar o mais forte, vamos poupar tempo.

— Ok – disse a empregada fungando o nariz – e se não funcionar?

— Eu te levo para Ainz-Sama e ele irá te curar.

— Ele vai ficar bravo comigo por ter falhado.

— Imagina, Ainz-Sama sabe que você se esforçou ao máximo, ele vai entender – consolou a pequena elfa.

— Tudo bem – Lupusregina se levantou então – PURIFICAÇÃO DIVINA!

Um pilar de luz surgiu sobre a empregada a envolvendo e tão rápido quanto surgiu, desapareceu.

— Como você se sente?

— A mesma coisa, antes não sentia nada de diferente também.

— Certo, entãão, aqui! Pegue! – falou Aura jogando uma manga na direção de Lupusregina que a agarrou explodindo em sua mão, mas não fazendo mais do que isso.

— Acho que funcionou! – disse a elfa de forma alegre.

— Não, não completamente, eu seria capaz de pegá-la no ar sem esse estrago, acho que precisaria lançar de novo o feitiço, mas não tenho mana por enquanto.

— Bem, para mim está bom o suficiente pra gente correr.

— Correr para onde?

— Ora, atrás desse viajante! Fenrir é mais rápido junto comigo e eu posso rastreá-lo muito mais fácil. Vem, monta aqui, não queremos que você se machuque enquanto não estiver 100%.

A alegria parecia ter voltado ao rosto da empregada e juntas seguiram em uma corrida vertiginosa pela floresta.

Levou metade do tempo para voltar até a falsa Nazarick e Aura quase que imediatamente achou o rastro do Viajante. Seguindo a nova direção, chegaram ao final da floresta quando amanhecia.

Havia uma estrada, nela, marcas de carroças nas duas direções e além, uma grande pradaria.

— 'Ainz-Sama, Lupusregina reportando' – disse a empregada depois de queimar um novo pergaminho enquanto cruzava os dedos.

— 'Prossiga Lupusregina, fiquei preocupado quando perdemos contato, o que houve?'

— 'Como o senhor suspeitava, era uma armadilha e acabei amaldiçoada, perdi o rastro na floresta, Lady Aura me encontrou e seguimos os sinais até a borda, posso seguir em uma direção e Lady Aura na outra.'

— 'Não é necessário, voltem para casa, quero seu relatório junto com os dos outros que já estão chegando. Não se preocupem com esse Viajante, sei exatamente para onde ele está indo.'