N/A: Esse capitulo ficou muito maior do que eu imaginava e tive que dividir em dois.
Relendo os primeiros capítulos, percebi que eles eram mais diretos e pretendo voltar a ser daquele jeito. Estava achando esses nos capítulos muito maçantes.
Espero que curtam a leitura.
A Princesa e o Plebeu
By Neko Aoi
Capítulo XIII: Quando tudo chega ao fim
Aquela porta nunca havia sido tão assustadora até naquela hora. May hesitou várias vezes em apertar a campainha. Se Ken estivesse com ela, ele já teria resolvido aquilo, mas ela estava ali e estava sozinha. Sentia-se como a mesma menina insegura de 11 anos de idade.
Lembrava-se de quando chegou à Inglaterra, em sua primeira semana na nova escola, May não conhecia ninguém. Foram Emma e Anne que chegaram nela. Elas eram duas séries à sua frente, mas não a trataram como criança nem como a menina estrangeira. Quando Anne foi morar por um tempo na Alemanha, May e Emma ficaram ainda mais próximas. Foi para Emma que May confessou que sentia saudade de uma pessoa no Japão e foi Emma que a deu força para enfrentar seus pais e voltar para Ken. E mesmo depois, quando voltou para a Inglaterra e concluir seus estudos, Emma a esperava como se nunca tivessem se separado.
Devia muita a Emma. Sentia-se péssima em ter escondido uma coisa tão séria. E com esse sentimento sentia que não só Kojiro, mas ela também havia a enganado.
Olhou para o celular - 8:45 - Seu voo para o Japão sairia as 10 horas.
É agora ou nunca.May pensou.
Antes de aperta a campainha a porta abriu. Ryan levou um leve susto ao ver May atrás da porta.
— Bom dia, Ryan. – May deu um sorriso nervoso. - Você está de saída? - Perguntou o que era até bem obvio, mas queria ser a mais gentil possível. Não sabia se Ryan tinha ciência da história e nem queria saber. Ryan com raiva não deixava escapar ninguém.
— Veio falar com a minha irmã? - Ryan parecia normal, sempre sério.
— Ela já está acordada? - May perguntou e o menino afirmou que sim. - Será que ela vai querer falar comigo?
Ryan esfregou os olhos demonstrando irritação. May sabia que ele nunca foi uma pessoa muito paciente e que estava se segurando para não falar algo mal-educado. Não sabia bem o que havia acontecido entre Emma e Kojiro Hyuga. Brian na noite anterior não contou nada e ele não achou que precisava saber.
— Eu não sei. Por que você não entra e pergunta a ela. - Ryan disse seco e abriu ainda mais a porta para dar passagem a May. - Ela está no quarto arrumando as malas.
May entrou no apartamento e quando ia agradecer, ouviu a porta se fechando atrás de si. Ryan sendo Ryan. May suspirou e seguiu para o quanto da amiga.
(...)
Emma estava compenetrada arrumando a mala. Seu voo seria hoje, mas adiou mais dois por Brian. Ele estava sendo tão atencioso com ela. Ligava meia em meia hora, perguntando se ela estava se sentindo bem.
O que ela iria falar? Sentia-se horrível. A toda hora lembrava-se da imagem de Kojiro ao lado de Maki e Emma se sentia mal. Mesmo assim, por mais que ainda se sentisse desconfortável em ir à festa de Natal do clube e ter a certeza que Kojiro estará lá, não podia negar esse favor a Brian.
Só que, diferentemente de Brian, Elena nem sequer lhe dirigiu a palavra. Ela saiu bem mais cedo que o habitual para o escritório, a evitando. Do mesmo jeito que Elena estava magoada com a filha, Emma se sentia do mesmo modo com a mãe. Para Emma ainda era duro saber que a mãe tinha conhecimento da existência de Maki e não a alertou. Mas como o "relacionamento" dos dois era secreto, Emma custava, mas entendia.
Até olhar nos olhos de Ryan era difícil. Sabia o que havia causado a ele a sua última partida. Mas diferente da outra, dessa vez irá embora com a consciência leve.
Emma se assustou quando Tiger pulou dentro da mala e ficou sentado em cima das roupas.
— Você não pode ir comigo. – Emma disse paciente ao gato que miou cabisbaixo. Aqui você vai ter mais atenção.
O gato ainda a olhava triste e era de cortar o coração. Emma não queria ter que se separar dele novamente, também.
— Eu juro que quando eu terminar a faculdade, você vem morar comigo. Ok?
Emma pegou Tiger, o tirando de dentro da sua mala e o botou no chão. Foi aí que notou algo que não deveria estar lá. Abaixou-se até a lixeira e viu que uma coisa que parecia ser papel de foto.
Engraçado, Emma pensou, não se lembrava de ter jogado fora nada desse tipo. Pegou e quando viu de quem era a foto, seu coração quase pulou. Era uma foto sua e de Kojiro. Teria achado linda se não fosse a situação. Seus olhos encheram de lágrimas, mas não se permitiu chorar.
— Ele não merece que eu derrame nenhuma lágrima a mais por ele.
A porta era batida. Emma não estava a fim de falar com ninguém, principalmente se o assunto fosse Kojiro, mas mesmo assim ela abriu. Mas sem antes guarda a foto dentro do primeiro livro que viu.
As duas meninas congelaram ao se verem.
— Pode entrar. - Foi apenas isso que Emma disse. Não estava brava com May. Talvez ela nem soubesse de nada.
Para May a atitude dura de Emma foi até boa, já que esperava uma porta na cara. A única coisa que notou de primeira foi a expressão sofrível da amiga.
— Pela hora você não devia estar no aeroporto? – Emma sentou na cama o lado da sua mala.
— Meu embarque é mais tarde. – May olhava para o chão. – Mas eu precisava falar com você.
— Você sabe muito bem que não gosto quando não olham para mim quando estão falando. – Emma falou autoritária.
— Desculpa. – A voz de May saia quase como um sussurro.
— Você sabia sobre ele, não é mesmo?
May apenas se limitou assinalar com o rosto.
— Eu não estou brava com você, May. Só quero saber por que você não me disse que ele era comprometido quando eu te contei que estava gostando dele?
— Ele me pediu.
Emma ia dizer uma grosseria, mas reprimiu-se.
— Eu sei que você deve estar com raiva de mim e eu não te culpo. Eu queria te contar, mas Kojiro me fez prometer que não contaria nada. Ele mesmo iria contar.
— Você soube com eu descobri?
— Mais ou menos.
Emma contou tudo desde o começo. May havia dito a Kojiro que aquilo podia acontecer e ele não fez nada.
— Ela me disse que era noiva dele, May. Noiva!
— Não bem isso, Emma. Kojiro nunca pediu a Maki em casamento...
— Eu não quero saber. - Emma a cortou. - Ele mentiu para mim. Eu falava que o amava. Nós passamos noites juntos, nos amando e ele tinha outra.
Emma passou as mãos na cabeça, pensando em como não havia percebido nada. Kojiro às vezes falava como se tivesse algo para lhe contar. Só podia ser aquilo.
— Eu sou uma idiota, antes isso nunca teria acontecido. Eu antigamente nunca deixaria que fizessem isso comigo.
— Não diz isso, por favor. – May começou a chorar. – Antigamente suas atitudes me davam tanto medo.
Emma nunca soube que May tinha medo dela. Lembrava-se que May ficava sempre muito receosa quando ela queria fazer uma loucura.
— Eu não sabia que você se sentia assim em relação a mim. Desculpa May. – Emma pediu.
— Tudo bem. – May deixou passar. – Eu gosto muito mais de você assim. Por isso que eu não queria que você fosse magoada, de jeito nenhum. Eu fiz Kojiro me prometer que antes do Natal te contaria. - May tentou explicar.
— E do que adiantaria. - Emma olhou no fundo dos olhos da amiga. - Falaria para mim: Querida, eu queria falar que tenho outra, mas eu te amo. - e ficou cabisbaixa. - Brian estava certo desde o começou.
— Não diz isso. Kojiro te ama. De uma maneira bem torta, mas é o jeito dele.
— Você acha mesmo que ele chegou a me amar de verdade? - perguntou Emma.
— Eu não sei, Emma. Desculpa.
Para Emma aquilo foi suficiente. Uma pequena lágrima escorreu dos olhos da ruiva.
— Eu me sinto uma pessoa horrível. - May começou a chorar.
May havia se calado para ajudar os amigos e agora estava sofrendo também e Emma reconhecia aquela atitude.
— Não fica assim. - Emma se levantou da cama e a abraçou. - Você não tem culpa.
— Obrigada.
(...)
Brian esperava Emma, ansioso, na recepção do prédio. Ela já havia mandado uma mensagem para o seu celular falando que já estava descendo. Quando a porta do elevador se abriu e Emma saiu de lá, seus olhos brilharam. Ela estava espetacular.
Como ele pode trocá-la?
A ruiva usava um vestido longo azul marinho de manga comprida, que possuía um suntuoso decote que Emma fez questão de botar um broche para diminuir a abertura. O vestido dava a Emma uma silhueta invejável. Seus cabelos estavam soltos e lisos dando a impressão de mulher decidida. Havia carregado na maquiagem para disfarça a expressão pálida e as olheiras profundas.
— Então? - perguntou Emma ao perceber a expressão de Brian. Ela deu uma volta, mostrando o look.
— Você está linda.
Emma até conseguiu soltar um sorriso. Queria que pelo menos Brian tivesse uma noite boa. Ela sabia que provavelmente Kojiro e a noiva estariam na festa. Mas por mais que a ideia fosse atingi-lo, que ele visse que Emma estava bem, ela não se sentia à vontade. Tinha medo de ficar perto dele.
— Você está pensando nele? - a voz de Brian a despertou. Emma o olhou e viu que o amigo havia ficado um pouco desanimado.
— Eu acho que é uma péssima ideia ir a essa festa.
— De jeito nenhum. - afirmou. - Você vai vim comigo e vai mostrar a ele que você é muito superior.
— Eu não sou melhor que ninguém, Brian. Eu só quero conseguir esquecê-lo. - ela fez uma pausa.
— Você vai ter mais força para tirar ele da sua cabeça se o ver com a noiva. - Brian esticou a mão à Emma que ainda o olhava hesitante.
Brian deveria saber o que fazia, por que Emma não, mas estaria em suas mãos. Só não esperava se arrepender.
(...)
As luzes estavam todas acessas do lado de fora da festa. Tinha um tapete estendido na entrada dos convidados. Um frio na barriga se apoderou de Emma. Ela e Brian caminhavam rapidamente para dentro evitando ao máximo os fotógrafos que ali estavam. Brian a puxou para dentro querendo poupar Emma.
Dentro do recinto estava tudo com luz baixa. Os dois tiraram uma foto para o fotografo oficial do clube e foram até a mesa que estava reservada a eles. A festa estava mais ou menos animada. Todos estavam bem vestidos. O ambiente tocava uma música agradável. Até aquele momento Emma não tinha visto Kojiro.
Emma permanecia de mãos dadas com a de Brian desde que saíram do carro e não a soltou mais. Seu olhar era fixo no holandês. Brian cumprimentava todos que passavam na mesa e Emma se limitava a dar um singelo sorriso.
— Quem diria. Já trocou ou está saindo com os dois?
Nem Emma e nem Brian a viram chegando.
— Quem foi o babaca que deixou você entrar? - Brian disse furioso e Jessica riu daquilo.
— Vamos dizer que fui convida. Mas acho que isso não te interessa Brian...
— Para você é Cruyfford. – Brian a advertiu. - E me interessa no momento que você começar a estragar a minha noite.
— Você deveria estar grato a mim, por tentar abrir seus olhos com essa vagabunda.
— O que você falou? - Emma se levantou encarando Jessica. - Diz isso olhando na minha cara.
Todos já olhavam para as meninas que falavam alto. Brian entrou no meio das duas.
— Parem já com isso. Você vem comigo. - disse para Jessica. - E você me espera aqui.
Então Brian saiu do salão enquanto arrastava a morena consigo. Emma observava os dois se distanciarem cada vez mais.
Ela abaixou a cabeça, pensando. Seria melhor que não tivesse ido para àquela festa. Um frio percorreu todo o seu corpo. Aquilo deveria ser mau sinal.
Olhou em sua volta procurando onde Brian tinha ido, e foi aí que viu ele.
Kojiro entrava no espaço e por alguns segundos, Emma já ficava sem ar. Então ela entrou logo atrás dele. Sua noiva, namorada, esposa, não importava que diabos ela fossem, mas Emma queria ser o que Maki era de Kojiro.
Ele estava sério e o terno grafite que o japonês usava aumentava ainda mais sua seriedade. Emma não pode conter o pensamento, Kojiro estava incrivelmente lindo.
De repente Emma percebeu que Kojiro também a olhava. Os olhares do dois eram fixos um no outro.
Foi nessa hora que Brian voltou e notou Emma que parecia hipnotizada. Seguiu se olhou e viu o japonês. Uma raiva correu dentro dele. Voltou para a sua mesa cessando o contato visual dos dois.
— Eu sei que isso ainda te machuca, mas não esqueça que ele te enganou. - Brian não disso com uma repreensão, era apenas para Emma tomar cuidado.
— Eu nunca me esqueci disso. – E acho que nunca me esquecerei.
(...)
Kojiro sentiu seu braço ser puxado e lembrou que Maki estava ao seu lado. Sentiu-se mal por aquilo. Olhou para ela e viu que ela também estava desconfortável, mas seus motivos eram outros.
— Kojiro, por favor, vamos nos sentar. - Maki tímida. Não gostava de festas e para falar a verdade, sentia um clima tenso assim que cruzou a porta de entrada do salão.
Hyuga não falou nada, apenas caminharam até a mesa que era destinada. Por pura ironia do destino era perto da mesa de Emma.
— Aqueles não são seus amigos?
A voz de Maki o despertou. Kojiro não olhou para trás.
Hyuga não esperava ver Emma naquela noite. Ainda mais acompanhando Cruyfford.
— O que houve? Você parece estar zangado.
— Não foi nada. - Kojiro limitou-se a falar só aquilo.
— Olha, eu também não queria vim, mas pelo menos estou tentando apreciar o lugar. - Maki falou brava, embora tentasse esconder o desconforto que estava sentindo.
Vendo que estava agindo mal com a namorada, Kojiro decidiu recuar. Maki não tinha culpa. Se ela soubesse do por que dele está com aquele humor, seria capaz dela nunca mais olhar para a cara dele.
— Desculpa. - falou tentando ser compreensivo. - Se você quiser voltamos para casa agora mesmo.
Maki negou.
— Melhor ficarmos. O lugar está tão bonito e faz tanto tempo que não saímos juntos. Maki sorriu e tocou em sua mão.
Aquele toque o desconcertou, mas não deixou transparecer. Maki não merecia o que ele fez a ela.
(...)
— Eu não acredito que ele está se insinuando com ela na nossa frente. - Brian falou maldoso. Sabia que era feio fazer isso perto de Emma, que ainda estava sofrendo, mas precisava saber até que ponto ela conseguia ir em frente.
— Por favor, Brian... - Emma não precisa ter ouvido aquilo, pois ela mesma viu quando ela o tocou. - Eu não aguento mais isso.
— Sorria. - Brian disse entredentes, levantando a cabeça de Emma.
— Não consigo. - Emma deu um basta. Se levantou da mesa, querendo fugir.
— Não faz isso. – Brian pediu mais era tarde demais. Emma já havia sumido do salão.
(...)
Emma havia entrado em outro ambiente e estava se sentindo perdida. Havia vários senhores que não conhecia, acionistas, sócios, patrocinadores. Todos falando de assuntos idiotas ou então de bolsa de valores. Tudo era muito elegante, bonito, mas incrivelmente chato. Não sentia falta nenhuma daquilo. O mesmo sentimento de quando entrou na adolescência, reapareceu em Emma. Uma leoa adestrada, em uma coleira de diamantes. Emma começou a sentir vontade de ir embora.
Caminhou por um corredor que havia pouca gente, até chegar no jardim de inverno.
— Você está me evitando?
Emma gelou ao ouvir a voz bem de perto. Ela pulou de susto. Era Kojiro.
Pelo atraso dele, Emma chegou a pensar que ele não iria naquela festa. Mas lá estava ele, perto dela, perigosamente. Emma deu uns passos para trás e ficou procurando, desesperadamente algo a dizer.
— Estou procurando o banheiro... - Aquela foi a coisa mais idiota que Emma poderia dizer. Porque ficava daquele jeito perto dele?
— Obviamente não é aqui. - Ele disse sério. - Vamos parar com isso. Preciso falar com você.
— Não temos nada a falar.
— Preciso esclarecer as coisas com você.
— Você não precisa esclarecer nada. Volta para a sua mesa, sua noiva está sozinha.
Sua cabeça estava a mil. Doía à Emma olhar para o rosto dele, sabendo que Kojiro sempre teve outra. No final ela percebeu que os dois eram tão estranhos como no dia em que se virão pela primeira vez.
— Ela não é minha noiva, poxa. - a voz de Kojiro saiu mais alto que gostaria. - Nunca a pedi em casamento. Eu ia terminar com ela, Emma. Por você.
Kojiro ia acaricia o rosto dela, mas Emma virou o rosto. Kojiro sabia era horrível o que fez, mas desde que conheceu Emma, tudo que conhecia do mundo, foi virado de ponta a cabeça.
— Eu não quero que você faça nada por mim. Estou agora com o Brian e é assim que vai ser.
— Você quer eu acredite que vocês dois tem caso? – disse Kojiro presunçoso.
— Nós não temos um caso. Ele me propôs tentarmos e eu aceitei ser namorada dele. - mentiu.
— Não acredito nisso.
— O problema é seu. - disse irritada. - Além do mais, não me lembro de ter pedido sua companhia.
Emma não percebeu o quão perto um estava do outro até Kojiro a agarrá-la pelos braços, forçando a olhar nos olhos dele. Existia um fogo neles, a pele dele parecia querer queimar a sua pele clara.
— Kojiro! Para com isso. - Emma exclamou se sentindo dominar. - Você não percebe o quanto está me fazendo mal. Eu te odeio.
— Me odeia mesmo? - a voz de Kojiro saiu extremante sensual. - Se você não gosta de mim, por que veio?
Ele fez Emma se calar.
— Eu não te devo explicações. E vou embora.
Kojiro agarrou o seu braço. Ele não queria que ela fosse embora, mas isso já estava a enlouquecendo.
— Me solta.
Sua boca foi tomada com voracidade. Ele a beija com tanta força, que a prende entre ele e a parede.
Emma o beija de volta, não pensando nas consequências. Mas antes que os dois fossem longe demais, Brian apareceu na porta.
— Está acontecendo alguma coisa?
Emma ficou constrangida por Brian vê-la junto de Kojiro. Aproveitou que ele se distraiu por um segundo, puxou seu braço e correu para Brian.
— Fica longe dela. – Brian a envolveu e a tirou de lá. Deixando Kojiro prestes a explodir.
(...)
Brian estava vermelho de raiva. Ele havia notado quando Hyuga, disfarçadamente, se levantou da mesa e resolveu o seguir para se certificar que ficaria longe de Emma. Ouviu toda a conversa dos dois. Sua vontade era de surrar o japonês, mas sabia que Emma não aprovaria. Não a Emma de agora. Mas a cena do beijo ainda não descia.
Ele estava sentado à mesa e batia os dedos em sinal de irritação. Olhou para Emma e viu seus olhos cheios d'água. Estava indo longe demais a provocando. Brian notou que por sua causa, ele colocou a mulher que amava em uma situação que horrível.
— Então... Não quero me vingar dele as suas custas. – Brian se levantou e estendeu as mãos para Emma pegar e foi logo aceita.
Aquela foi uma ideia idiota desde o começo, Brian pensou. Emma estava angustiada e era tudo culpa sua.
Não precisou nem pensar duas vezes, Emma aceitou.
— É uma pena estarmos indo embora agora. Você não faz ideia do quando está bonita. - Brian declarou.
Mas algo inesperado aconteceu nela. Percebeu que não podia se abalar. A cada passo que dava parecia que finalmente as coisas ficavam claras em sua mente.
Kojiro a fez se sentir como nunca se sentiu antes. Tanto para o bem quanto para o mal. Ele não fez cerimônia nenhuma em trazer a sua namorada para uma festa onde estariam pessoas importantes e exibi-la.
Então uma raiva começou a aparecer dentro dela. Parou e pensou.
— O que foi? - perguntou Brian.
Emma olhou para ele e fez um sinal de negativo com a cabeça.
— Não vamos mais sair. - Emma falou sem deixar brecha. - Ele que tem que se sentir mal com a minha presença, não ao contrário.
Brian estranhou.
Quando imaginava o seu reencontro com Kojiro, Emma não esperava ter que usar artimanhas antigas. Jurou a si mesma que mataria cada pedaço da Emma inescrupulosa que já havia existido, mas dessa vez Emma precisou dela. Sua antiga "eu" sabia o que precisava fazer e eram coisas muito eficazes.
— Acho que vamos ficar mais um pouco. – O sorriso dela estava diferente.
Brian olhou para Emma e foi como se voltasse no passado. Como se de repente para Brian, o sorriso que tanto amou, da menina de 15 anos de idade que conheceu o trazia calafrios. E pela primeira vez, ele pensou que não queria aquela Emma de volta.
No entanto não importava, Ela já estava ali e permaneceu inalterada. Ergueu a cabeça mostrando seu sorriso a cada um dos convidados, deleitando-se na atenção de todos começaram a dar e no conhecimento que, naquele momento, era a mulher mais linda no reconto.
Bela e perigosa.
Emma percebeu o olhar de surpreso de Kojiro.
— Não precisa tanto, Emma. - Brian murmurou ao seu lado, visivelmente desconfortável pela excelente atuação.
Emma excedia confiança. Sorria desdenhosamente.
— Agora é tarde, Brian. - respondeu sedutoramente e plantou um beijo casto nos lábios do loiro, afastando-se com um sorriso radiante e apaixonado, em uma perfeita atuação para os fotógrafos que os cercavam.
Era como nos velhos tempos. Emma era o show.
(...)
Ao ver a forma que o namorado encarava a ruiva a sua frente, Maki tremeu. Sentiu-se insegura naquela situação. Havia algo estranho naquela história e ela podia sentir. Notava a forma com que Emma graciosamente caminhava pelo salão de braços dados com o companheiro, mas estavam vindo em sua direção.
Emma seguiu para a mesa em que Kojiro estava e o encarou. Emma não se abalou em vê-los juntos.
— Olá. - Emma falou com um sorriso enorme nos lábios.
Kojiro a olhou sério. Não era de forma alguma a mulher que estava frente a frente minutos atrás. Ela não estava agindo normalmente. Brian estava ao seu lado com o braço em volta da cintura dela. Ele queria o provocar e estava conseguindo.
— É um prazer revê vocês. - disse Maki, gentilmente. - Mas vocês já iam embora?
— Não, não. Só íamos tomar um pouco de ar. - falou Brian. - Mas não poderíamos deixar de cumprimentar nosso amigo Kojiro Hyuga. Não é, meu amor?
— Claro. - e Emma o beijou no rosto.
Kojiro, que naquele momento segurava uma taça de champanhe na mão, ao ver a cena, apertou com tanta força o objeto, que se estilhaçou em mil pedaços.
— Kojiro, você está bem. Sua mão... - Maki pegou um guardanapo e enrolou a mão do noivo que estava sangrando.
Naquela hora Emma despertou. Ela estava ofegante, fazia anos que não se sentia assim. Parecia que estava sendo controlada por alguém.
Um garçom chegou para limpar a mesa e Kojiro se levantou.
— Eu vou ao banheiro. Com licença.
— Precisa de ajuda? - Maki perguntou, mas Kojiro não respondeu.
— Acho que vou atrás dele. - Brian falou sendo simpático. - Por que você não faz companhia à Maki, Emma? Já volto. - e foi até onde o japonês estaria.
Maki e Emma ficaram lá, sozinha, se encarando.
Emma tinha em mente que o problema não era com a japonesa. Maki era tão vítima quanto ela, mas não pode conter a inveja que tinha dela.
— Senta. Vamos conversar enquanto os rapazes não voltam. – Maki declarou tentando ser gentil.
Emma deu um sorriso forçado e se sentou.
— Então... - Emma tentava puxar assunto. - Você faz o que Maki?
— Jogo softball. E você?
— Estudo direto.
— Que interessante.
— É.
E o assunto acabou ali. Um silêncio constrangedor se formou entre as duas.
(...)
Kojiro abriu a torneira e enfiou a mão debaixo da água, tentando parar o sangramento. Ele ainda tremia de raiva com o que havia acontecido no salão.
Olhou pelo espelho e viu o reflexo de Cruyfford, encostando na parede, de braços cruzados. O holandês sorria debochado.
— O que você pretende fazer, seu desgraçado? - Kojiro, explodindo de raiva, voo para cima de Cruyfford e o agarrou pela gola.
— Eu não pretendo nada. Só estou tentando me divertir com a minha namorada.
— Esfregando ela na minha cara? Você é um babaca. Você sabe o que ela sente por mim.
Brian rosnou de raiva.
— Fica longe dela, Hyuga. Se não...
— "Se não" o que? - o desafiou. - Vai contar para a Maki? Então conta. Conta que eu passei os melhores dias da minha com a Emma e ela também. Vai lá. - Kojiro o soltou. - Mas eu sei que você não fazer nada disso. Você não correria o risco de machucar a Emma igual eu fiz.
Kojiro nunca pensou que seria capaz de falar aquilo, mas verdade. Naquele momento, mesmo sendo doloroso vê Cruyfford ao lado de Emma, ele sabia que ao lado de Brian, Emma estaria protegida. Era ele o crápula daquela história, não Cruyfford.
— Mas eu continuo a amando e isso ninguém nunca vai conseguir mudar.
Brian fechou a cara. Seu sangue fervia.
— É bom você mudar isso. Se não eu que vou acabar te machucando. - O holandês o ameaçou e quando ia partir para cima do japonês, a porta do banheiro se abriu.
Brian olhou para a mulher e a sua raiva só aumentava.
— O que você faz aqui? - perguntou Kojiro também muito incomodado.
— Você a conhece? - Brian perguntou, olhava para Hyuga surpreso.
— Claro que conhece. Quem não conhece Jessica McBride. - disse Jessica cheia de si.
— Cala a sua boca. Eu não falei nada com você. – Brian a repreendeu duramente. Conhecia aquela criatura e boa coisa ela não era.
— Ela apareceu na minha casa uns dias atrás. - disse Kojiro. - Mas eu tratei que mandá-la embora.
— Devia ter expulsado a chute.
— Escuta, seu holandês ignorante. - Jessica foi para cima de Brian, mas ele a segurou pelo braço a impedindo dela chegar perto. - Me solta!
— Solta ela, Cruyfford.
Uma risada irônica escapou dos lábios de Brian.
— Se você soubesse o que essa daqui é capaz de fazer.
— Porque você não fala o que aquela puta que os dois estão dividindo já fez?
— Vai para merda! - Brian apertou ainda mais o braço dela. - A única puta é você.
— O que Emma fez de tão grave? – Kojiro, que estava um pouco distante, perguntou a Jessica.
— Então ela não teve vergonha na cara de te contar? Bem que eu desconfiava.
— Emma não fez nada. – Brian a defendeu. - Ela foi vítima. E se você não parar de inventar mentiras sobre ela, eu juro que eu dou um fim em você.
— Vai me matar do mesmo jeito que a sua puta fez com o namoradinho? - Jessica ri e debochada do que Cruyfford falava.
— O que você disse? - perguntou Hyuga.
Jessica sorriu. Era isso que ela queria.
— Você não sabia, não é? Bem que eu desconfiava.
— Você não vai falar mais nada. - falou Brian. - Você vai embora dessa festa.
Brian saiu do banheiro arrastando Jessica para fora e Kojiro os seguiu, mas os três foram surpreendidos por Emma e Maki. Com a demora dos dois, Emma pensou que Brian e Kojiro estivessem brigando. Foi até o banheiro, seguida por Maki que estava preocupada com Kojiro.
As duas não conversavam muito, mas era notável o amor que Maki sentia por Kojiro. A maneira com que a japonesa falava sobre ele, sempre carinhosa, fez com que Emma ficasse com um nó na garganta. Não seria ela que destruiria as ilusões de Maki. Ela não merecia ter o coração partido também. Então Emma jurou para si mesma, nunca falaria nada. Deixaria isso no passado e seguiria sua vida. Mas foi um choque ao ver Jessica junto de Brian e ter notado que Kojiro estava lá também. Emma podia sentir em seu interior que Jessica iria aprontar aquela noite.
— O que você está havendo aqui? - Emma olhava nos olhos de Jessica e ela retribuía com um olhar, enfrentando-a.
— Nada. Ela vai embora. - Brian disse seco ainda a conduzindo para fora.
— Eu já disse que não vou a lugar algum. - Jessica falou e se soltou de Brian. Ao se voltar para Emma, continuou. - Você acha que é a única que consegue fazer os homens correm atrás de você.
— O que você pretende? - Emma inquiriu.
Jessica chegou a milímetros de distância de Emma. A atmosfera era pesada.
— Você não faz ideia do que nós estávamos fazendo dentro daquele banheiro.
— O que você disse? - Maki perguntou. - Kojiro, o que ela está falando? - Aquilo só podia ser brincadeira, pensava.
— Não dê ouvidos aos que ela fala. - Emma tentava acalmar Maki, mas não parava de olhar fixo para Jessica. - Eu tenho certeza que é mentira dela. Eu a conheço.
— Não houve nada, Maki. Escute o que Emma fala. Ela está certa. - Kojiro não estava irritado. Mas admirou Emma, que mesmo ele tê-la machucado, não se vingou dele por Maki.
— Eu mandei você calar a boca. - Brian a puxou pelo braço novamente, mas Jessica se livrou dele.
— Não. Eu não vou. - Agora Jessica estava com um sorriso nos lábios. Enfim teria uma arma contra Emma. - Como você é má, duquesa. - Jessica a provocava. - Se fazendo de amiguinha enquanto dormia com...
Um tapa foi desferido. Todos que estavam perto de lá, pararam e olhava aquela discussão.
— Desgraça! Piranha! Maldita! - Jessica pôs a mão no rosto, onde Emma a agrediu. Ela gritava em plenos pulmões, deixando todos ouvirem.
— Eu estou cansada de você! - Emma naquela hora gritava, também. Já estava farta de tudo aquilo. - Se você não tem uma vida, para de querer destruir a minha. E se me chamar de piranha mais uma vez, que eu não respondo por mim!
— Vai fazer o que? Me matar igual fez com Jared? - e sua risada foi irônica. - Sua piranha.
— Vamos embora! - Brian segurou Emma, indo embora.
— Nada disso.
Emma foi parada de prosseguir por Kojiro que a segurou pelo outro braço.
— Eu preciso saber o que foi isso e quem é Jared? - Kojiro a olhava profundamente.
— Ela não tem que te explicar nada. - Brian interveio. - Fica longe dela, Hyuga.
— Não! – Kojiro disse em bom som. - Eu aguentei porque sabia que ela estava sofrendo por minha culpa, mas agora eu preciso que me escute. - Ele olhou para Emma - Eu preciso que você me diga o que foi aquilo que ela disse.
Emma sabia que não devia mais nada ao japonês, mas aquilo que Kojiro queria saber ainda a envergonharia diante dele.
Um pouco mais distante dos três, Maki os observava. Então ela entendeu. Estava tudo diante dos seus olhos. Desde o primeiro dia viu algo estranho entre Kojiro e Emma, mas achou que fosse coisa da sua cabeça, ciúmes bobos.
— Senhores e Senhoras. Gostaria de um minuto de suas atenções. - Jessica falou no palco com o microfone. Ninguém percebeu ela se afastando do grupo.
Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para ela se sorria vitoriosa.
— O que ela vai fazer? - Aquela não era uma precisamente uma pergunta de Kojiro para ser respondida. Apesar de que todos terem se perguntado a mesma coisa.
— Sinto muito interromper a conversa dos senhores. Mas eu gostaria de falar sobre uma sobre um caso que anda acontecendo entre dos jogadores do clube. - Jessica voltou a falar com a língua venenosa.
— Brian, me tira daqui. - suplicou Emma.
Ela deu os braços para Brian, mas Kojiro a impediu.
— Você não vai sem antes falar comigo. - Kojiro declarou.
— Não vá, senhorita Grant. Logo agora que vamos falar sobre você. - disse Jessica vendo o desconforto da ruiva de longe. - Sabia, senhores, que a futura duquesa de Bedford anda tendo relações muito íntimas com dois jogadores do clube?
Todos se entreolharam e se voltaram para Emma.
Os olhares recriminatórios, os cochichos, eram tudo tão humilhante. Emma só queria que a deixassem em paz.
— É uma pena que a minha futura mãe tem uma filha tão promíscua quanto Emma Grant.
Emma puxou os seus braços, fazendo os dois homens a soltarem e saiu correndo dali. Ele estava com vergonha. O que Kojiro pensaria dela?
Agradeceu aos céus por naquele instante ter um táxi vago em frente a festa. Pediu ao motorista para tirá-la de lá. Ela chorava copiosamente. No espelho do retrovisor viu Kojiro.
Tudo havia chegado ao fim.
Continua...
N/A: Espero que tenham gostado desse capitulo. Deixem comentários, eles sempre ajudam.
