CAPÍTULO XXIX
Kol estava sentado perto da lareira. Havia um copo vazio sobre a mesa a seu lado, e foi com desinteresse que ele reconheceu sua presença. Depois, usando apenas dois dedos, ele a chamou para perto.
Elena deu alguns passos para o interior do aposento, uma pequena sala de estar. De repente ele se levantou e caminhou em sua direção. Queria agredi-lo e gritar, acusá-lo de crueldade por tê-la obrigado a abdicar do orgulho e do autorrespeito… mas permaneceu imóvel. Forçar os olhos a encontrar os dele foi um grande esforço.
— Vejo que está de luto — ele comentou, apontando para o casaco preto que a cobria. — E sei que não é por seu marido. Seria por mim?
Elena não respondeu. Sustentando o olhar intenso, experimentou uma pequena satisfação por seu gesto de rebeldia ter sido notado. Nunca mais usaria cores ou roupas atraentes. Kol a estava matando com o faria com ela.
— Está com fome? — Kol questionou, enquanto tirava o casaco dela. Ele avaliou o que ela vestia, notando um recatado vestido negro.
Ela fez um movimento negativo com a cabeça.
— Gosta da casa?
Elena assentiu.
— Como sabe? Ainda não viu o suficiente para responder.
Silêncio.
— Ficou muda, ou não sou digno de suas respostas? — Kol perguntou, levemente irritado.
— Precisamos mesmo conversar? — Elena suspirou.
— Sim. Ou você me considera indigno até disso? — Kol questionou.
— Não.
— Então por que não fala comigo?
— Estou falando. Diga-me o que quer ouvir, o que é necessário para agradá-lo, Lorde Mikaelson?
Ele sorriu… uma distorção dos lábios que não traduzia humor.
— O que eu quero ouvir? Bem, gostaria de saber por que renegou nosso acordo. Lembro-me de que apontou a necessidade de parceiros comerciais honrarem suas palavras.
Elena permaneceu em silêncio.
— Sente-se! — ordenou, indicando o sofá ao lado do fogo. Ela se acomodou na cadeira mais distante da lareira.
— Não está sendo muito sensata, querida. Devia me agradar, não? E quero que se sente ao meu lado e explique que vantagens tirou de sua mentira.
Elena se sentia humilhada. Aquele homem diante dela, na verdade um vampiro, fora o único que ela amara em toda a sua vida, por quem tinha se apaixonado ainda jovem. Haviam trocado juras de amor, ela havia pensado em passar a eternidade ao lado dele, até que... Era impossível conter os soluços que brotavam de seu peito.
Num movimento brusco, Kol tomou-a nos braços e a colocou em pé, apertando-a contra o peito.
— Elena, escute…
E ele ainda ousava confortá-la! Ela não podia desmoronar! Não tão depressa… Preservaria o espírito, mesmo que perdesse todo o resto. Livrando-se do abraço, recuou um passo e cerrou os punhos. E foi então que, através das lágrimas, notou a tristeza no rosto de Kol. Se sua inocência não o detivesse, se mesmo assim ele insistisse em mantê-la naquela casa e como sua amante…
— Vai sustentar minha família, manter minhas propriedades e me proteger de Klaus? — Ela precisava saber. Seria seu único consolo.
— Sim, apesar de ter mentido para mim. E já que tocamos no assunto… Achou mesmo que seria capaz de enganar-me com um truque tão óbvio?
— Sim… não. Não sei. Não tem importância.
— Não?
— Não. Estou aqui agora e vou cumprir minha parte do acordo. Isso é o que importa. Só quero lhe fazer um pedido.
— Outro? O que é dessa vez? — Kol cerrou os olhos.
— Quero que isso, esse acordo, fique apenas entre nós.
— Quer manter a sua honra.
— O que puder dela.
— Certo.
Elena suspirou agradecida e Kol caminhou até ela e segurou sua mão, levando-a ao corredor, até chegarem a outro aposento. Uma sala de jantar. Era um cômodo grande, bonito e bem decorado, e sobre a mesa havia duas taças e uma garrafa de vinho.
— Obrigada, mas não quero beber nada.
— Beba, vai lhe fazer bem! — Kol insistiu. Ele havia notado o nervosismo dela.
Kol encheu uma taça para ela e uma para ele. Elena olhou para a taça de vinho ponderando se deveria beber ou não. Concluiu que era melhor beber, assim quem sabe não sentisse tanto a dor da vergonha que tomaria conta dela em breve. Virou a taça e de uma única vez esvaziou-a.
— Quero que você relaxe. — Kol disse enquanto enchia novamente a taça da mulher a sua frente. Elena bebeu, esforçando-se para não pensar no que a esperava. Se não estivesse tomando verbena, teria pedido para que ele a compelisse a relaxar e depois a esquecer o que ia acontecer entre eles.
Alguns longos e silenciosos minutos depois, Kol havia esvaziado três taças de vinho, juntamente com Elena. Mas ela sabia que aquilo não faria nada a ele, porque como vampiro, ele tinha uma alta tolerância. Já Elena trazia o rosto avermelhado e o corpo quente, devido à quantidade de vinho que havia tomado. Ela parecia estar menos nervosa e mais à vontade.
Kol a observava fixamente. Ali estava a mulher que por tanto tempo desejara, a única que amara e com quem havia feito planos, mas que o havia abandonado e casado com outro, um vampiro tão ruim quanto ele tinha sido. Uma humana que só estava ali com ele porque precisava de seu dinheiro e de sua proteção contra seu irmão.
Pensar nisso o inspirou certa raiva e ele se levantou disposto a concluir o acordo firmado e possuir aquela mulher até que se fartasse. Segurou Elena pelo braço e levou-a de volta pelo corredor, onde ao final, havia uma grande porta.
Assim que passaram por ela, Elena pôde ver um cômodo elegantemente decorado, com móveis luxuosos e entre eles, uma grande cama de casal com lençóis brancos, de cetim. Kol fechou a porta atrás deles. Então ela soube que estava acabado, não havia mais para onde fugir, não havia como escapar. Talvez devesse ter se dedicado a conversar com ele para distraí-lo.
Ela foi tirada de seus pensamentos quando sentiu a mão do visconde subir por seu braço e pousar em seu colo, acariciando-o. Prendeu a respiração e apertou os olhos. Ele prosseguiu pelo seu pescoço e tocou seu rosto. Beijou-a. Um beijo agressivo, violento, possessivo, muito diferente dos beijos que trocaram antigamente. Puxou-a pela cintura para mais perto e apertou-a contra seu corpo e contra a porta.
Elena pensou em relutar, mas sabia que não tinha como evitar, apenas deixou-se guiar por ele, beijando-o de maneira fria e dolorida, como ela se sentia naquele momento. Ela ainda o amava, e doía que ele a estivesse tratando como uma qualquer, que a convertesse em uma mulher sem honra e de má reputação.
Kol fingiu não perceber que ela se forçava a beijá-lo, tudo o que mais queria era tê-la e essa era a chance. Ele desencostou Elena da porta e foi guiando-a lentamente até a cama. O corpo dela tremia. Ele mantinha o beijo. Suas mãos desamarraram os laços do vestido, abriram os botões... Antes mesmo de chegarem ao lado da cama, Kol já havia se despido e despido Elena sem jamais quebrar o beijo, graças às habilidades de vampiro.
Relutante, ele se afastou dela quando chegaram ao lado da cama.
— Deite-se! — Soou como ordem, considerando a voz rouca de desejo dele.
Elena se deitou sobre a cama, evitando olhar para ele. Ela estava envergonhada, mortificada. Estava completamente nua e sabia que Kol a observava avidamente.
— Quanto é linda e perfeita, querida!
Ela mantinha os olhos fechados, incapaz de encará-lo, e algumas tímidas lágrimas escapavam. Elena sentiu quando fora despida. Sentiu os toques dele. Sentiu seu olhar sobre seu corpo e timidamente chorou, pequenas lágrimas angustiadas por estar entregando-se a um homem que não a amava, que fazia dela uma prostituta.
Elena tinha as mãos ao lado do corpo, segurando o lençol com os punhos cerrados. Kol se deitou ao lado dela, inclinando-se sobre ela. Ele deu um pequeno beijo nos lábios dela antes de descer pelo pescoço e chegar aos seios.
Kol beijou-os, passando a ponta da língua sobre cada um dos mamilos dela, até que ficassem duros. Elena gemeu. Ele beijou o pescoço dela, dando uma pequena mordida na orelha, que fez Elena se arrepiar. Elena não queria reagir a ele, mas seu corpo traidor estava gostando do que ele estava fazendo com ela. As sensações eram todas novas, e eram boas.
- Quero sentir seu gosto.
Kol desceu sobre o corpo de Elena e passou o dedo pela fenda dela, já molhada. Elena instantaneamente abriu um pouco mais as pernas. Kol passou a distribuir beijos pela barriga, até chegar as coxas dela. Elena estremeceu. Quando ele passou a língua em sua fenda, Elena gemeu.
— Você está encharcada... E eu ainda nem comecei..
Kol sorriu maliciosamente enquanto passava o dedo, parando para esfregar o polegar no pequeno botão, fazendo o quadril de Elena se erguer do colchão em direção ao seu toque. Ele enfiou a lingua nela, fazendo com que Elena engasgasse com a invasão inesperada e abrisse os olhos. Kol estimulava seu pequeno botão, lambendo-o e chupando-o. E embora Elena julgasse pecaminoso o que estava fazendo, ela não conseguiu se impedir de gemer e olhar para Kol, fascinada.
- Seu gosto é tão bom!
- Kol!
- Deixe vir... – Ele pediu, enquanto uma das mãos subiu pelo corpo dela para massagear um dos seios.
A combinação do olhar dele, a carícia em seu seio e o toque excitante da língua em sua região íntima foi demais... Elena sentiu o estômago apertar, uma sensação inebriante tomou conta, algo que ela nunca tinha sentido antes, e as costas arquearam quando ela sentiu seu corpo todo estremecer e as extremidades das maos e dos pés ficarem dormentes. Kol continuava lambendo-a, causando pequenos espasmos pelo corpo dela. Ela suspirou, fechando os olhos, perdida na sensação de torpor que o orgasmo lhe causara.
Kol se levantou, inclinando-se sobre ela, sentindo o cheiro de sua pele macia, o cheiro de seu gozo, o pulsar de seu sangue. O desejo de possuí-la era insuportável, ele precisava tê-la de uma vez. Então, sem pensar em Elena, ele se encaixou entre as pernas dela e penetrou-a.
Elena sentiu a dor invadir-lhe. Instintivamente ela levou as mãos aos ombros dele, cravando as pequenas unhas, enquanto soltava um gemido. O gesto dela só despertara mais seu desejo e ele perdeu o controle, alucinado pela sensação de tê-la, de possuí-la, por orgulho, por desejo, por prazer, por amor, por vingança.
Kol estava alheio às reações de Elena, ele estava entorpecido com o cheiro do sangue dela, o pulsar do seu coração. Ele a penetrou com movimentos firmes e vigorosos, descontroladamente, como nunca fizera antes com uma humana. Ele não conseguia resistir ao apelo do sangue dela, e quando estava próximo do clímax, ele a mordeu, inebriando-se e satisfazendo-se com o corpo e o sangue doce da mulher que ele tanto desejara.
Elena não conteve as lágrimas, ou mesmo os seguidos gemidos de dor que escaparam de seus lábios. Kol chegou ao seu limite, gozando dentro dela, enchendo-a com a essência dele enquanto drenava seu sangue. Depois de um momento, ele conseguiu tirar os lábios do pescoço dela e então se deixou cair ao lado de Elena.
Kol sentiu uma grande satisfação por tê-la feito voltar atrás na proposta, tê-la feito sua depois de ela tê-lo rejeitado. Seu desejo de anos havia se consumado, e embora não tivesse sido como ele esperava, por ele não ter se controlado tanto e Elena não ter sido tão participativa, fora bom o bastante para satisfazê-lo. Ele se levantou, recolhendo suas roupas e saindo do quarto em seguida. Faria com ela o mesmo que fazia com todas as suas amantes. Ela não seria diferente. Ele iria embora após obter satisfação com o ato sexual.
Elena o notou se levantando e deixando o quarto. Ela ainda tremia, nua sobre a cama, chorando timidamente. Queria fugir. Queria gritar. Queria morrer. Agora que estava tudo acabado, que ela fora deflorada, desonrada, e transformada em uma prostituta, não havia mais nada nela que ele quisesse. Até seu sangue ele tinha tomado! Então ele a abandonava.
Elena levantou-se rapidamente. Pegou suas roupas espalhadas pelo chão e caminhou até o lavabo. Sentia-se suja. Queria lavar-se, tirar a mancha da desonra que estava sobre seu corpo. Embora soubesse o que aconteceria, chegou a pensar que poderia ser diferente, que ele mudaria de ideia e a trataria bem. No fundo, ansiava pelo mesmo jovem vampiro que conhecera e amara, mas por fim tivera um vislumbre do verdadeiro Kol Mikaelson e do tipo de relação que ele queria ter com ela.
Ela se olhou no espelho, se perguntando o que ele faria com ela agora. Ele cumpriria sua palavra? Esperava que sim. Embora Elijah fosse conhecido como o vampiro honrado, ela acreditava, em seu coração, que Kol poderia ser honrado também. Se ele a abandonasse a própria sorte, teria que buscar outra forma de salvar sua família da ruína e de se salvar de Klaus.
Ela observou no espelho o sangue em seu pescoço, a marca da mordida dele. Depois seus olhos vagaram pelo seu colo, seus seios e por fim ela olhou para suas coxas, onde tinha sangue também. Ela se sentiu ainda mais suja.
Pegando uma pequena toalha que estava ali, ela molhou na bacia de prata e passou a se esfregar, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. Queria se sentir limpa, pôr uma roupa, sair daquela casa e vagar por aí. Não suportava estar ali naquele quarto, que fora testemunha de sua ruína. Ela se sentia sufocada, necessitava ar fresco.
Era uma amante, a amante de Kol Mikaelson.
