Ao acordar sentindo o corpo iluminado por um sol brilhante, Miles sentiu a cabeça girar, a tontura o fez se sentar de olhos fechados. Tinha certeza que a dor se devia pelo que tinha bebido na noite anterior, seu corpo de Na'Vi nada acostumado às bebidas naturais de Pandora. Procurando um pouco de equilíbrio, se lembrou lentamente do que tinha acontecido na noite anterior.
Como militar, encarando a parte racional da coisa toda, tinha se tornado consorte da líder do clã das cinzas, numa cerimônia no mínimo sinistra.
A parte emotiva e complicada da coisa vinha a partir de agora. Ele era oficialmente o marido de uma desconhecida. A certo nível, conseguiu decifrar Varang muito rápido. Ela era ambiciosa e raivosa, com sede de vingança. Desejava supremacia para o povo oprimido dela, mesmo que significasse se unir ao povo do céu, mesmo que tivesse que se casar com um desconhecido. Desse lado, estavam quires.
A mulher ainda dormia ao lado dele, em posição fetal, frágil, muito doferente da noiva da noite passada.
O casamento tinha se iniciado com a pintura do corpo deles, cada um em um lado oposto ao outro. Membros da tribo os pintaram de roxo e vermelho, e adornaram os dois com faixas sobre os peitos e uma tanga na cintura que cobria os quadris. Quaritch se sentia estranho sem suas roupas normais. No entanto, entendendo o tamanho da vantagem tática que teria nesse acordo, engoliu a vergonha ou o que quer que fosse e se deixou ser preparado pelos Na'vi.
A tsahik local disse palavras relacionadas a união e acordo das quais ele entendeu algumas palavras, graças a Spider. Spider... esperava que o menino estivesse ao menos bem.
Notando a distração momentânea dele, Varang o puxou pelo braço com certa força. Ele esboçou um murmúrio de desculpas e voltou a prestar atenção. Varang ordenou que ele se deitasse, então o fez, mesmo sem entender para que aquilo serviria.
Quaritch a viu se aproximar com um copo na mão. Dessa vez, ela foi delicada ao puxar o queixo dele para baixo, o fazendo beber. Foi apenas um gole, mas o suficiente para julgar a bebida como estranha, no mínimo. Quando ele tossiu, observou Varang rir de prazer, às custas dele.
Nada satisfeito com aquilo, Quaritch pensou que tomaria as rédeas da situação quando tivesse oportunidade e deixaria claro quem ele era e do que gostava e não gostava.
Para a surpresa dele, Varang se deitou e o mesmo copo foi entregue a ele. Entendendo que deveria lhe dar de beber, Quaritch segurou o queixo dela com firmeza. O toque enviou um arrepio na espinha da líder do clã. Ele era um homem estranho, mas mesmo assim, ela sentia que seria bom tê-lo como marido.
Quaritch entendeu que deveria colocá-la de pé e foi o que fez, enquanto o clã celebrou a união com gritos e brados típicos dos Na'vi. Ele tinha a sensação que servia muito mais para agradar Varang do que ppr uma felicidade de tê-lo como consorte do clã.
Varang ergueu os braços vitoriosa para o clã, o que Quaritch fez, de modo mais constrangedor e menos gracioso.
Ela riu dele outra vez e sem mais delongas, o trouxe até uma caverna. Lá dentro, havia o mínimo de conforto que os Na'vi podiam oferecer, uma esteira com um cobertor tecido por um tear ancião.
-Muito bem, Miles - Varang disse em aprovação, antes que ele pudesse continuar reagindo à situação - cumpriu bem seu papel.
-Eu só segui a deixa - ele admitiu - fiz minha parte, agora espero que cumpra a sua.
-Eu vou cumprir, você tem minha palavra - ela deixou claro, sem sonbra de dúvidas na voz, e algo dizia a Quaritch que ela realmente não era de mentir - vamos organizar os guerreiros, no entanto, você tem outras responsabilidades como meu consorte, responsabilidade comigo.
Dizendo isso, ela se sentou sobre a esteira, esperando que o recém marido a seguisse.
-Isso é... compartilhar um leito... estranho pra mim, pelo menos pra esse corpo - ele admitiu, ainda de pé, numa postura de guerreiro que certamente o favorecia aos olhos de Varang.
-Ah não se preocupe, é novo para mim também - ela disse descontraidamente, como se desse um tempo a ele de propósito - mas Miles, não pense que vou desistir de você, sabe que levo mosso acordo muito sério, e que escolher um parceiro para os Na'Vi, é algo para a vida toda, isso vale para você também.
-Sua vez de não se preocupar, Olo'eyktan - o soldado orgulhoso nele o fez aceitar o desafio - eu escolhi esse acordo... escolhi você.
-Mesmo? Se me escolheu, fique à vontade para começar - ela sugeriu abertamente - nos unirmos é uma troca, você me tocará e eu o tocarei, de forma recíproca.
A proposta deixou Miles nervoso outra vez, o que fez Varang rir outra vez, o que o deixou nervoso. A expressão assustada do recombinante se tornou desafiadora, chegando a rosnar e exibir os caninos proeminentes.
-Calma - Varang respondeu com gentileza por sua vez, falando mais baixo - não é preciso essa raiva com sua esposa, guarde-a para o campo de batalha.
Ela segurou o rosto dele com delicadeza, o observando. Miles fechou os olhos, se concentrando de repente, no fato de que nunca havia sido tocado de forna tão terna e proposital antes.
-Podemos fazer o seguinte - ela passou um dedo pela orelha dele e ele abriu os olhos novamente - como meu consorte, você deve me servir, então siga minhas palavras e eu prometo que se sentirá bem melhor, Miles.
-Está bem - ele acabou concordando.
-Muito bem - ela elogiou sua cooperação - deite-se, estique-se...
Quaritch fez o que Varang pediu, em silêncio, esperando para ver o que viria a seguir.
Ela se pôs de joelhos por cima dele, esticou as mãos e tocou os cabelos dele de forma uniforme, sentindo as cinzas e fuligem entre eles. Decidiu que os lavaria assim que pudesse, mas não agora. Continuou pela testa, passando os indicadores emvolta dos olhos, descendo para os lábios, surpreendentemente macios ao toque.
Sentiu então a temperatura dele por seu pescoço, quente, como o povo dela, o que era um bom sinal. Deslizou as palmas pelo peito largo e forte, sentindo o abdome firme e definido em seguida. Ela então parou, segurando a cintura de Miles.
Varang o observou por alguns segundos, decidindo o que fazer a seguir. Certamente beijar os lábios dele não seria uma má ideia. Varang prendeu os quadris dele entre os dela e então se inclinou sobre ele.
Quaritch entendeu o que viria e se deixou receber o beijo, coisa que não tinha desde a morte de Paz. Sabia que devia muito a ela, mas por um instante, pensou que poderia ser melhor para Varang do que tinha sido para ela.
-Isso é do seu agrado? - a Olo'eyktan questionou.
-É, mas achei que eu deveria te servir, meu corpo ainda está aqui para te servir - ele respondeu com cuidado.
-Tem razão - Varang concordou e o beijou um pouco mais.
Podia sentir Quaritch retribuir, mas ainda o sentia com receio. Foi então que resolveu ceder a ele.
De repente, ela se pôs de pé, abrindo os braços, completamente disposta.
-Você me serviu bem, agora é sua vez - Varang explicou.
-Eu espero não ofendê-la com nenhum gesto, Olo'eyktan - ele se manteve obediente, sabendo que sua vida e seu acordo estavam em jogo.
Para a surpresa de Varang, Quaritch se ajoelhou e beijou os pés dela, um ato muito humano, mas o que conhecia como submissão. Esperava agradar a Olo'eyktan dessa maneira. Dessa vez, ela não riu dos gestos dele.
O militar então se pôs de pé, com uma mão delicadamente traçando a curva da cintura dela, a trazendo para mais perto. Até que compartilhasse do mesmo ar, até que seus olhares estivessem trancados um no outro. Naquele instante, pensaram que não era tão ruim estarem ali, na companhia um do outro. Ao contrário, era bastante agradável.
Quaritch então usou sua outra mão para apertar abaixo das costelas dela de modo suave. Olhou os lábios dela e então a beijou de volta, de forma mais intensa do que ela tinha feito antes.
Rendida ao marido, Varang subiu pelo tronco dele, deixando que ele a segurasse ali, enquanto ainda a beijava.
Quando deixou de beijá-la, ela tinha apenas algo em mente.
-Deite-se comigo, marido... - Varang pediu mais uma vez, e ele estava feliz em obedecer.
Seus corpos se tornaram um eventualmente, solidificando sua união, mais do que um acordo, mas um amor profundo que estava prestes a surgir.
A/N.: Eu procurei umas histórias de Quarang por aí e não achei nada, então essa aqui acabou meio que surgindo do nada. Pra quem gosta das minhas fics de Avatar, tá aí mais uma que nem eu esperava escrever. Espero que gostem e acompanhem por aqui.
