Capítulo XV: Para onde ela foi? – Parte 1 (Kojiro)

Véspera de Ano Novo

Nada mais era como antes. Tudo parecia estranhamente cinza e feio. Emma tinha o poder de mudar qualquer coisa, mas ela não estava mais lá. Ninguém sabia onde ela estava.

Kojiro ligou para May buscando por notícia de Emma, mas ela não soube – ou não queria - dizer. Apenas pediu para dá um tempo a ela. Mas era muito doloroso pensar que ele nunca mais poderia vê-la. Mesmo Emma o odiando, vê o seu rosto o traria paz.

Em uma manhã, quando Kojiro decidiu se levantar da sua cama e encarar mais um dia, não viu mais Maki. Ela apenas deixou um pequeno bilhete.

"Vou para um hotel, não consigo mais ficar perto de você."

O que ele podia reclamar. Passaram-se quase uma semana desde o ocorrido. Havia dito à Maki que poderia ficar o tempo que ela quisesse, mas ela aceitou ficar na casa por que ele treinava o dia inteiro e só voltaria para casa, para dormir. Mas ainda assim isso a incomodava.

Maki não falava mais com ele, e não o culpava. O que ele havia feito era muito errado e sabia disso. Não esperava que a japonesa voltasse para ele e para falar a verdade, nem Kojiro sabia se queria ela de volta. Ainda estava abalado pelo furacão que havia passado em sua vida chamado Emma. O desastre mais lindo e perfeito do mundo. A perdição em pessoa.

Ele pesquisou sobre o segredo de Emma na internet. A única coisa que achava falando a respeito, eram reportagens de alguns blogs de celebridades e tablóides noticiando. Nada de uma fonte muito confiável. Mas tudo que Jessica havia dito a ele, era confirmado. O rapaz, o tal Jared, havia morrido e depois disso a família de Emma, a mudou de cidade a fim de preservá-la.

Havia outras notícias perturbadoras sobre Emma, também. Kojiro pensava em com uma adolescente, na época, tinha uma vida tão promiscua e cercado de drogas. Entendia o porquê Emma parecia tão estanha as vezes, quando ele achava que ela o escondia algo.

Até tentou fazer May falar algo sobre a história, também. Mas ela disse apenas que era a história da facada era mentira, já o restante, dizia respeito apenas a Emma contar. E não conseguiu arrancar mais nada dela.

Mas era isso mesmo que queria, ouvir da boca de Emma aquilo.

Durante o treinamento ele e Cruyfford se estranharam varias vezes a ponto acabarem brigando. O técnico havia ameaçado cortar os dois do próximo jogo se brigassem novamente. As imagens deles haviam ficado arranhadas desde a festa. O técnico havia ficado furioso com aquilo.

Cruyfford também parecia triste. Por um momento Kojiro chegou a pensar que ele saberia onde Emma estava. Mas por varias vezes viu o holandês olhando, inerte, uma foto que levava consigo da ruiva. E por mais ciúme que isso dava, mas Kojiro não falava nada, sabia que ele também estava sofrendo.

Mas apesar de tudo, não conseguia esquecer Emma. Sempre que acordava, a primeira coisa que fazia, era vê se Emma havia respondido suas mensagens. Coisa que nunca aconteceu. Fazia questão de guardar o travesseiro que ela usou da ultima vez que esteve com ele. Ele nunca sentiu tanto prazer com outra mulher.

Maki tinha razão quando disse, em meio a raiva, que Emma o havia enfeitiçado. O que Kojiro não teve coragem de falar na hora, era que ele adorava aquilo. Se está sobre obra de magia fosse a única forma de ter Emma perto de si, então que seja.

(...)

— Tem certeza que não tem ninguém no apartamento? – Brian insistia com a recepcionista que já estava cansada. Ele achava que ela havia recebido ordens para dizer aquilo.

— Sim senhor. Não há ninguém. - respondeu a mulher já cansada. - Eu disse a mesma coisa para uma menina que veio aqui hoje, mais cedo.

— Menina? Como ela é? Qual o nome dela?

— Era uma menina de uns vinte anos, ruiva...

Veio a imagem de Emma a sua cabeça. Será que ela havia voltado?

— Ah, ela está bem ali. - A recepcionista apontou para a pessoa que entrava entrando.

Brian se virou esperanço, mas era Anne de quem ela estava falando.

— Cruyfford, não esperava te vê por aqui? - Anne falou. - Alguma notícia da minha amiga?

— Não, esperava conseguir alguma coisa aqui. Mas parece que do mesmo que ela chegou, ela foi embora. - Brian a puxou para o canto e a fez se sentar. - Existe algum lugar que Emma poderia ter ido? Eu juro que eu vou lá e a busco.

Anne pensou em quais lugares Elena poderia ter levado os filhos e um lugar se destacou. Mas disfarçou para Brian não perceber.

— Não, Cruyfford. Não faço ideia. - Anne mentiu.

— Tem certeza, Anne? – desconfiou. – Vocês sempre estão juntas...

— Com licença, Poderia me dizer se a Senhora Larsson ou os filhos voltaram?

Brian e Anne voltaram a sua atenção para a recepção e viram Kojiro.

— Eu não acredito nisso. - Brian se levantou e foi atrás dele tirar satisfações. - O que você pensa que está fazendo aqui?

Kojiro olhou para o lado e viu Brian. Sua expressão logo mudou para raiva.

— Eu que pergunto. Por que você ainda está atrás dela? Você sabe que ela é minha.

— Sua? - Brian gargalhou estridente. Todos no lobby começaram a reparar nos três. - Ela nunca foi sua. Você viu com seus próprios olhos que nós dois estávamos juntos.

— O que você disse?

— Parem vocês dois. Está todo mundo olhando. - Anne se enviou no meio deles antes que começasse a briga.

— Eu quero que todos se danem. Foram eles que a machucaram e a tiraram de mim.

— Calma, Brian. - Anne tentou o tranquilizar, mas Brian apenas tirou a mão dela de si.

— Calma nada. Eu quero você longe dela, Hyuga. – Brian apontou o dedo indicador para ele.

— E você, vai fazer o que? - Kojiro o enfrentou.

Uma energia ruim circulava ao redor dos dois. Até Anne sabia que corria o risco de sobrar para ela.

— Vocês não vão brigar. Estamos aqui por uma pessoa que a gente ama. Pensem nisso. – Anne os lembrou.

Os dois se distanciaram. Anne tinha razão, mas nenhum deles estava disposto a ceder.

— O que você quer que a gente faça? - perguntou Kojiro.

— Eu ainda não sei, ainda. - Anne respondeu.

— Então quando você souber, você me avisar. – Brian falou.

— O que você vai fazer? - Anne perguntou, mas Brian deu as costas e partiu. - Brian...

Antes dela ir atrás do holandês, Kojiro a segurou pelo braço.

— Você sabe onde ela está.

— Não. Eu não sei.

— Isso não foi uma pergunta.

— Olha Kojiro, eu não sei onde está a minha amiga, mas sinceramente, mesmo que saiba eu nunca contaria para você. - e puxou o seu braço de volta. - Você não sabe o quanto eu me arrependo de ter enchido a cabeça dela para investir em você. Se eu soubesse...

— Eu amo a Emma, mas eu não posso ficar as escuras. Preciso saber o que aconteceu com ela.

— O que depender de mim você nunca vai pôr os olhos nela de novo. - deu as costas e partiu, deixando Kojiro furioso.

(...)

Ryan retirou o seu fone de ouvido e pausou o seu jogo para atender o celular. Olhou para a tela e não reconheceu o número. Sabia que mais cedo ou mais tarde iria acontecer. Mas mesmo assim atendeu.

— Alô?

— Onde sua irmã está?— a voz alta e irritada o fez afastar o aparelho de seu ouvido.

Não precisava perguntar quem era, Ryan reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo.

— Estamos de férias, Anne. Você não deveria ficar perturbando.

— Não me venha com gracinhas e chama a sua irmã. - Anne ficava cada vez mais braba. — Por que ela desligou o celular?

— Isso você deveria perguntar a ela. Mas agora ela está muito ocupada. - olhou para a porta da biblioteca aberta e via Emma, sentada no chão, brincando com Tiger perto da lareira da sala.

— Ocupada demais para a melhor amiga? Avisa a Emma que eu preciso falar com ela.

— Não sei se a May concorda que você é a melhor amiga dela. - Ryan insistia na irônica para fazer Anne desligar.

— Eu sei o que você está querendo fazer, mas eu não vou desistir. Vou ficar na linha até você passar para ela.— Anne disse determinada.

Ryan suspirou cansado. Odiava drama.

— Ok. Vou falar o que está havendo. - viu que com Anne ia ser impossível continuar aquilo. - Ela precisa de um tempo, Anne.

— Tempo? Eu, May, Brian, estamos todos preocupados com ela e Emma desliga o celular.— Anne não estava mais braba, parecia triste.

— Eu sinto muito, mais se ela fez isso, talvez seja porque não quer contato com ninguém. E nós estamos respeitando isso. - declarou.

— Mas eu posso ajudar, Ryan. Nós somos amigas desde criança.— Ryan percebeu que Anne começava a chorar.

— Sinceramente, eu acho que a única pessoa que pode ajudá-la, é ela mesmo. - declarou sendo o mais sincero possível, tomando cuidado para não ser rude. - Quando ela estiver pronta, ela vai ligar. Eu prometo.

A única coisa que Ryan não falava era qual longo isso poderia ser.

Uma semana depois

Passar o dia inteiro olhando o celular já não fazia mais sentido. Já fazia mais de duas semanas e ninguém tinha noticias dela. Parecia que era isso que ela queria mesmo.

A única pessoa que ainda podia contar era com Wakashimazu. Foi ele que lhe disse que May, em uma conversa com alguém, deixou escapar que Emma poderia está na Escócia.

— Mas do que adianta. Como eu posso encontrá-la dentro de um país inteiro.

— Talvez ela esteja na casa de algum familiar. – propôs Ken. – Não deve ser tão difícil.

— Aponto que nem as melhores amigas dela a encontraram? Não, Ken. Ela não querer que ninguém vá atrás dela. Acho que eu devo pelo menos isso a ela.

— Então o que você pretende fazer?

Kojiro deu um longo suspiro.

— Mesmo que seja difícil de me imaginar sem ela, depois de tudo o que eu fiz, eu vou esquecer o que eu sinto por ela e seguir minha vida.

E como prometeu, começou apagando o numero dela e suas fotos do celular.

— Era assim que sempre deveríamos ter sido, Emma. Desconhecidos.

Kojiro não fazia ideia que aquele simples gesto de apagar as coisas dela, era tão doloroso. Mas ele já estava cansado de correr atrás dela sem nenhuma esperança. Agora era deixar tudo acontecer. Não era tarde pra recomeçar, com ou sem ela.

(...)

Não fazia nem uma hora que havia chegado em casa depois da viagem até o País de Gales, enfrentar o Swansea, quando a campainha tocou. Olhou pela câmera de segurança. Kojiro havia criado essa mania depois de Emma ter chegado de surpresa e encontrado Maki.

— Isso só pode ser brincadeira. - falou para si mesmo. Com a cara fechada, Kojiro abriu a porta. - Eu não acredito que você veio até a minha casa para brigar.

— Eu não vim para brigar, Hyuga. Só quero conversa.

— Então pode falar. - Kojiro fechou a porta atrás de si e cruzou os braços.

Brian odiava aquela postura. Parecia que ele fazia aquilo só para o irritá-lo. Mas respirou fundo e passou por cima da sua vontade de socá-lo.

— Eu estou tentando criar coragem para falar com você, mas não queria dizer nada na frente da Anne. Então... Você a ama? - Brian inquiriu.

Kojiro franziu a testa, surpreso, diante daquela pergunta.

— Você está falando...

— Emma. – foi pontual.

— Por quê? – Kojiro quis saber. Pelo pouco que conhecia de Cruyfford, ele estava o rodeando por algum motivo.

— Ainda sente algo por ela?

— Ok. Olha só! Não estou entendo o teor dessa conversa.

— Da para você responder a minha pergunta? – Brian se estressou.

Kojiro respirou fundo, mas não hesitou nem por um segundo em falar.

— Claro que sim. Apesar de complicada, eu a amo.

Brian já esperava aquela resposta, por isso não esboçou nenhuma reação.

— E se ela voltar? Acredito que você vai atrás dela.

— Não. Não vou. – respondeu firme.

Brian arregalou os olhos, surpreso com aquela afirmação.

— Como assim?

— Acho que ela me odeia e vai me odiar ainda por muito tempo. Não quero ficar com alguém que me odeie. – Se explicou. Olhando nos olhos de Brian, disse mais. - Você a ajudou quando eu machuquei. Você é o melhor para ela.

Os olhos de Brian demonstravam a confusão que estava na sua cabeça.

— Eu não entendo. Você sabe que ela gosta de você. Porque você está me dizendo isso?

Kojiro deu de ombros.

— Você ama Emma, não ama? – Kojiro perguntou e Brian afirmou com um aceno sutil com a cabeça. – Então temos algo em comum. Agora, com licença. Eu tenho muito que fazer?

— Espera. – Brian disse antes de Kojiro entrar. – Então vai ser assim?

— No final das contas, você estava certo. Você sempre esteve ao lado dela. Emma merece alguém como você. Continue cuidando dela e não deixe nenhum canalha fazer mal a ela de novo.

Depois dessa, Kojiro fechou a porta deixando Brian perplexo com aquela atitude. Brian foi justamente lá, dizer a mesma coisa para ele.

Esperava outra coisa do japonês e não que ele fosse abdicar Emma. Alias, foi mais do que isso. Ele disse nas entrelinhas para ficar com Emma mesmo a amando.

Definitivamente, tudo que achava do Hyuga, estava se mostrando totalmente contrário.

(...)

— Oi.

— Oi. - Maki disse seca. - o que faz aqui?

Maki havia arrumado um apartamento perto do clube que fazia parte Stockport, grande Manchester. Não sabia se iria ficar, tinha que falar com o clube de softball interessado nela. Ainda tinha outro clube em Londres, que podia ir. Mas logo de cara a Inglaterra a trouxe tanta coisa ruim, que voltar ao Japão era a opção mais atraente.

— Preciso conversar com você, definitivamente. - Kojiro disse firme. Maki tremeu, mas se manteve firme. Ela deu passagem para Kojiro entrar.

— Estou escutando. Embora não sei o que nós temos a falar. - Maki retribuiu ao tom de voz dele. Mas aquilo que tentava demonstrar a ele, era mentira. Maki estava morrendo de medo do que ele iria falar. Ela o amava, mas era orgulhosa demais para correr atrás dele depois de tudo que a fez. Mas ainda assim, ela tinha esperança de tê-lo de volta.

— Eu sinto muito pelo que fiz a você. Eu não posso voltar atrás, Maki, mas eu posso ainda tentar.

— O que? - Kojiro realmente era inacreditável, Maki pensou. - Depois de tudo o que aconteceu você ainda me pede para voltar? Só pode ser brincadeira. - Embora no fundo era o que realmente queria, Maki não pensava que seria tão rápido.

— Eu reconheço que eu ti fiz mal, mas eu queria me redimir com você.

— Como, Kojiro? Depois de tudo que aconteceu. Você me traiu. Me enganou. Nós tínhamos planos. Eu queria casar, ter filhos, mas você jogou tudo isso fora.

— É por isso que eu vim. Você não faz ideia do quanto eu me arrependo.

— Será mesmo? Você ficou atrás daquela mulher depois que ela sumiu. Faz ideia do quão mal eu me senti? Você nunca correu atrás de mim, mas por ela...

— Emma é passado.

— Diga-me isso quando ela voltar.

— Não importa se ela voltar, eu quero você.

Maki olhou nos olhos de Kojiro para ter certeza que ele falava sério.

— Eu não posso dizer eu não me envolvi com ela, pois seria metida. Eu estava muito apaixonado.

— E você ainda diz isso na minha cara. - Maki se irritou ainda mais.

— Eu quero te mostrar que eu não tenho mais nada a te esconder. Eu quero esquecer, Maki e para isso eu preciso de você.

— Kojiro...

— Eu sei que para você não vai ser fácil, nem para mim vai ser. Mas eu te peço Maki, fica comigo.

Um ligeiro sorriso apareceu. Maki não pesou duas vezes e o beijou.

Kojiro não estava esperando, mas retribuiu ao beijo. No fundo estava se sentindo vazio. Maki não era Emma e não chegava nem perto. Mas sua vida tinha que seguir, não podia esperar até Emma se encontrar e decidir se voltaria ou não. Não gostava de incerteza em sua vida e com Maki, isso não existia.

Continua...