CAPÍTULO XL
Klaus não podia acreditar no que seu empregado tinha lhe dito.
– Você tem certeza? – Klaus perguntou ao homem sentado à mesa de seu escritório.
– Sim senhor! O senhor pode confirmar com os demais empregados. Todos sabem, todos viram eles juntos.
– Juntos como?
– Sendo... Carinhosos, andando de mãos dadas... Dando beijos. Ele dorme no quarto dela.
Klaus apertou o copo com bebida em sua mão. Elena estava dormindo com Kol. Eles estavam compartilhando a cama. Eles dormiam no quarto de Elena. Eles estavam juntos.
– E eles saíram para uma pequena viagem?
– Sim senhor! Eles planejaram alguns dias atrás. Sua irmã está com eles.
– E você sabe para onde estão indo?
– Withmore.
– Obrigada, pode ir agora! – Klaus ordenou.
Quando o homem saiu, Klaus lançou o copo com uísque na porta, espatifando-o. Mataria Kol e Elena, ele pensou. Como eles ousavam fazer algo assim embaixo de seu nariz, em sua própria casa?! Klaus se perguntava se Kol se esqueceu de que Elena tinha sido amante de Elijah e feito sexo com ele. Ele não entendia como o irmão poderia querer ficar com uma mulher que esteve com dois de seus irmãos.
Klaus estava transtornado. Ele tinha chegado a menos de uma hora atrás, esperando encontrar Elena e Rebekah descansando em casa, como sua irmã prometera, apenas para descobrir que elas tinham viajado juntas, com Kol, e que seu irmão estava dormindo com a mulher que esperava seu filho.
Davina estava certa, pensou Klaus, recordando a ligação que recebera no dia anterior, enquanto cuidava de seu vinhedo na Inglaterra. Seu telefone tinha tocado insistentemente, mas ele o ignorou até a décima vez, quando finalmente decidiu atender.
– O que você quer? – Perguntou Klaus irritado. Ele tinha visto o nome da ex-namorada de seu irmão na tela.
– Klaus, é a Davina. – A mulher disse.
– Sim eu sei, o que você quer? Estou ocupado agora...
– Estou grávida do Kol – A mulher disse com rapidez, temendo que Klaus desligasse o telefone na sua cara antes que ela pudesse dizer alguma coisa.
– Oh! Parabéns? É isso o que você quer? – Klaus disse com impaciência.
– Preciso falar com Kol, contar para ele, mas ele não me atende, e nem a Rebekah. – A mulher falava de modo acelerado do outro lado da linha.
– Bem, não posso... – Klaus ia dizer que não a ajudaria, mas ela o cortou, não querendo perder a oportunidade de ser ouvida.
– Ele está com a mulher que você engravidou. Namorando com ela.
– O que? – Klaus ficou atento!
– Ele anda com ela por aí de mãos dadas, exibindo-a como uma namorada, fingindo que é o pai da criança que ela carrega.
– Você tem certeza disso?
– Sim, eu mesma os vi juntos dias antes de descobrir que estava grávida de seu irmão. Além disso, alguns conhecidos os viram também, e comentaram que ele parecia orgulhoso por estar com ela, por ela estar grávida.
Klaus ponderou por um momento que aquilo poderia ser apenas fofoca, invenção daquela mulher para que ele a ajudasse a falar com seu irmão. Mas então, ele recordou o comentário de Hayley sobre estarem falando de seu irmão e Elena juntos. Ele havia ignorado isso, apenas advertindo seu irmão a ficar longe de Elena, mas pelo visto, ele tinha sido ignorado. Klaus precisava saber a verdade.
– Envie uma cópia dos seus exames de gravidez e aguarde! Farei Kol entrar em contato.
– Obrigada!
Klaus ouviu a mulher suspirar o agradecimento antes de desligar o telefone. Em seguida, ele tinha ligado para seu piloto particular, ordenando que o jato estivesse pronto para levá-lo para Nova Orleans o quanto antes.
Klaus tinha chegado cedo pela manhã, imediatamente convocando o chefe dos empregados do Abbatoir para questionar sobre Kol e Elena. E depois de tudo o que tinha ouvido, ele decidiu ligar para seu irmão, para obrigá-lo a retornar, junto com Elena e Rebekah. Ele colocaria Kol em seu lugar, mantendo-o longe de Elena e de seu filho. Eles jamais ficariam juntos!
Kol, Rebekah e Elena estavam alegres em sua viagem de Nova Orleans até Withmore. O fato de terem ido de carro lhes daria liberdade para ficar em hotéis pelo caminho, conhecer as cidades e comer em distintos restaurantes. Seria uma aventura para os três, que se divertiam e conversaram animadamente.
– Nunca pensei que faria uma viagem de carro! – Declarou Rebekah.
– Sério que você nunca fez isso antes? – Elena questionou incrédula.
– Não. Sempre pensei que fosse incômodo. Avião parece mais prático para mim.
– O que minha querida irmã quer dizer, é que ela é mimada o bastante para viajar apenas no jato da família ou em voos fretados.
– Pare de querer me fazer parecer uma garota mimada, Kol! – Rebekah revirou os olhos.
– Não estou tentando. Essa é a verdade. Tenho certeza de que Elena já percebeu, não é mesmo querida? – Kol sorriu para a morena.
– Não me meta na briga de vocês! – Elena respondeu rindo.
– Kol é irritante! Tenho certeza de que você já percebeu isso também! – Rebateu Rebekah.
– Honestamente – Disse Elena – Percebi sim, mas eu gosto de vocês dois exatamente como são. Embora estejam sempre implicando um com o outro, vocês se amam e são muito unidos.
– Essa é a minha garota! – Kol disse, levando uma mão de Elena aos lábios.
– Tão diplomática! Muito esperta. – Disse Rebekah.
– Vocês me fazem lembrar do Jemery, que mesmo sendo meu primo, é como um irmão. Claro que brigamos bem menos do que vocês, mas ainda assim, temos nossos momentos! – Elena disse com saudade.
– Você sente falta dele? – Rebekah perguntou.
– Muita. Eu me apeguei muito a ele quando fui morar com meus tios. Mas agora ele está seguindo seu caminho, e isso o leva para longe de Mystic Falls. Jeremy sempre quis sair de lá.
– Você não? – Rebekah estava curiosa.
– Honestamente... Não. Gosto da calma e da tranquilidade de uma cidade pequena. A certeza de que nada de ruim acontece em Mystic Falls. Gosto da segurança, tanto da cidade quanto dos rostos conhecidos. Pretendo me formar e abrir um consultório lá, como meu tio.
Kol e Rebekah assentiram, sem saber o que dizer. O fato de Elena querer voltar para sua cidade natal era algo que provavelmente não aconteceria logo, visto que ela ainda precisava terminar a faculdade, e isso depois de ter o bebê. Mas o principal fator era Klaus, que dificilmente deixaria a criança ir para longe dele, possessivo como era.
– Independente do que aconteça, vocês são pessoas muito especiais para mim e eu vou guardá-los sempre no meu coração!
– O que é isso querida? De onde veio essa conversa? – Kol olhou para Elena, avaliando-a enquanto dirigia.
– É só que as coisas são tão incertas! – Elena tentou explicar – Toda essa situação com Klaus, o bebê...
– Elena, você é da família agora, assim como seu bebê. – Foi Rebekah quem falou com a morena – Isso nunca vai mudar. Você sempre fará parte de nossas vidas, não tem como ser diferente. E eu desejo que nossa amizade seja cada vez mais forte, estando você em Nola ou em sua cidade natal.
– É isso querida, você nunca irá se livrar de nós! – Kol afirmou.
E mais uma vez Elena se sentiu acolhida, aceita. Era como se eles se conhecessem há anos, devido a conexão e a amizade que se estabeleceu entre os três, mesmo com todas as diferenças de personalidade, criação e status social.
– E talvez você e Kol fiquem juntos, se casem, e então seremos irmãs para sempre! – Rebekah instigou.
– Rebekah! – Elena arregalou os olhos para a amiga, corando.
– O quê? É possível de acontecer. – Rebekah declarou, enquanto revirava os olhos – Sinceramente, eu não sei como não notei antes, mas a forma como meu irmão olha para você e a forma como você fica tão à vontade com ele... Vocês se parecem mais comigo e Marcel, do que Klaus e Hayley.
– A gravidez te deixou mais espera, irmãzinha!? – Kol cutucou a loira.
– Não faça eu me arrepender do que eu disse! – Retrucou Rebekah, irritada.
– Longe de mim! – Kol piscou para Elena.
– O que eu vejo, é uma química natural. Não que você e Nick não tenham, porque sim, vocês têm, mas com ele parece mais uma tensão, algo intenso e violento, e você nunca está à vontade perto dele. Já com Kol é uma espécie de atração magnética. Vocês se deram bem desde o início e tudo parece simplesmente seguir um fluxo com vocês, é calmaria e conforto.
– Nossa irmã, você está inspirada!
Elena ficou calada, pensando sobre o que a loira disse. Mas seus pensamentos foram interrompidos pelo som do celular de Kol chamando, conectado ao viva-voz do carro.
– É o Niklaus. – Kol informou.
Um silêncio tenso se fez no interior do veículo. Kol ponderou se ignorava o irmão. Como se lesse seus pensamentos, Rebekah se manifestou.
– É melhor você atender! – Instruiu a loira.
– Certo. Fiquem quietas! – Kol disse para as duas mulheres – Olá querido irmão, a que devo o desprazer? – Kol disse com sarcasmo.
– Não tenho tempo para suas brincadeiras, Kol. Retorne imediatamente à Nova Orleans com Rebekah e Elena.
As duas mulheres se entreolharam.
– Não sei do que... – Kol começou a falar, mas foi rapidamente cortado pelo irmão.
– Sei que estão juntos, indo à Withmore. Dê meia volta e retorne!
– Não!
– Kol, faça o que eu disse! – A raiva era evidente no tom de voz de Klaus.
– Não, você não controla nossas vidas! Não vamos retornar!
Elena estava tensa, assim como Rebekah. Ambas mantinham silêncio, incapazes de dizer algo. Elas perceberam que Klaus estava visivelmente alterado, irritado.
– Se você não retornar agora, mandarei alguém para buscá-los. Você sabe que farei isso, então sugiro não ignorar minha ordem. Estou aguardando vocês em casa.
Com isso, Klaus desligou, deixando uma tensão palpável dentro do veículo.
– Vamos voltar Kol. – Foi Elena quem falou primeiro, com a voz um pouco trêmula.
– Querida... – Kol quis refutar a ideia, mas Elena não deixou.
– Por favor, volte! É melhor!
Kol suspirou e olhou em busca de um retorno na rodovia. Elena refletia sobre a situação.
– Eu não acredito que Nick descobriu! – Rebekah exclamou. – Como ele faz isso? Como consegue saber de tudo?
– Você sabe muito bem como, irmã! Ele tem pessoas trabalhando para ele por toda parte, de olho em nós e em quem mais o interessar. – Kol disse com rispidez.
– Como assim? – Elena questionou curiosa.
– Nosso querido irmão paga pessoas para vigiarem seus negócios, nossa família, o que for de seu interesse. São como detetives e espiões. Estão sempre de olho em tudo, e passando todas as informações ao Niklaus.
– Ele é tão controlador! Eu odeio isso! – Rebekah passou a mão pelo rosto.
– Isso é horrível! Viver vigiado o tempo todo! – Elena estava enojada.
– Infelizmente, esse é o seu destino, querida, e do bebê que você carrega. – Disse Kol.
– Eu não vou permitir isso, não quero ninguém me observando 24 horas! – Elena disse enfaticamente.
– Sinto muito, Elena, mas você não pode evitar. – Rebekah disse com um suspiro. – Não é algo que acontecerá no futuro, ele já faz isso com você.
– Como assim? – Elena estava surpresa.
– Não tenho certeza de quando começou, mas acredito que foi desde que ele descobriu sobre você e Elijah. – Rebekah disse com empatia.
– O quê? – Elena estava confusa.
– Nick estava de olho em Elijah, foi assim que ele descobriu que ele era infiel a esposa, foi assim que ele descobriu sobre vocês. Ele tinha fotos de vocês dois. Nós vimos, toda a família.
– Klaus... Ele...
– Quando vocês se conheceram ele já sabia quem você era. O que eu nunca soube foi com que intenção ele se aproximou de você depois que Elijah morreu, isso ele nunca disse.
– Considerando o estado de Elena, eu posso imaginar porque nosso querido irmão se aproximou dela. – Kol estava visivelmente irritado.
– Apenas para dormir com ela? Não faz sentido Kol... Klaus não gosta de compartilhar...
Elena ainda estava em choque. Ela sabia que Klaus pensava que ela era amante de Elijah, que ele sabia quem ela era no hospital quando se deixou levar para o casamento no lugar do homem que ela havia contratado, quando dormiu com ela. Mas ela pensou que ele tinha ouvido os boatos no hospital, não que ele realmente acreditasse que ela era amante de irmão. Mas ele tinha fotos, fotos que o faziam ter certeza de que ela estava com Elijah, fotos que ele pensava serem dela, mas que só poderiam ser de Katherine, sua irmã gêmea, com seu antigo chefe.
– Nick está furioso. Não acredito que ele voltou tão rápido! Nos nem sabíamos que ele estava voltando. Ele deve saber que você e Elena dormiram juntos, Kol. Deve estar louco por isso! – Rebekah disse aflita.
– Não me importo com o que ele sabe ou deixa de saber. O que me importa é Elena. – Disse Kol olhando para a morena ao seu lado – Você está bem? – Ele perguntou, tomando uma mão dela na sua.
Elena o encarou quando Kol pegou sua mão. Ela desviou o olhar, olhando ao redor, vendo que eles estavam parados em um semáforo.
– Onde estamos? – Elena questionou.
– Entrando em Nova Orleans. – Rebekah respondeu.
– Tão rápido?
– Kol estava correndo. Parecia que ia nos matar! – Rebekah repreendeu o irmão. – Cheguei a pensar que ele estava ansioso para encontra nosso irmão.
– Eu não percebi que corri tanto! Mas confesso que quero logo acabar isso com Klaus. Ele não pode agir como se fosse dono de todos nós! – Ele disse com irritação na voz.
– Como você está, Elena? – Rebekah perguntou com apreensão. Ela notou que a morena parecia aérea. – Não se deixe abater por isso, vamos resolver as coisas com o Nick, basta ignorá-lo quando ele começar a gritar.
Kol riu nervosamente.
– Boa estratégia irmãzinha! – Ele piscou para Rebekah.
Elena ouvia o que os irmãos diziam, mas ainda estava em choque com o que ela soube sobre Klaus ter fotos dela com Elijah.
– Estou bem. – Elena respondeu com uma voz fraca.
Kol e Rebekah não acreditaram em sua resposta, mas assentiram em silêncio, olhando para Elena de vez em quando, avaliando-a. Eles sabiam que ela não estava bem, que algo a estava incomodando porque ela parecia reflexiva. Eles imaginavam que era devido ao fato de Klaus vigiá-la, mas eles esperariam que ela dissesse algo.
Enquanto isso, Elena pensava. Agora ela entendia o motivo de Klaus agir como agia, de tratá-la como uma qualquer, sempre afirmando que ela era uma mentirosa interesseira. Ele a confundiu com sua gêmea, a irmã que ela nem sabia que existia até algum tempo atrás. A mulher que era a verdadeira amante de Elijah. E isso não podia continuar assim. Ela precisava explicar, eles tinham que saber a verdade.
– Há algo que eu preciso contar a vocês. – Elena disse.
– Bem, temo que terá que esperar por um momento melhor. – Kol declarou.
– O quê? – Elena ainda estava perdida.
– Klaus está nos esperando. – Foi Rebekah quem respondeu.
Naquele momento, Elena se deu conta de que eles já estavam na garagem do Abbatoir, e que Klaus os esperava na grande porta de madeira que dava entrada ao lugar. Seu rosto tinha uma expressão fria e seus punhos estavam cerrados.
Elena suspirou. Ela precisava contar a verdade sobre Elijah e sua irmã gêmea. Não era seu segredo para contar, mas considerando que ambos estavam mortos e ela sabia que todos estavam enganados sobre ela, julgando-a por algo que ela não fez, a verdade era a melhor opção.
Ela encarou o pai de seu filho, sentindo um calafrio diante do olhar gelado de Klaus, mas então ele se virou e entrou na residência, enquanto Kol ajudava Rebekah a sair do carro. Elena sorriu para Kol quando ele veio ajudá-la a sair do carro, mantendo sua mão na dele.
Os três iniciaram uma marcha para o Abbatoir, e Elena suspirou, agarrando as mãos de Kol e Rebekah, um em cada lado seu, enquanto caminhavam lentamente, como quem caminha para a forca, pouco dispostos a enfrentar o Klaus.
