Jonathan - O pé na estrada na estrada eu vou botar, que já tá na hora de ir, um novo horizonte e -

Melanie – O que você está cantando? - Ao lado de Jonathan no caminho de terra que percorrem, ela questiona o alergicamente alegre garoto.

Jonathan – Oh, é uma música que eu ouvia quando criança, eu só pensei que combinava com o clima – Tendo realmente entrado no ritmo da música, ele esqueceu que estava acompanhado de alguém e agora fica sem jeito.

Melanie – Hm, você pode continuar, eu até estava gostando – Querendo voltar a ouvir o resto, ela segura a mão de Jonathan e olha como um cachorrinho pidão para ele.

Jonathan – ÉEEE, ai que tá o problema, eu só lembro até essa parte – Agora que foi pedido para que ele volte a cantar a música, Jonathan fica meio vermelho por não lembrar toda a canção letra por letra. Faz um bom tempo que ele não houve os clássicos.

Melanie – Oh, então tá, - Aparentemente a Kobold consegue ficar um segundo desanimada e no outro já pular de entusiasmo por outro assunto – Ah, mas você acha que aquela moça vai achar o presente que você deixou – Com seu rabinho fofo e felpudo balançando ela fica na frente de Jonathan.

Jonathan " Bom, eu fiz aquilo porque talvez ajuda-se ela a ter uma lembrança de seu marido, mas eu não sei se foi o suficiente o que eu fiz para os outros" Parando no meio da estrada ele lembra do que fez um pouco depois de sair da vila.

Vila de Beril, manhã, Hospedaria da Mary

Mary rotineiramente vai nos quartos da hospedaria checando cada um dos acomodados, mas como ontem foi um dia vazio além daquele garoto com a mamono ela pensou que hoje não era necessário, então até o meio dia quando as portas abrissem para o almoço ela ficaria sem nada para fazer.

Mary " Mas o que?" Ela então vê em uma das mesas da taverna, algo enrolado com um pano vermelho, como um buque de flores e vai examinar.

Ao chegar perto ela percebe sem uma espada de ferro normal, embalada no pano como se fosse uma flor, ela observa a espada, e algo fica pinicando sua cabeça, o punhal dela parece estranhamente familiar, um simbolo da ordem nele e um pequeno laço no final.

! Porta abrindo Bruscamente !

Camponês: - Mary! Você está ai? Ótimo! Tem uma coisa que você precisa ver, vamos! – Após gritar, o homem sai correndo sem dar chance dela responder.

Mary sem entender muito do que acabou de acontecer, pega a espada enrolada no pano e segui o morador que partiu.

~ 15 Minutos depois ~

Murmuros e exclamações são ouvidas num circulo formado de pessoas ao meio da floresta, os moradores do vilarejo após acordarem, se depararam com uma trilha vermelha levando até uma cena brutal. Vários goblins mortos e mutilados. E perto dali, a alguns passos de distância.

Mary – Uhhh, AHHHHH – O grito agora não foi de nojo ou de espanto, foi de tristeza, lágrimas e ranho derramam no chão, a sua frente, forem feitas covas para 5 corpos, uma cruz de madeira decorando cada uma, com algumas partes de armaduras também postas para designar cada corpo. Os moradores do vilarejo se conhecem, é o normal para uma vila pequena, até mesmo os guardas tem seus nomes reconhecidos só de ver um pedaço de sua armadura, e aparentemente somente uma das lápides está nomeada, somente com o nome 'Kind, guerreiro corajoso e leal'.

Os gritos da viuva continuam, mas os moradores do vilarejo podem descansar sabendo que os guardas destruiram a ameaça dos monstros perto da cidade deles. E mesmo que meio mal feito e as pressas, alguém teve a decência de dar um enterro digno aos seus guerreiros

Dessa vez, sem muito papo os dois continuam na estrada para Lescatie, parando uma ou outra vez para que Jonathan veja a fauna e biologia distinta daquele mundo. Parece como um bioma típico de floresta de carvalho, mas ao entrar só um pouco a mata se escurece e fica densa com arbustos e arvóres maiores ao fundo, então a visibilidade para os lados do caminho que estão seguindo não é das melhores,.

Melanie – Então, de onde você é ? - Questiona a Kobold, ela ainda não sabe muito sobre Jonathan e planeja encurtar a distância entre eles com perguntas, porque amigos ( um casal ) sabe varias coisas sobre o outro, pelo menos é isso que as garotas lá de casa falavam.

Jonathan – Hum, eu morava na cidade de Gramado até os 12 anos, e dai fui com minha família para Laguna – Não vendo nenhum motivo para mentir, e realmente não vendo problema, Jonathan diz a verdade nua e crua para ela. Ele não vê motivo de esconder o fato de que veio de outro mundo para ela.

Melanie – Eu não sei onde ficam esses lugares, mas eu não viajei muito então podem ser somente cidades bem de longe, para onde elas ficam? -

Jonathan – Bem, bem longe – Suspirando, ele tenta de alguma forma não pensar em quão longe está de casa, de seus parentes, amigos, família " E agora eu não vou conseguir parar de pensar n-!"

Jonathan – Olha lá, será que aquilo é Lescatie?! - Ele para de pensar ao ver as diversas estruturas ao longe, continuando o caminho de terra que seguem, um grande campo aberto se revela, algumas plantações e casas bem feitas um pouco a frente de uma muralha de pedras brancas com bandeiras azuis descendo por elas, com os bordados de cor dourado. Um grande portão de ferro guardado por guardas recebe varias carruagens enquanto outros cidadãos saem para fazer seus trabalhos ou comprar alguma coisa.

Jonathan " Pensando bem agora, eu não planejei como vou entrar com a Melanie na cidade, sem um documento e com uma mamono junto ainda por cima, eu sou claramente suspeito, se bem que" Ao direcionar seu olhar para a Kobold, notasse que ela é bem pequena, chegando no máximo no peito de Jonathan.

Melanie – Hmm? - De forma fofa, ela inclina sua cabeça para direita ao perceber que o foco de Jonathan está nela.

Jonathan – Melanie, vai ser bem difícil entrar com você na cidade, você percebe isso certo – Querendo a certeza que os dois estejam na mesma página, ele olha seriamente para a garota.

Melanie – Ah, eu não estava pensando nessa parte, desculpa – No final da frase ela abaixa sua cabeça como se estivesse envergonhada de não ter pensado nesse detalhe crucial " Estúpida, estúpida, é claro que as coisas não seriam fáceis, agora eu estou sendo um inconveniente para o mestre, estúpida " Depressivamente ela pensa isso de si mesma, sua auto estima ainda abalada pelos acontecimento do dia passado.

Jonathan – Ei levanta a cabeça, eu tenho um plano, só faz o que eu dizer – Não querendo que ela se sinta mal, ele vai para explicar como eles podem passar despercebidos na cidade.

Guardas – PARE! - Dois soldados armados, cada um com uma armadura de ferro completa e de cada lado da porta, exclamam batendo a ponta de suas lanças no chão. - O que você leva nessa caixa vermelho -

Jonathan – Heya, como vão, bom senhores – Com uma caixa vermelha nas costas, com duas alças fazendo um x em seu peito e barriga, Jonathan sorri e cumprimenta os guardas.

Guarda 1 – Qual seu assunto em Lescatie ? -

Jonathan – Eu só vim vender uns tomates que colhi em minha casa – Para dar credibilidade Jonathan sacode um pouco o caixote em suas costas.

Guarda 2 – Então, todos os produtos a serem vendidos em Lescatie devem ser revistados, não seria problema, certo senhor – Se aproximando, o guarda explica e cruza seus braços.

Jonathan – Sem problema nenhum senhores – Deixando a caixa cuidadosamente no chão e abrindo as alças, ele dá um espaço para que os guardas possam revista-la.

Somente um deles vai revistar, enquanto o outro continua em sua posição ao lado do portão. O que está checando embanha sua lança nas costas e vai para abrir a caixa.

~Som de caixa abrindo ~

Guarda 2 – Hmm, tudo parece normal, sem nenhuma fruta do Reino Demoniaco, Muito Bem! - Vendo somente varias formas redondas e vermelhas a inspeção se conclui.

Guarda – Tenha um bom dia em Lescatie senhor, e graças a Deusa Chefe – Agora com um sorriso o guarda abre passagem para Jonathan e volta a posição do lado de seu parceiro.

Após entrar na cidade, Jonathan consegue admirar o esplendor atrás das paredes, casas e prédios de pedra branca e madeira com detalhes em azul, ladrilhas limpas e azuis, janelas com guardas de madeira e as vezes com mais de uma para cada quarto, alguns chegam a ter um pequena torre saindo da frente com uma sacada virada para o castelo. No momento ele está na rua central, ladrilhada e cheia de pessoas, crianças brincando e uma quantidade absurda de vendedores dos lados da rua ou com seus produtos um em demonstração fora de suas casas. Virando sua cabeça de um lado para o outro, Jonathan fica com um brilho nos olhos olhando para a metrópolis medieval que é Lescatie, o castelo da família real numa elevação ao fundo, e feito com as mesmas pedras brancas e detalhes azuis, porém com alguns detalhes em dourado e com torres para cada canto do castelo, seus tetos são de ladrinha azul e inclinados em cone.

Melanie ( sussurrando) – Ei, a gente já chegou – Dentro da caixa, a Kobold fala bem baixo e acaba sacudindo, fazendo Jonathan lembrar da passageira em suas costas.

Jonathan – Já, mas só me dá um segundo – Olhando para ver se ninguém o notou falando, ele também procura algum beco mais escuro para que possa se esconder no momento. " Ali!"

Correndo discretamente para o beco que achou, ele olha para o final dele e de onde veio, ele deposita a caixa vermelha no chão ao lado de um pilar que está sobrando para fora de uma das casas. O objeto treme um pouco até que ele passa a se tornar um liquído, as esferas vermelhas indo junto e formando várias vinhas sendo sugadas para o pulso de Jonathan. Após todo o liquido voltar para seu corpo, o que é deixado no lugar é a Kobold Melanie.

Melanie – Ahh, luz finalmente ! Eu estava ficando meio desconfortável naquele escuro, além do cheiro de ferro que estava incomodando meu narizinho – Se levantando e esticando seus membros os alongando e deixando sair uns murmulhos de esforço – Hrmmm -.

Jonathan – Desculpa, foi a única idéia que me veio na cabeça, e meio que uma aposta também, eu não sabia se ia conseguir segurar e controlar toda essa quantidade de sangue – Além de conseguir uma boa medida do quanto ele consegue controlar, ele também percebeu que conseguiu erguer a Melanie usando somente a força de seu sangue, ele não consegue explicar direito, mas é como se ele sentisse esse poder como um músculo extra em seu corpo e o único esforço foi em sua concentração e nesse músculo, para mante-lo e para manter ela erguida na caixa – Ainda bem que eu deixei um fundo falso, eles nem pensaram em afundar a mão para checar todos os 'tomates' -

Jonathan – Agora só temos que cobrir você com esse pano que eu peguei lá na hospedaria, desculpa não ser um manto completo ou mais bonito – Ajudando Melanie a se arrumar, ele deixa somente um buraco para a cabeça virado para frente inclinado um pouco pra baixo, assim ela consegue ver, mas outras pessoas mais altas não vejam a cara dela.

Melanie – Eu estou bonita ? - Dando um giro e quase perdendo o disfarce, ela põe um sorriso no rosto de Jonathan.

Jonathan – Huhu, sim você está, agora vamos, temos o dia todo para explorar a cidade antes de ficar numa hospedaria. - Apressando o passo, ele pega na mão da menina e parte para a saída do beco.

Enquanto os dois caminhavam pela cidade de Lescatie, uma comoção se formava em frente a estátua da deusa chefe, algumas dúzias de pessoas de todas as idades formam quase que um semi-circulo, algumas murmurando e fofocando sobre o que estão vendo, e outros simplesmente com curiosidade de ver do que se trata e empurrando para ver o que estão todos estupefatos.

Um cubo vermelho carmesim pulsa e brilha de forma sinistra aos pés da estátua, veias de coloração mais escura saltam com cada pulsar, um cheiro forte de carne velha faz os curiosos de plantão tamparem seus narizes, quando mais gente chega perto do objeto carnoso, mais ele parece brilhar e crescer de forma progressiva.

Capitão da Guarda – OK! Acabou a festa pessoal, todo mundo se afasta – Saindo da rua que faz cruzamento a esquerda para a estátua, um soldado bem armado com armadura polída, sem capacete, com seu cabelo castanho lambido para trás e uma barba robusta e bem cortada, sua face mostra rugas de idade e estresse, mas seus olhos são focados e intensos, ele não parece ter muito acima dos quarenta e carrega uma espada ornamentada com uma joia no punhal, James Albert chega com um batalhão de guardas, eles começam a formar um perímetro ao redor do cubo, os mais armados ficam de costas para ele, observando o movimento dos civis, os que parecem não ter várias peças de armadura, somente o peitoral, manoplas e grevas ficam ocupados dirigindo as pessoas para uma distância segura.

Vice-Capitão – Senhor, quais são suas ordens – De forma rigida e calma, um dos soldados ao lado do Capitão, o questiona, sua armadura melhor do que a dos soldados na frente do cubo, mas ainda inferior ao capitão que se refere, ele olha para o rosto dele e vê suas feições mudarem, provavelmente divagando sobre sua próxima ação.

Capitão da Guarda – Hummm, eu nunca vi algo assim em todo o meu serviço – Olhando criticamente para o objeto ele decide – Contate todos os heróis disponíveis no momento, e vá pessoalmente buscar Merse Dascaros para ajudar com o perimétro – Confiantemente, manda o capitão, 5 soldados vão em direções diferentes procurando os diversos heróis espalhados pela cidade, enquanto o Vice-Capitão vai em um passo controlado, ele sabe muito bem onde Merse Descaros deve estar a essa hora do dia.

Guarda 1 – Hãã? Senhor .. - Com um toque de temor, um deles se dirige ao homem em comando – Eu acho que o objeto está crescendo e brilhando ainda mais desde que chegamos -

É verdade, enquanto o capitão dava suas ordens, o objeto de carne ficou no mínimo 1,5x maior, e seu brilho parece mais forte do que antes, agora atingindo o tamanho de um homem adulto e crescendo mais ainda, um símbolo na face de cima do cubo começa a brilhar ainda mais intensamente e a emanar uma aura violenta e feroz.

Claramente com medo, alguns soldados começam a se afastar levemente do objeto, enquanto o capitão deles se aproxima para inspecionar.

James " A maioria desses soldados ainda são frescos do treinamento, uma coisa estranha dessas deve ser algo que jamais estiverem preparados " Chegando a menos de um metro do objeto, e dando somente uma olhada para trás para o batalhão que comanda, ele com pulso firme segura sua espada, um pouco de medo germina em seu coração, mas é podado por coragem e disciplina " Mas eu também jamais vi algo assim" .Ele então vê a marca que brilha intensamente, uma cabeça de touro grifada na carne pulsante.

~ Crack, crack, crack ~

Rachaduras começam a aparecer no cubo, como um ovo que está rachando, mas não é só isso, há muito mais movimento do que antes, o pulsar ficou mais violento, o crescimento está acelerando de forma espantosa, as pedras que formam a rua são empurradas e afundadas pelo peso.

James – TODOS SE AFASTEM! - Gritando não só para os soldados, mas para todos em seu redor, ele empunha sua lâmina finalmente e dá vários passos para trás. Por um momento ele perde o equilíbrio pela força das vibrações, mas no mesmo instante volta a posição.

Todos os civis parecem ter evacuado as proximidades, gritos de pânico e parentes alertando seus filhos para correrem dali são a única indicação de que ainda há não combatentes no local. Os soldados que antes estavam incertos e com um pouco de pavor, agora ficam com as pernas tremulosas e com dificuldade para manter suas posições.

Com alguns mais pulsares, o objeto começa a ficar do tamanho de uma casa, a estátua da deusa chefe está sendo empurrada para trás por causa da força, o suporte dela se separa do chão, a pedra de mármore branca começa a se rachar, dos pés a cabeça fissões aparecem na rocha. As rachaduras no cubo parecem perder seu brilho, e de pouco a pouco, a camada externa começa a se desmanchar e a cair no chão. De repente um formato de uma mão gigante começa a esticar para fora do tecido mais transparente por trás da abertura, como placenta ela se estica e tenta se manter por alguns instantes mas se parte e revela mais do corpo de o que quer que esteja saindo de dentro daquele objeto. Uma mão de cinco dedos gigantes, cada um da largura de um homem, robustas e grossas e com um pouco de pelagem de boi nelas, pedaços do material parecido com placenta ficam pressas as unhas e um pouco do pulso. Mais e mais pedaços grandes vão se desprendendo e como uma galinha que tenta sair do ovo, o monstro tenta sair esticando e puxando para fora da camada de proteção interna.

James – I-isso é! - Ele só tinha ouvido em lendas, e histórias de homens de má-fé a deusa chefe que contavam de algo assim, porém somente as mais antigas ajudavam a descrever o que estava vendo. Um corpo gigante e musculoso, seus ombros facilmente ultrapassam os tetos e chaminés das casas, um tronco robusto e com um tufo de pelo mais escuro em seu peito, pernas com coxas de aço que acabam em patas bovinas com casco negro. Mas o maior indicativo de sua identidade está em sua cabeça, como o resto do corpo, coberto por uma leve pelugem marrom claro, uma cabeça de boi, seu focinho prolongado bufa com seu primeiro expiro de oxigênio, olhos que ainda mantinham um pouco do material parecido com placenta se abrem, pupilas de boi que logo se tornam vermelhas e exalam raiva e ferocidade, chifres apontados para frente em um formato parecido de raio e se entortam um pouco para o meio no final.

Minotauro – MUOOOOOOOHHHHHRRRR – Com um grito que destrói janelas e põe medo no coração dos mais fracos, o monstro minotauro começa sua carnificina na cidade de Lescatie.

Jonathan – E você não vai acreditar, a mãe do ursinho menor era o urso que foi morto por ele antes de se transformar! - Exclama ele, os dois no momento se encontram no meio de uma das ruas de Lescatie, pouca gente parece estar passeando nesse horário por essa parte da cidade, já que mesmo com a toalha escondendo seu corpo e rosto, não tem problema terem um pouquinho mais de precaução.

Melanie – NÃOOOO, e agora, o que aconteceu, como isso é .. Hã, hummm – No meio do seu questionamento ela para de andar no meio da rua, algo a chamou a atenção, ela se vira para a direção a esquerda de onde estão e olha para o aparentemente nada.

Jonathan – Ei, o que foi Melanie? Escutou alg- Antes que terminasse uma pessoa passa correndo por ele, empurrando sem querer porém com força, Jonathan quase cai no chão mas conseguiu se segurar – Ei, pelo menos uma desculpa né – Ele berra para o homem que nem se dá o tempo de olhar para trás e continua a fugir desesperado.

? -AAAAHHHH – Um grito ecoa por trás de Jonathan, e ao se virar se depara com muitos outros homens e mulheres correndo desenfreados, todos decidindo ir para uma única direção sem organização ou calma, o medo é evidente em suas faces, de mercadores a simples crianças, algumas esbarram nele enquanto outras para não perderem velocidade desviam-se com tudo.

Jonathan " Eles… Eles estão fugindo de alguma coisa " Chocado e sem entender nada, sem perceber ele pega na mão de Melanie e aperta, para que ela não seja levada pela multidão, ela com a outra mão segura no tecido que a esconde. Os dois começam a olhar para a direção que estão vindo os moradores de Lescatie.

Melanie " Esse grito que eu ouvi a pouco, e-e-e esse cheiro de medo que todos a volta estão emitindo, como pode isso" Com o rosto suando frio, um medo quase instintivo se instala em Melanie.

Jonathan – MELANIE! - Ele fala alto para ser ouvido mesmo no meio da gritaria e caos.

Melanie – Sim! - Virando seu rosto, ela quase se assustou com o grito repentino.

Jonathan – Vamos para um lugar mais elevado, talvez a gente descubra o que está fazendo todo mundo dar no pé – Olhando para o telhado das casas Jonathan tem uma idéia.

Melanie – Você tem certeza que não vai se machucar !? - Grita olhando para Jonathan que escala um dos prédios usando um gancho e corda feitos de sangue.

Jonathan – Tenho, agora só espera um pouco – Escalando com um pouco de tremor, ele chega no telhado da casa e tem uma visão muito melhor do que está acontecendo – Ok, que confusão tá ….. tendo ….. agora – Abismado suas palavras demoram a sair de sua boca.

Uma cabeça gigante bovina fica acima do nível das casas, quebrando e estilhaçando as casas e prédios no caminho como um touro louco, ele balança seus braços de forma caótica e enfia seus chifres nas estruturas da cidade, a única coisa parecida com uma arma que ele carrega, parece ser um pilar de mármore branca em sua mão esquerda, que usa para bater e sacudir a sua volta.

Jonathan " Isso, isso é impossível! Não deveria haver esse tipo de monstro agora nesse universo, eles todos deviam ter se transformado em mamono, mas " Se lembrando do encontro que teve com aqueles goblins ainda ontem, parece ser uma prova que esse é um mundo um pouco diferente dos livros " Mesmo que seja assim " Jonathan sorri, um olhar determinado vem em sua face e uma lâmina se forma em sua mão " Isso é o que eu estava esperando, um monstro que aterroriza a cidade, uma multidão pedindo por socorro, somente um herói pode ajuda-los " São com esses pensamentos mesquinhos que Jonathan olha para o monstro " Esse é o momento que eu me torno um herói " De forma arrogante, ele decide arbitrariamente o que irá fazer.

Jonathan – MELANIE! Se esconde no mesmo beco que começamos ok, eu vou dar um jeito nele – Gritando para ela se esconder, ele dá um afirmativo com seu punho esquerdo.

Melanie – M-mas Jonathan, v-você tem certeza – Por só um instante, ela pareceu apavorada, mas não indicava ser somente por preocupação pelo bem estar de Jonathan, alguma coisa a mais a deixava com medo.

Jonathan – Sim, eu volto pra te buscar em uma horinha máximo – Sem esperar mais, ele começa a correr pelo telhado.

Tem ao menos 4 metros de telhado a telhado e com uma diferença de altura d metros, normalmente Jonathan não teria nenhuma chance de atravessar, pelo que consegue ver tem mais de 500 metros para chegar até o minotauro, mas Jonathan tem uma carta na manga. Ele toma um folego e corre.

Jonathan " Eu não pratiquei isso, mas eu tenho certeza de que esse poder tem essa possibilidade " Concentrando, ele sente o sangue que percorre todo o seu corpo, ele se foca em suas pernas, os músculos se enrijecem e demandam mais oxígenio para a tarefa árdua, se contraindo e relaxando em intervalos, comandando seu poder e o armazenando nas pernas, ele comanda não só seus musculos mas também seu próprio sangue para dar um pulo, os dois metódos em sincronia terminam em um resultado incrível.

Jonathan – Yeaaahhhh – Pulando, seu corpo voa pelo teto das casas, não só uma mas duas de uma só vez, ele prepara suas pernas para absorver o choque, e ao mesmo tempo protege seus ossos com uma camada de sangue, como uma mola, o impacto é absorvido, com só um pouquinho de desconforto Jonathan começa a correr até o monstro pelos tetos de Lescatie.

É um cenário brutal, os homens que estavam mais perto do minotauro ao nascer, foram jogados no ar e ao cair se espatifaram no chão, enquanto alguns levantaram um pouco feridos, outros não tiveram tanta sorte.

Logo no momento em que os soldados estavam recobrando seus sentidos, e outros estavam paralisados de medo, o monstros começou a se abaixar, seus dedos robustos seguraram um pedaço de pedra branca, a estátua da deusa que caiu é levantada, o minotauro examina o objeto e com um bufão e mostrando seus dentes como se sorrisse para o objeto em suas mãos, dá alguns balanços de teste, ele se vira para o grupo de soldados que começa a se preparar para a batalha.

Somente com um balançar de seu porrete improvisado, 5 soldados são esmagados, por sua altura o minotauro tem que se curvar um pouco para acertar os pequenos humanos, mesmo assim, cada golpe é o bastante para eliminar um grupo inteiro, uma mancha vermelha é enterrada na parede de uma das casas, 5 corpos prensados num só monte de carne.

Como um animal louco, o minotauro começa a bater em casas e usa seu porrete para destruir prédios, ele não deseja fugir da praça, ele vai continuar destruindo tudo a sua volta, com um senso de prazer, ele sorri ao ver várias manchas de sangue espalhadas. Faz 5 minutos desde que ele nasceu e o caos causado é inigualável. De repente, ele sente uma leve piscada atrás do seu pescoço, e por suas costas um pouquinho de queimação se espalha, virando para trás ele vê mais desses humanos assumindo posições e lançando coisas com brilho nele.

Guarda – Rápido, assumam formação! - Um dos soldados da cidade grita em meio ao caos, dúzias de seus companheiros já se reuniram aonde o minotauro surgiu, um alarme foi tocado para todos os batalhões se encontrarem no local onde fica a estátua da deusa chefe, conforme chegavam perto os gritos e tremores se tornavam mais fortes e o mugir do monstro os aterrorizava.

Guardas – SIM SENHOR – Das quatro ruas que conectam-se com a praça que ficava a estátua, três delas estão com um muro de soldados em posição, soldados com lanças a postas e direcionadas para a diagonal, escudos de madeira e ferro cobrem os soldados na linha de frente, uma linha de arqueiros se encontra atrás deles, arcos longos e bem feitos com madeira colhida direto das florestas ao redor de Lescatie, flechas com pontas encantadas com bençãos da deusa são puxadas e preparadas na direção do monstro.

James Albert – ATIRAR! - Com pingos de sangue descendo de seu supercílio, ele ainda assim trás um grito que somente um líder pode fazer, sua espada levantada e apontada para o monstro é o sinal que eles esperavam.

Flechas com brilho dourada são disparadas, todas encantadas por padres e freiras que servem a deusa, uma das primeiras armas inventadas para caçar monstros. Até que magos ou heróis consigam chegar até o local, os soldados devem manter a criatura ocupada, e nesse momento esse é o melhor que podem fazer.

James – Mirem nos olhos! - Rugindo mais ordens, os arqueiros puxam mais flechas, o minotauro finalmente os notou e se virou para eles. " Temos que mantê-lo por aqui, até pelo menos um dos heróis abençoadas pela deusa chegar. Espero que Derse tenha recebido o aviso…" Olhando para suas mãos manchadas de sangue, o cheiro de ferro se impregnou em suas luvas embaixo da armadura, ele olha para algumas manchas de sangue em paredes e restos de soldados, soldados que um dia ele comandou " Nem que eu mesmo tenha que partir pra cima do monstro, eu vou cumprir meu dever com Lescatie"

? - EI Chifrudo, olha pra mim!

James – O quê! - Olhando para um dos telhados a esquerda do minotauro, iluminado pelo sol da tarde um garoto grita chamando a atenção de todos ao redor.

Jonathan – Arf, arf, demorou um pouquinho para eu chegar aqui, mas agora você morre – Uma lâmina de sangue se forma em sua mão, ele percebe que por algum motivo o minotauro completamente ignorou os soldados que pararam de atacar, ele pensou que o bicho ia precisar de mais alguns insultos para trocar de foco, mas isso funciona também.

O minotauro se move em direção a Jonathan, seu porrete-estátua sendo arrastado pelo chão enquanto suas patas bovinas tremem o solo que pisa.

Jonathan – Vamo lá, vem com tudo corno – Com um pouco de medo, ele sorri para o minotauro, mesmo que ele queira fugir, tem várias coisas que o ajudam agora, adrenalina e excitamento são as principais, ele só precisa que ele chegue um pouco mais perto.

James pode até não fazer idéia de quem seja o garoto que chamou a atenção do monstro, mesmo que seja uma tática suicida, isso dá a eles uma abertura perfeita.

James – Grunhido de Esforço – Antes que o minotauro chegasse em seu alvo, ele pega uma lança de ferro largada no chão, o cabo está ensanguentado porém ele ainda consegue uma pegada firme. Concentrando a mana eu seu corpo para seu braço e ombro direito, com uma manobra praticada milhares de vezes em seus nos de serviço, James arremessa a lança direto na panturrilha do minotauro.

Minotauro – MUUUUOOORRR – Uma dor aguda se finca em sua perna, mas ao invés de se virar para quem causou tal ferida, ele continua a avançar para Jonathan. Com seu porrete erguido, uma sombra cobre o garoto, que no momento só pensa-

Jonathan " AGORA!" - HAA – Num instante, a pedra descende no telhado da casa, e Jonathan com uma rapidez fenomenal atribuida a adrenalina em seu corpo, pula para o lado evadindo completamente até dos estilhaços que voam perto.

Antes que o minotauro volta a erguer o porrete-estátua Jonathan começa seu ataque, ele pula em seu braço, o monstro sendo grande o suficiente para que o jovem consiga um bom equilibrio no membro, e assim começa a correr em direção a cara do minotauro.

Jonathan – YAAAHHRR – Com um grito, chegando bem na cara do monstro, ele perfura seu olho direito com uma lâmina de sangue, não chegando no cerébro ainda, mas causando uma dor enorme nele. - HEHE - OPA! -

Minotauro – MUUUOOOHHHRR – Rugindo mais forte do que antes, a cabeça do monstro é balançada da esquerda para direita e de cima para baixo, como um simples touro tentando se livrar do montador em cima dele, o minotauro chocalha com toda a sua força, batendo ainda mais em prédios e lançando destroços para todo o lado.

Jonathan – UOOOOH, UOOOOH, UOOOH – Se agarrando no ombro do monstro por uma estaca de sangue, seu corpo é sacudido como um boneco de pano, a força centrifuga quase faz ele vomitar seu órgãos pela boca, mas ele continua a segurar.

Então finalmente cansado, o minotauro usa o ombro para bater com tudo em um dos prédios, Jonathan felizmente conseguiu evitar ser esmagado, mas a força fez com que ele fosse jogado para fora do ombro do gigante, e ficasse em pleno ar.

Minotauro – MUUUUOOOOOOORRRR – Com um grito de fúria incandescente, o minotauro dá um giro para adicionar mais força em seu golpe, o porrete de mármore que ele usa voa tão rápido que um som é feito ao balançar, em nem menos um segundo, um pilar de pedra se aproxima de Jonathan que ainda está no ar.

Jonathan – MERD – Em pânico ele ainda tenta uma única defesa, uma grande quantidade de sangue se reuni em seu ombro esquerdo, com um grande esforço, o sangue se solidifica e forma uma barreira, Jonathan não teve tempo de pensar em coisas como detalhes ou estética, o escudo feito parece mais uma pedra fina colocada para tampar um buraco. Mesmo assim não é o bastante, como um martelo quebrando uma telha de casa, seu escudo só recebeu um pouco do impacto, seu corpo que não tinha nenhum apoio no momento é arremessado com tudo.

Jonathan – AAARRRHHH – A trajetória dele faz com ele bata em alguns telhados, um, dois, três telhados são atravessados antes que ele começa a quicar em alguns, telhas e madeira são bagunçados e tirados de seu lugar, até que após ser arrastado um pouco mais, o jovem conclui seu voo.

Deitado ali naquele telhado, Jonathan mal consegue se manter consciente, uma dor intensa percorre todo o seu corpo, ele registra vários de seu ossos quebrados, sua perna direita está com fraturas em mais de um lugar, o osso de um dos braços está para fora do corpo, o ar gélido da cidade toca a carne de Jonathan é o deixa com calafrios, ele conseguiu proteger sua cabeça e órgãos vitais a tempo, mas a dor que assalta seu corpo é imensa.

Jonathan " Ah, ah, arhghh, merda, merda, me quebrei" Com uma respiração fadiga, o pouco de ar que entra em seu corpo faz com que ele tenha uns picos de dor, sangue jorra de seu corpo e Jonathan se sente completamente quebrado. Ele tente de novo respirar para não desmaiar, e somente a incrivel dor que sente o ajuda a ficar acordado.

O minotauro que até a pouco estava concentrado nele, agora que vê Jonathan atirado e com uma poça de sangue saindo dele, bufa e volta a espalhar o caos pela cidade.

Jonathan " Ugh, pelo menos ele não vem pra terminar o trabalho. Eu to todo quebrado,, sinto vontade de vomitar, merda eu só consegui dar um golpe no bicho… Hehe mas agora o resto dos soldados deve dar conta dele" Jonathan sabe que eles não podem, ele viu a quantia de corpos espalhadas, mas o desespero está tomando conta dele, ele busca por qualquer desculpa para poder só desmaiar " Eu posso deixar nas mãos deles… He, eu posso descansar, eu posso descansar, posso descansar, descansar e desistir ….."

Num bar no outro lado da cidade de Lescatie, na parte em que vários centros de treinamento foram alocados para treinar novos recrutas para o exército e heróis para ordem, uma mulher alta e um homem jovem sentam um perto do outro. O bar está estranhamente vazio para essa hora do dia, mas a mulher não vê porque se preocupar com isso.

A mulher continua a tomar o seu terceiro copo de bebida, mas mesmo assim ainda não sinais de embriaguez nela. Ela tem 1,86 de altura, uma pele moreno clara, e com algumas cicatrizes de batalha espalhadas por ela, pode se ver que ela tem uma boa quantidade de músculos em seu corpo e seu olhar é afiado e intenso. No momento elá está com uma jaqueta verde escuro aberta, sem uma camisa por baixo, seu umbigo e ombros ficam expostos, uma armadura de ferro bem justa cobre seus peitos e um laço vermelho cai no meio de seu pescoço até seus peitos, um short curto e apertado com um cinto de metal com simbolos da ordem. Nas pernas ela usa botas verdes do mesmo tom da jaqueta com tornozeleiras de metal e meia-calça até quase suas coxas que sem nenhuma proteção demonstram mais cicatrizes e seus músculos flexiveis. Uma cara que transmite experiência tem o olho direito coberto por um cordão que dá uma volta em sua nuca e ajude a prender seus cabelos brancos com tonalidade roxa em um tipo de coque com varias pontas do cabelo apontadas para cima e algumas mechas na frente de sua cara. Merse Dascaros dá mais uns goles do seu copo e bate ele na mesa.

Merse – HAAA! Nada como uma bebida no final do dia, supervisionar o treinamento de todos aqueles paspalhos é muito mais ruim pra minha saúde do que matar monstros, sabia ? - Com uma típica atitude de Tomboy ela dá uns toques com o cotovelo no jovem ao lado.

O rapaz de pele morena ri, ele tem um cabelo marrom leve e uma cara jovem, seu corpo com só um pouco de musculatura é coberto por roupas de tom vermelho, uma camisa verde por baixo de seu peitoral de couro batido que fica por trás de sua jaqueta rubi também aberta, ombreiras e grevas de metal, e luvas sem dedo também de couro, sua calça de couro velho é segurada por um simples cinto. Seu cabelo vai para perto de seus ombros e algumas mechas cobrem seus olhos.

Elt – Hehe, eu não tenho tanta certeza disso Senhorita Merse – Um pouco embriagado por não ter a resistência natural de um herói, ele deixe escapar sua opinião.

Merse – Ah, qual é Elt, aqueles frouxos não estão nem ai para o treinamento, é quase como se eles não conseguissem se concentrar em qualquer ordem minha – Um pouco indignada, Merse se apróxima de Elt e deixa seu braço descansar no ombro dele, a próximidade faz com que um pouco de seus peitos encostem no braço de Elt, que tenta ignorar esse pequeno detalhe.

Elt – É mas vo - Antes que completasse a porta do bar se abre e de fora entra um soldado ofegante e com olhos em pânico.

Vice-Capitão – A heróina Merse Dascaros se encontra ! - Com um salto de alarme o homem dá de cara com aquela que estava procurando.

Os dois que estavam bebendo e o barmen se exaltam, mas Merse em um instante percebe a urgência na voz do soldado.

Merse – O que foi, fale soldado!? - Como se nunca tivesse tomado nem um pingo de bebida, ela assume uma postura rigída e disciplinada e adota um ar de uma veterana.

Vice-Capitão – Um objeto de carne está na praça, o capitão James pediu por auxilio, por favor peço que me acomp! - Um estrondo enorme abala o estabelecimento, copos de vidro e garrafas de liquor caem no chão e algumas cadeiras são viradas pela força.

Merse – Sem tempo para explicações soldado! Me mostre onde é o lugar – Sem nem esperar o dito soldado se recuperar, Merse pega sua alabarda e puxa Elt pelo camisa para fora do bar. Seus instintos falam que o que quer que tenha feito isso está no mesmo lugar que o soldado vai mostrar para ela. Hoje será uma batalha difícil para Dascaros.

Enquanto a carnificina feito pelo minotauro continua, mais pessoas vão até as extremidade da cidade para fugir, o local que o monstro nasceu agora se encontra com vários prédios levados ao chão, um circulo de detritos e casas destruidas é feito no meio de Lescatie.

Porém em uma das casas ainda de pé perto dali, tem uma figura atirado de barriga pra cima, ela respira de forma fraca e está extremamente ferida.

Jonathan " Eu só preciso descansar hehehe, outras pessoas vão resolver o problema hehe, hehe GGRRRRRHHH " Com seus pensamentos completamente voltados para desistir e fazer nada, uma fúria se instala no coração do jovem, seus dentes rangem de tão forte que ele aperta, seu corpo quebrado e com dores parece só um inconveniente comparado a humilhação e ódio que ele sente agora.

Jonathan " É ISSO?! É SÓ ISSO QUE EU CONSIGO FAZER! " Seus punhos se cerram e sua cabeça começa a se inclinar para cima " VOCÊ VAI DESISTIR ASSIM JONATHAN! QUANDO AS COISAS COMEÇAM A FICAR DIFÍCEIS VOCÊ SIMPLESMENTE PARA DE TENTAR NÃO É?! ….. Não, não mais, eu me recuso " A fúria lhe dá força, a adrenalina começa a apagar um pouco da agonia dos ossos quebrados, mas eles continuam triturados, ele não tem como se mexer usando seus membros " Eu prometo pra mim mesmo agora, eu nunca vou voltar a ser como era antes! " Memórias de diversas falhas de sua vida vêm a sua cabeça, faculdade, empregos, namorada, e seu próprio corpo " Eu vou mudar! E para isso eu preciso aqui e agora matar aquele monstro!"

Sabendo que utilizar seus ossos para se sustentar não irá dar certo, Jonathan decide que o único caminho a seguir será o mais doloroso possível.

Jonathan " Vamos láaaa! Eu ganhei esse poder por algum motivo então faz o que eu mando" Com uma força mental que não sabia que tinha, o sangue que tinha escapado do seu corpo começa a ser sugado de volta. E agora que está dentro de seu corpo, algo surreal acontece, o sangue começa a se entrelaçar entre seus ossos, se amarrando a eles e tentando por aqueles quebrados no lugar. " GGRRRRRHGGUK ! Que dor absurda, eu to com vontade de chorar e vomitar ao mesmo tempo, mas se eu quiser mudar eu tenho que fazer isso" Como uma marionete, seus membros se movem não pelo movimento de ossos e músculos, mas pelo controle que seu sangue exerce, um boneco de carne guiado peça sua vontade de se tornar algo " GGGGKKKKUU, Vamos! Mesmo que meu corpo exploda eu tenho que me mover" Com grande esforço, ele consegue se ajoelhar e usando seu braço como apoio, faz força para se levantar, com uma máscara de sangue sobre a parte de cima do corpo, seu olhar é animal e determinado.

Jonathan – AAAHHHHHH! - Um grito estridente sai dele ao se levantar por completo, a dor é imensa, como se seus ossos estivessem explodindo de dentro para fora, e seus músculos pedem arrego, o jovem olha para o minotauro a distância, enquanto o inimigo estiver de pé ele não vai desistir.

James Albert não sabe mais o que fazer.

Batalhões de soldados foram mortos ou feridos, mas pouco dano foi feito no monstro, a praça onde ficava a estátua não passa de lixo agora, ele pode ao menos sorrir sabendo que os cívis foram evacuados. No momento tudo que ele pode fazer é ganhar tempo até que Merse Dascaros ou outro herói da ordem chegue.

Sabendo que ele fará uma coisa imbécil, ele acabe voltando a pensar no jovem que cortou o olho do minotauro, porém foi jogado para longe. " Hehe, eu vou fazer com que esse boi gigante se concentre em mim, e depois vejo o que posso fazer " Uma investida suícida, mesmo que funcione ele provavelmente vai morrer, mas desse modo ele servirá seu dever a cidade e aos seus companheiros.

James – AHHHHH -Com um grito ele parte par-

Jonathan – EI! VIADO CORNO! - Uma voz reconhecida mais uma vez chama a atenção do monstro, e também faz com que James olhe para um dos telhados.

Com o brilho do sol atrás de sua figura, Jonathan cheio de manchas de sangue e com os braços cruzados, um sorriso selvagem aparece em seu rosto.

Jonathan – ROUND 2, MINOTAURO! - Pegando um pedaço de telha de casa, Jonathan cobre o objeto com seu sangue e cria quatro pontas nele, fazendo uma shuriken. Ele joga com toda sua força, sua pontaria não é o suficiente para acertar o outro olho do monstro, mas uma parte de seu focinho é cortado.

Minotauro -MUUUUGGGGHHH- Com raiva por ter sido mais uma vez ferido, ele parte para cima de Jonathan. Com somente um balançar de sua arma um prédio inteiro é derrubado, mas nada do jovem no estabelecimento caído.

Jonathan – HA! Mira melhor na próxima corno – Um instante antes do porrete impactar, ele pulou com tudo para um outro prédio ao lado.

Minotauro – MUUUOOHH – De novo, o minotauro enfurecido tenta destruir o jovem que o insulta com sua persistência, e mais uma vez, seu ataque não atinge.

O padrão se repete mais uma vez, com um intervalo de tempo maior e com menos força, o monstro da duas baforadas antes de tentar de novo.

Jonathan " Esse bicho tá a alguns minutos só destruindo e atacando tudo a sua volta sem parar, ainda mais com os soldados atacando ele por todos os lados, mesmo sendo um monstro de outro mundo ele ainda deve seguir as mesmas leis da natureza que todos os outros, ou seja.." Mais uma vez pulando para outro prédio, a tática de Jonathan de cansar o minotauro parece estar fazendo efeito. " Uma hora ou outra, se ele não tiver um descanso ele eventualmente ficará sem gás "

Finalmente, o gigante para de atacar os prédios, baba desce pela sua boca e ele parece ofegar de esforço, o braço que erguia a estátua começa a abaixar. Logo a chance que Jonathan está a aparecer.

Jonathan – Dessa vez vou te cegar completamente CHIFRUDO! - Por um milagre, mesmo sendo jogado por vários metros e jogado que nem uma bola de futebol, o frasco que ele pegou dos goblins se manteve intacto, mesmo não sabendo dos ingredientes, Jonathan se lembra dos efeitos que teve em um dos soldados de ontem. Dessa vez mirando em seu olho esquerdo, o frasco voa até o alvo.

Minotauro – MUUUOOORRRHRH – O liquido viscoso e verde se espalha pelo seu olho, um som de algo queimando por ácido sai, e ele põe sua mão livre sobre a ferida. Por alguns instantes, ele só se concentra na ferida e dá a abertura para Jonathan atacar.

Jonathan – AHHHHHHHH – Gritando com dor e determinação, ele dá um pulo maior que todos os outros, dessa vez, com uma lança de sangue na mão, ele irá perfurar a cabeça do minotauro.

Minotauro – UUUUUGGGGMUUU – Mas de repente, ele tenta novamente acertar Jonathan, ele balança seu porrete como um taco, de baixo para cima em um movimento de pêndulo, a estátua em sua mão vai em direção ao jovem. Gritar com tudo provavelmente o alertou do ataque, mas não seria possível ele adivinhar de onde ele viria.

Sem muitas opções, Jonathan olha para o ataque e decide que vai desviar o dano de alguma forma, sem hesitação, de alguma forma ele vai enviar sua lança no crânio dele. Mas alguém chega com um grito e uma alabarda brilhando e proclama.

Merse – CORTE TEMPESTUOSO! - A heróina da ordem chega com uma velocidade absurda, concentrando uma vasta quantia de mana em sua arma, ela desfere um corte poderoso nas costas do minotauro. Uma ferida se estende pelos músculos do monstro, um rasgo grande por toda a sua costas.

O golpe é o suficiente para que seus joelhos se dobrem e o aperto que mantêm no porrete se solte um pouco, o ataque que iria desferir em Jonathan é cancelado.

Jonathan " AGORA!" Usando o porrete que estava posicionado para cima como rampa, ele desliza perfeitamente para a posição, um pouco de força nas suas pernas para ir pra frente, e então grita – MORRA! - A lança de sangue atinge o minotauro, atravessando pele, osso e seu frágil cérebro e com a ponta saindo de sua mandibula.

Sem nenhum som, os olhos do monstro rolam para trás, sangue sai de sua boca pela ferida no céu dela, e os joelhos que estavam dobrados caem ao chão. A estrutura massiva que ele era cria um estrondo ao cair, e uma nuvem de poeira levanta quando sua cabeça toca o chão junto do resto do corpo, com Jonathan ainda preso nela.

O campo de batalha se silencia, de pouco a pouco soldados se aproximam do cadáver do minotauro ainda envolto por poeira. Merse ainda sem baixar a guarda também começa a se aproximar, sua alabarda ainda em posição.

Um circulo de homens se forma em volta, alguns com esperança de que o pesadelo acabou, outros ainda com medo de que ainda terão que lutar contra a besta.

Jonathan – Uuugggh – Com um grunhido, ele começa a se levantar, para os soldados ao redor parece que uma sombra se levantou do monstro, e eles voltam a ficar a postos.

James Albert – Parado! Se identifique! - Tomando controle da situação, James tem uma boa idéia de quem está atrás da cortina de poeira que está se dissipando.

Até que toda a poeira sai e dá espaço e visibilidade para todos, uma visão incrível os aguarda.

Ensanguentado, com vestimentas estranhas e rasgadas, um jovem se mantém de pé na frente do corpo do minotauro. Os raios de fim da tarde dão um brilho alaranjado quase que místico para a cena. Ofegante o jovem na frente deles fala.

Jonathan – Eu sou Jonathan Cruz! O herói que veio mudar esse mundo! – Com uma pose orgulhosa, o homem fala para todos presentes.

E caí no chão desmaiando.