Cap. 54 – Erro de principiante

Morgana retornou a Hogwarts antes do amanhecer, desaparatando silenciosamente em frente aos portões da escola. A noite estava envolta em escuridão, e o silêncio era quebrado apenas pelo farfalhar das folhas das árvores e pelos sons distantes da natureza noturna.

Determinada a recuperar o controle de sua aura sombria, Morgana planejava passar o final de semana inteiro em seu quarto, meditando e encontrando a serenidade necessária para retomar suas atividades como professora de Defesa Contra as Artes das Trevas na segunda-feira.

Morgana pensava sobre os eventos sombrios dos últimos dias. Ela sabia que sua aura havia sido afetada pelo ataque ao vilarejo trouxa e pelo uso poderoso de magia negra. Era imperativo que ela encontrasse seu centro novamente e recuperasse o equilíbrio interior.

Ao entrar em seu quarto, Morgana acendeu algumas velas, criando uma atmosfera tranquila e acolhedora. Ela se sentou em posição de meditação, fechou os olhos e começou a respirar profundamente, permitindo que sua mente se acalmasse gradualmente.

O quarto estava imerso em silêncio, exceto pelo som suave da respiração de Morgana. Ela se concentrou em afastar os pensamentos sombrios que a haviam envolvido nos últimos dias. Com cada respiração, ela visualizava sua aura se acalmando, as cores escuras cedendo lugar a tons mais claros e pacíficos.

Horas se passaram enquanto Morgana se entregava à meditação, buscando a paz interior e o equilíbrio necessários para enfrentar as próximas semanas.

O ataque ao vilarejo trouxa perto de Hogwarts teve repercussões significativas tanto dentro da escola quanto no mundo bruxo em geral. No café da manhã de sábado, o Salão Principal estava repleto de alunos e professores que conversavam e especulavam sobre as notícias recentes. A capa do Profeta Diário trazia manchetes em letras grandes, destacando o ataque e a marca negra que havia aparecido no céu. O silêncio gradualmente cedeu lugar a um zumbido de conversas ansiosas.

Os alunos, em particular, estavam ansiosos por informações sobre o ataque, e muitos deles seguravam cópias do Profeta Diário, que passavam de mão em mão. Os professores trocavam olhares preocupados, cientes de que a proximidade da escola com o local do ataque poderia levantar questões incômodas.

Os sonserinos, sempre atentos aos detalhes, notaram a ausência de Morgana na mesa dos professores. Ela era uma das poucas bruxas com um perfil tão sombrio, e sua ausência não passou despercebida. Alguns sonserinos cochichavam entre si, perguntando-se onde a professora Morgana poderia estar, enquanto outros especulavam sobre seu envolvimento no ataque.

À medida que os alunos continuavam a ler as notícias e a discutir o ocorrido, o salão ficava cada vez mais cheio de murmúrios e conjecturas. Alguns alunos estavam preocupados com a proximidade do ataque, enquanto outros expressavam curiosidade e até admiração pela audácia dos comensais da morte.

Após o café da manhã, vários sonserinos se reuniram no aconchegante Salão Comunal da Sonserina para discutir o recente ataque ao vilarejo próximo a Hogwarts. Severo Snape compartilhou com os colegas que havia sentido o terremoto causado no vilarejo. Ele descreveu como a vibração foi tão intensa que até seu copo de água tremia, destacando a magnitude do evento e como isso não passou despercebido.

Rabastan Lestrange levantou a questão sobre a ausência da professora Morgana durante o café da manhã. Ele comentou que nos dias que antecederam o ataque, havia notado que Morgana estava agitada e que sua aura parecia mais escura do que o normal. As palavras de Rabastan despertaram a curiosidade dos sonserinos, que estavam cientes das habilidades de Morgana e começaram a considerar se a professora estava de alguma forma envolvida naquele ataque.

O clima no Salão Comunal da Sonserina estava repleto de murmúrios e especulações, e todos estavam ansiosos para entender melhor o que estava acontecendo nos bastidores de Hogwarts. A aura de mistério e intriga que cercava Morgana tornava-a uma figura ainda mais enigmática e poderosa aos olhos dos sonserinos.

Naquela tarde sombria de sábado, Rabastan Lestrange estava praticando um feitiço das artes das trevas em uma sala escura e isolada em Hogwarts. Ele usava Bartô Crouch Junior, um aluno do primeiro ano, como cobaia para seu experimento sombrio. Bartô estava relutante, mas Rabastan insistiu que seria rápido e seguro. No entanto, algo terrível aconteceu, e o feitiço saiu descontrolado.

Bartô tremia incontrolavelmente, e sangue escorria de sua boca, uma clara indicação de que algo havia dado muito errado. Rabastan estava em pânico, percebendo a gravidade da situação. Ele sabia que precisava de ajuda imediatamente para salvar Bartô.

Desesperado, Rabastan se virou para Severo Snape e Régulo Black, que estavam presentes na sala escura durante o experimento. Ele implorou para que eles fossem buscar Morgana, a professora de Defesa Contra as Artes das Trevas. Sabia que Morgana era uma bruxa habilidosa e tinha conhecimentos sobre magias das trevas.

Severo e Régulo trocaram olhares preocupados e concordaram em sair correndo para procurar Morgana, cientes de que o tempo era crucial para salvar Bartô daquela situação terrível. Enquanto isso, Rabastan tentava manter Bartô o mais confortável possível, ansiosamente aguardando a ajuda que estava a caminho.

Severo Snape e Régulo Black estavam do lado de fora da porta do quarto de Morgana, batendo desesperadamente e chamando pelo nome dela. Morgana, por sua vez, estava no interior do quarto, imersa em sua meditação para controlar sua aura escura, mas ainda não havia completado o processo.

Os batimentos acelerados na porta ressoavam no quarto de Morgana, perturbando sua concentração. Seus olhos se abriram abruptamente, revelando uma expressão tensa. Ela sabia que algo sério estava acontecendo lá fora. Sua aura, embora em processo de controle, ainda estava mais escura do que o normal. Com um gesto rápido, Morgana se levantou e atravessou a porta do quarto. Seu olhar encontrou Severo e Régulo, e ela pôde sentir a urgência em seus rostos. Morgana falou com voz séria, ainda afetada por sua aura instável:

- O que está acontecendo?

Seus olhos, que normalmente tinham uma expressão misteriosa, agora brilhavam com a intensidade de sua aura escura, que irradiava dela em ondas palpáveis. A simples presença dela fez com que Severo e Régulo se calassem instantaneamente, sentindo a pressão esmagadora da energia sombria que emanava de sua professora. Morgana observou os dois alunos com uma sobrancelha arqueada, aguardando uma explicação. Severo, com uma expressão séria, começou a explicar a situação com Bartô Croch Junior e como o feitiço das artes das trevas havia dado terrivelmente errado, deixando o jovem em perigo. Régulo acrescentou:

- Estamos desesperados, professora Morgana. Rabastan não sabe o que fazer.

Morgana assentiu, ciente de que precisava agir rápido. Ela sabia que sua aura ainda não estava completamente sob controle, mas não podia ignorar a situação de emergência. Com uma voz firme, ela disse:

- Vamos, rápido. Leve-me até Bartô.

Com isso, Morgana liderou o caminho até a sala escura, sua aura escura envolvendo-a como uma sombra sinistra enquanto ela se preparava para lidar com a situação crítica que a aguardava.

Morgana chegou à sala escura, acompanhada por Severo e Régulo, e a atmosfera ali estava carregada de desespero. Rabastan Lestrange estava visivelmente abalado, repetindo para si mesmo que não queria ser expulso, suas mãos tremiam nervosamente. No centro da sala, Bartô Croch Junior estava deitado, seu corpo convulsionando em espasmos e uma poça de sangue se espalhava ao seu redor, uma imagem perturbadora.

A professora Morgana avançou com determinação, sua aura escura ainda pairando sobre ela, adicionando uma camada de sombra ao cenário já sombrio. Ela se ajoelhou ao lado de Bartô, ignorando a poça de sangue, e começou a examinar o jovem com um olhar concentrado. Severo e Régulo observavam ansiosamente, esperando que Morgana pudesse fazer algo para ajudar.

Morgana sabia que o tempo era essencial. Ela começou a proferir palavras em um idioma antigo e sombrio, lançando um feitiço de diagnóstico sobre Bartô para entender a extensão do dano. Seu rosto permanecia sério, os olhos brilhando com uma intensidade sombria enquanto ela concentrava sua magia na tarefa crucial de salvar a vida do jovem estudante.

Enquanto examinava a condição de Bartô com toda a sua atenção, Morgana dirigiu um olhar sério a Rabastan Lestrange e perguntou com firmeza:

- Rabastan, você tentou usar a Maldição Musculus Expandere nele?

Sua voz estava carregada de preocupação, e ela precisava entender se essa maldição das Artes das Trevas tinha sido a causa dos espasmos e do sangramento que afligiam Bartô. Severo e Régulo observavam a conversa com uma tensão palpável, aguardando a resposta de Rabastan.

Rabastan Lestrange, visivelmente nervoso, respondeu com um aceno de cabeça afirmativo, admitindo que sim, ele tinha tentado usar a Maldição Musculus Expandere. Morgana, enquanto começava a aplicar sua magia para curar Bartô, bufou com leve irritação e explicou:

- Rabastan, você deveria ter feito o movimento da varinha de maneira mais ampla. Isso teria o efeito desejado de relaxar os músculos do alvo, sem causar danos. A prática é fundamental quando se lida com magia das Trevas.

Enquanto trabalhava em Bartô, Morgana dava a Rabastan um olhar que misturava preocupação com uma pitada de repreensão, lembrando-o da importância do cuidado e da precisão ao utilizar feitiços das Artes das Trevas.

Morgana, enquanto continuava a ajudar Bartô, acrescentou com firmeza:

- Além disso, deve-se praticar feitiços em alvos apropriados, não em colegas de casa. Usar magia das Artes das Trevas com responsabilidade é essencial. Precisamos ter cuidado para não prejudicar os outros, mesmo que estejamos treinando.

Rabastan, Severo e Régulo observavam com atenção enquanto Morgana cuidava de Bartô. Estavam impressionados com a destreza e as habilidades da professora, especialmente em uma situação de emergência como aquela. A aura escura que a cercava, apesar de poderosa, também os inquietava, pois nunca haviam visto Morgana tão imersa em suas energias sombrias. Era uma demonstração vívida de seu domínio sobre as Artes das Trevas.

Enquanto Morgana trabalhava para curar Bartô, os três alunos absorviam as lições não apenas sobre magia, mas também sobre o controle das emoções e do poder.

Morgana finalmente terminou de cuidar de Bartô, que estava acordado, mas visivelmente abalado. Ela entregou uma poção de reposição de sangue que sempre carregava consigo para ajudar na recuperação. Bartô aceitou a poção, ainda trêmulo, e agradecia com olhos assustados.

Rabastan, Severo e Régulo olharam para Bartô, aliviados por vê-lo se recuperar, e depois para Morgana com um respeito ainda maior.

Morgana suspirou profundamente ao se levantar e começar a limpar o sangue do chão e de suas mãos. Ela tinha plena consciência de que sua aura estava em um estado sombrio e sabia que os jovens ao seu redor haviam percebido. Ao se virar para eles, os alunos puderam ver a escuridão nos olhos de Morgana, uma sombra da qual ela não conseguia se livrar completamente naquele momento.

Morgana se virou para os jovens, suas feições sérias, e questionou por que eles a haviam chamado em vez de procurar Horácio Slughorn, que era o chefe da Sonserina. Rabastan, visivelmente nervoso, tomou a palavra e respondeu com sinceridade:

- Professora, nós não queríamos ser expulsos, e sabíamos que a senhora tem conhecimento e prática nas Artes das Trevas. Além disso, já ensinou a Rodolfo e Bellatrix secretamente.

A professora Morgana assentiu, compreendendo a situação deles. Ela estava ciente de que sua reputação e habilidades nas artes sombrias tinham se espalhado entre os alunos da Sonserina. Com um olhar grave, ela disse:

- Eu entendo a preocupação de vocês, mas lembrem-se de que é perigoso brincar com magia das trevas. O incidente com Bartô foi um alerta. Não hesitem em procurar um professor se algo assim acontecer novamente, mesmo que seja Slughorn. Agora, voltem para seus aposentos e se mantenham fora de problemas.

Morgana deixou os alunos refletindo sobre suas palavras enquanto ela mesma continuou a limpar a sala, sua aura sombria pairando no ar como um aviso silencioso de sua verdadeira natureza.

Os sonserinos retornaram à sua sala comunal, sussurrando entre si sobre a aura sombria e perturbadora da professora Morgana. Enquanto caminhavam pelos corredores, as palavras murmuradas refletiam preocupações e curiosidade sobre a misteriosa professora de defesesa das Artes das Trevas. Todos sabiam que havia algo peculiar e poderoso nela, algo que os intrigava e os assustava ao mesmo tempo.

Morgana, após garantir que não havia mais resquícios de sangue em seu corpo, retornou ao seu quarto. Ela sabia que era imperativo controlar sua aura, especialmente após o incidente com os alunos e a exposição de sua escuridão.

Morgana caminhava pelo corredor que levava ao seu aposento, sua aura escura a envolvendo como um manto. No entanto, enquanto Morgana continuava seu trajeto, algo chamou sua atenção. Em um corredor lateral, iluminado apenas pelo fraco brilho de tochas, ela avistou Pandora Selwyn. Pandora estava encostada em uma parede, lendo um livro, com uma estatueta mágica ao seu lado.

Pandora ergueu os olhos de seu livro quando Morgana se aproximou. Seus olhares se encontraram, e ela sentiu a aura de Morgana se aproximando, uma presença mágica que a envolvia. Fechou os olhos lentamente, como se absorvesse a energia que emanava da professora, e soltou um suspiro sereno.

O sorriso que se espalhou pelo rosto de Pandora mostrava uma mistura de respeito e carinho pela professora. Pandora sorriu enquanto Morgana se aproximava e, em meio à aura mágica que as envolvia, ela fez um comentário afetuoso.

- Morgana, você se lembra da primeira vez que conversamos aqui em Hogwarts?

Morgana assentiu com um olhar de lembrança nos olhos.

- Claro que me lembro, Pandora. Você era uma caloura curiosa, e eu estava no meu último ano.

Ela recordou aquele momento com carinho.

- Naquele dia, eu havia acabado de me transformar na minha forma animaga de lobo. Você se aproximou, curiosa e corajosa, e foi a primeira a me ver nessa forma. Foi um encontro mágico, não foi?

Pandora olhou para Morgana com seus olhos azuis, uma expressão distante de admiração brilhando neles. Com voz suave e reverente, ela disse:

- Sim, foi mágico. Assim como agora. Sua magia é tão antiga e deliciosa. A magia vibra com você, Morgana.

Suas palavras eram um tributo à profundidade da conexão mágica que Morgana carregava, e à aura de mistério que a envolvia. Era um elogio sincero, vindo de alguém que entendia e apreciava verdadeiramente a magia em todas as suas formas.

Morgana assentiu, compreendendo o valor da magia antiga que ambos apreciavam.

- A magia antiga é como uma canção ancestral, Pandora. Ela flui através do tempo, trazendo consigo a sabedoria e o poder daqueles que vieram antes de nós.

Pandora concordou, seus olhos azuis brilhando em concordância.

- Você está certa, Morgana. Ela é a essência do nosso mundo mágico, e é um privilégio senti-la.

Morgana sorriu e assentiu, e então disse:

- Acho que é hora de você voltar para o dormitório, e eu devo me recolher ao meu quarto. É importante maquiar minha aura para os tolos que não compreendem a verdadeira magia, para que eles não enlouqueçam. Cuide-se, Pandora, e nos encontraremos em breve.

As duas bruxas compartilharam um último olhar antes de se afastarem. Morgana entrando em seu quarto, fechou a porta atrás de si e se dirigiu ao centro, onde havia um tapete macio para meditação.

Sentando-se em posição de lótus, Morgana fechou os olhos e começou a focar em sua respiração. Ela deixou sua mente se acalmar, dissipando as energias sombrias que a envolviam. Respirava profundamente, inspirando e expirando com tranquilidade, enquanto buscava o equilíbrio interior.

Horas se passaram enquanto Morgana meditava, e à medida que o tempo avançava, sua aura gradualmente se estabilizava. Ela estava determinada a manter sua fachada de professora enquanto continuava a cumprir as ordens do Lorde das Trevas.