Arco um - Despertar
Capítulo um - Sacrifício
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Eras atrás, além das lembranças dos seres viventes, uma guerra entre deuses e demônios ocorreu. Essa guerra terminou na morte mútua dos maiores representantes de ambos os lados, nada sobrou sobre ela, exceto por uma sombra dessa batalha titânica, um fragmento da criação, e a cristalização da destruição. Essa sombra vagou por milênios, até ser encontrada por uma jovem deusa de cabelos azuis.
Ela achou a sombra interessante, e resolveu colocar ela no mundo que estava ajudando a criar. O conceito da sombra se espalhou pelo mundo, alguns conseguiram sentir a sombra e compreenderam parte dela. E assim, criaram uma magia, a magia final Explosion.
...
Kazuma enfrentava o Rei Demônio, sua última carta na manga, [Explosion], brilhava em sua mão direita. O pequeno sol emitiu um brilho bruxuleante, eliminando a escuridão das profundezas do labirinto. No entanto, a magia estava além das capacidades de Kazuma. Exigiu cada gota de sua mana, exaustão o atingindo e levando sua mente ao limite, enquanto ele lutava para manter a magia sob controle.
O Rei Demônio observava Kazuma e tentava persuadi-lo com palavras. "Satou Kazuma, você está louco. Se você liberar essa magia, matará ambos. E não pense que não sei sobre o truque de ressurreição de sua amiga; não há ressurreição sem um corpo. Façamos um acordo, encerramos esta luta e partiremos. Deixarei você e sua cidade em paz. Não é um mau negócio."
Gotas de suor escorriam pelo rosto de Kazuma, mas ele ainda conseguia se concentrar o suficiente para responder ao Rei Demônio.
"Se você tivesse feito essa proposta antes, eu teria aceitado. Mas agora que o conheço, sei que não cumprirá sua promessa."
Sua voz saiu cansada, mas seu tom deixou claro que Kazuma estava determinado a seguir em frente. A fúria tomou conta do rosto do Rei Demônio, e ele gritou.
"Já que você está determinado a ir até o fim, então eu te amaldiçoo, Satou Kazuma. Tomarei tudo que você preza e não te sobrará nada."
Uma escuridão intensa emanou do corpo do Rei Demônio, envolvendo Kazuma completamente. No entanto, Kazuma não sentiu medo ou temor, apenas tristeza por não poder mais ver as pessoas que aprendeu a apreciar a companhia. Dentro da escuridão, ele esboçou um sorriso de deboche e proferiu suas palavras finais.
"[EXPLOSION]."
Uma luz deslumbrante dissipou a escuridão, um calor abrasador o atingiu e sua consciência se apagou.
…
Uma floresta coberta de neve se desenha diante dos olhos, com árvores que se assemelham a pinheiros, e o chão completamente envolto em um manto branco e espesso devido à pesada nevasca. O sol começa a se pôr, pintando o horizonte com uma paleta de cores que mesclam laranja, roxo e azul.
No coração dessa paisagem invernal, uma jovem garota está dedicada à tarefa de coletar ervas medicinais. Seus longos cabelos prateados brilham sob a luz do entardecer, e seus olhos possuem a profundidade da cor ametista. As características mais marcantes, porém, são suas orelhas pontudas, que denunciam sua origem élfica, ou mestiça.
Aninhado em seu cabelo, há um pequeno gatinho de pelagem cinza e branca, que parece relaxado, mas cujas expressões surpreendentemente humanas revelam sua natureza especial. Ele conversa com a garota enquanto ela colhe as ervas.
"Puck, está quase na hora de você descansar, não está?" pergunta a garota.
Puck responde com uma voz suave, "Sim, Lia, mas ficarei com você até voltarmos para casa."
Lia ri com ternura, mas então uma luz laranja-avermelhada irrompe da escuridão da floresta. Puck age rapidamente, criando um escudo de gelo para proteger Lia, uma ação que se prova acertada quando uma poderosa onda de choque os atinge. O chão estremece, as árvores balançam, e uma nuvem de poeira se ergue, obscurecendo a visão de ambos.
"Puck! O que foi isso?" Lia pergunta em desespero.
"Não sei, Lia, mas sei que foi uma magia poderosa", diz Puck. Lia sente um arrepio ao ouvir isso, pois confia no julgamento de Puck. Quando ele classifica algo como poderoso, é para ser levado à sério.
Apesar do receio, Lia toma uma decisão ousada. "Puck, precisamos descobrir o que está acontecendo."
"Não Lia! Pode ser perigoso." Puck tenta argumentar, preocupado com a segurança de Lia, mas ela está decidida.
"Nós temos que ir. E se for algo que coloque a floresta em perigo? Eu tenho que fazer isso." Ela argumenta.
Puck tenta encontrar uma maneira de fazê-la desistir, mas ele percebe que não terá sucesso. Finalmente, após uma breve pausa, ele concorda com um olhar sério. "Está bem, mas se for algo perigoso, fugiremos imediatamente."
Com essa compreensão mútua, eles avançam pela floresta e logo deparam com a devastação causada. Árvores caídas e quebradas, a neve derretida por um calor intenso, e Puck sente a mana da área descontrolada, algo que o deixa desconfortável. A magia usada está além de seu conhecimento.
Finalmente, eles chegam a uma clareira e veem uma grande cratera com mais de 100 metros de diâmetro. No centro da cratera, há uma pessoa jogada. Por instinto, Lia corre em direção à figura, enquanto Puck grita para que ela não se aproxime. No entanto, ela ignora o aviso.
Lia chega ao lado da pessoa e examina sua aparência. Ele é um pouco mais alto que ela, magro, cabelos castanhos e rosto definido, com idade semelhante à dela. Suas roupas foram destruídas e queimadas, restando apenas as calças. Ferimentos diversos marcam seu corpo, com cortes, queimaduras e escoriações. Lia verifica sua respiração, que está fraca, quase desaparecendo. Em desespero, ela chama por Puck.
"Puck. Ele está quase morrendo, precisamos levá-lo para casa." Puck queria argumentar, mas os olhos de Lia não deixam espaço para objeções.
…
Kazuma se encontra imerso em suas próprias memórias, uma jornada através do tempo que o leva desde os dias de escola, quando sua vida era mundana e comum. Ele revê as situações embaraçosas, suas tentativas fracassadas de conquistar o coração de uma garota que o deixou com cicatrizes emocionais. Essa época de sua vida o levou a se fechar em seu quarto, afastando-se do mundo exterior, em busca de escapismo através dos jogos e da internet.
Aos poucos, essas memórias se misturam com as aventuras incríveis que ele experimentou. A visão de seus companheiros, Aqua, Darkness e a explosiva Megumin, surge diante de seus olhos. Ele relembra os altos e baixos, os desafios e triunfos que enfrentaram juntos.
Entre todas as memórias, destaca-se o momento especial em que ele compartilhou um beijo com Megumin, um momento que desencadeou uma série de emoções e sentimentos que ele nunca imaginou que sentiria.
Enquanto suas memórias giram em torno de Megumin, elas mudam para uma cena em específico, para a noite em que tudo mudou. Ele se encontra na varanda da sua mansão, ao seu lado está Aqua observando a lua cheia, ela brilha com o luar como a deusa que deveria ser. Ele se lembra da conversa que teve com ela, e como tudo seria diferente se tivesse seguido seu instinto.
Ele estaria no sofá da sala, observando a madeira queimar na lareira, Megumin ao seu lado appiada nele, Darkness tomando seu chá e lendo um livro perto da janela, e Aqua estaria brincando com sua galinha, ou dragão, segundo ela. Tudo estaria como ele sempre desejou, mas agora ele está aqui, onde quer que seja.
Mas, algo mais surge, algo que não está vinculado ao seu passado, mas ao presente. Uma voz suave e tranquilizadora rompe o fluxo de pensamentos e memórias.
"... ferido... descanse..."
Kazuma luta para abrir os olhos, os cílios pesados como chumbo, mas ele consegue vislumbrar uma silhueta embaçada. A voz e a figura parecem distantes, como se viessem de um lugar além de sua compreensão. Uma sensação de conforto e segurança o envolve, apesar da confusão que o domina.
Sua consciência oscila na linha tênue entre o sono e a vigília, e o sono ganha essa batalha.
…
Kazuma lentamente abre os olhos, encontrando-se sob um teto desconhecido. A princípio, ele não demonstra grande surpresa, afinal, é uma pessoa naturalmente preguiçosa e tende a aproveitar momentos de relaxamento, mesmo que estejam em locais desconhecidos.
Seus pensamentos vagueiam, retornando às suas memórias mais recentes, especialmente a batalha contra o Rei Demônio e o sacrifício que ele fez para derrotá-lo.
"Eu deveria estar morto, mas não estou na Sala da Eris."
A constatação de que está em um quarto desconhecido e sentindo dores por todo o corpo confirma que ele ainda está vivo. Ele examina as bandagens cobrindo seu peito e braços, indicando que alguém cuidou de seus ferimentos, embora esteja claro que não foi Aqua.
"Por mais que eu ache a Aqua inútil, suas habilidades de cura me deixariam em perfeito estado. Além disso, ela provavelmente já retornou ao céu depois que derrotei o Rei Demônio."
Kazuma tem certeza de que derrotou o Rei Demônio, apesar de sua fraqueza atual. Ele pode sentir que ficou mais forte, provavelmente devido à enorme quantidade de experiência ganha ao derrotar o Rei Demônio. No entanto, é impossível verificar seu nível atual, uma vez que seu cartão de aventureiro provavelmente foi destruído durante a batalha.
"Talvez Megumin e Darkness tenham vindo me resgatar." Kazuma ainda mantém suas esperanças, pensando em suas companheiras de equipe, quando escuta um barulho vindo da porta. Ele fica tenso, esperando ver a entrada triunfal de Darkness e, principalmente, Megumin.
A porta se abre e a pessoa que entra no quarto o surpreende e, ao mesmo tempo, o decepciona.
Uma garota de aproximadamente 160 cm de altura adentra o quarto, vestindo roupas simples, mas bem feitas. Ela tem longos cabelos prateados, semelhantes aos de Eris, olhos da cor de ametista, pele branca e orelhas pontudas. Ela carrega uma tigela de sopa em sua mão, e o aroma enche o ar, fazendo o estômago de Kazuma roncar como um dragão que ele uma vez enfrentou.
A garota o olha e solta uma pequena risada, mas Kazuma está acostumado a passar por situações mais embaraçosas do que um estômago roncando, então mantém sua expressão descontraída.
"Olá. Vejo que finalmente acordou. Como você está?"
A voz da garota é surpreendentemente semelhante à de Megumin, o que deixa Kazuma atordoado por um momento. No entanto, ele se recupera rapidamente. Quando está prestes a responder à garota, um pequeno gato de pelagem cinza e branca salta do cabelo da garota, pairando entre ela e Kazuma.
"Não se aproxime, Lia. Não sabemos o que ele pode fazer. Se tentar algo suspeito, eu cuido dele."
"Puck!"
O gato chamado Puck permanece entre Kazuma e a garota chamada Lia e o observa com a testa franzida.
"Se você tentar alguma coisa, eu acabo contigo." Puck lança uma ameaça.
"Entendido." Kazuma responde com uma única palavra, mas está mais curioso em saber se o gato é semelhante a Chomosuke. "Você é algum tipo de deus maligno?"
Kazuma pergunta sinceramente, o que surpreende Puck, pois esperava sentir surpresa ou mais comumente medo vindo do garoto à sua frente, não curiosidade.
"Não sou esse tal de deus maligno que você mencionou. Sou um grande espírito contratado por Lia."
"Ah, entendi." Responde Kazuma.
Depois de observar Kazuma por um tempo, Puck se volta para Lia. "Pode se aproximar, Lia. Não sinto más intenções nele."
Kazuma presta atenção às palavras de Puck, percebendo que o gato é capaz de sentir os sentimentos das pessoas. Portanto, ele toma cuidado com o que diz perto dele.
Lia se aproxima da cama e senta-se em uma cadeira ao lado, colocando a tigela de sopa em um criado-mudo. "Ah, esqueci de me apresentar. Me chamo Emilia, e este é Puck."
A garota chamada Emilia aponta para o gato enquanto se apresenta.
"Satou Kazuma. Por acaso foi você que me tratou?" Kazuma pergunta enquanto tenta se sentar, mas a dor o impede de continuar. Emilia o ajuda a se sentar.
"Sim, mas minhas habilidades de cura não são as melhores, então só pude fazer os primeiros socorros."
"Mesmo assim, obrigado por me ajudar."
Após expressar sua gratidão, Emilia pergunta a Kazuma: "Então, Kazuma, como você veio parar aqui na Floresta de Eriole?"
Kazuma tenta se lembrar de alguma localização em Belzerg chamada Floresta de Eriole, mas não obtém sucesso.
"Desculpe, mas eu nem sei onde fica essa Floresta de Eriole, então não tenho ideia de como vim parar aqui. Você poderia me dizer como me encontrou?"
Quando Emilia está prestes a responder, Puck a interrompe e fala em seu lugar. "Você foi encontrado no meio de uma enorme cratera com ferimentos, seja lá o que você fez, causou uma grande destruição."
A resposta de Puck faz com que Kazuma conecte os pontos. Uma destruição desse porte só poderia ser causada pela magia [Explosion], mas ele a usou nas profundezas de um labirinto, o que não deveria ter afetado a superfície. O fato de ter aparecido no meio de uma floresta desconhecida aumenta seu mistério.
Então, ele se lembra das últimas palavras do Rei Demônio e uma compreensão terrível toma conta dele. "Esse maldito não fez isso." Kazuma pensa e pergunta aos dois. "Vocês podem me dizer onde estamos exatamente?"
Puck e Emilia trocam olhares, e Emilia responde: "Estamos na Floresta de Eriole, localizada a nordeste no Reino de Lugnica."
As palavras de Emilia fazem Kazuma tentar recordar-se de um reino chamado Lugnica, mas ele falha em fazê-lo. Um medo repentino o invade e ele pergunta mais. "Você já ouviu falar de Axel? Ou do Reino de Belzerg?"
Emilia inclina a cabeça com a pergunta de Kazuma, e Puck balança a cabeça negando.
"Haha..."
Kazuma emite uma risada sem graça e conclui: "Parece que estou muito longe de casa."
Continua…
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Notas do Autor: Bem meus leitores, eu lhes apresento minha primeira historia que publico. A ideia dessa historia surgiu do meu tédio enquanto procuro um emprego, mas enquanto não acho vou tenta me distrair aqui. Eu já havia escrito outras historias, mas nunca publiquei. Espero que gostem dela e deem feedbaks para eu melhorar ela.
Valeu, falou.
