Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo mais um capítulo deste arco com Zesshi/Antilene na minha fanfic Aquele que Voltou.

TW visita velhos amigos e Antilene confronta seus antigos "mestres".

Com vocês

Aquele que Voltou

Capítulo 55: Compensação

Bron varria preguiçosamente o chão da taberna, parecia tentar varrer sua própria vergonha. A noite tinha sido longa e tumultuada. Sylvia pagou por eles, e agora ela limpava silenciosamente as últimas mesas quando, no meio do salão, surgiu um portal rodopiante.

— POR SHUSHARNA! O que diabos é isso?- gritou o homem.

Uma cabeça então surgiu do portal.

— Oi! A barra tá limpa?

— TW!!!

O humano bem-humorado saiu do portal, mas isso durou pouco ao ver o estado da meio-elfa.

— O que houve? - disse ele de forma sombria.

— O-o que, quem? TW! De onde você veio? O que é isso? A Sylvia?

— O que houve com ela, me diga, Bron.

— E-eles vieram à noite. Soldados vieram beber, viram a Sylvia e reclamaram que as orelhas dela não estavam cortadas. Houve briga, então alguém chamou a guarda. Um inquisidor apareceu e ordenou o corte das orelhas. Não pudemos fazer nada. O que um bando de bêbados faria contra guardas armados? Este lugar está podre. Tudo deveria queimar.

— Seu desejo está mais perto de acontecer do que imagina. Sylvia vem cá querida - disse TW esticando as mãos.

A meio-elfa se aproximou entre lágrimas.

— Me desculpe, desculpe deixar vocês aqui, me desculpe não estar aqui para ajudar.

— Não é culpa sua, sniff! Onde você foi? De onde você veio?

— Eu fui procurar um lugar e encontrei. Agora eu voltei para ajudar - disse ele, tirando as faixas e derramando uma poção roxa - assim, beba o resto, logo vai melhorar.

— TW, você nunca foi de falar de você, mas agora você vai. O que está acontecendo? O que é aquilo? - falou o taberneiro apontando para o portal.

— Certo, eu conto tudo à noite. Eu volto logo, mas preciso de um favor. Chamem o pessoal, preciso falar com eles.

— Com quem?

— Com todos, todos nossos amigos e conhecidos. Quem quiser viver precisa vir aqui.

O dia então passou agitado para Bron e Sylvia. Ambos foram para vários lugares falar com os amigos, espalhar a notícia, uma festa surpresa para alguém, quase um código para "venha e não conte a ninguém".

À noite, a taberna estava cheia como nunca antes. Apesar disso, suas portas estavam trancadas agora.

— O que tá acontecendo, Bron?

— Por que chamou a gente aqui?

— Pelo menos libera a cerveja!

— Não, preciso que vocês estejam sóbrios - disse uma voz vinda do alto da escada.

— TW!!! - gritaram muitos.

— Seu miserável - gritaram outros de forma brincalhona.

— Olá a todos, é uma droga ver suas caras feias de novo - respondeu ele brincando, todos riram.

— Por que você chamou a gente? Se você está aqui, só pode ser ideia sua.

— Eu trago notícias e precisamos fazer algo.

— Do que você está falando, onde você foi?

— Certo, vou contar. Em resumo, viajei até encontrar um novo lugar para viver, um lugar bom, melhor. E quero que vocês venham junto - falou TW jogando um Crânio de prata, a moeda que continha a efígie de Ainz estampada em um dos lados e a bandeira do Reino Feiticeiro do outro, a moeda oficial que passou de mãos em mãos.

— Eu não vou a lugar nenhum - disse um velho. - Nasci nesta terra e vou ficar nela, mesmo não sendo um bom lugar. A gente tem que ficar, mostrar que nem todos aceitam com o que fazem aqui, como fizeram com a Sylvia. - Quase todos concordaram.

— Eu entendo, e imaginei que falariam algo assim. Então, vamos para o Plano B. O que vai acontecer daqui a seis dias?

— É o dia de Shusharna?!

— Isso, e o que sempre é esperado neste dia?

Ninguém respondeu.

— Vamos lá, pessoal, todos já frequentaram a igreja, sabem muito bem o que se espera.

— É quando rezamos pela volta de nosso Deus Shusharna, que virá julgar os vivos igualmente - disse o senhor mais idoso.

— Exatamente, neste dia algo assim atenderá suas preces, a morte virá e julgará os vivos, julgará esta cidade, e todos aqueles que não passarem pelo seu julgamento morrerão.

— A cidade toda, então - falou rindo alguém no fundo, mas ninguém o acompanhou e sua risada morreu.

— Você jura que é verdade? - disse um homem sério.

— Vocês sabem que eu nunca menti, mas sim, eu juro por tudo o que é mais sagrado, o Dia do Julgamento chegou.

...

Dia de Shusharna

Uma das poucas datas sagradas na Teocracia Slane são os dias em comemoração aos seus deuses. Nesses dias, todas as igrejas rezam longas missas em homenagem ao deus comemorado. Mas, no último meio século, houve uma ruptura no eclesiástico.

A religião dos Quatro deuses ganhou força, rebaixando a importância dos outros dois. Isso ocorreu porque estes não eram humanos, e a supremacia humana passou a ser exaltada no último século, piorando ainda mais quando a guerra contra os elfos eclodiu. Ter um deus não humano e um deus morto-vivo não ajudou muito. Isso incomodava a maioria, principalmente porque este último pregava a igualdade, afinal, a morte chega para todos.

Nesta data, apenas os devotos de Shusharna frequentam sua igreja, junto com todas as crianças que ainda são obrigadas a participar. Mesmo isso já não era tão exigido, e em mais algumas décadas, provavelmente, tudo que se referia aos dois deuses não humanos seria apagado. Hoje, apenas em suas próprias igrejas as missas em homenagem ao deus da morte são rezadas, nas outras estão todas as outras pessoas, assistindo a sermões convenientemente exaltando os atributos dos outros Quatro Deuses. Se você for importante ou poderoso o suficiente, estará na catedral principal, onde os próprios cardeais ministram a liturgia.

— ...ENTÃO O PODER DE ALAH ALAF LIBERTOU A HUMANIDADE DAS GARRAS DA BARBÁRIE, DOS HOMENS-FERA E DOS SUB-HUMANOS. ABENÇOADOS SEJAM OS QUATRO!

— ABENÇOADOS SEJAM OS QUATRO - repetiram as pessoas na catedral e todos que estavam nas ruas acompanhando a missa através da voz projetada magicamente.

De repente, a grande porta da catedral se abriu.

— Quem ousa interromper este sagrado momento - rosnou o Cardeal Ivon.

A pessoa não respondeu e seguiu o longo caminho em silêncio. Todos olhavam para suas orelhas descobertas e imaginavam quem era a criança de capuz que a acompanhava. Ao chegar perto da escadaria que dava para o altar, se ajoelhou no chão, mas a criança não se moveu.

— Ah! Se não é Zesshi Zetsumei, você foi dada como morta na luta contra o rei elfo, mas pelo visto sobreviveu, e tem a petulância de vir aqui, com as mãos vazias, após sua derrota, ou não foi assim? Você matou Decem Hougan? A criança atrás de você talvez seja um presente - Falou o Cardeal Dominic.

— NÃO! Minha derrota foi verdadeira, nem mesmo cheguei a lutar contra o Rei Elfo, outro muito mais poderoso o matou, mais poderoso do que eu. Fui vencida por essa pessoa.

— Então há um novo Rei Elfo e você é sua escrava agora.

— Eu não sou escrava, sou... uma serva? - Antilene não sabia exatamente o que era, olhou para Mare, que apenas deu de ombros e fez sinal negativo com a cabeça - …uma serva do novo Rei Elfo, trago esta mensagem de meu senhor.

Um noviço se aproximou para pegar o pergaminho enrolado, não deveria ter mais de 13 anos e mesmo assim olhava com nojo as orelhas expostas da meio-elfa, que estava com o cabelo amarrado atrás da cabeça.

— Zesshi, se quiser pode ficar aqui, vamos protegê-la, você pode voltar para casa - falou o Cardeal Raymond.

— Sim, nem levaremos em conta seu fracasso - completou o Cardeal Ivon.

— Agradeço a bondosa oferta, mas recusarei, mesmo se não fosse pelo meu juramento. Eu não posso voltar. Eu estou em casa.

O Cardeal Ivon fechou o cenho enquanto o Cardeal Dominic começou a ler a carta.

— Blá blá blá! "O Rei Elfo Decem Hougan foi morto em duelo"... blá blá..."O novo rei do povo elfico, Mare Bello Fiore, oferece paz, um cessar completo das hostilidades e sugere uma compensação"... Vejo que o novo rei elfo sabe o seu lugar. Volte para seu novo mestre e diga a ele que os ataques irão cessar se ele enviar como compensação todos os filhos de Decem, entregar o controle da parte norte da Grande Floresta de Evasha e...

— Lamento interrompê-lo, Cardeal - Antilene nunca tinha sido tão educada - mas acredito que está havendo um engano. Se o senhor continuar lendo, verá que o Rei Elfo é que solicita sua retirada imediata, a libertação de todos os cidadãos elfos hoje em estado de escravidão, e como compensação, a entrega de todos os itens mágicos que já pertenceram ao Deus da Terra...

— QUE ABSURDO! BLASFÊMIA! SUA ELFA SUJA, MALDITA TRAIDORA. - gritou Ivon.

— Lamento, se tal pedido seja um incômodo. Se não aceitarem, tenho em minha posse outra mensagem.

— Nunca nos rebaixaremos atendendo aos pedidos de sua sub-raça - proclamou Dominic.

O Cardeal Raymond parecia nervoso nesse ponto, ele sempre foi o mais ponderado e via uma oportunidade de paz perdida.

— Pois bem, lerei então a segunda mensagem como foi ordenado pelo meu Rei.

— "Na data de hoje, sem um acordo para o fim das hostilidades e devido ao ataque ao seu reino e sua pessoa, o Rei Elfico Mare Bello Fiore declara guerra total à Teocracia Slane"...

— Bobagens, já estamos em guerra, arrasamos sua cidade e sem Decem, com qual exército vocês irão nos atacar?

Antilene continuou retomando de onde foi interrompida.

— ..."declara guerra total à Teocracia Slane, declara ainda a vassalagem do Reino Elfico e pede apoio de seu novo aliado e susserano, o Reino Feiticeiro."

— VOCÊS SE ENTREGARAM AOS MORTOS-VIVOS, SEUS MALDITOS VERMES, como você ousa nos ameaçar, você e essa mensageira elfazinha...

— Novamente, me desculpe interrompê-lo, mas o senhor está enganado, Cardeal Dominic, Eu sou a mensageira, este que me acompanha é o Rei Elfo, Mare Bello Fiore. Eu não anunciei o meu senhor? - disse ela olhando para Mare, que apenas gesticulou em negativa com a cabeça.

A consternação foi total ao verem Mare retirar o capuz.

— Lamento muito, sou nova nisso, o Rei Mare achou que deveria estar aqui pessoalmente ao tratarmos de assuntos de guerra.

— Essa coisa é o novo rei elfo?!! - bufou Ivon, então estendeu a mão e lançou seu feitiço mais poderoso de quarto nível - LIGHTNING CHAIN!

Antilene reagiu instintivamente, colocando-se na frente de Mare. Uma das fraquezas dela era a eletricidade. Se estivesse com sua foice, poderia usá-la como pára-raios, mas sem ela, sofria com a dor que percorria por dentro de seu corpo e queimava sua pele. A meia-elfa ainda não tinha recuperado nem 50% de sua força e agora poderia morrer.

Mare apenas ficou olhando enquanto ela era eletrocutada, e quando tudo terminou, se aproximou do corpo fumegante e carbonizado no chão.

— Você sabe que não precisava fazer isso, né? Eu mal iria sentir. Sou mais forte do que você. Então, por que fez isso?

— Que tipo… de serva, eu, seria… se não, protegesse… o meu, senhor… de uma… simples brisa? - disse ela usando suas últimas forças para sorrir com seus lábios queimados.

— VOCÊS NÃO MORRERAM?! TORNADO OF BLADES! - agora Dominic lançava sua magia, mas antes de atingi-los, ambos foram engolidos pelas sombras.

— QUEM OUSA ATACAR MEUS SERVOS? - veio de fora uma voz poderosa e incrivelmente alta.