Cap. 34 – Sentimentos assustadores
No domingo seguinte aos eventos perturbadores em Hogsmeade, Morgana optou por passar o dia inteiro em seu quarto em Hogwarts. Ela estava imersa em pensamentos, tentando entender e processar todas as emoções que haviam sido desencadeadas pela noite anterior.
Meditação e reflexão eram suas ferramentas para lidar com a turbulência emocional que a havia afetado profundamente. Dentro de seu quarto, ela encontrou um refúgio temporário onde podia se concentrar em si mesma e nas complexas circunstâncias que a haviam levado a usar magia negra de maneira tão extrema.
Enquanto o dia avançava silenciosamente, Morgana trabalhava para dar sentido a tudo o que havia acontecido, buscando clareza em meio à confusão. Era um momento de autorreflexão profunda, que a ajudaria a enfrentar os desafios que estavam por vir e a encontrar uma maneira de seguir adiante.
Morgana estava em uma luta interna angustiante. Ela queria desesperadamente sentir culpa e remorso pelos atos sombrios que havia cometido, mas em vez disso, ela se via consumida por lembranças perturbadoras. Fechando os olhos, ela sentia o eco do prazer que percorreu suas veias enquanto torturava o homem, e sua magia parecia vibrar com essas memórias sombrias.
Essa sensação de prazer em meio à crueldade a assustava profundamente e a deixava ainda mais confusa. Morgana estava agora enfrentando um dilema moral profundo, onde suas próprias ações pareciam se chocar com sua compreensão tradicional de ética e empatia.
Ela sabia que teria que buscar ajuda para navegar por essa tempestade emocional, pois as implicações de suas ações não podiam ser ignoradas. Era um momento de autorreflexão intensa e um desafio para entender a complexidade de sua própria natureza.
Morgana recebeu a carta de Dumbledore com o convite para tomar chá naquela tarde de domingo. No entanto, as lembranças perturbadoras e sua aura negra ainda pulsante a deixaram insegura sobre enfrentar o diretor naquele momento.
Ela tinha uma forte intuição de que Dumbledore, com sua sabedoria e intuição, seria capaz de perceber que algo havia acontecido. Morgana se sentia vulnerável e desconfortável com a ideia de enfrentar seu mentor e diretor enquanto as emoções e segredos pesavam sobre ela.
A decisão de aceitar ou não o convite de Dumbledore era um dilema, pois isso significaria encarar as consequências de suas ações e compartilhar seus segredos com alguém que, muito provavelmente, entenderia a gravidade do que tinha acontecido naquela noite sombria.
Morgana tomou a decisão de enviar uma carta a Dumbledore, recusando o convite e solicitando que ele providenciasse um substituto para suas aulas na segunda-feira, alegando que tinha algo urgente para resolver em casa. Ela foi vaga em sua carta de propósito, evitando entrar em detalhes sobre os eventos sombrios que haviam ocorrido em Hogsmeade.
Essa abordagem permitiria que Morgana tivesse um tempo para lidar com seus próprios conflitos internos e a complexidade de suas emoções antes de enfrentar Dumbledore. Morgana, na noite de domingo, deixou Hogwarts pelos portões e se hospedou em uma pousada em Hogsmeade. Na manhã seguinte, bem cedo, ela usou uma chave de portal internacional do Ministério da Magia para retornar à sua terra natal.
Morgana, em busca de privacidade e um momento para si mesma, foi até a mansão Rostoff. Lá, ela pôde desfrutar de um banho relaxante, deixando para trás as tensões e os conflitos que a haviam atormentado nas últimas semanas.
Após o banho revigorante, Morgana estava pronta para enfrentar o próximo passo em sua jornada emocional. Ela estava determinada a visitar seu pai em Nurmengard, sabendo que essa seria uma conversa difícil e carregada de emoções.
O silêncio da mansão e o tempo gasto consigo mesma serviram como um momento de preparação para o que estava por vir, enquanto Morgana buscava encontrar clareza e resolução em meio à complexidade de sua situação.
Morgana, graças ao passe livre que seu pai havia conseguido para ela, visitou-o em Nurmengard. O acesso a essa prisão de alta segurança era um privilégio raro, concedido em grande parte devido ao imenso poder e influência da família Rostoff.
Morgana caminhava pelos corredores frios e sombrios de Nurmengard, acompanhada por um auror que era amigo de seu pai e que havia concordado em facilitar a visita. As paredes de pedra escura pareciam fechar-se ao redor deles, criando um ambiente opressivo e sombrio.
O auror, com uma expressão séria e determinada, conduzia Morgana com passos firmes e confiantes. Sua presença era reconfortante em meio ao ambiente austero da prisão. Eles passavam por portas pesadas de metal e corredores que ecoavam com o som de seus passos, enquanto se aproximavam da cela onde o pai de Morgana estava detido.
A tensão no ar era palpável, e Morgana sentia o peso das escolhas que a haviam levado até aquele momento. Ela sabia que enfrentaria seu pai, um homem com um passado sombrio, em busca de respostas e compreensão. Enquanto seguia o auror pelo labirinto de Nurmengard, Morgana estava ciente de que essa visita poderia mudar sua vida de maneiras imprevisíveis.
Ao entrar na cela, a expressão em seu pai se iluminou com surpresa ao ver Morgana. Ele parecia confuso, já que Morgana havia escrito uma carta para ele informando que planejava se tornar professora em Hogwarts após os três anos de treinamento com os mestres romenos. Morgana podia sentir o peso do encontro enquanto encarava seu pai. As emoções se agitavam no ar, e havia muitas perguntas não ditas entre eles. O ambiente sombrio da cela amplificava a tensão do momento, enquanto pai e filha enfrentavam o reencontro inesperado.
Valentin percebeu imediatamente que algo estava profundamente errado quando Morgana entrou na cela. Ele era alguém que sempre havia ensinado a Morgana a controlar sua aura negra com firmeza, uma habilidade fundamental para todos que se envolviam com esse tipo de magia. No entanto, Valentin sentiu que a aura negra dela estava agitada, algo que nunca tinha presenciado antes.
A aura de Morgana estava tão intensa que quase parecia chamar a dele, fazendo com que a dele também se agitasse e desejasse dançar em resposta. A atmosfera na cela se tornou ainda mais carregada de tensão, já que pai e filha compartilhavam essa conexão sombria e complexa.
Esse encontro não era apenas um reencontro, mas também um confronto entre duas almas ligadas por magia das trevas. As emoções eram intensas, e Valentin sabia que havia muito a ser discutido e compreendido naquela reunião.
Vladimir, o avô de Morgana, estava na cela à frente da de seu filho Valentin. Ele percebeu a movimentação incomum e, com sua experiência e sensibilidade, observou atentamente sua neta entrando na cela de seu filho. A aura negra que envolvia Morgana não passou despercebida por ele.
A conexão entre avô e neta, que compartilhavam a mesma linhagem de magia das trevas, tornava essa situação ainda mais complexa. Vladimir sabia que algo significativo estava acontecendo naquele momento, e a agitação na aura de Morgana era um sinal claro de que as coisas não estavam como costumavam ser.
Ele observou a cena com interesse e preocupação, consciente de que as escolhas de sua família estavam tendo um impacto profundo nas gerações futuras. A reunião entre Morgana, Valentin e Vladimir estava destinada a ser um momento de confronto e resolução, à medida que enfrentavam as sombras que pairavam sobre sua linhagem familiar.
Vladimir, consciente da seriedade da situação, fez um sinal para o auror que guardava sua cela. O auror, compreendendo a importância do momento, prontamente abriu a cela de Vladimir, permitindo que ele entrasse na cela de Valentin e se juntasse à reunião.
Agora, os três membros da família estavam juntos na mesma cela, cada um com suas próprias experiências, perspectivas e segredos relacionados à magia das trevas. Era um momento de união e confronto, enquanto eles enfrentavam as complexidades de seu passado e as implicações de suas escolhas para o futuro.
A aura de cada um deles, carregada com a energia sombria que compartilhavam, criava uma atmosfera carregada e tensa na cela.
Morgana observou seu avô, Vladimir, enquanto ele se sentava ao lado de seu pai, Valentin. Vladimir parecia tranquilo e curioso, como se tivesse uma compreensão profunda da situação. Morgana tinha consciência de que ambos tinham sentido a agitação de sua aura negra, algo que era incomum e indicativo de eventos significativos.
Diante da agitação da aura de Morgana, que seu avô, Vladimir, sentia claramente, ele tomou a iniciativa na conversa. Vladimir olhou para sua neta com olhos experientes e uma expressão séria, antes de começar a falar com voz calma, mas cheia de questionamentos.
- Minha querida Morgana, não podemos ignorar a turbulência em sua aura. Há algo de profundo significado que ocorreu, algo que você sentiu prazer sádico ao fazer. Fale-nos, por favor, o que aconteceu, o que você fez.
Os olhos de Vladimir estavam fixos em Morgana, e havia uma expectativa silenciosa no ar, uma demanda por clareza sobre os eventos que haviam levado àquela agitação em sua aura. Valentin, o pai de Morgana, também estava atento, demonstrando preocupação e a necessidade de entender o que estava acontecendo com sua filha.
Morgana abriu a boca pra falar, mas fechou a boca novamente e olhou para o lado. Tentando buscar a coragem de olhar seu pai e seu avô nos olhos. Seu pai a incentivou a fala, eles imaginavam o que ela devia ter feito. Ela sabia que eles não julgariam ela.
Morgana, depois de um momento de hesitação, finalmente reuniu a coragem necessária para falar. Ela olhou em direção ao seu pai e avô, cujos olhares indicavam uma compreensão tácita de que algo sério havia ocorrido. Valentin incentivou Morgana a falar, demonstrando que eles estavam dispostos a ouvir e apoiar, independentemente do que ela tivesse a dizer.
Com um suspiro profundo, Morgana começou a compartilhar os eventos perturbadores daquela noite sombria em Hogsmeade. Ela explicou suas ações, o prazer sádico que sentira ao usar magia das trevas e a luta para entender suas próprias emoções. Ela também reconheceu a falta de culpa e remorso que a preocupavam profundamente.
Valentin e Vladimir ouviram atentamente, sem julgamentos, enquanto Morgana revelava a verdade sobre suas ações. A conversa era carregada de emoção e franqueza, à medida que pai, filha e avô exploravam as complexidades da magia das trevas e as implicações das escolhas de Morgana.
Enquanto Morgana compartilhava os eventos perturbadores e suas próprias lutas emocionais, tanto Valentin quanto Vladimir, seu pai e avô, compreendiam profundamente o que ela estava dizendo. Eles também tinham vivido uma vida imersa na magia das trevas, enfrentando escolhas sombrias e tomando medidas extremas, incluindo a tortura e a morte, sem sentir qualquer remorso.
Enquanto Morgana compartilhava os detalhes de como havia tomado precauções para não ser descoberta, incluindo o uso de um feitiço para abafar os gritos e a incineração do corpo da vítima, ela não conseguia conter sua inquietação. Ela andava de um lado para o outro na cela, a agitação evidente em seu comportamento.
Morgana terminou de compartilhar os detalhes perturbadores de seus atos e, depois de um momento, sentou-se entre seu pai e seu avô. Ela passou a mão pelos cabelos e fechou os olhos, como se buscasse algum tipo de conforto ou clareza.
Com voz trêmula, Morgana começou a falar sobre o prazer que havia experimentado naquele momento sombrio. Ela descreveu como a sensação de poder e controle a envolvera, fazendo com que seu sangue fervesse de excitação. Mesmo com os olhos fechados, ela conseguia ouvir os gritos da vítima ecoando em sua mente, e seu coração vibrava com um prazer sinistro.
Era uma revelação angustiante, pois Morgana estava confrontando seus próprios desejos sombrios e a intensa atração que sentira pela magia das trevas naquele momento. A atmosfera na cela ficou ainda mais tensa, pois pai e avô ouviam as palavras de Morgana com uma mistura de preocupação e compreensão.
Valentin segurou a mão de sua filha com firmeza, transmitindo apoio e compreensão. Ele falou com uma voz calma e compassiva, compartilhando suas próprias experiências e sentimentos.
- Minha querida Morgana, esse é um dos efeitos da extrapolação da magia negra. Eu mesmo ainda sinto, até hoje, o prazer que tive quando torturava aqueles trouxas.
As palavras de Valentin eram uma admissão franca de sua própria luta com os impulsos sombrios e as tentações da magia das trevas. Ele estava mostrando a Morgana que esses sentimentos complexos eram uma parte intrínseca da magia negra, e que ela não estava sozinha em suas experiências.
A conversa continuou, agora com um novo nível de entendimento e apoio, enquanto pai e filha compartilhavam suas emoções e exploravam as complexidades da magia das trevas que haviam escolhido abraçar.
Vladimir, com sua experiência e sabedoria, ofereceu um conselho à sua neta Morgana. Ele a aconselhou a meditar e não tentar forçar sentimentos de culpa que não estava sentindo. Seu avô estava reconhecendo a complexidade das emoções humanas e como a magia das trevas poderia afetar profundamente a mente e a alma.
Valentin, com seu profundo entendimento da magia das trevas e das complexidades emocionais que ela envolvia, continuou a oferecer apoio e orientação a Morgana. Ele reconheceu que, às vezes, os sentimentos sombrios eram uma parte inevitável da jornada de alguém na magia das trevas. Com carinho e sabedoria, ele disse a Morgana.
- Sabemos que você tem um bom coração, Morgana, mas não deve tentar sentir algo que não sente. Se você sentir prazer com essas lembranças, então sinta. Lutar contra o que se sente não vai te levar a lugar nenhum. Apenas aceite que tem esses sentimentos também.
As palavras de Valentin eram uma aceitação compassiva da complexidade das emoções humanas e uma indicação de que estava tudo bem para Morgana aceitar todos os aspectos de si mesma, mesmo aqueles que eram sombrios e perturbadores. Era um gesto de compreensão e apoio, demonstrando que ele estava ao lado de sua filha em sua jornada, independentemente das sombras que ela enfrentasse.
Vladimir foi até a neta e a abraçou. O abraço de Vladimir trouxe consolo e calor à sua neta Morgana, enquanto ele compartilhava palavras de encorajamento e sabedoria.
- Morgana, não são esses sentimentos que definem quem você é, nem mesmo os atos sombrios que cometeu. Sabemos que você tem o potencial para trazer coisas muito boas para o mundo. Apenas tenha sempre cuidado para não acabar em uma prisão, como eu e seu pai.
As palavras de Vladimir eram um lembrete de que o destino de Morgana não estava selado por suas ações passadas, mas sim pela jornada que ela escolheria seguir. Seu avô estava expressando confiança em seu potencial para fazer a diferença de maneira positiva, desde que escolhesse com sabedoria e cautela seus caminhos futuros.
Morgana deixou Nurmengard com o coração mais leve do que quando chegou, pois os conselhos de seu avô e seu pai haviam deixado uma marca profunda em sua mente. Ela compreendia agora a importância de aceitar seus sentimentos, mesmo aqueles que eram sombrios e complexos. Morgana saiu de Nurmengard com uma nova perspectiva sobre si mesma e seu lugar no mundo da magia das trevas. Ela estava determinada a encontrar um equilíbrio entre suas forças e fraquezas.
Enquanto Morgana seguia seu caminho de volta para a mansão Rostoff para se reunir com sua mãe e seu irmão, Valentin e Vladimir trocaram olhares em silêncio. Era um momento de reflexão, onde o peso das ações de Morgana e suas próprias experiências sombrias pesava sobre eles.
Ambos sabiam que Morgana compartilhava uma parte sombria de sua natureza, mas também reconheciam sua inteligência e as precauções que ela tomara para evitar ser pega. O fato de que Morgana tinha conseguido evitar a detecção trazia certo alívio para eles.
No entanto, o que mais tranquilizava Valentin e Vladimir era a convicção de que, apesar dos sentimentos sombrios que Morgana experimentara, ela era, em essência, uma boa pessoa. Eles viam sua bondade, compaixão e amor por sua família como traços essenciais de sua natureza, e isso lhes dava esperança para o futuro.
A família Rostoff estava unida em seu entendimento compartilhado da magia das trevas e de suas complexidades. Eles enfrentavam desafios juntos e estavam dispostos a apoiar uns aos outros, independentemente das sombras que pairavam sobre eles.
