Notas iniciais do capítulo

Olha que tá aqui de novo!
Antes de começarem a lê, gostaria muito de me desculpar com vocês pela imensa demora em postar esse sétimo capitulo. Aconteceram 254561865160 de coisas esse ano e a maioria esmagadora era bem ruim. Eu sei que isso não é uma justificativa aceitável, pois eu tinha dado a minha palavra que iria postar todo mês, no primeiro fim de semana.
Enfim...
Só queria mostrar para vocês que pretendo continuar com a fanfic e dizer que estou com um antigo projeto e postei em breve. Claro que A princesa e o plebeu será minha prioridade.
Boa leitura! ;)

A Princesa e o Plebeu

By Neko Aoi

Capítulo VII: Mais uma chance para ser feliz

Kojiro foi quem acordou primeiro. Não acreditava que realmente havia acontecido e que ela estava ao seu lado, dormindo em um sono tão agradável. Ele ficou a olhando até que ela acordou.

– Bom dia, dorminhoca. – disse sorrindo ao vê Emma abrindo os olhos ainda sonolenta.

– Bom dia... – falou com uma voz manhosa, despertando. Assim que Emma abriu os olhos definitivamente, viu o sol já alto, já se levantando. - Ai, meu Deus, que horas são?

Emma já ia pular para fora da cama quando, ao olhar para o lado, viu Kojiro nu. Em seguida olhou para si, estava no mesmo estado dele, apenas enrolada em um lençol e enrubesceu.

– O que foi? – Kojiro seguiu o olhar de Emma e soltou um sorriso malicioso ao perceber o que ela tanto olhava. – Ah, por isso que você está tão vermelha?

Apesar de acabarem de desenvolver uma forte "intimidade", Emma sentiu seu rosto esquentar. Ela não era boba, muito menos inexperiente nesses assuntos, mas se questionava porque justamente, ao lado do japonês, sentia-se tímida ao está nua e o vê-lo totalmente despido. Nunca havia ficado daquele jeito. Talvez isso significasse alguma coisa.

– Você é maravilhoso. – Emma disse por fim relaxando e voltando a deitar aninhando-se nos braços do japonês. - Só é estranho...

– O que é estranho? – perguntou Kojiro intrigado olhando-a nos olhos. Os olhos mais lindos que já viu em toda a sua vida, com certeza.

– Eu não sei... Talvez está aqui com você. Me lembro da primeira vez que te vi. Tão sério, tão misterioso. Senti que era impossível chegar perto de você. Mas agora, você me mostra ser uma pessoa totalmente diferente. A gente se conhece há pouco tempo, mas parece que eu estava esperando por você, toda a minha vida.

Kojiro não pode deixar de sorrir com as palavras de Emma.

– Dormiu bem? - perguntou ela.

– Melhor, impossível! Com você ao meu lado como eu não poderia dormir bem?

– Bobo.

E se beijaram. Um beijo tão apaixonado e cheio de desejo quanto os que trocaram de madrugada.

– Eu te amo. – a ruiva disse entre beijos. - Queria ficar deitada aqui com você para sempre. Promete que nunca vai ficar longe mim? Que vai sempre ficar do meu lado?

Kojiro a olhou nos olhos. Alguém havia a machucado no passado. E ele também a machucaria se não tomasse uma atitude. Não conseguiria ficar longe dela. Nunca! Por dentro, já sabia exatamente o que fazer.

(...)

– Ela não mandou nenhuma mensagem? – perguntava Elena muito aflita.

– Não. – resmungou Ryan enquanto mexia no celular sem dá muita atenção a mãe. – Até parece que não conhece sua filha. Ela deve ter dormido na casa de alguém.

– Esse é o meu medo. – sussurrou. – Eu vou para o trabalho. Você vai ficar bem sozinho?

– Sempre fico.

– Você não acha de devia sair um pouco e deixar esse celular?

– Não.

– É alguém que eu conheço? – Elena tentava iniciar um dialogo com o filho mais novo, mas Ryan era irredutível.

Ryan olhou para Elena. Ele não queria conversa.

– Você não disse que tinha que trabalhar? – Ryan se irritou. Não gostava de ninguém se intrometendo em sua vida.

– Eu só não quero que você fique trancado em casa do dia todo. É final de semana. Vai andar um pouco, sai com seus amigos. – Enquanto Elena falava, Ryan voltou a fixar seus olhos no celular e não ignorou completamente a mãe, coisa que a irritou muito. – Tudo bem. Quer ficar aqui. Então fique. Mas me faz um favor, limpe a caixa de arreia do *Tiger, é folga da Jane hoje. - disse cansada. – Tchau.

Ryan levantou a mão e acenou. Elena saiu antes que perdesse a cabeça com ele.

Ela tá louca se pensa que eu vou meter a mão em arreia cheia de cocô e xixi de gato. – pensou. Odiava aquele gato. Emma havia o achado, ainda filhote, quando voltava da escola e o bicho estava no meio do lixo procurando comida. Ela havia ficado com pena e decidiu levá-lo para casa. Quando a irmã apareceu com o felino nas mãos, a mãe também se apaixonou por ele. O gato já tinha 9 anos e nos últimos 9 anos, Ryan julgava a sua vida um inferno por conta do bichano.

Inesperadamente, Tiger começou a se embrenhar nas pernas de Ryan. O garoto já ia espantar aquele gato de perto dele, mas uma ideia surgiu na sua cabeça. Tinha uma pessoa que precisava de uma lição.

Ryan pegou o gato no colo e foi até a área de serviço, onde ficava a caixa de areia. A caixa estava toda suja de fezes e o cheiro já impregnava todo o ambiente.

– Bom trabalho. – Olhou para o gato e sorriu. Em seguida, digitou rapidamente uns números no celular que foi prontamente atendido.

– Royal Mail*, boa tarde. Como poderíamos ajudar? – disse o homem educadamente do outro lado a linha.

– Boa tarde. Gostaria de fazer uma entrega urgente.

– O senhor gostaria que um mensageiro fosse até a sua residência?

– Claro. Mas eu peço discrição. Ok?

– Sim, senhor. As suas ordens.

E Ryan deu o endereço, finalizando.

– Agora vamos ver o que temos aqui em casa? – disse a Tiger e começou a andar pela casa procurando alguns objetos para os "presentes".

No fim das contas havia encontrado um frasco vazio de perfume da Carolina Herrera no banheiro de Elena e uma caixa de chocolates suíço na geladeira. Tinha apenas dois bombons então ele os comeu.

Tudo perfeito.

– Pronto para o show? – Ryan ofereceu a mão e Tiger, por incrível que pareça, o gato deu a pata. Parecia que havia um acordo firmado entre eles.

Pela primeira vez, Ryan pensava, que ter um bichinho de estimação até que não era tão ruim assim.

(...)

– Eu não acredito que você cozinha tão bem. – Emma deu mais uma garfada em sua comida.

– É só um espaguete. Nada de mais. – respondeu sorrindo para ela.

– Esse é o melhor espaguete que eu já comi na minha vida. Eu sou péssima na cozinha!

– Você não deve ser tão ruim assim. –o japonês disse. Emma o olhou e pela sua expressão, Kojiro viu que ela não estava brincando. – É sério isso?

– A última coisa que eu fui preparar foi um bolo de chocolate daqueles que vem em caixinha, no domingo passado. Mas se falassem que o bolo era de fígado misturado com gesso, chegaria mais perto do sabor que realmente estava.

– Tão ruim assim? – Kojiro ficou meio chocado.

– Ninguém quis comer. Para dizer a verdade, nem eu comeria aquela coisa. Aí meu irmão teve a ideia de dar o bolo para o meu gato, mas o meu bichinho vomitou quando comeu um pedaço. Tivemos que levar ele correndo para o veterinário fazer uma lavagem estomacal no pobrezinho e ainda tomou duas injeções.

Kojiro arqueou a sobrancelha.

– Melhor você ficar longe da cozinha mesmo. – Kojiro sorriu encabulado. Ainda pensava em como alguém poderia errar fazendo bolo de massa pronta.

– Mas me diz uma coisa. – ela voltou sua atenção a Kojiro, mudando completamente de assunto. – De onde conhece você a May?

Kojiro diminuiu o sorriso. Sabia que a hora dessa pergunta ia chegar. Ontem quando estava levando Ken e May para casa, havia dito uma breve discussão com a garota dentro do carro. Ela conhecia Maki e não achava certo ter aquele tipo de aproximação com outra garota, principalmente se essa outra garota fosse sua amiga. Ele também sabia que não era certo. Para evitar que May fizesse um escândalo, jurou que endireitaria as coisas.

– Ela é a namorada do meu melhor amigo. Aquele cara que foi embora com ela. – relembrou. - Conheço aqueles dois há anos.

– Ah... Então aquele é o tão famoso Ken. Hum... – May havia lhe contado várias vezes sobre o namorado, mas só o conhecia por fotos. - Tenho que admitir. Ela tem um ótimo gosto. – Emma um sorrisinho provocativo para Kojiro.

– Mas agora você é minha!

(…)

Radisson Blu Edwardian Manchester Hotel* – 13:00h

– Pensei que não ia descer mais? – disse Anne ao perceber que May havia finalmente chegado ao restaurante do hotel em que estavam hospedas, sem desgrudar seus olhos totalmente do celular. – Mas eu te entendo. Se eu tivesse um cara como o Ken, eu que não desceria mais. – falou com segundas intenções.

– Me desculpe. Perdi a hora. – disse a jovem ainda sonolenta. O dia já estava amanhecendo quando decidiu que era melhor dormir depois de ter brigado, praticamente a noite inteira, com Ken. – Emma não ficou dessa vez?

Anne pareceu nervosa com aquela pergunta.

– Aconteceu alguma coisa? – May notava a expressão da amiga. – Foi alguma coisa com a Emma?

A ruiva não estava se aguentando tanta preocupação. Elena a ligava 15 em 15 minutos, e Anne tratava de deixar todas as ligações caírem direto na caixa postal. A ruiva não aguentava mais, então ela respirou fundo e contou tudo de uma vez só.

– Emma foi atrás daquele cara que estava com o seu namorado. Pronto, falei.

Aquelas palavras vindas de Anne caíram com bomba no colo de May.

– Como você deixou isso acontecer? Ela é nossa amiga. - May se desesperou. – Quando ela foi?

Anne estranhou a reação que julgava ser muito exagerada vinda da japonesa.

– Calma. Eu não podia segurar ela. E além do mais, o cara é uma figura pública, não vai aprontar nada para cima da Emma. Só se ele for burro. Mas o está me matando mesmo, - olhou mais uma vez para o celular que estava tocando. Era, de novo, a mãe de Emma. Anne deixou tocar. – é que ela prometeu que ligaria para mim quando chegasse em casa e até agora nada. Eu não sei o que dizer a mãe dela. – disse aflita.

May se levantou rápido com uma expressão determinada.

– Pode deixar que eu vou dá um jeito nisso. – afirmou à Anne.

– Aonde você vai? – Anne estava num misto de surpresa e curiosidade.

– Vou pôr um fim nessa palhaçada.

E saiu do restaurante, correndo até o elevador. Ao chegar no seu andar, abriu a porta do seu quarto e deparou com Ken que estava almoçando calmamente.

– Eu vi o seu recado, mas preferi pedir o almoço aqui mesmo. – Wakashimazu nem queria olhar para May. Queria evitar outra briga com ela a todo custo.

– Almoça depois. Preciso que você me leve até a casa do Kojiro. – afirmou determinada, um pouco afoita. - Agora!

Ken olhou para a expressão nervosa da namora. Alguma coisa estava errada.

(...)

Um pouco antes de sair da casa de Kojiro, Emma ligou para Anne que a atendeu nervosa. Na verdade, Emma se sentia um pouco culpada. Havia deixado as pessoas preocupadas, inclusive sua mãe (que Anne lhe contou sob as ligações), mesmo ela estando bem. Para dizer a verdade, fazia tempo que não se sentia tão leve.

Emma pediu para Anne retornar as ligações de Elena e tranquilizá-la. Dizendo que elas haviam chegado muito tarde e acordaram apenas naquela hora, e que o celular de Emma havia acabado a bateria (o que era verdade).

Chegou em seu apartamento despreocupada. Antigamente costumava usar bastante essa desculpa e a mãe acreditava. Por que dessa vez seria diferente?

Mas mal abriu a porta do apartamento e Emma gelou ao vê quem a estava esperando.

– Onde você estava? – Brian a perguntou furioso. O holandês estava sentado no sofá olhando fixamente para frente. Na hora em que a porta se abriu, sabia que era Emma.

– O que você faz aqui? – Emma tomou um susto. Talvez Brian fosse a última pessoa que queria vê naquele momento, naquela situação. No centro da sala, em uma mesinha de centro, estava um buque colorido de rosas brancas, rosas e vermelhas. Do jeito que a ruiva gostava.

Havia dito a Brian, na época que se conheceram, quando ele a perguntou qual eram as suas flores preferidas, que se ele quisesse mesmo saber daria o seu jeito de descobrir. Na manhã seguinte, sua sala estava repleta de buques de flores como o que Brian a trouxera hoje. Deveria ter mais de 50 arranjos e não parava mais de chegar. O holandês nunca quis contar com obtivera aquela informação. Mas o que Brian também nunca soube era que Emma, até hoje, era que Emma fez questão de guardava todos os cartões que estava em cada um dos buques.

– Onde você estava? – perguntou mais uma vez, tirando Emma do seu transe. Tinha uma leve suspeita de onde e com quem ela estava, mas precisava ouvir isso de sua própria boca.

– Eu acho que não é uma boa hora para a gente conversar... – ia se fugindo do assunto. Mas se espantou quanto Brian se levantou e a segurou forte pelos ombros.

– ONDE VOCÊ ESTAVA? – dessa vez suas palavras saíram altas, quase como um grito, o que fez Emma ficar assustada. Não se lembra de Brian daquele jeito. Mas em um instante, ele teve a sua resposta.

O perfume que Emma exalava não era dela. Era um perfume masculino e logo veio a sua cabeça o nome do provável dono.

– Você não podia ter feito isso comigo. – a feição de Brian estava desaparecendo e sua força parecia ter sumido diante daquela constatação. Ele sentou-se no sofá e pôs as mãos no rosto, respirando fundo. - Você estava com ele... – não era uma pergunta.

Por um instante Emma pensou que Brian estivesse chorando. Não queria magoá-lo, mas nunca tinha dado esperança que haveria alguma coisa entre eles. Ou tinha? Entretanto, não era hora para pensar nisso. Vê-lo naquele estado era de cortar o coração, ainda mais sabendo que era por sua culpa.

– Depois de todos esses anos... – Brian continuava o seu discurso mais para si, do que para a ruiva.

Emma se ajoelhou de frente Brian e retirou suas mãos de seu rosto.

– Brian. Olha para mim... - Emma pedia - Desculpa.

Brian continuava com a expressão atordoada e olhava para o chão. Não conseguia olhar nos olhos de Emma.

– Porque justo agora que eu achava que há minha hora estava finalmente chegando ele tinha que aparecer? – Cruyfford falava para si.

– Brian, por favor... - Emma ajoelhou em sua frente e desabou em lágrimas. - Eu juro que queria retribuir todo o carinho desses anos, mas...

De uma hora para outra, a feição do holandês se transformou novamente. De apático à furioso. Seus olhos estavam negros de raiva.

– Carinho? - Brian tirou as mãos de Emma de cima das suas, abruptamente, assustando a ruiva. - A única coisa que eu quero é você! Quero que você me queira como homem, não como amigo!

Brian se levantou e começou a andar pela sala atordoado.

Emma estava confusa. A última coisa que queria na vida era magoá-lo. Mas nunca esperaria aquela reação dele.

– Porque você nunca me disse o que sentia.

Brian parou e a olhou recriminando-a.

– E precisava dizer alguma coisa? - O loiro foi até ela, que estava ainda ajoelha no chão, e a levantou puxando o seu braço com brutalidade. - Diz isso olhando na minha cara.

A expressão de assustada do rosto de Emma fez Brian raciocinar. Ele a amava mais que tudo, mas naquela hora ele estava agindo como um animal e tratando-a como uma qualquer. Então a soltou.

– É melhor eu ir embora. - ficou um tempo calado tentando encontrar as palavras certas. - Antes de ir, quero que você se lembre de uma coisa. Aquele japonês é igual aos outros e eu vi o que aconteceu com você. E sei que você logo vai se cansar dele também. Mas quando ele ficar sabendo Emma, você vai sofrer e vai vê que o que ele dizia que sentia, não era, nem de longe amor.

Brian pegou seu casaco e saiu deixando Emma numa mistura de medo e confusão.

Lágrimas escorriam em abundancia dos olhos de Emma. Ela amava Brian, muito, mas retribuir o que ele sentia talvez fosse impossível, principalmente agora que estava completamente apaixonada por Kojiro. Embora não soubesse o que esperar se japonês descobrisse seu passado. Mas tinha a intuição que talvez Brian estivesse certo.

(...)

A campainha era apertada incessantemente, deixando Kojiro quase surdo com aquele barulho.

– O que vocês fazem aqui? - perguntou Kojiro à Ken e May, que estavam a sua porta. Já sabia o que a garota queria.

– O que você acha? - retrucou May em um tom mais desafiador.

Kojiro a olhou com uma ponta de desdém. - Como é pirralha?

– Isso mesmo que você escutou.

– Podem parar os dois! - ordenou Ken, que até aquele instante estava em silêncio. - Kojiro, nos convide para entrar?

– Eu não preciso de convite para entrar em lugar nenhum. - disse May entrando sem nenhuma cerimônia deixando Kojiro ainda mais irritado.

– Pega leve com ela - Ken disse em um tom baixo somente para o amigo escutar.

Kojiro notou que May parecia procurar alguém em sua casa.

– Ela não está aqui. - disse Kojiro adivinhando que poderia ser.

– É sobre ela mesma de quem eu vim falar. – sua postura continuava séria. – Você já deve ter percebido que a Emma é minha amiga e eu não vou deixar que você e nem ninguém brinque com ela. Ela não merece ser iludida como você está fazendo.

– Eu não estou iludindo ela.

– Não? Então vai me dizer que ela sabe sobre a Maki e aceitou isso numa boa – disse May ironicamente.

– Ela não sabe sobre a Maki, mas o que eu sinto por ela é sério. Emma sabe disso e ela retribui.

– Então você pretende fazer um harém... – May disse gritando – Poligamia é crime aqui e não acredito que alguém da nobreza vá aceitar ser só mais uma...

– Chega! – gritou Kojiro. Não suportava mais aquele falatório da garota a sua frente o acusando.

May se assustou com aquela atitude e Ken se levantou do sofá que estava e foi até a namorada. Sabia que o amigo não era capaz de levantar um dedo a uma mulher, mas também sabia que Kojiro tinha o sangue quente e com May o irritando, tinha medo de vê até onde iria esse cavalheirismo.

– Você, talvez seja a última pessoa do mundo a me dá lição de moral – Kojiro esbravejava – Principalmente tendo exemplo de um irmão como o seu.

– Não fala do meu irmão!

– Chega Kojiro. Você está indo longe demais. – Ken achou melhor intervir. – Vamos voltar ao assunto. – ele olhou para a namorada que estava se recompondo e depois para Kojiro, que parecia mais controlado. – Devo concordar com a May que também não acho certo você manter um caso com as duas.

Kojiro respirou fundo e declarou:

– Eu não vou ficar com as duas. Só não acho correto terminar um namoro de anos por telefone.

– O que? – May ficou estarrecida. – Acho que não ouvi direito. Você vai terminar com a Maki?

Kojiro afirmou com um aceno de cabeça.

– Eu não esperava por isso. – May parecia ainda acreditar no que acabara de ouvir. – Mas e o casamento de vocês?

– Que casamento? Eu nunca pedi a mão dela.

– Não é o que diz. A última vez que eu a vi. Foi no aniversário da Anego* esse ano e ela só falava do casamento de vocês.

– Ela deve ter pirado. O plano era morarmos juntos no ano que vem.

– Então você avisa isso para ela. Melhor, termina logo. Por que se você fica enrolando com isso, eu vou contar para a Emma.

Kojiro olhou para May e a achou indolente para alguém do tamanho dela. Mas não falou nada, ele estava em desvantagem e a garota estava certa. Estava sendo um canalha para Emma e Maki.

– Até o Natal. Se depois disso eu não tiver terminado no a Maki, você pode contar para Emma. – Kojiro propôs.

– Parece justo. – Ken afirmou e olhou para May. – Você tem que dá pelo menos uma chance dele resolver tudo sem magoá-las.

May pensou. Se ela contasse agora, tudo o que sabia de Kojiro para a amiga, Emma seria a pessoa que saísse mais machucada nessa história.

– Eu aceito. – respondeu e estendeu a mão para selar o acordo. – Mas até o Natal e nenhum dia a mais. – impôs. Não era por Maki. Nunca foi amiga dela e nem queria ser. Era por Emma que era sua amiga desde criança. Por que Ken que não ia gostar de ter sua namorada e seu melhor amigo brigados e até por Kojiro que também era seu amigo apesar de tudo.

– Pode deixar. – e apertou a mão dela.

– Já que está tudo esclarecido. Vamos embora? – disse Wakashimazu caminhando até a porta, calçando o tênis. No calor da confusão May havia esquecido de tirar as suas botas como manda a etiqueta.

– Vamos. – e caminhou até o namorado, mas antes de sair, se virou para Kojiro. – Mas uma coisa. - apontou o dedo para ele. – Fala do meu irmão desse jeito, de novo e eu acabo com você. – após isso, May abriu a porta e foi em direção ao seu carro.

Por alguns segundos ficou um silencio entre Kojiro e Ken que haviam ficado pasmos com o que May disse. Não era nada demais, mas para que conhecia a garota, saberia o quando irritada ela estava aponto de falar aquilo.

– 1,58 de pura braveza. – comentou Ken quebrando o gelo.

– É isso que dá se envolver com uma Wakabayashi. – Kojiro ironizou. Sabia que Ken não gostava de ficar se lembrando daquele fato.

– Vai à merda.

Kojiro não conseguiu conter o riso por implicar com o amigo.

(...)

Mais uma noite, Elena chegava em casa exausta. Prometera que a si mesma que ficaria até as 5, até mesmo por ser fim de semana, mas ultrapassou e muito o horário. Havia passado o dia pensando em Emma. Aonde ela poderia estar. Com quem poderia estar. Ryan dizia que também não sabia do paradeiro da irmã e Elena acreditava nas palavras do filho mais novo. Embora achasse que mesmo se ele soubesse, não diria a ela. A não ser em caso de vida ou morte.

Ryan sempre foi muito ligado a irmã. Embora ser cinco anos mais novo não ajudasse muito. Enquanto o caçula estava na fase dos dinossauros de brinquedos e de assistir desenhos animados depois da escola, Emma estava na pré-adolescência, preferia ficar com as amigas e pintar as unhas do que ficar com o irmão.

Mas Elena não reclamava, Emma sempre dava um jeitinho de passar um tempo com Ryan. Talvez, pensava, era por isso que Ryan a defendia até hoje.

Elena havia conseguido cuida da filha quase que integralmente, graças ao luxo que Bart, seu marido até então, a dava. Pegava poucos casos e só trabalhava quanto Emma estava na escola. Mesmo depois que teve Ryan, não mudara muita coisa. Ele era um bebê ótimo, quase não chorava e seus horários eram sempre pontuais, dormia e acordava sempre na mesma hora, todos os dias. Um verdadeiro Lorde inglês. Isso lhe facilitava muito. Mas depois, tudo mudou. Para os três.

Elena abriu a porta e estava tudo escuro. No fim de tarde havia ligado para casa para saber de Emma havia chegado, mas ninguém atendeu. Talvez Ryan tivesse saído, como ela havia pedido. Olhou a caixa de areia e viu que estava limpa. Podia contar nos dedos de uma mão, as vezes que o filho fazia algo que ela pedia.

Mas uma coisa a chamou atenção. Jogado na mesa de centro um buque. Mas aquele buque a lembrou de um fato em particular que havia acontecido anos atrás envolvendo Emma e Brian Cruyfford.

Será? - Elena pesou. No cartão estava com o seu nome e dedicado a filha.

Ela não havia ligado para Brian por pensar que estaria treinando. Mas quando Elena pediu para chamá-lo para a assinatura de um contrato para o uso de sua imagem em um comercial do novo patrocinador, havia sido informada que o Holandês não treinaria naquele dia.

Agora tudo fazia sentido.

– Até que enfim, ela percebeu. - Elena disse para si. Não podia esconder a satisfação.

Elena pegou um jarro de água para botar as flores e depois foi para o quarto. Percebeu que a luz do quarto de Ryan ainda estava ligada, talvez ainda estivesse mexendo no computador, coisa que a deixava um pouco preocupada. Olhou no relógio, eram 9:50. Ainda era cedo. Decidiu deixar para lá e foi para o quarto de Emma.

Abriu a porta devagar e há viu deitada. Seu coração de acalmou. Adentrou o quarto e afagou o cabelo da filha, que se mexeu ao toque.

– Desculpa. Eu não queria te acorda. - disse Elena.

– Eu não estava dormindo. - Emma estava um pouco desanimada. Se trancou no quarto depois que Brian se foi e desde então não saiu mais de lá. Ryan havia tentado conversar com ela, mas não deu ideia para ele e desligou o seu celular para ninguém a incomodar. Nunca havia brigado com Brian e sabia que dificilmente ele continuaria ao seu lado.

– Você me deixou preocupada hoje? Nunca mais faça isso, Emma. - a advertiu, séria. - Não acha que eu continuo acreditando que você dormiu na casa da Anne ou de qualquer outra amiga sua.

Emma arregalou os olhos e sentou-se na casa. Ela ia tentar se defender, mas Elena foi mais rápida.

– Não precisa se explicar. - se sentou ao lado de Emma na cama e completou. - Você já é maior de idade e eu não tenho mais nenhum direito legal sobre você. Só quero que você seja honesta comigo. Eu já tive sua idade. Só que você não é qualquer uma. - Elena ligou o abajur no criado mudo ao seu lado para poder vê a expressão da filha. Ela a escutava calada. - Você é uma futura duquesa. - Emma tentou retrucar, mas não conseguiu. - Eu sei que hoje em dia os títulos de nobreza servem apenas para garantir prestigio social, mas você representa a história da linhagem do seu pai. Seu pai é filho único e a família dele me pressionava demais para ter filhos deste que me casei com o Bart. - deu uma pausa. - Eu sempre me senti muito importante por ser mãe da futura duquesa de Bedford.

– O que você quer afinal? - Emma falou cansada. Não sabia aonde sua mãe queria chegar.

– Paz.

– O que? - Emma não entendeu direito.

– Eu quero esquecer o passado. Não importa o que aconteceu. Eu vou ser sempre sua mãe e você sempre será minha filha.

Se tivessem dito a Emma, quando chegou à Manchester, que Elena queria apagar o que havia acontecido, ela acharia que era pura brincadeira. Mas Elena estava diferente.

– Eu quero meus filhos junto de mim. - lágrimas caiam de seus olhos. - Por mais glorioso que fosse ser mãe de uma duquesa, ter gerado e dado a luz a você e o seu irmão era muito mais especial. Vocês são meus, e ninguém nunca vai me tirar isso.

Emma não conseguia conter mais as lagrimas.

– Mas enquanto ao seu casamento? Você ainda pretende se casar com o Dean McBride? - Emma perguntou tentando se conter, isso ainda a machucava.

Elena olhou nos olhos da filha passando uma imagem sincera.

– Com ele vai ser a mesma coisa dos últimos dois. Seu pai foi o único homem que eu amei. Embora nunca tenha me amado e ter me usado para disfarçar... Bem você sabe o que. - ela declarou.

– E enquanto a Jessica? - Emma limpou as lágrimas e questionou. - Ela fica te chamando de mãe e eu não aceito isso. - inquiriu.

Elena respirou fundo. Tinha que dá razão á Emma, aquela garota era insuportável.

– Ela estava com essa mania desde que eu e Dean anunciamos nosso noivado. Mas eu disse para ela parar. Naquele dia que ela veio aqui, só disse aquilo para te provocar. Mas eu a repreendi. Eu só tenho dois filhos. - afirmou. - E também não quero a Jessica com minha filha.

Emma sorriu. Era assim que devia ter sido sempre. Não sabia o que fazer, queria abraçar Elena, mas desde pequena fora instruída a não demonstra muito seus sentimentos. Mas algo inesperado aconteceu, Elena foi quem há puxou para um abraço forte e terno. Um abraço que há muito tempo mais recebia.

–Me perdoa, mãe. – Emma chorava copiosamente.

Não importava mais nada para Elena. Ter sua filha de volta era tudo que precisava.

Elena ficou com Emma afagando seu cabelo enquanto conversavam até a menina dormir. Sentia tanta falta daquele contato. Ryan não deixava nem fazer um carinho. Mas aquilo era o começo para recuperar a sua família e os protegeria de todo mal que os rondava.

Continua...

Notas finais do capítulo

Royal Mail*: Nome dado ao correio britânico.

Radisson Blu Edwardian Manchester Hotel*: Hotel de luxo situado na cidade de Manchester, Inglaterra.

Anego*: Apelido da Sanae.