Olá Pergaminhos e Nazarins, mais um capitulo da minha fanfic Aquele que Voltou chegando.

Alguém chega a Arwintar e busca ajuda, será que receberá o que esperva?

Com vocês

Aquele que Voltou

Capítulo 40: Escolhas

Arwintar, alguns meses após o surgimento do aventureiro Homem-Morcego. Uma carruagem chegava ao hotel, assim que parou em frente ao prédio, o grupo desceu e se dirigiu à recepção.

— Bom tarde cavalheiro, em que posso ajudar?

— Gostaria de um quarto para mim e minha esposa – disse o senhor enorme com um grande bigode dando um tapa no traseiro da mulher.

— Com prazer. Temos algumas suítes nos primeiros andares, deseja algo em especial?

— Sim, algo luxuoso, estamos em lua de mel – respondeu o senhor. A jovem esposa de cabelos negros então pareceu lhe dar uma cotovelada nas costelas – e se possível com quarto adjacente para a criadagem – continuou ele tentando não dar muita atenção ao golpe que acabara de receber.

O Gerente do Dia olhou para as duas empregadas que carregavam as malas, uma delas tinha o cabelo rosa e a outra cabelo azul, logo atrás delas havia o pequeno rapaz usando máscara e roupa comum de aventureiro, provavelmente seria o segurança, mas Gunter não podia imaginar o que ele protegeria sendo tão pequeno.

— Maravilhoso, temos o quarto ideal no primeiro andar! Por favor, assine o nosso livro de registro.

O homem hesitou por um momento, então assinou.

— Ah! Muito obrigado senhor Gordon Asor Luza, senhora Luza, é um prazer tê-los aqui no Maçã Dourada Royal Hotel, o carregador ajudará com as malas – disse o gerente entregando as chaves do quarto.

Após alguns lances de escada, chegaram ao quarto. O carregador deixou as malas e recebeu um gorjeta generosa de uma das empregadas.

— VOCÊ ESTÁ MALUCA!? – gritou a mulher assim que ficaram sozinhos – lua de mel, quarto luxuoso, a gente não tem tanto dinheiro pra gastar!

— Calma chefe, você que é pão dura, temos mais que o suficiente. A gente precisa manter o disfarce, e você não precisava quase quebra a minha costela.

— Precisava sim – disse o aventureiro mascarado – Asor Luza?! É literalmente ROSA AZUL AO CONTRÁRIO!!!

— Foi mal baixinha, entrei em pânico, mas você não devia gritar assim, podem nos ouvir – avisou Gagaran tirando o bigode.

— Eu já lancei Silêncio assim que ficamos sozinhas – retrucou Evileye sentando de forma mal humorada em uma poltrona muito maior do que ela.

— A gente disse que a Gagaran não devia falar, chefe malvada – Tina começou.

— Ela não sabe atuar – acrescentou Tia.

— Mas uma mulher tomando a frente para falar poderia ser suspeito, queremos ser discretas – Lakyus respondeu – Evileye, não deveria lançar Anti-adivinhação também?

— Não! – falou a vampira sem dar sinal de que daria mais explicações, mas ela viu que todos esperavam por isso, ela então se inclinou – Tsc! Lançar Anti-adivinhação só é necessário quando você quer esconder o assunto de uma reunião, se estiverem tentando espionar não vão conseguir, mas todos sabem que você está ali. Contudo, se não souberem da reunião, eles podem localizar o grupo, já que cria um buraco onde não é possível ver se estiverem usando o feitiço de forma geral, assim sabem que tem algo acontecendo. O Império é um estado vassalo, deve ser lógico que pelo menos esta cidade deve estar sob vigilância constante. Ninguém pode manter um feitiço assim continuamente, mas pelo que sabemos do Rei Feiticeiro, ele pode ter esse poder, mesmo que não consigamos detectar.

— Então, se eles achassem um lugar onde não podem ver seria o mesmo que sinalizar pra eles que tem algo obscuro acontecendo – concluiu Gagaran.

Evileye então se jogou novamente contra a poltrona, se Gagaran era capaz de entender então todas haviam entendido.

— Eu preferia ter mais segurança, mas acho que teremos que nos contentar com isso. À noite sairemos em busca de nosso possível aliado. Você tem certeza que poderemos localizá-lo? – falou Lakyus de forma resignada.

— Já disse que não é certeza, precisamos fazer o que der para achá-lo, não é como se pudéssemos anunciar uma missão na guilda. Mas uma aventureira nesse nível, talvez eu possa sentir emanações de força. Enquanto isso, Tia e Tina farão a busca em locais suspeitos e Gagaran disfarçada vai para as tavernas ouvir os rumores, qualquer assunto envolvendo o pó negro parece atraí-la, e você vai ficar aqui, você é a única que chamaria a atenção onde fosse – Evileye explicou.

Lakyus não parecia contente, mas era o que tinham combinado antes.

— Precisamos muito encontrá-la, aliados poderosos serão importantes se entrarmos em luta contra o Rei Feiticeiro, para isso precisamos da Aranha-Negra.

Os dias seguintes foram de buscas por pistas ou sinais da aventureira, quase todos levavam a becos sem saída, mas algo parecia ter surgido. Gagaran, usando uma armadura masculina e o vasto bigode, soube nas tavernas de alguns sequestros, tráfico de pessoas também era um dos crimes que recebiam atenção da aventureira, assim Tia e Tina nos dias seguintes rastrearam o esconderijo do possível sequestrador.

Montando guarda em um prédio abandonado, podiam observar o armazém decrépito que ficava em frente, na verdade todo esse bairro parecia muito vazio, efeito direto das ações da aventureira. As atividades criminosas haviam caído tanto ali, que por enquanto só haviam locais assim, o Imperador já tinha em mente um plano de revitalização da zona dos armazéns, mas nada ainda foi feito até o momento.

Não podiam ter certeza de que aquele local seria o certo ou se o sequestrador voltaria ali, por isso Lakyus e Gagaran montavam guarda enquanto as outras buscavam mais informações.

Era mais de meia noite quando perceberam uma movimentação.

'Tia, Tina, Evil, alguém entrou no prédio, venham para cá!' – disse Lakyus após usar o pergaminho de mensagem.

Assim que cortou a mensagem, Lakyus viu algo atravessar a janela superior, foi tão rápido que ela quase não percebeu.

— Ela está aqui! Como é rápida, o que vamos fazer, chefe?

— Se demorarmos muito podemos perder a oportunidade, vamos entrar.

Ambas desceram correndo as escadarias e, ao chegar na frente do outro prédio, as gêmeas ninjas apareceram.

— Evileye deve estar vindo do outro lado da cidade, ela deve chegar logo, vamos entrar – falou Lakyus enquanto corria para o interior escuro.

O local parecia ter algumas salas antes de chegar ao depósito. Em meio à escuridão, havia um homem correndo de um lado para outro, cada vez que chegava perto de alguma saída uma figura corpulenta se colocava na sua frente, até que, percebendo que não estavam mais sozinhos, resolveu derrubar sua vítima.

— Precisamos de luz – falou a líder do grupo.

Tia imediatamente lançou uma esfera no ar que acendeu em uma bola de luz que descia lentamente em um mini paraquedas, todos puderam ver a enorme figura que se colocava em pé sobre as costas do humano caído.

— O Parceiro da Aranha-Negra! O aventureiro Homem-Morcego! – disseram todas ao mesmo tempo.

— Ah! Olá senhoritas, a que devemos esta visita? – disse Inta com o que deveria ser seu melhor sorriso.

As Rosas Azuis pareciam não saber como agir, esperavam encontrar a aventureira, mas agora estavam diante de seu parceiro não humano.

— Olá, senhor... Senhor Homem-Morcego, desculpe, não sei como chamá-lo.

— Humm! Nunca precisei me identificar antes, acho que prefiro manter o meu anonimato, pode continuar me chamando de Homem-Morcego, mas acredito que podem ver que estou um pouco ocupado com esta pessoa em questão, ele... – Inta foi interrompido no meio da frase, sendo atingido por Evileye.

Sua força foi tanta que atravessaram vários prédios antes de pararem em uma pilha de escombros.

— O QUE VOCÊ FEZ!? – gritou Lakyus quando entrou pela parede derrubada.

— SE AFASTEM! ELE NÃO É O QUE APARENTA!

— Do que você está falando, baixinha? Sabemos que ele não é humano, você acabou com as nossas chances de conversar com a...

— EU MANDEI SE AFASTAR seu monte de músculos, ele não é um homem-fera...

Em uma explosão, a pilha de entulhos voou longe, Inta estava no meio dela, parecia bastante ferido, ele olhou em volta, então com dificuldade alçou voo.

— Droga, não podemos deixar ele fugir – disse a vampira antes de ser agarrada por Lakyus.

— PELOS QUATRO, VOCÊ ENLOQUECEU! Explique o que está acontecendo.

— Eu senti uma presença quando chegava, aquilo não é um home-morcego, é um vampiro e precisamos matá-lo.

— Você tem certeza? Por que um vampiro estaria agindo como aventureiro?

— Eu não sei, talvez esteja formando um clã, todos esses bandidos desaparecidos podem ter virado seus subordinados, só sei que ele é muito forte, talvez quase tão forte quanto eu, se escapar pode sumir daqui e ir para outro lugar recomeçar os seus planos.

— Maldição! Temos que segui-lo, Tia, Tina, vão! – assim desapareceram as ninjas.

— Eu posso cuidar dele sozinha – protestou Evileye.

— NÃO! Você não vai deixar a gente pra trás – ordenou Lakyus.

— Tsc! – estalou a língua da vampira – Fly!

Assim saíram voando as três pelo buraco aberto no teto.

'Tia, onde vocês estão?' – pediu Evileye.

'Estamos no cemitério, ele entrou em um Mausoléu.'

— Deve ser o covil dele – 'Estamos chegando, não entrem'.

Logo todas estavam reunidas em frente ao antigo mausoléu.

— Vamos entrar com cuidado, este pode ser o covil de um vampiro muito forte, Tia, Tina, vocês duas vão à frente, vejam se tem armadilha, Evil você é a segunda linha, eu vou no meio, Gagaran proteja a retaguarda.

— Certo chefe malvada, formação de cripta – ambas sabiam que Lakyus estava nervosa, relembrar o básico era sua forma de se acalmar.

— Baixinha, ele é muito forte?

— Muito, pude senti-lo à distância, mas foi... foi sua presença que senti – ela não queria que suas colegas soubessem que foi o cheiro que a alertou, um cheiro que só vampiros tinham, o de séculos de sangue derramado.

Seguiram para dentro do mausoléu, era grande e antigo, mas estranhamente não haviam túmulos, apenas poucas placas nas paredes e ao fundo um único caixão de pedra.

Se aproximaram cautelosamente, verificando se não haviam armadilhas. Então, posicionadas para um ataque, empurraram a tampa que caiu com um baque surdo.

— Vazio. Onde ele pode ter ido? – disse Lakyus se abaixando e checando o fundo do caixão. Sua experiência dizia que teria mais coisa ali. Um click e o fundo falso desceu formando uma escada.

— Vamos.

Todas desceram uma longa escadaria em espiral. Ao chegarem no fundo, se depararam com um salão cercado por vários caixões. No centro estava o vampiro, sua asa quebrada, sangue espirrava por sua boca, nariz e ouvido, algumas costelas saindo de sua pele aberta.

— Por que? - disse o ser moribundo.

— Não deem ouvidos a ele, vai tentar controlá-las – alertou Evileye.

— Eu não lhes fiz mal! Por que me atacam?

— Você é um monstro, deve ser destruído antes que se torne perigoso.

— T-Tudo que for diferente deve morrer para que você esteja segura?

— Não, apenas você e os monstros que atacam as pessoas.

— Q-Que pessoas? Só ajudei, eliminei assassinos, pedófilos e traficantes, seriam condenados à forca, me ataca só porque não sou humano.

— N-Não podemos confiar em você, pode ter enganado sua companheira, mas nós não – falou Lakyus de forma vacilante.

— Ah! É ela que vocês querem, cof! cof!

— É hora de morrer, monstro – disse Evileye chutando Inta no estomago.

O vampiro caiu sobre um caixão de pedra que se partiu, sua barriga estava rasgada e seus intestinos escorriam pelo chão, sua mandíbula arrancada pendia sobre o peito.

— Quem é o monstro agora? – disse uma voz tumular.