A Princesa e o Plebeu
By Neko Aoi
Capítulo XII: J
Esperava aquilo de qualquer um, menos de Brian... Ele era seu amigo. Já havia dito que a amava, mas que tipo de amor era aquele?
– Você vai entender. Deixa eu te explicar. - falou Brian tentando controlar a situação.
– Explicar o que? - Emma gritou histérica. - Por que você também me odeia?
Brian entendia perfeitamente por que Emma estava daquele jeito, mas ela tinha que escutá-lo.
– Eu te amo, Emma e nunca seria capaz de fazer nada a você.
– Então o que é isso. – mostrou os envelopes na mão.
– Deixa eu te mostrar uma coisa. - Brian esticou a mão direita, pedido para que Emma os entregasse e ela o fez. Brian os virou e Emma pode vê que todos estavam endereçados ao holandês.
Aquilo era inacreditável, até ele havia recebido aquilo. Como Emma podia pensar que justamente Brian fosse fazer uma coisa daquelas. Então a culpa a consumiu.
– Desculpa. - Emma pediu, mas Brian não parecia ter se magoado por ela tê-lo acusado.
– Não se preocupa. Você não está em um bom dia. - Brian sabia que Emma não havia feito por mal.
– O que falam sobre mim? - Emma perguntou.
– As cartas?
Emma assentiu.
Sinceramente, Brian não queria falar sobre aqui. Era tão sem importância.
– Mentidas. Apenas isso. - Brian declarou. Conhecia Emma bem o suficiente para saber que a pessoa que enviou aquilo a ele só queria a ofender.
Emma o abraçou e pediu desculpas novamente.
(...)
Na mesa de centro, Emma espalhou o conteúdo dos envelopes, procurando por alguma coisa que identificasse quem havia enviado aquilo. Eram praticamente todos iguais. O mesmo linguajar, a palavras recortadas, em alguns tinham fotos, mas todos eram assustadores.
– Uma coisa que eu não entendo. - disse Emma à Brian. - Para mim só mandaram um e para você quatro.
Brian não queria contar para Emma, mas era melhor que ela ficasse sabendo logo.
– Emma, me pediram para não te contar sobre isso. Mas já que você já sabe...
– Quem mais sabe? Quem te pediu para não me contar? - Emma questionou o interrompendo. Brian só podia se maluco se achava que ela não merecia ficar sabendo algo referente a ela.
– Sua mãe.
Emma não sabia o que dizer. Porque sua própria mãe iria querer que ela não soubesse uma coisa dessas? Elena havia a ajudado quando ela recebeu a carta. Elas tinham feito as pazes.
Ela estava confusa.
– Me deixa explicar. - disse Brian. - Essas cartas são apenas as que eu recebi nessa semana. As outras eu entreguei a sua mãe.
Os olhos de Emma se arregalaram. Como assim apenas daquela semana?
– Ela está investigando de onde tem vindo essas cartas. - Brian completou.
– Brian, eu só recebi uma carta. - afirmou. - A outra que eu sei da existência, foi deixada quando eu estava no carro do Kojiro, para ele.
Falar dele ainda a machucava muito e percebeu que Brian não havia gostado de saber que eles se encontravam. Embora soubesse que era obvio que acontecia. Mas não estavam ali para falar de Hyuga.
– Você tem certeza? - estranhou Brian. – Sempre que eu vou entregar as minhas, eu pergunto se continuam mandando para você? Sua mãe diz que chega quase que diariamente.
Aquilo não podia ser verdade.
– Me leva para casa. - Emma ordenou. Ela iria tirar satisfações do porque Elena estava escondendo uma coisa tão séria.
– Não vai brigar com a sua mãe. Ela fez isso para te ajudar. - tentou apaziguar. Elena havia feito aquilo para não deixar Emma assustada e Brian compreendia isso.
– Ela me deixou correr risco. - falou entre dente. - Vai me levar ou eu vou ter que chamar um táxi?
Brian sabia que Emma estava furiosa que com a mãe, mas ela precisava ficar calma, senão ela cometeria uma injustiça.
(...)
O telefone tocava feito louco.
– Não se pode nem mais tomar um banho em paz. – May gruiu irritada, enrolada em um robe de banho. – O que foi? – falou grossa ao telefone.
– Preciso que você me ajude?
– Kojiro? – May se assustou. – O que houve?
– Conversa com a Emma. Por favor. – pediu. Era notável a angustia na voz de Kojiro.
Não precisou de mais nada para May ter uma ideia do que havia acontecido.
– Você contou a ela? – perguntou.
– Pior. Ela descobriu.
Parecia que May havia tomado um baque. Ela se sentou na poltrona branca. Havia acontecido o eu mais temia.
– Eu sabia que isso ia acabar mal.
– Olha só, eu estou nervoso. – Kojiro falou bravo.
– Não grita comigo! Não fui eu que fiz a besteira de sair com outra mulher enquanto estava noivo.
– Eu não estou noivo! Quantas vezes eu vou ter que repetir isso! – Kojiro já estava quase perdendo as estribeiras. – Ahhh, esquece. Por favor, May. Não precisa fazer isso por mim, faz pela Emma. Ela deve está pensando o pior de mim.
– Tudo bem. Calma. Me diz o que aconteceu.
Kojiro tomou fôlego, tentando se acalmar.
– Maki está aqui em casa.
Os olhos de May se arregalaram.
– Maki pegou vocês dois juntou?
– Não. – Kojiro falou de forma mais calma. – Emma tinha acabado de ir embora quando Maki chegou, mas ela esqueceu o celular e viu a Maki aqui em casa.
May não disse nada. Pensava em como a amiga deveria está se sentindo humilhada. A Emma que conhecia de antes,ficaria com raiva e arranjaria um jeito de se vingar. Mas a Emma de hoje... Isso May não sabia.
– Você ainda está aí? – falou Kojiro do outro lado da linha.
– Desculpa. – May voltou a si.
– Então?
– Eu vou falar com ela. Não hoje. Amanhã ela deve está mais tranquila e mais receptível. – disse May. – Mas, por favor, eu só te peço uma coisa: Fica longe ela. Quando ela quiser falar com você, ela vai.
– Tudo bem.
Depois disso a única coisa que ouviu foi o som do telefone desligando.
Kojiro tacou o telefone no chão. Por sorte Maki estava tomando banho e não ouviu aquele barulho, mas se tivesse escutado, ele não ligava. Havia pisado feio na bola.
(...)
– Você promete que vai ficar bem? - a voz de Brian era calma e atenciosa.
Emma olhava pela janela alguma coisa inexistente.
– Sobre o que você está falando? - desgrudou da janela e olhou para o holandês com raiva. - Do cara que eu achava que estava namorando, enquanto ele ia se casar com outra, ou eu estar sendo ameaçada por um morto? – Emma disse irônica.
Brian se referia as cartas. Ele e Elena só queriam a proteger, mas relação ao japonês, a culpa era dela. Mas nunca falaria aquilo. Emma já estava machucada demais e Brian entendia o porquê dela está com raiva.
– Desculpa. - Emma disse.
Naquele momento ele viu que a sua amada começava a chorar. Soltou o seu sinto de segurança e a abraçou.
– Eu devia ter te escutado. Ele só queria brincar comigo. É só isso que todos querem. - Emma chorava abundante nos braços forte de Brian enquanto ele afagava seu cabelo.
Brian permaneceu calado.
Emma começava a achar não tinha o direito de ser feliz depois de tudo que fez.
Um farol forte parou em frente ao carro de Brian quase os cegando. Emma logo reconheceu as pessoas que saíam do carro.
– Abre a porta. - ordenou a garota se soltando de Brian.
– O que você vai fazer?
– Abre a porta logo senão eu arrombo!
Embora Brian soubesse que nem mesmo 10 Emmas conseguiriam derrubar a porta daquele carro, achou melhor fazer o que ela falou antes que ela acabasse se machucando.
A porta do carro foi aberta e Emma saltou para fora, indo atrás daquelas pessoas para tirar satisfação.
(...)
– Não quero mais saber de junção nenhuma. Acabou! - disse Bart com uma pontada de irritabilidade.
– Você sabe que não pode fazer isso. Nós temos um acordo com o Dean e...
– "Nós" quem Elena? Até onde eu sei, vai ser só você que vai se casar com aquele fracassado. Já vi que se eu deixar as coisas nas mãos daquele idiota ele vai falir o meu escritório também.
– Não é bem assim, Bart. – No meio daquela discução com o seu ex-marido, Elena sentiu seu braço ser puxado. Ao virar, viu a filha. Os olhos inchados e a expressão de raiva demonstravam que havia acontecido alguma coisa. - O houve?
– Por que você me enganou? – Emma gritou.
– O que? Do que você está falando? – Elena perguntou intrigada.
Emma tirou os envelopes que estavam na casa de Brian da bolsa.
Elena ficou muda. Não era preciso ninguém falar nada para saber do que se tratavam aqueles envelopes.
– Você não acha que eu precisava saber? - Emma falou alto e furiosamente.
– Ela tem razão, Elena. - Bart se meteu entre as duas. - Ela precisa saber o que está acontecendo.
– Você também sabia sobre isso? - Emma não esperava que seu próprio pai tivesse feito isso com ela.
– Vamos subir. Você também, Cruyfford. – Elena disse a Brian que estava perto da porta. O holandês assentiu.
(...)
Os quatro subiram até a cobertura em silêncio. Elena olhava disfarçadamente para a filha percebendo a expressão de mágoa. Não havia sido apenas os envelopes, Elena sabia. Talvez ela e Brian estivessem brigados.
Bart abriu a porta e deu ordens a governanta para chamar Ryan. O menino chegou à sala e estranhou todos estarem ali, inclusive Brian.
– Por que estão com essas caras? - perguntou. - Alguém morreu?
Elena olhou para o filho.
– Meu Deus. Foi a vovó! - Ryan levou a mão até a boca. - Era por isso que ela queria que nós fossemos para a Escócia nesse Natal. Ela queria se despedir.
– Para com isso garoto. - Elena falou ao presenciar a cena que ele fazia. - Ninguém morreu.
– Ainda não. - retrucou Emma.
– Que história é essa? - Ryan não estava entendendo.
– Tem certeza que ele precisa participar disso? - perguntou Elena ao ex-marido, que afirmou.
– Se mandou para o Cruyfford, a qualquer momento pode chegar uma para o Ryan.
– O que pode chegar para mim? - Ryan não estava entendendo, até que chegou uma hora que se irritou. - Dá para alguém me responder?
– Alguém está me mandando cartas anônimas. - disse Emma.
Ryan ficou surpreso. Embora não soubesse do teor das cartas, todos sabiam que esse tipo de coisa poderia ser algum atentado se for destinado a algum parlamentar ou a alguém da realeza. Emma se enquadrava na última opção.
– E quem seria doido de fazer uma coisa dessas? - embora ninguém tivesse dito nenhuma só palavra, Ryan reparou na face de todos da sala. Só havia um assunto que os deixavam daquele jeito. - Pelo amor de Deus, pessoal, ele está morto há quase três anos.
Emma lhe mostrou uma das cartas. Ryan abriu um dos envelopes e dentro havia fotos que só podiam ter sido tiradas com a pessoa estando escondida. As fotos eram da rotina de Emma.
– Isso pode ter sido qualquer um. – Ryan declarou.
De repente, um lenço azul com o símbolo de gang caiu de dentro do envelope. Instantaneamente, Ryan lembrou-se de um acontecimento antigo.
Sons abafados eram ouvidos pela casa inteira. Ryan na época com nove anos, havia chegado da escola às 2 da tarde como era costume. Elena havia o buscado e deixando em frente ao prédio onde morava e partiu para o trabalho novamente. Mas quando entrou no apartamento, estranhou o barulho e umas peças de roupa jogadas no chão.
A criança então seguiu em direção de onde estavam vindo os sons. Caminhou pelo corredor dos quartos e viu que o quarto da sua irmã estava com a porta aberta e que era de lá que vinha o barulho.
Seus olhos se arregalaram ao vê Emma junto com um cara que já havia o visto algumas vez com ela.
A blusa de Emma já havia sido tirada e exibia um sutiã branco que o rapaz teimava em abrir. Ela estava por cima dele e parecia está gostando. Ele enrolava um lenço azul envolta do pescoço de Emma e apertava.
Ryan queria sair dali, mas ao tentar, o chão de madeira ruiu, denunciando o menino. Emma e o rapaz olharam instantaneamente na direção a porta e viram o menino.
Emma arregalou os olhos ao vê o irmão. O rapaz que estava abaixo dela a jogou para o lado e com raiva foi atrás de Ryan, que fugiu.
– Sua peste - O garoto ficou transtornado, mesmo Ryan não fazendo nada. - Eu vou te arrebentar.
O coração de Emma parecia que ia sair. Sabia que se não fizesse nada o irmão levaria a pior.
– Para com isso, Jay. - Emma gritou, correndo atrás dele.
Ryan corria o mais rápido que podia, mas em vez de se distanciar, era cada vez menor entre os dois devido à grande diferença de idade.
O mais velho, para derrubar Ryan, deu um pulo pegando as pernas da criança, que caiu no chão batendo o rosto. Com a força o impacto, Ryan cortou os lábios.
O rapaz puxou Ryan pela gola da jaqueta do uniforme escolar e levantou o punho. Teria acertado em cheio o rosto da criança se Emma não tivesse chegado na hora e o empurrado, fazendo-o soltar seu irmão.
Ryan não viu mais o que aconteceu depois daquilo. Ele correu até a dispensa e se trancou lá. Olhou para os lados na tentativa de achar um telefone e ligar para a sua mãe e pedir ajuda, mas não encontrou. Lembrava-se que do lado havia um quarto de empregados e talvez tivesse um telefone, mas na pressa de se proteger, não pensou nisso.
De repente ele ouviu socos sendo disparados na porta. Com medo, Ryan se escondeu ao lado das prateleiras.
Os gritos de sua irmã eram escutados e parecia está desesperada. O outro retrucava, mas parecia que Emma tinha contornado a situação. Depois Ryan não conseguiu ouvir mais nada.
Ele não sabia ao certo quanto tempo havia se passado até que Emma falou que já podia sair. Ela precisou de um grande jogo de cintura para tirar Ryan de seu "esconderijo", mas no fim ele abriu a porta, ainda desconfiado.
– Meu Deus. Seu rosto. - Emma não esperava que o irmão tivesse se machucado daquele jeito. Não só o lábio inferior estava sangrando, como o nariz estava escorrendo sangue também e estava vermelho, parecia está quebrado. Emma pegou o lenço azul que estava em seu pescoço e tentou estancar o sangramento, mas Ryan não queria aquele pano encostando-se nele. Foi então que Emma percebeu que aquele lenço era do Jay.
Emma se levantou indo até o banheiro ao lado, e voltou trazendo uma maleta de primeiro socorros. Enquanto ia cuidando de Ryan, Emma se odiava por ter deixado aquilo acontecer.
– Por que você se mete com esse tipo de gente? - Ryan perguntou.
Emma ficou sem saber o que responder. Mas se contasse o motivo, Ryan não entenderia.
– É difícil explicar, Ryan, mas eu juro que não vou mais deixar ninguém encosta o dedo em você. Nunca mais.
Ryan acreditou. Sempre acreditava na irmã, mas antes, nunca havia sentido tanto medo na sua vida.
– Jura uma coisa para mim, Ryan. – Emma pediu. - Jura que você nunca vai contar nada para a mamãe.
Emma o olhava no fundo de seus olhos. Ryan sabia que se sua mãe descobrisse que havia escondido algo dela, o botaria de castigo. Mas o que mais dava medo era lembrar-se do dono do lenço que estava no pescoço da irmã.
– Ryan, se você contar, a mamãe vai me mandar para longe e eu vou me separar de você. Você não quer isso, não é? - Ryan negou. Emma sabia convencer. - Então nunca conte sobre o que houve hoje. Pense que isso tudo foi um pesadelo e que quando você acordar, nada disso aconteceu de verdade. Ok?
Depois daquele dia nunca mais viu aquele Jay.
Ryan olhava para aquele lenço no chão com temor.
– O que houve? - Elena estranhou a reação do filho. Havia algo que ele sabia.
– Não encosta nisso. Pode ter o DNA de alguém. - alertou Bart que pegou o lenço com uma caneta e o colocou dentro do envelope de volta. - Eu vou levar ao laboratório para vê se acham alguma coisa.
– Isso era do Jared. - Ryan afirmou para todos os presentes.
– Você sabe que eu não quero que digam o nome desse marginal dentro dessa casa. - brigou Elena. Só de ouvir aquele nome, a irritava de uma forma que poderia quebrar todo aquele apartamento.
Ninguém ali gostava daquele assunto, principalmente Emma.
– Ele está morto e nós sabemos disso. É outra pessoa que está fazendo isso. – declarou Brian e todos concordaram com ele.
– São quantas cartas? - Era isso que Emma queria saber. Já esperava uma grande quantidade.
Elena parecia vacilar. Estava com medo de falar, mas nem ela não sabia ao certo quantas cartas tinha e ainda tinha as novas que Brian ainda não havia a entregado.
– Mais ou menos 30. - Elena suspirou.
Emma ficou boquiaberta. Fazia um pouco mais de duas semanas que recebera a carta e o número era assustador. Pior do que isso era saber as pessoas que estavam sendo envolvidas. Até Ryan. Ela definitivamente não aguentava mais.
As lágrimas escoriam com força, se sentia horrível.
– Não precisa ter medo. - Bart tentava a tranquilizar a filha. - Não vamos deixar ninguém fazer nada a você.
Ele não a entendia.
– Eu não ligo para o que acontecer comigo. Só não queria botar ninguém em perigo. - Emma admitiu. - Eu não vejo outro jeito se não ir embora. Hoje mais do que nunca vejo o erro que fiz em voltar.
– Emma, não. A culpa não é sua. - falou Brian tocando em seu braço. - O que esse doente está fazendo é crime. Aqui é sua casa e ninguém tem direito de controlar sua vida.
– Mas quando eu estava longe, vocês estavam mais seguros. - Sua decisão já havia sido tomada, por mais que doa Emma, era melhor para todos. - Eu vou fazer minhas malas. - e saiu.
Ninguém sabia ao certo o que fazer.
– Vocês não podem deixá-la ir. - Ryan falou tentando fazê-los enxergarem o que ia acontecer. Sua irmã ia embora e ninguém se opostos. - Se vocês não vão fazer nada, eu vou.
Ryan correu para o quanto de Emma.
(...)
Ryan a encontrou botando suas roupas dentro de uma pequena mala preta. Era visível o quanto Emma estava abalada. Suas mãos tremiam enquanto fazia a mala.
– Por favor, não faz isso. Não me deixa aqui sozinho. - Ryan implorou. Lágrimas começaram a cair de seus olhos.
Emma olhou para ele, o que a fez ficar ainda pior, mas não voltaria atrás. Estava fazendo isso por amor a ele e a todos os envolvidos. Então voltou a sua mala.
Ryan vendo que não tinha mais como argumentar, decidiu atrapalhar. Começou a retirar a roupas de dentro da mala. Ele faria de tudo para detê-la.
Emma vendo a tentativa o irmão mais novo, parou.
– Ryan, por favor, eu preciso ir. É pelo bem de todos.
– Você não precisa. Eu te protejo.
– Ah, Ryan...
Era uma dor terrível que sentia. Estava fazendo o irmão sofre e isso era tão injusto. Emma o abraçou e os dois choraram juntos.
(...)
Elena era a que parecia mais abatida, não queria mais ficar longe da filha novamente. Olhou para Brian e ele parecia está sofrendo. Já o ex-marido estava estranhamente normal. Aquilo não parecia tê-lo afetado tanto.
– Acho melhor tentar falar com ela. – disse Brian.
– Por favor, Cruyfford. Tenta fazê-la se acalmar. – pediu Elena à Brian, que concordou e foi em direção ao quarto.
– Acho que ela vai gostar de passar um tempo Austrália. O clima é ótimo nessa época. - Bart falou com o seu habitual tom de voz.
Elena se voltou para o marido, horrorizada.
– Como você pode achar que mandá-la para longe vai melhorar isso? – Elena falou.
– Não foi isso que você fez?
Elena se calou diante daquilo. Era verdade que havia a mandado embora, mas na época era a melhor coisa a se fazer. Não queria passar por aquilo novamente.
– Ryan tem razão, você é um péssimo pai. - declarou Elena à Bart.
Bart parecia não ligar para o que a ex-mulher falava, estava mais concentrado em achar algo que mostrasse uma pista da pessoa que mandava aquelas cartas. Jogadas em cima da mesa estava apenas as que Brian Cruyfford havia acabado de entregar. Bart as espalhou e começou a ler uma por uma. Eram todas mensagens curtas recortadas de quaisquer revistas. Diferente das que eram endereçadas a Emma, aquelas não possuíam um tom de ameaça. Parecia que queria alertar.
Em cada envelope vinha uma carta e algumas fotos de Emma em seu dia a dia, com as amigas, com o irmão e era a coisa que Bart mais temia. Isso significava que a pessoa que a espionava, estava mais perto do que todos imaginavam.
Vasculhando nas fotos Bart reparou em uma pessoa que não conhecia junto da filha.
– Sabe quem é? - ele perguntou a Elena.
Ela já havia desistido de falar com o ex e resolveu o ajudar, mas quando olhou para a foto, seu coração quase que parou. Na foto Emma beijava um homem. Seria normal se não o conhecesse. Era Kojiro Hyuga, o jogador que ela ajudou o clube a contratar.
Lembrava-se que ele e a filha se conheceram na festa de apresentação do jogador. Os dois e mais o filho caçula ficaram conversando, coisa que nada a estranhou. Mas como ela mesma havia feito uma viagem a Itália para conversar com os dirigentes do Juventus, o conheceu e junto com ele sua noiva, uma jogadora japonesa de softball.
– Terra chamando Elena. Está me ouvindo? - Bart a chamou.
Elena se levantou atordoada. Agora tudo fazia sentido. As noites que a filha passava fora, os sorrisos em cada mensagem recebida no celular. Como ela pode se prestar a isso?
Elena pegou a foto da mão de Bart e foi até o quanto da filha, deixando-o sem entender nada.
(...)
Ouviu alguém bater na porta e era Brian.
– Posso entrar? - perguntou o holandês. Sabia que aquele era um momento delicado.
Os irmãos se soltaram e Emma enxugava as suas lagrimas que insistiam em cair.
– Tenta convencer ela, Cruyfford. Por favor - Ryan ainda insistia.
– Conversa depois. Agora sou eu que vou falar com ela. - Elena chegava no quarto. Parecia brava. - Sai os dois.
– Você não vai brigar com ela. - Ryan deduzia que pelo jeito da mãe, aquela não seria uma conversa, seria uma briga.
– Vai embora! - Elena gritou enfurecida.
– Vamos. - chamou Brian, mas percebeu que Ryan estava relutante. – Não é hora para mais briga.
Emma percebeu o olhar que Brian deu a ela, que a fortaleceu. Ela ainda tinha o seu carinho.
Elena fechou a porta assim que entrou. Aquela não seria uma conversa qualquer.
– Você acha que eu tenho culpa isso não é? - Aquilo era um pergunta retórica. Emma sabia a resposta.
– Eu não vim falar das cartas. – Elena declarou. – Há alguns dias atrás, falei com Cruyfford. Disse o quanto estava feliz por estarem juntos, mas ele negou. Me contou que vocês não estavam namorando e ainda por cima estava brigados. – a mulher a encarou com os olhos duros. - Então com quem você está?
Emma não esperava por aquela pergunta, muito menos queria falar daquilo agora.
– Eu te dei uma segunda chance e é assim que você quer que eu volte a confiar em você? - Elena falava mais alto de que o habitual. Estava tão magoada com a filha.
– Você acha que eu devo ficar e para vê o que me acontece? - a voz de Emma era dura e irônica. - Quem sabe não entre um maluco nessa casa e me mate. Vai ser melhor, não vai?
– Eu não estou falando mais disso. Não se faça de boba.
Emma não ligou, voltou a fazer sua mala e não viu a reação da mãe. Apenas sentiu a sua face queimar por causa do tapa que recebeu. Olhou para Elena com raiva.
– Porque você fez isso? - o rosto de Emma ardia. Então seus olhos bateram em uma das mãos de sua mãe. Foi então que ela entendeu. Elena sabia mais do que ela pensava.
– Porque você fez isso comigo? Porque você me odeia tanto? – Emma chorava de raiva.
Elena tinha em suas mãos uma foto de Emma beijando Kojiro Hyuga.
– Você sabia sobre ele?
– O que eu fiz a você? - Elena perguntou se irritando ainda mais. Jogou a foto no chão. - Você estava tendo um caso com um homem comprometido e culpa a mim? Faça-me o favor. - E deu as costas.
– Você sabia e não me disse nada. Porque mãe? Você achava que eu merecia isso? – Emma gritou.
Elena se virou com a expressão fria.
– Então ele não te contou. - Elena fez silêncio e começou a pensar na ironia da vida.
Anos atrás era Emma que fazia isso. Com apenas 14 anos já deixavam os homens loucos. Elena sempre se preocupou com isso, tinha medo que algo ruim acontecesse com a filha. Já Emma parecia gostar daquele tipo de atenção. Com o passar dos anos foi tudo piorando.
– Eu já aprendi a lição. Não precisava ter feito isso.
– Sabe de uma coisa: Eu estava começando a acreditar nisso. – Elena declarou. - Mas não. Você apenas ficou mais discreta.
– O quê? – Emma não acreditava no que era dito. - Como você pode dizer uma coisa dessas. Eu sou sua filha.
– Não. A minha Emma desapareceu há muito tempo. Eu não sei mais quem é você. – lágrimas caiam, mas Elena as ignorou. – A melhor coisa que você tem a fazer é ir embora mesmo.
Abriu a porta e saiu ignorando Cruyfford e o filho que estavam no corredor e foi para o seu quarto, batendo a porta com violência.
O dois rapazes correram para vê como Emma estava e a encontraram em cima cama, chorando copiosamente.
Ryan sentou a sua frente e a abraçou. Brian continuava ali, para quando ela precisasse dele.
Emma continuou chorando em seu ombro até não ter mais forças para chorar. Acabou adormecendo no colo do irmão.
– Ryan, é melhor você ir dormir. Amanhã todo mundo vai está melhor. - falou Brian. – Eu ajudo você a por Emma direito.
Apenas tiraram os seus sapatos de Emma e a deitaram, cumprindo-a.
– O que vai acontecer agora, Cruyfford? – perguntou Ryan, vendo a irmã adormecida.
– Eu não sei.
Ryan foi para o seu quarto e Brian ficou ali velando o sono da amada.
De repente viu um papel jogado em cima do tapete. Se levantou e pegou. Era uma das fotos que estava dentro de um dos envelopes que recebeu. Um sentimento de raiva tomou conta de si. Amassou a foto e jogou dento da lixeira de papel o lado da escrivaninha.
O que mais incomodava naquela foto, era vê a felicidade de Emma nos braços de Hyuga. Eles pareciam apaixonados e ele odiava isso.
A vida poderia ser vingativa, pensava. Agora que Emma tentava se reerguer, aparece aquele maldito japonês e o maluco das catas anônimas.
O olhou para o celular e viu que era quase meia noite, seu carro deveria está coberto de neve. Decidiu que já era hora de partir. Se levantou e foi dá um ultimo beijo de despedida no topo de sua cabeça. Tomou um susto quando sua mão foi pega.
– Por favor, Brian, não me deixa. – pediu a ruiva com a voz fraca.
– Tudo bem, meu amor. – Brian acariciou o rosto dela. - Quando você abrir os olhos novamente, eu ainda estarei aqui.
Não tinha como Brian negar um pedido dela. Então se sentou no chão ao lado da cama e começou a acariciar o seu cabelo até fazê-la dormir novamente.
(...)
O quarto ainda estava escuro quando Emma abriu os olhos com dificuldades. Eles estão pesados, então se lembrou do dia anterior. Ela torcia para que tudo que havia acontecido fosse apenas um pesadelo e que agora tudo ia está em seu devido lugar. No entanto Emma sabia que não adiantava se enganar.
Ela decidiu se levantar, mas alguma coisa prendeu o seu edredom. Emma se virou e viu Brian sentado ao lado de sua cama, dormindo. Então que se lembrou do pedido que fez e que Brian havia comprido. Ela afagou os cabelos loiros dele, o despertando.
Mesmo tendo passado a noite inteira sentado no chão, e está com o corpo dolorido, Brian ainda sorria para Emma. Isso a fez sorriu também.
– Obrigada por ficar. - a voz de Emma saiu cansada, mas muito agradecida. Brian era incrível e pensar que o trocou por aquele canalha mentiroso.
– Eu não disse que quando você acordasse, eu ainda estaria aqui. - pegou a mão da ruiva e a beijou. Ela precisava ser cuidada. - Então, está se sentindo melhor?
Emma suspirou. Não queria mais tocar naquele assunto, entretanto sabia que tinha que encarar aquela situação.
– Se você quer mesmo saber. Parece que o mundo desmoronou em cima de mim.
– E o que você pretende fazer? - Brian perguntou, sabia que não seria fácil para Emma.
– Eu não vejo outra alternativa.
– Então você se decidiu?
Emma afirmou decidida.
– Eu não quero ser essa menina fraca. Eu vou embora, Brian. - Ela se virou para ele e sentiu uma lágrima escorrer. - Vou terminar a faculdade e esquecer tudo que aconteceu. Eu quero um pouco de paz e acho que em Londres eu vou conseguir ter isso.
Brian queria debater com ela. Queria falar que Emma estava se precipitando, mas não podia fazer isso. Ela estava correndo risco de vida. Ninguém sabia o que o maluco, que se passava por Jared, queria afinal. Emma estava certa em ir.
– Não quero que você fique chateado comigo. - Emma percebeu a expressão do amigo.
– Não se preocupe comigo. Eu vou está bem, se você estiver bem. A única coisa que eu te peço é que você tenha certeza disso.
–Sim. – afirmou. - Não tenho mais o que fazer aqui, Brian. Ninguém me quer aqui.
Aquilo o magoou.
– Eu te quero. Você sabe disso. – Brian segurou a mão dela. - Eu sempre vou te amar, Emma. Até o meu ultimo suspiro da minha vida eu vou repetir isso.
– Por favor, Brian. Não. - pediu e pôs um de seus dedos nos labios dele. - Eu não posso te pôr mais em risco do que você já está. Eu sou como um objeto radiativo. Todos que ficam em minha volta acabam se contaminando.
– Eu sei que não é assim, Emma, mas eu não vou tentar mais fazer você mudar de ideia. Eu confio na sua decisão. - declarou.
– Obrigada, Brian. Você não faz idea do quanto isso é importante para mim.
Eu sei, meu amor. Você que não faz ideia do quanto me machuca falar isso.
– Eu só gostaria que você fizesse uma ultima coisa. - disse Brian tendo uma ideia.
– Eu estou ouvindo.
– Quero sua companhia na festa de Natal do clube, depois de amanhã. - Brian falou.
– Não, não. - Emma se levantou da cama ficando de pé, negando. - Eu não vou fazer isso. Kojiro vai está lá e eu não posso vê-lo.
Brian se levantou, ficando ao lado dela.
– Ele precisa saber que, o que aconteceu entre vocês, dois foi insignificante.
– Mas não foi. – Emma afirmou. - Mesmo agora, sabendo que ele me fez de idiota e me enganou esse tempo todo... - Emma segurou o choro. - Eu continuo completamente apaixonada por ele.
Um sentimento profundo de raiva surgiu em Cruyfford. Sua cabeça estava a mil. Não parava de sentir ódio do Hyuga e a reação que Emma havia tido, só fazia aumentar aquele rancor.
– Eu quero evitar isso. - disse Emma chamando a atenção do holandês.
– Evitar o que? - sua voz saiu com mais raiva que deveria, fazendo Emma notar. Foi então que Brian tentou se acalmar. - Eu não vou me atracar com ele como se fosse um animal.
– Você está com raiva dele, Brian.
– E você não está?
Brian a fez se calar e notou e conseguiu atingir em um ponto importante.
– Eu só quero que você de uma lição nele. E não precisa ser só por você. Pensa que ele também enganou a Maki.
– Não fala esse nome, por favor. - Emma pediu chorosa.
– Preciso falar. Por que ela também foi enganada e sabe lá com quantas mulheres ele fez o mesmo joguinho. - Brian a segurou pelos braços fazendo-a se voltar para ele. - Faça isso por mim também. Ele afastou a gente, Emma. Nós éramos amigos há tanto tempo e conseguiu nos separar.
Brian a puxou para si e a abraçou sendo retribuído pela mesma.
– Se você fizer isso, eu juro que aquele japonês nunca mais vai fazer algo parecido com qualquer outra pessoa. - e depositou um beijo no topo da cabeça da ruiva. - Então? O que você me diz?
– Você promete que vai está sempre ao meu lado? - perguntou Emma, ainda vacilando.
– É óbvio. Ele não vai nem chegar perto de você.
– Tudo bem então. Eu aceito.
Então sentiu Brian mais aliviado. Pelo menos alguém estava feliz com aquilo.
Continua...
N/A: Esse capítulo ficou maior do que eu gostaria. Sinto muito. Os próximos vão ser do tamanho normal, prometo. Mesmo assim espero que gostem.
Obrigada pelo reviews Shunrey-chan XD. Fico muito feliz que você esteja gostando.
Até a próxima o/
