Enfim veio aí o final, espero que gostem. Teve muito choro simmm


BELLA EPOV

A vida tem suas excentricidades, mas há alguns anos, eu não esperava estar onde estou atualmente.

Quando me envolvi com a CV Technology, eu tinha plena noção de qual seria minha função ali. Eu era de uma família sem muitas regalias, mas ao mesmo tempo, mesmo que meus pais tivessem seus momentos difíceis, nunca me faltou amor.

E foi com esse amor que eu cresci e me tornei a mulher que almejava. Eu era persistente, batalhava pelos meus direitos, era consciente dos meus deveres ao mesmo passo em que me permitia sonhar, sem nunca deixar de ter meus pés nos chãos.

Quando enfim consegui meu emprego, ainda estava na dúvida se Emm estava envolvido nisso, mas meu irmão jurou pela vida dos nossos pais que ele não tinha nada a ver com aquilo.

Feliz demais para até mesmo raciocinar, naquele dia eu dancei em meu quarto minha música favorita, me olhando no espelho orgulhosa dos meus feitos.

Edward me recepcionou no momento em que eu coloquei meus pés na sede da empresa. Era difícil não notar a beleza daquele homem que era meu atual chefe.

Alto, com os cabelos acobreados perfeitamente desalinhados, ele sorria em sua recepção, seus olhos verdes como esmeraldas eram como o espelho de sua alma, era possível ver seus sentimentos através deles.

Lembro de ele ter me proporcionado um tour, sempre muito prestativo em tirar minhas dúvidas. Eu era uma jovem garota vivendo uma vida de adulta e confesso que toda vez em que ele falava, minha barriga borbulhava com um sentimento de nervosismo por estar próxima a ele, sentimento esse que reprimi ao lembrar de nossos papéis ali.

A situação não foi a mesma com Caius. Mesmo que meu chefe imediato fosse Edward, Caius também era dono da empresa em que eu trabalhava e consequentemente era meu chefe também.

Isso não pareceu impedi-lo de me chamar para sair duas semanas depois do meu primeiro dia, e eu o agradeço por isso todos os dias ou eu nunca teria conhecido o homem bom com qual dividi uma parte da minha vida.

Caius era bom, em todos os aspectos da vida. Um bom profissional, bom amigo, bom marido e consequentemente um bom amante, vivíamos felizes, em uma vida digna de comercial de margarina. Vez ou outra brigávamos como qualquer casal normal, isso era uma coisa comum, mas nunca durava por muito tempo, éramos próximos demais para ficar um longe do outro.

Mas toda essa proximidade rapidamente teve um fim. No momento em que coloquei os pés naquele hospital, eu senti a dor da perda, mesmo que ele estivesse vivo, mesmo que Edward me desse esperança de que os médicos fariam todo o possível, eu queria mais, eu buscava por milagres, buscava pelo impossível.

Mesmo sendo uma mulher afastada da igreja, sempre fui criada com o ideal de que Deus existia, de que tinha alguém olhando por nós.

Naquele dia eu rezei, rezei para que Deus desse o sopro da vida novamente ao meu marido pois eu não sobreviveria sem ele.

Naquele mesmo dia, sem que Edward precisasse falar nada, soube que Caius estava morto. Aquela esperança de que me prometeram não passava disso, apenas esperança. E isso não era o suficiente para trazer Caius de volta.

Desde então, segui minha vida em luto. Não vivendo, mas sobrevivendo. Por muitas vezes pensei em loucuras, em tirar minha própria vida com o intuito de que isso pudesse tirar minha dor também, eu só queria estar com ele, seja onde for.

Na missa que sua mãe planejou, eu tentei ao máximo não surtar e me deixar levar pela raiva, apenas por respeitar a memória daquele que amei.

Nesse momento, assim como todos os outros, Edward estava lá. Ele sempre esteve lá por Caius e eu sabia que ele sempre estaria lá por mim também. Eu tinha consciência de que isso seria um pedido do qual meu marido faria a ele e Edward era um homem fiel demais para negar algo ao seu melhor amigo.

Assim que eu participei da reunião em que o testamento de Caius foi proferido, ali mesmo tive a decisão do que iria fazer.

Peguei a carta que Jasper me deu naquele dia, carta essa que eu segurava atualmente, sentada na areia da praia praticamente vazia, tomando forças e coragem para ler.

Naquela época, eu precisava sair daquele lugar, precisava ver novas pessoas, precisava de um novo motivo para viver.

Decidi investir nos meus estudos, ser uma profissional digna para comandar o cargo que ele exigiu, ele era inteligente e me conhecia bem o suficiente para saber que eu não aceitaria aquilo de bom grado, o homem sabia a mulher que tinha em casa.

Estudei mais do que o necessário, foquei em viver momentos bons, mesmo que estivesse sozinha. Eu conversava pouco com minha família, falava apenas o básico, sem dar muitos detalhes, entrava em contato apenas para que eles soubessem que eu ainda estava viva.

Me doía ler as mensagens de saudade de Alice, os áudios chorosos de Emmett, as mensagens de voz dos meus pais e até mesmo as mensagens de Rosalie, pedindo que eu fosse uma irmã melhor para o seu marido e desse notícias.

Assim que meus estudos terminaram, soube que era hora de voltar para Seattle, hora de enfrentar a verdade, hora de reescrever a história que por muito tempo quis apagar.

A primeira pessoa que vi foi Edward, era estranho vê-lo depois de tanto tempo. Mesmo que ele não estivesse tão diferente, ainda assim ele não era o mesmo.

O Edward que encontrei quando voltei era um homem mais maduro, com ideias diferentes para o futuro, mas ainda assim era o Edward que me apresentou a sua grande conquista, que foi o lugar do meu primeiro emprego.

Sorri ao lembrar da sua cantada quando me viu no bar. Meu sorriso aumentou ao lembrar do seu choque em perceber que era eu.

Ele era o melhor, isso não podia ser negado. Ele se esforçou para que eu estivesse bem em minha volta, me recebeu novamente na empresa, me apresentou os novos funcionários e sempre foi muito atento às minhas opiniões e decisões.

Na noite em que dormimos juntos, eu saí correndo na primeira chance que tive. Quando coloquei os pés em casa novamente, a casa que eu dividia com meu marido que estava morto, eu chorei, chorei por me sentir culpada.

Chorei por manchar a memória de Caius, chorei por trair sua confiança e chorei principalmente por ter usado Edward para saciar sentimentos que eu nem mesmo tinha noção de que existiam.

Eu me sentia culpada, isso não era uma surpresa, mas mesmo que eu chegasse em casa me sentindo uma mulher ruim, eu não conseguia me afastar de Edward.

Era estranho pensar, que após todos esses anos, ele me fez sentir como uma adolescente vivendo um amor com borboletas no estômago.

Mesmo o sexo sendo incrível, eu não me permitia passar a noite ao seu lado, tinha a falsa impressão de que se eu acordasse em minha cama, sozinha, fosse o certo. Eu sabia que não era só sexo, sabia que se eu acordasse ao lado de Edward, as coisas mudariam, se é que já não tinham mudado.

Desde a morte de Caius, era a primeira vez que eu sentia algo por outra pessoa. Era tudo diferente, mesmo que eu tivesse a plena certeza de que eu o amava e fosse fiel a meu falecido marido, definitivamente era diferente com Edward.

Eu o amava, isso era uma certeza, eu aprendi a amá-lo mesmo que eu mentisse para mim, mesmo que mentisse para ele dizendo que era apenas sexo, nunca foi apenas sexo.

Na noite que passamos juntos, noite em que Rosalie apareceu em seu apartamento de surpresa, eu soube que não dava mais para continuar fingindo daquela forma.

Naquela noite eu vivi o meu melhor momento com Edward, mas assim que entrei em meu carro, voltei para casa e passei o resto do domingo pensando em como eu poderia seguir sem culpa, sem a culpa de me permitir ser feliz novamente, sem ter a sensação de estar traindo Caius de alguma forma.

Durante a semana, não tive contato pessoalmente com Edward, e mesmo que conversávamos diariamente por mensagens de texto e algumas chamadas de vídeo para reuniões, se limitava apenas a isso.

Ele falou que precisava de um tempo de folga, e eu de fato entendia a situação. Após o episódio com Scott, não pude negar o quão envergonhada eu fiquei.

Ele percebeu que eu menti, e mesmo sem eu precisar falar, Edward sabia o motivo e como sempre, foi compreensivo.

Foquei mais do que nunca no trabalho. Finalizei projetos, resolvi pendências e cuidei de demandas necessárias. Tudo isso foi o suficiente para que apenas no domingo, eu resolvesse enfim desacelerar e recapitular um pouco desses meses.

Eu não poderia mais viver assim. Não aguentava mais ser a megera que Rosalie pensava que usava seu irmão. Meu intuito com Edward nunca foi esse, eu nem mesmo tinha premeditado algo.

Algo aconteceu, Edward aconteceu, talvez em um momento delicado, mas não devo negar que sua presença e companhia eram fatores cruciais para que eu aprendesse a lidar com o luto.

Eu amaria Caius com todas as minhas forças, juramos nos amar até mesmo depois da nossa partida. Ele fez e faz parte da minha vida, é parte de mim e da Isabella que sou hoje.

Mas eu não podia negar e mentir para minha própria consciência.

Eu também amava Edward, droga, até mesmo pensar sobre isso é libertador. Mas mesmo que eu tivesse essa convicção, eu precisava lidar com portas que por medo deixei entreabertas e já era o momento de enfim fechá-las para que eu conseguisse seguir minha vida.

Assim que acordei, numa manhã de segunda-feira, peguei a carta que guardava no fundo do meu guarda-roupa, a garrafa de vodca na cozinha, um copo e as chaves do meu carro.

Comuniquei à equipe que naquele dia em específico eu iria me ausentar do trabalho por motivos pessoais.

Naquela manhã arrumei algumas coisas no apartamento e pouco depois do almoço, dirigi até a praia onde eu e Caius íamos quando fugíamos da loucura da cidade, muitas das tardes que passamos ali era após um dia exaustivo de trabalho.

Bebíamos algum refrigerante qualquer, jogando pedras ou conchas na praia enquanto permanecíamos em silêncio, apenas apreciando a companhia um do outro.

A garrafa de vodca que levei já estava em sua metade, eu podia ouvir meu celular vibrando com mensagens de meus irmãos e ligações de Edward, notificações que eu ignorava por estar presa por aquele momento.

O Sol um pouco fraco embalava aquele momento, estava de regata e um short mais largo, tentando estar o mais confortável possível naquela situação.

A praia estava praticamente vazia, eu podia ver adolescentes jogando um pouco longe, mas ainda assim, naquele momento eu estava completamente sozinha e envolta naquela sensação de ansiedade.

Respirei fundo e tirei a carta do envelope, enchendo meu copo com um pouco mais de bebida.

Coloquei meus óculos e tomei fôlego para ler, me permitindo deixar o medo que perdurou por anos desaparecer, dando lugar a paz que eu tanto buscava.

Ei, amor.

Bom, se você está lendo essa carta provavelmente é porque meu lindo corpinho virou pó e você não pode mais abusar dele. Espero que você esteja lendo essa carta em um lugar sozinha e segura. Sei que está sendo difícil para você, te conheço o suficiente para saber que assim que soubesse das minhas decisões após a morte você me desejaria vivo, apenas para que pudesse me matar novamente.

Amor, quero que saiba que enquanto vivi, principalmente com você ao meu lado, eu aproveitei muito cada momento. Sei que sempre fui um homem longe das coisas espirituais e sem fé que exista algo ou alguém que decida o nosso destino. Mas sei que você não entrou em minha vida à toa, seja lá quem for, eu agradeço imensamente a essa pessoa por ter me deixado passar uma parte da minha vida com você.

Enquanto estivemos juntos, você me fez um homem realizado, Bella, e por favor, nunca duvide disso. Se hoje eu já não estou mais aí, foi porque assim devia ser, não se culpe por nada, é apenas isso que te peço. Seja qual for o destino após a nossa morte, saiba que sempre irei te amar e te agradecer todos os dias por ter me amado também.

Droga, estou escrevendo isso enquanto observo você dormir como uma pedra, mas ainda assim, a pedra mais valiosa, não é tão estranho tudo isso?

Conheço você suficientemente bem para saber que você vai se culpar, não vai aceitar a dor da perda e vai achar que não merece ser feliz novamente, mas eu te digo com toda certeza, Bella, você mais do que ninguém precisa ser feliz.

Não deixe que a dor do luto sugue suas energias, meu amor, eu preciso que você seja feliz, Bella.

Permita-se amar novamente, sair com outros caras, conhecer novos lugares, permita-se viver, querida, eu tenho a necessidade disso para permanecer em paz, seja onde eu estiver no momento em que você estiver lendo isso.

Eu te amo, nem por um momento deixei de te amar. Saiba que de onde eu estiver, torcerei para que você fique bem.

Sempre que você se sentir mal por não estarmos mais juntos, vá até a praia, pegue uma pedrinha e jogue no mar, nesse momento, tenha certeza de que estarei do seu lado, assim como fazíamos em todas as tardes em que fugíamos do trabalho.

Seja forte, feliz e fique segura.

Com amor, do homem que tem a sorte de te ter,

Caius Volturi.

No momento em que finalizei a leitura da carta, eu nem mesmo consegui respirar em meio ao choro. Naquele momento me senti bem como há muito tempo não sentia.

Me sentia em paz, sem culpa, sem um rastro de sentimento ruim em meu corpo. Peguei meu celular e pude então ver o tanto de mensagem e ligações perdidas. Avisei Alice e Emm que estava bem e deixei para responder Edward por último.

Naquele momento eu já sabia o que devia fazer. Mandei minha localização e, após a resposta imediata, aguardei ansiosa por sua chegada.

Algum tempo se passou e eu usei esse momento para reler a carta. Quando percebi, Edward estava sentado ao meu lado, em silêncio, sem me cobrar por respostas, ele apenas estava ali, assim como sempre esteve.

— Me desculpe. – Ele tentou me interromper, mas continuei. — Desculpa por ter feito você guardar seus sentimentos por mim por tanto tempo, desculpe por não ser a mulher que você merece e por favor, Edward, me perdoe por mesmo sem ter consciência, ter brincado com seus sentimentos. Você sempre foi transparente, desde quando te conheci, mesmo assim, eu estava cega demais em minha dor, que não percebi o quão boa a vida estava sendo comigo novamente. Não percebi que você era minha segunda chance de ser feliz. Você merece alguém melhor, Edward, e eu quero me tornar alguém melhor para ser digna do seu amor. Eu não quero nunca que você se sinta culpado por amar demais, porque... – Suspirei. — Mesmo que eu tenha demorado para notar, mesmo que eu tenha mentido tanto para mim quanto para você, eu também amo você, Edward. Amo como nunca pensei em amar, quero acordar com você, quero ter reuniões cansativas ao seu lado, quero fazer você feliz, droga, eu até mesmo posso bajular Rose se isso te fizer bem. – Olhei para ele e seu sorriso era radiante. — Você aceita meu amor, Edward? Aceita a oportunidade de viver uma vida comigo? Eu não sou uma mulher perfeita, mas vou tentar o meu máximo ser a mulher perfeita para você. – Prometi em meio às lágrimas.

— Você não sabe quanto tempo esperei por isso. – Ele falou, seus olhos estavam como os meus, encharcados de lágrimas. — Te amo desde o momento em que te vi, Isabella. Mesmo que eu não pudesse te ter, eu ainda te amei, respeitei sua história com Caius e quero que você saiba que nunca passou pela minha cabeça tentar substituí-lo, até porque isso não é possível. Eu quero ser o homem que fez você amar novamente, o homem que consegue te fazer tão feliz como você sempre mereceu. Meu sentimento por você nunca vai diminuir, não pense que vai viver um dia sequer sem mim, Srta. Swan. – Brincou.

Ele encostou sua testa na minha e beijou meus lábios. Aquele beijo era diferente. Era um beijo sem mentiras, sem culpa, era um beijo repleto de amor, completo de sentimentos que tentávamos esconder. Depositei em seus lábios todo o amor que sentia por aquele homem.

— Você me consertou quando eu nem mesmo percebi que precisava de conserto. Me fez uma pessoa melhor quando nem eu mesma tinha esperanças disso, obrigada por não desistir de mim, mesmo quando eu não fui digna do seu amor. – Agradeci.

— Eu nunca desistiria de você, Bella, nem em meus piores pesadelos, você vai estar atada a mim para sempre, vou estar sempre aqui para lembrar o quão amada você é. – Prometeu.

O que eu sentia naquele momento talvez não houvesse palavras para descrever, era um sentimento tão bom, tão genuíno.

Deitei minha cabeça em seus ombros enquanto ele me envolvia em seus braços. Tenho a certeza que de onde estiver, Caius também estaria feliz por nós.

Naquela segunda-feira, eu tive a chance de ser feliz e amar novamente e ali, no abraço apertado que Edward me proporcionava, jurei em meus pensamentos nunca mais perder isso.


Bom, nem sei como devo finalizar essas notas finais mas vou tentar...

Queria agradecer primeiramente a minha beta fav. Jojo, você é a melhor beta que existe, obrigada por sempre ter colocado fé em FY e por ter me apoiado e chorado comigo nos momentos deprê da Bella, sou muito grata.

E quanto as minhas leitoras, agradeço pela paciência, foram períodos difíceis que precisei me ausentar mas felizmente deu tudo certo, agradeço por cada comentário e por terem tornado essa história tão especial.

Nossa Bella enfim venceu o luto e ver o desenvolvimento e escrever sobre isso foi algo extremamente motivador para mim.

Espero que tenham gostado, foi tudo escrito com muito cuidado e carinho, agradeço pelo apoio até aqui.

Nos vemos em breve!