CAPÍTULO XII
— É o destino. As estrelas ouviram nossos pedidos! — Tia Jenna anunciou ofegante ao entrar na sala de refeições dois dias mais tarde.
Elena ergueu as sobrancelhas. Havia acabado de servir o chá e a torrada do pai, e preparava-se para tomar seu café. Jenna brandia uma carta e parecia excitada.
— Veja o que o correio expresso acaba de trazer. Leia! É um sinal.
Elena leu a mensagem contida na carta. Era de uma amiga de sua tia, Josette Saltzman, e seu propósito era convidar Jenna e uma acompanhante para a festa de aniversário de quinze anos de suas filhas gêmeas, em Nova Orleans, dentro de duas semanas.
— Você deve ir, é claro — Elena opinou ao devolver a carta. — É uma ótima oportunidade para um passeio.
— Nós devemos ir — Jenna corrigiu. — Agora temos uma razão para irmos até Nova Orleans. A ocasião será perfeita. Josette tem amigos influentes.
— Não vejo o porquê! — Elena censurou-a, notando o olhar atento do pai. — Você deve ir e divertir-se, mas não posso viajar agora. Sou viúva recente. Além do mais, papai precisa de mim…
— Minha querida, essa pode ser sua última chance de ajudar seu pai e preservar as propriedades que herdou de Damon. A menos que encontre um homem disposto a ajudá-la, tudo será vendido e você ficará sem nada. E quanto a seu pai… Terá de ir para um asilo de insanos.
— Tia!
— Josette tem duas filhas jovens debutantes e está aflita por apresentá-las a sociedade. Busca casá-las em no máximo dois anos, e é evidente que convidou todos os homens solteiros e interessantes da capital para a celebração de aniversário das jovens. A ocasião será perfeita para nós.
Bonnie e Caroline, sentaram-se a mesa, olhando com curiosidade para a cena. Caroline morava na pensão, junto com Stefan, e Bonnie tinha ficado desde a morte de Damon. Apenas Jeremy tinha retornado para Denver, pelo menos até suas aulas terminarem.
— O que aconteceu? — A jovem bruxa perguntou.
— Recebi um convite para ir à Nova Orleans, para um aniversário das filhas de uma amiga. Elena se recusa a ir comigo. Aqui, veja! — Jenna entregou o convite à Caroline.
— Eu gostaria de ir — Caroline afirmou, após ler o convite.
— Isso eu não duvido, você adora festas! — Bonnie revirou os olhos.
— Sim, são sempre muito excitantes! Eu não perderia por nada! Você deve ir Elena, deve aproveitar.
— Sim. É uma excelente oportunidade menina. — Jenna olhou para Elena — Seu advogado não tem a menor intenção de sobrecarregar-se com a presença de seu pai e muito menos a minha. Suas cunhadas terão que deixar a pensão e voltarem para suas casas. Você ficará sozinha com ele, tenho certeza. Ele não é do tipo generoso a ponto de ter os familiares por perto.
— Isso eu concordo — Caroline afirmou tomando um gole de chá.
— Então, tenha coragem, minha menina. Damon a adorava e desejava vê-la feliz. Josette é uma amiga muito querida, não faremos nada de extravagante. Será apenas uma visita inocente a uma amiga que não vejo há alguns anos.
— Bonnie, diga a elas o quão perigoso é...
— Posso fazer um feitiço de proteção...
— Crê que devo ir? — Elena questionou com surpresa.
— Não pode deixar de viver por causa da viuvez e da ameaça de Klaus. Mesmo que não seja para encontrar um marido, você pode se divertir um pouco, Elena. — Bonnie respondeu.
— Cuidaremos de tudo aqui e de seu pai. — Caroline garantiu. — Minha mãe está vindo morar conosco. Ela chega amanhã.
— Ah sim, como ficou tudo?
— Ela é a única herdeira da irmã que faleceu, então tudo o que minha tia possuía foi vendido para quitar as despesas dela. Uma quantia sobrou para mamãe e ela colocou o dinheiro no banco. Quer me dar para ajudar a pagar a dívida da escola, mas não quero usar ainda. Tudo está indo bem, então, melhor deixar para uma necessidade.
— Eu estou muito orgulhosa de você, realizando seu sonho de ter uma escola, ser professora. — Elena sorriu para amiga.
— As crianças precisam, especialmente as sobrenaturais. Eu sei o quanto é difícil lidar com a descoberta — Bonnie comentou.
— Você deveria ir trabalhar lá. Você também estudou para isso e ama crianças. — Jenna opinou.
— Sim Elena. Todas nos preparamos para isso, venha trabalhar conosco. — Bonnie concordou.
— Vamos ver como ficarão as coisas. Eu realmente gostaria de começar a dar aulas.
— Vai ser maravilhoso! — Caroline exclamou batendo palmas — Nós crescemos juntas, estudamos juntas, estamos morando juntas e vamos trabalhar juntas. Isso vai ser perfeito!
Elena se animou com a perspectiva de trabalhar, de ser uma professora. Na escola, estudara magistério, desejando ser uma professora, trabalhar com crianças. Depois, também se interessou em ser uma enfermeira, mas o curso era caro e ela não tinha recursos. Então, Klaus apareceu e tudo ficou parado em sua vida. Os anos passaram e ela não tinha realizado nenhum dos sonhos.
O casamento com Damon sempre impediu Elena de realizar seus sonhos profissionais. Ele a mantinha ocupada, encarregando-a de administrar as coisas em casa e alegando que ela não precisava trabalhar fora. Depois, a saúde de seu pai piorou. Então, tinha a ameaça constante de Klaus, e ela não pensou mais nisso. Ela tinha deixado seus sonhos de lado, mas desde que Caroline fundou uma escola com Stefan, ela tinha sentido essa vontade novamente, de trabalhar e ser mais do que uma dona de casa.
Elena precisava pensar em si novamente, em seus sonhos. Sentia que estava deixando a vida passar e não estava realizando nada do que gostaria. Sentia a necessidade de tomar as rédeas de sua vida e não se deixar levar tanto pelo que acontecia ao seu redor. O que era difícil.
