Disclaimer: Saint Seiya não me pertence e, sim, a Masami Kurumada, Toei e cia.

Obs.1: Capítulo focado em Helu e Mask.

Obs.2: a primeira parte são cenas de ALSA, fic da Krika Haruno, que pincei apenas do casal deste capítulo para simbolizar a recuperação das memórias e também, do compartilhamento das memórias dos casais.

Texto em itálico se refere a flashbacks, quando houver.

Texto normal se refere ao presente.

Música tema para o capítulo: Wrecking Ball de Miley Cirus na versão Solo Piano Version por Stephan Moccio (mais pela melodia em si do que pela letra da música

Capítulo 18

Mask ficou olhando Shura e Julia até eles sumirem.

- Interessante...

Sentiu um olhar sobre si.

- E você, pingo de gente? Não tem nada para fazer?

Aquilo foi a gota d'água. No impulso, Helu ergueu a mão, prontamente segurada pelo italiano.

- Atrevida.

- Você é um estúpido!

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Heluane subia bufando pelas escadarias que conduzia Virgem a Libra, aquele tapa tinha sido pouco. Mal sabia que Giovanni subia atrás apertando o pé para alcança-la.

- Sua insolente. - segurou o braço dela.

- Me solta agora!

- Só depois de me ouvir.

- Não tenho nada a tratar com você! Me solta.

- Tente.

- Posso gritar.

- Não teria coragem.

- Que apostar? - Helu estava preparada para soltar um grito que Atena escutaria, contudo MM tampou sua boca a tempo.

- Pensa que vai me ferrar está muito enganada garota.

A resposta da brasileira foi chutá-lo na canela.

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Levantou, começando a andar em círculos. Subitamente a imagem de Heluane veio-lhe na mente, não pode deixar de sorrir.

- "O pingo de gente é forte." - pensou, lembrando-se da força que ela aplicou no peito do cavaleiro.

A imagem dela fazendo a massagem passava e repassava na mente dele. Será que fazia aquilo todos os dias? Não fazia ideia de que ela era enfermeira. Como uma pessoa agitada como ela, poderia ser tão controlada num momento de tensão como aquele? Tinha que reconhecer que era forte.

Olhou para Saga. Ela era tão forte que salvou a vida de um cavaleiro de ouro...

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Mask abriu a porta do primeiro andar a chute, felizmente o fogo ainda não tinha chegado aquela parte, mas não demoraria muito. Rapidamente subiu as escadas, mas teve que parar, já que parte da madeira do teto começou a cair.

- Caspita...

Elevou seu cosmo subindo na velocidade da luz. No inicio do corredor, viu o fogo e uma grande quantidade de fumaça. Seria questão de tempo tudo ir pelos ares. Andando por entre o fogo e protegendo o nariz começou a percorrer o corredor.

- Heluane! Heluane!

A brasileira estava quietinha num canto, quando escutou uma voz.

- Heluane!

- Giovanni... - começou a tossir. - Giovanni...

- Heluane! - engoliu fumaça passando a tossir. - Helu.

O canceriano avançou, desviando a todo instante de partes do telhado que caiam. O fogo aumentou, ao atingir um cômodo repleto de moveis de madeira. Mask teve que recuar para não ser atingido.

- Caspita... Heluane! Heluane!

- Aqui... - no canto tossia muito.

Por conta da quantidade de fumaça eles não conseguiam se ver.

- Helu! Onde você está?

- Aqui... Giovanni... Aqui! - gritou na tentativa dele escutar.

O cavaleiro conseguiu escutar. Apertou o passo percebendo que ela estava no final do corredor.

- Helu. - a viu no cantinho.

- Giovanni...

- Eu vou tirar você daqui. - rasgou um pouco da camisa. Olhou para o teto para ver se ele aguentaria mais alguns minutos.

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Sentada debaixo de uma árvore, Helu respirava com a ajuda de um balão de oxigênio. Ficou por cinco minutos assim. Atena abraçava o corpo. Primeiro Saga, agora Helu e Mask feridos.

- Você está bem? - indagou Aiolos ajoelhando ao lado dela.

- Estou. Só engoli fumaça.

Ela olhou para o lado, o canceriano estava a certa distancia recebendo o mesmo tratamento. Os dois fitaram... o vento soprava quente por conta do fogo, mas aquilo parecia não afeta-los. Examinaram um ao outro a procura de algum ferimento mais grave. Giovanni respirava aliviado, Heluane estava bem. A fluminense também estava aliviada, mesmo com tudo que tinha passado nas mãos dele, em meio às chamas temeu que algo grave acontecesse a ele. Os olhos encheram de água, no calor do momento, não teve tempo para pensar no risco que corria, agora vendo o alojamento completamente destruído temeu por sua vida e a da dele. Ao ver as lágrimas da brasileira, Gio sentiu o coração apertar. Não se perdoaria se não a salvasse... Ficou surpreso com o desejo de levantar e abraça-la, mas não poderia, o anel e sua consciência não permitiriam. Sentiu os próprios olhos marejarem...

Os olhos continuaram um no outro.

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- Eu o conheço melhor do que ninguém. - a fitou. - ele é capaz de fazer atrocidades, como também coisas belas. Giovanni se esconde debaixo da máscara de frio e cínico, mas lá no fundo, continua sendo o garotinho assustado, atormentados pelos fantasmas do passado.

- Por que está me dizendo isso? É para esquecer o que ele fez e sermos amigos? - disse com ironia.

- Não. Só estou dizendo por que acho que encontrei a pessoa certa para coloca-lo nos eixos. Assim como a Cris, Julia e Isa são as pessoas certas para Saga, Shura e Kamus. - levantou. - conheço Giovanni há pelo menos vinte e cinco anos e pela primeira vez eu vi os olhos deles marejarem por alguém e foi por você Heluane. Se tivesse acontecido algo a você, não tenho dúvidas que ele surtaria.

A brasileira ficou pasma.

- Aquilo foi remorso. - disse não querendo acreditar.

- E foi mesmo. Aposto que naquela hora pensou em tudo que tinha feito a você.

Heluane sentiu os músculos tencionarem. Afrodite queria o quê? Convencê-la que Mask não era ruim? Que tinha se arrependido e agora era santo?

- Ele pode até ser uma pessoa boa, mas não comigo Afrodite. - levantou. - ele me odeia. E como ele mesmo disse, vai chutar a minha bunda quando o vértice abrir.

O sueco ia retrucar, quando sentiu o cosmo do canceriano. Mask caminhava lentamente em direção ao templo, mas ao ver Heluane parou.

Os dois fitaram-se. A imagem dele garotinho veio na mente da fluminense. Mask ficou incomodado.

- O que está olhando? - indagou rusticamente.

- Seu grosso! - deu meia volta. - está vendo?

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- Por que é tão teimoso? - aproximou tocando-o no ombro. - respirar fumaça é tão perigoso quanto as queimaduras.

- Estou bem...

Novamente os olhares se encontraram. Por segundos a íris azul desviou para a boca dela. Mask se afastou imediatamente. Qualquer aproximação poderia virar um verdadeiro tormento.

- Eu não estou com anel. - disse, pensando que ele se afastou por medo de sentir dor.

- Fica longe de mim. É melhor para nós dois.

- Minha presença te incomoda tanto? - ficou chateada.

- Aconteceram aquelas coisas... e... e...

- Não precisa se explicar quanto aquilo. Eu sei que ainda não está preparado para pedir desculpas e eu para te perdoar. Vamos pelo menos tornar a convivência pacifica.

- Está bem...

- Bom... - levantou. - vou indo. Procure um médico. Estou falando sério.

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- Fez um ótimo trabalho. – disse Mask parando ao lado dela.

- Fiz o que pude. Ainda bem que tínhamos Atena. O risco de perder a Sheila era grande... eu não sei o que eu faria... – os olhos começaram a marejar. – eu... eu...

A brasileira começou a chorar, o italiano aproximou abraçando-a, Helu chorou ainda mais.

- Chora... – acariciava as madeixas dela. – precisa aliviar toda a tensão.

E ela chorou. Durante os cuidados tinha que parecer firme e tranquila, mas por dentro estava em pânico. E se alguma das meninas morresse? E se Hell voltasse? E se Giovanni ferisse com gravidade? E se?

- Cuidou de todo mundo. – ele a pegou no colo de forma gentil. – agora vou cuidar de você.

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Foram poucos segundos entre o sorriso e os lábios colados. O beijo começou possessivo, contudo com o passar do tempo foi ficando suave, envolvente, apaixonado... era a mesma sensação do beijo da noite anterior. Mask ficou com medo, nunca tinha sentido aquele sentimento cálido por alguém, nem sabia qual era o nome daquilo. Falava de Shaka, mas no fundo ele era igual ao indiano. Não sabia o que era amor. Não tinha noção até ver Heluane em meio as chamas e agora era a constatação: estava apaixonado por ela. Muito. E agora o temor de perdê-la era o dobro. O que faria se a perdesse? "Você já a perdeu no momento que fez aquilo." Disse sua consciência.

- Me perdoe... - disse, afastando seus lábios. - eu fui um completo idiota.

- Gio...

- Eu sei o que eu fiz não tem perdão. Nem o mereço como não mereço pelos vários crimes que eu cometi no passado. - deixou uma lágrima escapar.

- Gio...

- Eu errei muito... - enxugou uma lágrima, mas outra desceu. - principalmente com você. - me perdoe... me perdoe... estou sendo sincero.

- Giovanni. - ficou penalizada por vê-lo daquele jeito.

- Eu vou entender se não me perdoar. Eu sei que sou um canalha, mas eu... eu... - a garganta deu um nó. - eu gosto de você.

Heluane arregalou os olhos, completamente surpreendida. Já Mask interpretou de outra forma. O que ele havia dito era tão absurdo que ela estava pasma. Heluane jamais o perdoaria. Jamais.

- Me perdoe... - as lágrimas desceram.

A brasileira no primeiro momento ficou atônica. Mascara da Morte de Câncer chorando?! Depois do impacto do primeiro momento, ficou com dó. Por que ele seria diferente dos demais cavaleiros? No fundo eram apenas homens normais. Como dissera Julia anteriormente, meninos com super poderes, mas no fundo meninos... ainda mais ele. Um garotinho assustado, escondendo atrás da máscara da frieza.

- Giovani... - tocou no rosto dele. - já passou. Vamos virar a página?

- Eu te fiz muito mal...

- Passou. Ficou no passado, vamos seguir em frente.

Ele ainda ficou ressabiado. Talvez ela tenha dito aquilo para não constrange-lo ainda mais, mas no fundo... deveria ter ódio dele.

- Passou...

Tudo que ele sentiu foi os lábios dela sobre os seus.

- Passou Gio. - não afastou seus lábios.

- Me perdoa?

- Sim.

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Heluane franziu o cenho e se debateu um pouco conforme lembrava das coisas que Giovanni fizera a ela no começo. Os dois viviam discutindo e brigando, nenhum deles era uma pessoa fácil de se lidar, mas ainda assim, a atitude dele para com ela foi muito, muito errada.

E Giovanni sabia disso. Abaixou o rosto, sentindo a vergonha de seus atos. Não queria que ela lembrasse disso. Tinha medo de que mesmo que ela o tivesse perdoado anteriormente, ao se lembrar das coisas que aconteceram, ela se afastasse e pior, retirasse seu perdão.

Não suportaria se isso ocorresse. Não suportaria perdê-la agora.

Chorou baixinho.

Helu viu, no entanto, as memórias de quando ele a salvou do incêndio e pôde constatar pelas lembranças dele, o desespero que o canceriano sentiu quando percebeu que ela estava em perigo.

O desespero, a dor lancinante por causa do anel, a determinação de tirá-la de lá mesmo que lhe custasse a vida… E depois, a preocupação e a vontade de abraçá-la. os poucos, as memórias eram desbloqueadas de sua mente e conforme elas voltavam, ia notando como a atitude e os sentimentos de Máscara da Morte em relação a si foram mudando.

De desprezo e ódio, a admiração quando ela salvou a vida de Saga, para se apaixonar e passar a amá-la.

Lembrou-se do choro dele ao lhe implorar por perdão antes de lhe confessar seus sentimentos, que eram novos para ele, e de fazerem amor.

E a tristeza da despedida, o alívio por parte dele em saber que ela estaria bem, segura e viva, ao ir para o abrigo e de lá para o Brasil, especialmente quando ele e os amigos derrotassem a "caveira doida" como ele chamara Hell.

Viu as últimas lembranças de Giovanni, enterrando a lança no peito da Deusa nórdica. Inconsequente como sempre.

Helu despertou e se sentou na cama, chorando. Giovanni se sentou na frente dela, na cama, e a olhou consternado. Estendeu a mão para tocá-la, mas estava com receio.

– Heluane… - a voz dele saiu pesarosa.

A brasileira não respondeu nada, escondendo o rosto nas mãos e deixou o pranto vir livre. Soluçava alto e Giovanni ficou ainda mais consternado.

– Se você quiser ir embora, eu vou entender. - ele murmurou, com os olhos baixos.

O italiano levantou-se da cama, se dirigindo para fora do quarto. Parou por alguns instantes na porta e olhou para a fluminense que chorava, abraçada a si mesma.

Câncer sentiu o coração doer e virou-se, cabisbaixo, saindo do quarto. Caminhou pelo corredor que levava a uma pequena saleta e ia descer as escadas para a sala de estar, quando sentiu seu corpo ser envolvido pelos braços da fluminense.

– Giovanni!

– Helu…?

– Não vou…

– Heluane… - ele murmurou.

– Eu não vou embora.

– Heluane, eu agi errado com você.

– Você agiu errado, sim. Eu provavelmente deveria ficar com outro, alguém que não faria as coisas que você fez, mas eu não quero…

Ela se afastou um pouco e o fez encará-la.

– Eu te perdoei no passado, e mesmo que agora que eu lembrei de tudo, possa ser difícil, eu sei que vou conseguir te perdoar. Meus sentimentos por você não mudaram. Eu ainda te amo!

O italiano olhou em seus olhos, surpreso.

– Ma quello che ho fatto è imperdonabile…

– Sou eu quem decido se perdoo ou não, e se eu já perdoei uma vez, posso perdoar de novo!

Heluane colocou as mãos em seu rosto, segurando-o.

– Eu te amo, e sei que você me ama, que nunca mais vai fazer aquilo de novo. E isso basta.

Giovanni a olhou nos olhos e suspirou. Abraçou-a e acariciou seus cabelos.

– Anch'io ti amo. - se afastou para olhar nos olhos dela de novo, fixa e profundamente, segurando seu rosto entre as mãos. - Farei de tudo para ser digno e merecedor do seu perdão e do seu amor.

– Eu sei… - Sorriu e o beijou ternamente. - Eu sei.

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XxxX

Ooi!

Eu sei que esse capítulo ficou muito curto. Tentei escrever mais, mas sinceramente a primeira versão dele eu não gostei. Tentei reescrever, então, e pensei em trazer mais conflitos internos entre os dois, mas não estava conseguindo desenvolver (gente em casa me atazanando).

Como também lembrei que dentro do arco dos dois, a Helu já tinha perdoado o Giovanni no passado, eles já tinham se acertado e estavam bem quando ela é mandada para o abrigo, eu achei que o arco deles aqui nessa fic poderia ser menos dramático. É o mesmo caso do relacionamento de Saga/Ares e Cris. Eles merecem ser felizes.

Então, foco maior nas coisas boas.

Às reviews:

Krika - Pois é, Ares precisava de redenção e a partir de agora, o relacionamento deles é para ser feliz! Hahaha

Gabe - Com aquele tamanho, aquela força, com o cosmo e mais a ajuda de Athena e da galera de Rodório, Deba consegue construir rapidinho! Convenhamos que a parte "mágica" de CDZ permite isso! Hahahahaha. Sim, Ares precisava se arrepender e mudar. É essencial para que o relacionamento agora ande e seja saudável, né?