CAPÍTULO X
Cinco minutos mais tarde, Logan Fell havia partido levando seus documentos e papéis. Sozinha, Elena pensou em tudo o que acabara de ouvir. Pensou no pai e na tia e soube que, por ser um homem generoso, Logan Fell cuidaria do sustento dos dois, e poderia utilizar os conhecimentos dos fundadores para protegê-la de Klaus. Ele estava certo. As circunstâncias eram excepcionais. Garantir proteção para ela e a família era uma prioridade, o respeito aos códigos sociais não a levaria a lugar algum.
De repente, Elena sentia-se tentada a sair correndo atrás do advogado e oferecer sua resposta imediatamente. Mas sabia que não podia tomar uma decisão assim. Naquela noite, depois do jantar, Elena decidiu conversar com suas cunhadas e sua tia, em seu quarto.
— Nossa, nunca pensei que ele estivesse interessado em você! — Caroline estava surpresa.
— O que ele disse é verdade, Elena! Você tem propriedades, mas não tem dinheiro. Seu sangue é desejado no mundo sobrenatural. Precisa de um homem que possa sustentá-la e protegê-la, e então…
— Tia Jenna, as propriedades que tenho serão tomadas pelo banco como pagamento das dívidas ou devem ser vendidas, para o mesmo fim. E Logan Fell não tem tanto dinheiro. A única vantagem é ele ser da família de fundadores, mas isso pode ameaçar Caroline e Stefan. Ele pode vir a descobrir a natureza deles.
— Não digo que tenha que aceitar o advogado! Você pode conseguir alguém muito melhor, um homem com dinheiro de verdade, não um trabalhador com um salário razoável, um homem ligado ao sobrenatural que possa realmente ajudá-la. Temos de colocá-la no mercado de casamentos.
— Você é impagável, tia! Caso tenha esquecido, não sou uma debutante com um dote tentador. Sou uma viúva recente e sem nenhum dinheiro, e com vinte e dois anos de idade. Além do mais, como a Sra. bem disse, sou um alvo. Que homem aceitaria assumir todas essas responsabilidades? Quem estaria disposto a sustentar uma esposa e seus parentes, além de protegê-la contra um vampiro de mil anos que quer matar todos que se oponham a ele?
— Elena não pode se expor tanto. Imagina quem pode vir atrás dela nesse momento! — Bonnie ressaltou.
— O perigo e a ameaça a vida de Elena vão continuar enquanto ela viver. Por isso o advogado está correto. Ela precisa de alguém. E basta se olhar no espelho para ver o que pode utilizar para convencer um homem a se casar com ela. Que homem não ficaria feliz sendo recebido por uma doce e linda mulher todas as noites?
— Tia Jenna!
— Não me venha com falsos pudores, menina. O que realmente comove os cavalheiros é a beleza feminina, os encantos de um corpo firme e bem torneado. Suponho que aquele tal advogado tenha enchido sua cabeça com histórias sobre admiração e respeito. Pois bem, o que ele quer é tê-la em sua cama todas as noites. Caroline e Bonnie podem confirmar o que estou dizendo. Todos os homens a desejam, minha querida. Deve ser o sangue Petrova.
Elena olhou para o espelho sobre a penteadeira em seu quarto. Cabelos castanhos e lisos emolduravam o rosto moreno e arredondado. Olhos castanhos iluminavam os traços que, em sua opinião, não tinham nada de extraordinário. O nariz era pequeno, a boca carnuda, as bochechas marcadas. Elena passara toda a vida ouvindo elogios por sua beleza, mas nunca acreditara neles. Considerava que suas melhores amigas eram muito mais bonitas.
— Elena é realmente muito bonita e atrai os homens. — Bonnie assegurou, sabendo que Elena não confiava em si mesma.
— Sim. Ainda bem que era casada com Damon, ou não teriam sobrado pretendentes para nós! — Caroline disse.
— Caroline! — Bonnie a repreendeu.
— O quê? É verdade! — Caroline deu de ombros. — Stefan mesmo já confessou que era apaixonado por ela!
— Stefan é agora seu marido, mas notei que Kol Mikaelson a devorava com os olhos… Quando pensava não estar sendo observado, é claro. Você impressionou aquele vampiro! — Jenna declarou com falsa inocência.
— Oh, sim, eu o impressionei. Ele ficou tão impressionado em minha companhia, que mal conseguiu falar. Trocamos meia dúzia de palavras no pouco tempo em que ele se dignou a permanecer nesta casa, porque ele logo saiu correndo.
— Bem, pensar nele serviu para dar cor ao seu rosto, um sinal claro de que ele mexe com suas emoções. — Jenna comentou, notando o rubor que tingia as faces da sobrinha.
— Esqueça dele tia. — Elena não queria lembrar do vampiro.
— Sua tia tem razão Elena, eu mesma o vi admirando-a por inteiro. Na hora eu comentei com Bonnie. — Caroline garantiu.
— Sim. Eu também o vi. — Bonnie assentiu.
— Com certeza não era minha beleza o que ele olhava.
— Pois eu concordo com sua tia, Elena. Era um olhar de desejo e cobiça, não de indiferença como você imagina.
— Viu como tenho razão? Tenho minhas fontes em Nova Orleans. Ele permanece um solteiro convicto. Ouvi dizer que ele é tão interessante que as mais famosas anfitriãs da cidade o disputam com ardor, e de todo tipo, bruxas, humanas, lobisomens. E, no entanto, Lorde Mikaelson as despreza em favor de uma vida de liberdades. É claro que o dinheiro e o poder garantem que ele seja sempre bem-vindo, apesar de sua reputação de vampiro psicótico, mas parece que ele mudou. E a aparência… Quem o vê tão bem-vestido e altivo pode até julgá-lo um modelo de propriedade e conduta.
— Talvez ele seja. — Elena falou incerta.
— É claro que não é! Na última vez em que joguei cartas com o Prefeito Lockwood e sua mulher, ouvi os cavalheiros falando coisas terríveis sobre o Lorde Kol Mikaelson, assim como sobre seu irmão Elijah. Reconheço que estavam cheios de inveja e podiam ter inventado todas aquelas monstruosidades, mas… bem, as poucas palavras que ouvi teriam feito corar o próprio diabo!
— O que foi que ouviu?
— Não vou repetir aquelas coisas indecentes! Não diante de jovens damas.
— Quer dizer que os cavalheiros falavam sobre as amigas dele? — Elena insistiu.
—Amigas? Conheço termos mais apropriados para descrever certas mulheres. E sim, ele as tem, mais de uma, para sua informação. Mas não poderá arrancar mais nada de mim mocinha. Lembre-se de que sou sua tia.
— E sabendo disso, que ele tem amantes, a Sra. ainda faz sugestões sobre ele?
— Elena, existem coisas piores do que se casar com um libertino por dinheiro e proteção. Damon nunca foi um santo e você se casou com ele. E sobre Kol Mikaelson, você já esteve disposta a casar-se com ele antes. Bem, agora vou me deitar. Boa noite!
Jenna saiu do quarto, deixando apenas Elena e as cunhadas.
— Você ainda tem sentimentos por ele Elena? — Caroline questionou.
— Caroline! — Bonnie a repreendeu pela segunda vez.
— O quê? Você também quer saber isso. — Caroline deu de ombros, encarando Elena enquanto esperava a resposta.
Elena suspirou.
— Eu não sei o que sinto por ele agora. Eu o amei tanto!
— Como amou a Damon? — Bonnie perguntou.
— Não, Damon foi diferente. Apensar de casados e de eu me sentir bem com ele, nunca o amei como amei o Kol.
— Você nunca esteve apaixonada por Damon.
— Não. Creio que não. Damon sempre foi mais como um irmão, um protetor, assim como Stefan. Nunca foram sentimentos românticos, embora eu tenha me esforçado para retribuir os sentimentos dele. Lamento não ter conseguido, tê-lo amado como ele me amou. No fim, ele morreu por mim e não o fiz feliz como ele merecia.
— Por favor, Elena, não pense assim. Você foi a melhor companheira que ele poderia ter tido. Damon mudou por você. E você o amou à sua maneira, ele sabia disso. Ele nunca reclamou ou esperou mais de você, e eu sei disso porque ouvia as conversas dele com Stefan. Damon era só elogios. Ele a amava, mas sabia que seu coração não era dele. — Caroline revelou.
— Damon sabia? — Elena encarou a amiga, surpresa!
— Sim. — Caroline garantiu — Todos sempre soubemos. O que você sentiu por Kol Mikaelson... Nunca vimos você tão radiante, ou feliz, como na época em que esteve com ele.
— Eu... Embora ele tenha partido meu coração, eu nunca o esqueci. Foi meu primeiro amor e eu estava disposta a tudo por ele. Mas evito pensar nele, é doloroso. Penso que foi melhor assim. — Elena afirmou para as amigas, referindo-se a Kol. — Ainda bem que ele revelou sua verdadeira natureza antes que eu fizesse alguma besteira.
Bonnie e Caroline apenas se entreolharam. Elas sabiam que a amiga sempre fora apaixonada pelo vampiro original, e agora que ela estava viúva, imaginavam que seria uma questão de tempo até eles estarem juntos novamente.
