Notas da Autora

Minha Internet resolveu dar pane justamente quando eu ia postar, não é nenhuma desculpa, mas,mesmo que atrasado, aqui está o capítulo.

– Estamos quase lá, quanto mais próximos,mais perigoso ficará,tome cuidado Kalshara.

Alertou o menor de aparentemente oito anos para sua companheira a qual guiava.

Ambos caminhavam por um imenso vale, cercado por gigantescas montanhas que erguiam-se sobre eles,dificultando até mesmo a passagem de luz.

O menino possuía pele clara, cabelos arrepiados cor de cobre,olhos lilases e marcantes pontos lilases no lugar das sobrancelhas.

– É sempre tão difícil? Sabe, o caminho?

Questionou a mais velha,vendo uma grande ave voar sobre eles.

Ela era uma garota relativamente alta, com pele extremamente branca,longos cabelos branco soltos e olhos negros,cujo esquerdo possuía uma pequena cicatriz vertical o percorrendo.

A metade inferior de seu rosto era coberta por uma máscara preta

– É necessário,esse lugar é muito cobiçado.

Respondeu simplesmente.

Apesar de sua jovem idade, fazia esse caminho com a maestria de uma pessoa experiente.

– Entendo, devemos nos apressar,caso contrário, não retornaremos à torre ant…

– Ora, ora,o que temos aqui?

Riu uma voz,assustando ambos, fazendo a moça rapidamente assumir posição de defesa e se colocar na frente do menor.

– Quem é você? O que faz aqui?

Questionou séria,internamente estavam preocupada,afinal, havia sido alertada de antemão sobre movimentos suspeitos em Jamiel.

– Você não está sendo muito agressiva para nossa primeira vez?

Questionou falsamente ofendido,revelando-se. Das sombras, saiu um homem,de aparentemente dezenove anos.

Ele era muito bonito, tinha longos cabelos pretos muito lisos,pele bronzeada e olhos âmbar levemente puxados.

Seus braços, estavam repletos por tatuagens aparentemente tribais e sua armadura vermelha, mesmo com a opaca luz, brilhava na cor do sangue.

– Eu quem deveria fazer perguntas aqui, mas serei gentil contigo,eu sou Kauã de Índio.

Respondeu agradavelmente, erguendo o braço direito, onde,instantes depois, uma grande ave pousou,a mesma ave que havia visto mais cedo.

– Posso saber onde vão com tanta pressa?

…………………………….

Via-se no mar,coberto pelas águas até a cintura.

O belo é estrelado céu noturno refletia-se nas águas profundas, o vento soprava gentil, levando seus cabelos e fazendo as pesadas vestes que o encarceravam, parecerem tão leves.

O som do vai e vem das ondas acalmou seu turbulento coração, e traziam paz a sua mente atormentada.

Tanta tranquilidade, tanta calma e calidez,somados ao seu cada dia mais esgotado espírito, fez com que ele se permitisse fechar os olhos e apreciasse esse efêmero conforto.

No entanto,foi arrancado de seu momento de de reconforto quando baixos sussurros atingiram seus ouvidos,justamente vozes as quais, queria se livrar, e ao mesmo tempo, não se permitia esquecer.

Com resignação, abriu os olhos lentamente, sua visão estava embaçada e ele não conseguia distinguir um único som coerente,uma vez que tudo era abafado pela carcofonica multidão de sussurros que ficava cada vez mais alta.

O medo esfriou sua nuca quando ele sentiu o metal frio contra suas mãos, então seus olhos,que não o obedeciam,desceram lentamente por seu braço, até se fixarem em sua mão direita.

Ele a tinha em volta de algo que era feito de metal,algo tão familiar e que lhe assombrava a cada vez que fechava os olhos.

Ele olhou para cima quando seus olhos começaram a ver claramente ao seu redor, o outrora céu estrelado começou a escurecer e nublar-se,o vento ficou mais forte e frio,quase cortante, balançando suas madeixas violentamente.

Ao seu redor havia quilômetros de água que começou a se tingir do vermelho sangue.

Sua atenção mais uma vez se fixou em sua mão,onde encontrava seuma bela Adaga,que inteiramente brilhava reluzente,como se feita do mais puro e valioso ouro,com uma jóia azul incrustada no punho,que era adornado com um par de asas.

Sem dúvida uma bela obra de arte, feita pelas mãos de um ferreiro divino.

Suas mãos começaram a tremer, sentiu uma mistura de pânico,nojo,tristeza e arrependimento ao ver a arma.

Pelos deuses,ele,por tudo que era sagrado, queria jogar fora aquela maldita adaga,a qual ele não queria ver ou segurar mais.

Ignorando seus sentimentos, seus dedos não o escutavam, eles estavam firmemente enrolados em seu cabo, como se fizesse parte da forja.

Lágrimas começaram a se acumular no canto de seus olhos, ameaçando cair.

Ele odiava essa arma,que representava tudo o que ele causou, não querendo nada além de fugir dela.

"Estás satisfeito?"

Questionou uma sombra, surgindo diante de si,de lugar nenhum.

"Conquistastes tudo que vosso coração uma vez almejaste"

Declarou outra, que assim como a primeira, apenas surgiu.

"Huhu,sois realmente ganancioso"

Não…

"Não vos contentais com o que já possuí, e por almejar mais,vosso coração chora o tempo todo "

Isso é mentira…

"Sois realmente imundo "

Pare…

"ASSASSINO!"

Por favor…

"HOMICIDA!"

Chega

"TRAIDOR!"

Eu imploro…

"POR QUE?!POR QUE ME MATASTES?!"

Eu não queria…

"EU ERA SEU BRAÇO DIREITO!"

Eu…eu…

"EU TE AMAVA!"…"EU ERA LEAL"..."EU ERA SÓ UMA CRIANÇA"

Uma a uma, inúmeras sombras surgiram do mar de sangue, tantas até se tornarem inúmeras,algumas com vozes que já ouvira, outras, que, mesmo que não estiverem presentes, conhecia de cor.

Em meio aos seus lamurios incessantes,que agrediram a audição, ele não se permitiu tampar os ouvidos, aceitando de braços abertos aquela tortura.

– …Kanon…Shion…Aretha…Aiolos Hiroshi…Arles…Sandro…Mayura…Heia…

Sussurrou os nomes como se fossem uma prece, enquanto as figuras disformes se agarraram às suas roupas e ao seu corpo, deixando tudo mais pesado.

– …Kalissa…Victim…Naus …Ashari …Cattleya…Rômulo…Kaes…Filipe…Darios…

Nomes, todos eram nomes de pessoas que foram vítimas de seus atos,direta ou indiretamente.

Ele aprendeu e decorou cada um deles, nunca esquecendo de nenhum.

As assombrações, em meio aos gritos,lamúrias e angústias de injustiça, começaram a arrastá-lo para cada vez mais fundo naquele mar sangrento.

Seus dedos tremiam violentamente, ainda firmes na adaga,cerrou duramente os dentes,enquanto lágrimas começaram a escorrer pesadamente por seu rosto.

eu não aguento…

Ele se recusou a gritar ou protestar.

Eu odeio isso…

Sua garganta ardia,a água já atingia seus ombros.

Não havia luta nem resistência, era como alguém que desistiu de tudo e deixou-se ser julgado.

No entanto,talvez pela única fagulha de instinto,quando a água cobria sua boca,atrás das inúmeras figuras fantasmagóricas, seus olhos se focaram em um em específico.

Um homem,que apesar de ter a imagem borrada, era mais nítido que os demais.

Tinha maliciosos olhos que brilhavam como a adaga,semi cobertos pelos desgrenhados cabelos castanhos, e um macabro sorriso afiado.

Ele se destacava devido à cartola antiquada e ao traje preto como a noite,assim como a mítica Sapuris das histórias de terror de sua infância.

Traje este,tão manchado de sangue quanto o mar o pelo qual finalmente fora engolido.