Em meio a praça de Lescatie onde ficava a estátua da deusa chefe, no momento só se encontra uma cratera de prédios demolidos. Os cidadãos começam a se aproximar do que antes eram suas casas, alguns chorando por perderem algo que viveram a toda sua vida e outros frustrados que terão que reformar tudo do zero.
James Albert e Merse Dascaros são os que estão liderando os esforços para acalmar a população, ordens são direcionadas para vários soldados, cada um com uma tarefa.
James – Soldado! Como está o garoto? -
Soldado 1 – Ele foi levado até sua mansão capitão, já estão tratando dos ferimentos dele – Com reverência ele fica em prontidão.
James " Ok, esse é um problema a menos agora " Lembrando de como o jovem estava assim que desmaiou, o veterano da guarda ficou abismado com os ferimentos dele. Ossos quebrados e com várias perfurações na pele, o que parecia um litro de sangue perdido em suas roupas e provavelmente outros ferimentos internos, mas ele ainda conseguiu se mexer e lutar mais uma vez com o monstro.
Merse – É James, parece que você vai ter o prato cheio pelos próximos dias – Se encostando com sua alabarda no chão de suporte, Merse começa a ver todas as pessoas passando pelos destroços e tirando o que podem – Bom, acho que meus homens devem ficar felizes em ajudar com a reforma. Ah! Já ia esquecendo, quando aquele moleque acordar, me avise, eu gostaria de saber quem é ele – Indo em direção ao seu quartel, Merse dá adeus para James.
James -Hmm – Confirmando, o homem volta a olhar para os destroços e mais especificamente para o corpo do monstro morto. " Para algo assim atacar no meio de Lescatie " Com apreensão e receio, James pondera sobre o que isso significa para o futuro " Com todos os meus anos de experiência no campo de batalha e comandando, eu só consigo pensar que tempos difíceis estão chegando para humanidade".
Em meio a um dos becos da cidade, afastado de toda a confusão recente, uma figura tapada fica sentada agachada atrás de um restante de pilar que sobre para fora de um dos prédios.
Melanie " Faz tempo que ele foi pra lá. Será que eu devo ir atrás dele? - Tremendo um pouco pensando no pior, Melanie tenta se desfazer desses pensamentos " Não, não, não. Ele mandou em ficar aqui quietinha que ele voltava, eu só tenho que esperar " Olhando para o céu que começa a escurecer, a Kobold espera ansiosamente e com um tanto de dúvida em seu coração " Talvez ele tenha me abandonado, eu não o cuparia, eu só ia atrapalha-lo " Abraçando com um pouco mais de força seus joelhos, algumas lágrimas começam a se formar.
Melanie – Não! Ele não faria isto, eu tenho certeza que logo ele volta – Balançando a cabeça de um lado para o outro, ela tenta negar esses pensamentos negativos. Mesmo com suas palavras, ainda remanescem dúvidas, e sem falar nada ela decide ir dormir um pouco esperando seu mestre.
Um jovem agora se encontra num espaço completamento negro, um lugar infinito sem paredes ou teto, uma vastidão enlouquecedora o cobre totalmente. Em meio a esse espaço, seu corpo flutua sem destino como num mar de trevas.
Jonathan " Caraca isso é muito chato…. Será que não dá pra passar logo pra parte importante do sonho, eu to aqui faz uns 10 minutos… E?! Opa pera ai eu to vendo uma coisa "
De fato, uma nova figura se mostra no local, como um ponto branco numa tela preta, ela chama toda a atenção dele. Uma luz efemera ilumina sua forma.
Um ser androgino com cabelos louros e pele pálida, roupas de estilo grego cobrindo seu corpo por completo mas ainda deixando espaço para que suas curvas se mostrem aparentes, seu cabelo louro é ondulado e vai até o começo de suas costas, seu pescoço tem um colar de flores segurados por uma armação dourada. Lirios ficam amarrados em seus braços e pernas, que são de forma delicada e macia, um ser tão feminino quanto masculino que faz Jonathan duvidar de sua heterossexualidade.
Jonathan – No homo – Sem querer ele deixa escapar.
Os olhos da figura sem nome se abrem, azuis como o mais puro oceano e fundos com sabedória perdida a milênios. Seus lábios cheios são hidratados por sua linguá e com o abrir de sua boca, ansiosamente Jonathan põe 120% de atenção nas palavras prestes a serem ditas, sem qualquer dúvida será algo importante e revelador, ele precisa lembrar delas, com certeza. Com foco total ele se inclina no espaço negro para ficar cada vez mais perto da figura.
? - ahh – Com um inspiro a figura começa a mexer a boca e
- MUUUUUUUUHHHHH – O som de uma vaca ecoa sobre todo o lugar. A face angelical do ser é substituída por uma vaca leiteira, aquelas brancas com manchas pretas.
Jonathan – AAAHHH! - Com um pulo, Jonathan acorda e joga pra cima os lençóis da cama que está, seu coração dispara em seu peito, o jumpscare que sua própria mente pregou nele foi efetivo. O grito que deu pelo menos não foi muito de viado.
Jonathan – Ah.. Nunca.. ah.. mais… ah eu tenho… ah… pena… de comer carne – Controlando sua respiração ele passa a mão na cara e toma ciência dos seus arredores.
Ele se encontra num quarto luxuoso, madeira tratada e movéis com extremos detalhes, ao lado da cama que ele dormia tem uma escrivaninha vermelha com três gavetas com detalhes de metal e com um vidro de água em cima dela. Perto da porta do aposento uma poltrona também vermelha bem ornamentada e almofadada de forma bem aconchegante.
! Porta Abrindo!
Um homem adulto entra no quarto e leva um segundo para notar que o ocupante dele está acordado. Jonathan sente que o homem é familiar, mesmo sem a armadura ele parece com um dos soldados que viu lutando com o monstro.
James – Ótimo! Você acordou garoto, teve todo o descanso que precisava? - Com um tom jovial, o capitão cumprimenta o jovem que continua na cama porém completamente acordado agora. O homem está agora com roupas formais, sem nenhuma armadura ou arma, mas sua aura de autoridade ainda permanece ao seu redor, mas muito mais calma do que no campo de batalha.
Jonathan começa a se lembrar mais um pouco da batalha, antes de atacar o minotauro logo que chegou, ele viu um soldado partindo pra cima dele, mas parou quando ele se anunciou.
Jonathan – Perai, você tava lá, não ?
James – Kuku, sim meu jovem, eu e meu batalhão estavamos quando o minotauro nasceu e tentamos impedi-lo de causar mais destruição, com resultados não espetaculares – Ele parece meio carisbaixo ao lembrar de como soldados normais não tiveram nenhuma chance contra o monstro – Mas ai você chegou e tudo virou pro nosso lado, e por isso eu lhe agradeço – Com gratidão o capitão inclina sua cabeça um pouco pra frente curvando-se em respeito.
Jonathan – Ah, bom, eu só vi aquele monstro depois que vi as pessoas fugindo e fui dar uma olhada, mesmo tendo consciência de quão perigoso aquilo foi – Jonathan começa a examinar seu corpo vendo que seus ferimentos já se recuperaram e está coberto por faixas brancas e limpas – Meu corpo é prova direta disso -
James – É garoto, não vou poupar palavras, o que você fez passou de coragem e entrou no território da burrice, só porque você teve sucesso não apaga esse fato – Adotando uma postura de um professor dando uma lição, James olha seriamente para o garoto, até que um olhar mais gentil e um sorriso entram em sua expressão – Mesmo assim, eu teria perdido bons soldados sem a sua interferência, e por isso eu fico em divída com você – Se mostrando sério agora, ele toma uma postura mais rígida.
James – Eu não acho que você saiba, mas no momento Lescatie está relativamente desprotegida no momento, heróis como Wilmarina, Primera e Mimil, junto de seus batalhões estão fora dos territórios da ordem em cruzadas para conquistar territórios bárbaros, então só sobrou poucos heróis focados em luta na cidade para defendê-la – Ele informa a situação da cidade no momento, não é incomum heróis sairem para missões ou deixar a cidade por alguns dias para caçar relatos de monstros no território da ordem, mas algo parece ter levado quase todos os combatentes mais fortes de Lescatie para fora. " O que me incomoda é a quantidade de nobres que está absente no dia do ataque. Alguns deles estão agendados para voltar somente daqui algumas semanas, somente o rei e seus conselheiros ficaram de nobres na cidade"
Um pouco surpreso, Jonathan não pensou que receberia agradecimentos assim. Mesmo que tenha partido para matar o minotauro não para salvar os soldados, mas sim porque é o que um protagonista faria, ele se sente bem sabendo que ajudou. Normalmente a situação não teria chegado naquele ponto de Lescatie estivesse com seus combatentes, mas ele chegar no mesmo dia que isso aconteceu é muita sorte.
Jonathan – Ah! A propósito, por quanto tempo eu fiquei apagado – Se lembrando de algo muito importante, ele joga suas pernas para fora da cama e se senta na beirada.
James – Humph! 3 dias diretos, o que me impressiona é que com os ferimentos que você tinha normalmente demoraria meses de descanso para você poder se mexer, mas todos eles se curaram no final do segundo dia – Realmente impressionado com a capacidade regenerativa do garoto, que está num nível maior até mesmo do que os heróis da ordem. - A propósito como se sente, alguma dor ou cansaço ?-
Jonathan – Não, eu me sinto bem falando a verdade, só um pouco com fome – Passando a mão em sua barriga, ele nota que ela diminuiu um pouco. Provavelmente o estresse posto em seu corpo pela luta e pela recuperação deve ter gastado uma quantia alta de energia.
James – Entendo, vou chamar uma das empregadas para trazer uma janta completa para você – Ao chegar na porta e estar prestes a sair ele pergunta – Além disso você precisa de mais alguma coisa?-
Jonathan pensa um pouco, ele não deseja abusar da gratidão que está recebendo mas no momento é uma emergência.
Jonathan – Eu preciso de uma casa ou apartamento, de preferência na parte mais tranquila da cidade, e dinheiro para uma família de 4 pessoas viverem confortavelmente por alguns meses – Pedindo tudo de uma vez, Jonathan espera com os dedos cruzados que um pedido desses não seja muito. Pelo que ele observou o homem na frente dele é importante e com bastante recursos, mas fica ansioso por não querer estar enganado.
James " É, ele não parece um herói da ordem, normalmente eles ou são completamente altruístas ou tentam esconder suas verdadeiras intenções, mas esse rapaz falou direto o que quer, bom saber que ele é direto assim " Virando-se para encarar o garoto melhor ele analisa ele para ver algum detalhe a mais sobre.
James – Bom, fui eu que ofereci então não posso reclamar, aliás, tais coisas são simples para mim. Eu tenho um lugar que uso como lugar de encontro com meus soldados para beber, mas deve ser fácil achar outro lugar para nós. O dinheiro também não será problema, não encontramos nenhum documento com você e só uma merreca de dinheiro, então aposto que você precisa dessas coisas – O mais estranho dele não ter nenhum documento, é que não só não sabem a sua identidade, mas nem como tem esses poderes misteriosos que usou na batalha.
Jonathan – Além disso não precisa de muito mais, depois de comer eu vou dar uma volta pela cidade, não me sinto cansado ou com dor então um pouco de exercicio vai fazer bem para mim -
Jonathan " Além do mais, eu não quero deixar ela mais tempo sozinha, eu espero que ela tenha se escondido bem e ninguém tenha encontrado ela, com o ataque desse monstro as pessoas devem estar em pânico, não quero imaginar o que fariam com uma mamono" O pensamento de Melanie em perigo por causa de sua própria fraqueza, faz o coração de Jonathan apertar com algo ruim.
James – Você tem certeza? Não deseja mais uns dias de descanso, você quase morreu e passou por ferimentos horríveis – Quando o capitão da guarda pediu para o garoto ser levado para sua mansão, ele deu uma olhada em seu estado, e sendo sincero ele nunca tinha visto alguém com o corpo tão destruído, até mesmo em seus tempos de guerra, ele nunca viu alguém vivo quebrado daquele jeito, e pela sua experiência, soldados jovens que se encontram com monstros precisam de dias para se recuperar, tanto fisicamente quanto mentalmente.
Jonathan – Tenho, não sei o porque de ficar deitado ainda mais, e de qualquer jeito eu não morri então não importa o quanto eu me feri, mas eu admito que foi desconfortável – Com total desinteresse , ele deixa de lado o fato de quase morrer.
James –He, ok então! Eu vou te fazer um extra e te dar a chave do lugar e o endereço certo após você comer, o dinheiro você pode buscar amanhã, mas no momento só pense em descansar – Tentando mudar o assunto, ele não deixa escapar o desconforto que sentiu ao ver o jovem mostrar indiferença a sua situação – Ah, e já ia me esquecendo, Merce Dascaros a mulher que lhe ajudou na luta quer te ver assim que possível, o rei de Lescatie também deve ter interesse no garoto que salvou a cidade, então amanhã irei lhe buscar para encontrar os dois. Eu não acho que tenha que apontar isso, mas seria de seu interesse não sair da cidade – A última parte de sua fala veio com um tom um pouquinho ameaçador, o bastante para fixar o aviso.
James " Pelo menos assim, podemos mantê-lo na cidade sem usar hostilidades, e com a Merse interessada nele eu duvido que ele conseguiria fugir caso suspeita-se de algo " Ao concluir, James fecha a porta e vai buscar o que prometeu.
? - Parece que o teste do Flesh Cube foi um sucesso senhor – Uma voz ríspida e grossa fala para uma figura encapuzada.
O lugar que esses dois seres estão é úmido e quente, as paredes de pedra natural que passam são iluminadas por cristais que brilham numa tonalidade azul, uma caverna natural úmida e bem espaçosa, pelo diâmetro dela, uma carruagem grande poderia passar sem problemas por ela. No teto mais das pedras luminosas brilham, mas o jeito que elas saem do teto formando estalactites é intimidador de quão afiados são. Umas poças de algum liquído são pisadas pelos passos dos dois andando.
A figura que anda mais para trás é um tanto baixa, chegando a barriga do outro encapuzado, além de uma corcunda que é tapado por um manto, ele tem um tipo de cetro que o ajuda a andar. A cara do ser é enrugada e cinza, com sinais de alta velhice, seu pontudo nariz fica por cima de sua boca cheia de dentes afiados. Em vez do normal par de olhos, ele tem somente um olho no meio de sua testa, uma iris amarela parece brilhar na escuridão da caverna, e suas pálpebras quase se fecham por causa das rugas em sua testa e cabeça careca. Seus músculos quase que atrofiados o arrastam em conjunto com o seu líder. Em uma de suas mãos, dez anéis de cores e aparências distintas estão colocados entre os 5 dedos que ele tem, tão enrugados como o resto do corpo e terminando em unhas compridas e mal cuidadas.
? - Eu diria que sim, até excedeu minhas expectativas com o quão rápido ele levou para amadurecer. Mas não se engane Hermes, esse avanço só inicia o começo da minha ascensão, mesmo sendo uma forma rápida de criar soldados, eles são ainda imperfeitos, mas de qualquer forma, bom trabalho – O elfo negro que foi visto em Lescatie diz a figura corcunda um passo atrás. Um sorriso de satisfação aparece em sua face.
Hermes – Sim meu senhor, algumas falhas no processo de criação deles os deixam um pouco 'defeituosos' , mas eles servem muito bem durante sua ativação, além disso o novo método que inventei será um sucesso, eu o prometo – Ainda o acompanhando, eles param um segundo, no que parece ser um beco sem saída, após o corcunda passar sua mão no ar, uma miragem parece ondular no ar, como uma névoa a parede de pedra se dissipa.
Na frente deles, uma câmara dentro do corredor da caverna se abre, um miasma intenso paira no ar logo na entrada, e entrando no lugar o cenário é repulsivo, algo realmente dos pesadelos de um maniaco. As paredes estão cobertas por uma espécie de manto de carne, vermelha pulsante e úmida, a carne parece estar viva e se mexendo irracionalmente. Ao redor das paredes protrusões como bolhas saltam, elas parecem ter uma camada mais fina de carne, quase as deixando transparente.
O elfo negro se aproxima de uma dessas bolhas, seu sorriso maléfico se torna satisfeito seus passos fazem um som nojento ao pisar no chão do lugar. Ao chegar perto ele a admira como se estivesse admirando uma arte que produziu após meses de esforço. Ele passa a mão na superfície fina dela, e ao focar sua visão consegue ver o que está dentro. A primeira vista parece ser somente uma mulher jovem, grávida, porém sem nenhum machucado aparente, mas se aproximando pode-se ver que seus membros estão sendo absorvidos pela parede, só deixando sua cabeça, torço e barriga a mostra, seus braços e pernas ficam cobertas pela substância carnuda que cobre o resto da câmara. Seus cabelos flutuam num tipo de liquido dentro da bolha, um tentáculo de carne partindo do inferior da câmara que ela está entra em sua boca e cobre uma boa parte de seu rosto, no momento ela está inconsciente, mas o homem a sua frente pretende mudar isso.
Um pulso de energia emana de dentro da bolha, e em seguida a mulher que estava lá dentro acorda. Em pânico, seus olhos se abrem com tudo e ela começa a tentar se mexer, sem sucesso pois seus membros continuam presos na parede pela carne, um medo avassalador toma conta dela, suas tentativas se tornam frenéticas e bolhas de ar começam a sair do tubo que está em sua boca.
Para o maior medo dela, algo começa a brilhar direta de sua barriga, como um animal bio-luminescente, uma luz química sai de dentro de sua barriga, ela começa a se expandir, como um balão que está se enchendo, as paredes de seu estômago se estendem e veias começam a pular, uma face de dor imensurável aparece na mulher, seus olhos olham para todo lugar procurando por ajuda, nenhum socorro pode ajuda-la no momento mas seu medo está inibindo qualquer pensamento lógico. Logo, tudo chega a um pico.
A face de dor dela se contorce, seus olhos se reviram em seu crânio, espasmos acontecem por todo o seu corpo, e sua barriga continua a inflar, como num último sopro, sua barriga estoura junto com a bolha que estava dentro.
O elfo se afastou no momento certo para não ser encharcado pelo fluído que derramou inteiramente no chão, visceras e algo parecido com placenta ficam a seus pés, o corpo da mulher continua suspenso, mas com seu torso estourado, seus últimos segundos de vida são de completa agonia. O homem que tornou tudo isso possível usa 5 segundos para observar o corpo da mulher, inexpressivo com o ato brutal, seus olhos se dirigem ao chão.
Ele se abaixa, logo na ponta de seus pés aparece o objeto que procurava ao vir para esse lugar fedido e imundo, seus dedos enluvados seguram um pequeno cubo vermelho e pulsante, ao se elevar e trazer o objeto até seus olhos. Um brilho fraco aparece em uma das faces do cubo, ao vira-lo a face mostra uma figura de um leão sendo estrangulado por uma cobra com assas, um dos monstros mais selvagens e incontroláveis está na palma de sua mão.
? - Com isso o mundo irá se lembrar da verdadeira face dos monstros! O nome do verdadeiro lorde demônio trara medo a todos os territórios da humanidade, Typhon será aquele que se livrara das correntes impostas pelos deuses antigos – Sua proclamação ecoa por toda a caverna, se virando, as luzes vindas das pedras no teto começam a ascender, um brilho sinistro toma o lugar, e nele se observa fileiras e fileiras de bolhas contendo mulheres humanas grávidas, algumas ainda acordadas e se debatendo com tudo enquanto a carne que envolve as paredes viola seus corpos e descarrega uma energia máligna dentro delas.
Typhon – Hermes! Me diga em quanto tempo o novo método de criação ficara pronto? - Se virando para seu servo? Conselheiro? Amigo? O que quer que seja, Hermes se mostra de prontidão ao ver o sorriso calculado de seu mestre.
Hermes – 3 – não! 5 meses senhor, com os recursos que temos irá tomar 5 meses para a primeira leva de soldados, mas eu lhe prometo que assim que começarmos, o processo será muito mais rápido – Com um entusiasmo comparável a Typhon, o corcunda dá uma estimativa para suas preparações.
Typhon – Ótimo! Em 5 meses começaremos nossos planos de invasão, até lá, conservaremos nossas forças e cultivaremos cada vez mais Flesh Cubes – Indo para mais fundo na caverna, o lider dos monstros deixa seu sorriso cair e sua expressão se torna assustadora " E então, aquela megera irá pagar pela zombaria que fez de nossos sonhos, Mestre Tártaros " Seus olhos de rubi brilham com uma determinação e convicção inumanas.
~ 5 horas depois, nas ruas de Lescatie ~
O céu da cidade é iluminado pela lua e estrelas, suas ruas são pelos postes com pedras mágicas provendo sua luz artificial. Enquanto alguns lugares fecham suas atividades por hoje, alguns começam agora mesmo, e donos de bares e hospedarias ficam nas portas de seus estabelecimentos divulgando seus produtos.
Jonathan – Arf, arf, arf, arf, Vamos lá! Arf, você se lembra de onde é Jonathan – Ofegante por correr da mansão de James até o centro da cidade, o garoto começa a olhar ao seu redor tentando lembrar do caminho que percorreu alguns dias atrás.
Ao dobrar uma esquina, ele começa a retraçar os passos que deu ao chegar na cidade, e o caminho que ele tomou com ela ainda escondida começa a aparecer melhor em sua memória.
Jonathan " Droga, droga, droga! Ela deve estar sozinho agora, sozinha e com fome ou frio, eu não acredito nisso! Burro, burro, burro" Com uma cara de raiva, Jonathan dobra uma rua familiar e reconhece num instante o beco de onde Melanie e ele começaram seu tour por Lescatie.
Jonathan – ha, ha, ha ….. Melanie ! Melanie cade você – Ao chegar no beco que ordenou a Kobold a voltar Jonathan começa a chama-la com um pouco de tremulidade em sua voz, como se estivesse com medo de não ter uma resposta.
Jonathan " Por favor esteja, Por favor esteja bem, Por favor esteja - " Os pensamentos dele não conseguem apitar outra coisa, um tipo bem forte de culpa o aperta por dentro.
Melanie – M-mestr-e-e ? - Bem baixinho, Jonathan escuta uma voz feminina e fraca quase que murmurar seu nome.
Jonathan – Melanie! Você t – Alegre por encontra-la, sua felicidade dura pouco ao ver o estado dela.
O pano que usaram para esconde-la na cidade está quase um trapo, com rasgos e manchas de água cobrindo ele. Ainda agarrada e coberta com ele, Melanie parece estar quase da mesma forma, seu pelo que antes era felpudo, brilhoso e macio, agora está sujo e com um tom mais negro do que o normal, e está todo bagunçado como se alguém tivesse escovado ela com o intuito de deixa-la como um morador de rua. Uma mancha preta de sujeira é aparente em sua cara. Ao focar seus olhos na figura que apareceu, eles ganham um pouco mais de brilho. Um pouco de felicidade aparece na cara dela, mas logo uma expressão de arrependimento e culpa tomam conta.
Melanie – Hic, hic, hic – Pequenos choros saem dela, um pouco de ranho cai do nariz mas ela nem presta atenção em limpa-lo, uma enorme felicidade toma conta dela ao ver seu mestre voltando para busca-la, mas também a outros sentimentos a fazendo chorar. Seus pés começam a se mover para levantar, mas sua fraqueza a deixa meio bamba
Jonathan – Ei, ei, ei, ei, Não precisa se levantar, deixa que eu ajudo – Se ajoelhando e ficando mais perto da Kobold, ele se surpreende quando ela pula em seus braços e o agarra com uma força desesperada porém frágil ainda – calma, tá eu voltei, eu não vou a lugar nenhum e-
Melanie – Hic, hic, desculpa, hic, desculpa, mestre eu não ,hic, fiquei todo o tempo aqui no beco como você falou, hic, quando, hic, eu fiquei com fome ou sede de mas eu pedi para as pessoas que passavam um pouco, hic, elas as vezes davam dinheiro e não da pra comer dinheiro então eu, hic, hic, desobedeci e sai do beco pra comprar comida, hic, desculpa, desculpa mestre, hic – Com vergonha por não ter nem conseguido esperar de forma certa por Jonathan, por ter que desobedecer uma ordem que ele fez para protege-la e por até começar a duvidar que ele voltaria de verdade, Melanie abaixa a sua cabeça, com suas pequenas orelhas de cachorro também abaixando.
Jonathan " …. " O único jeito de descrever como ele se sente, seria como um merda, um vacilão, um idiota. Uma dor fantasma de culpa enfinca em seu coração, ele pensa em chorar mas sabe que não merece, ele morde seu lábio com raiva de si mesmo por ter deixado a garota sozinha por 3 dias inteiros, enquanto ele dormia no macio e se recuperava, ela ficou aqui fora, com frio, fome, sede e sozinha. Ele a mandou se esconder e ela confiando 100% nele, poderia ter terminado morta. Ele tinha ido em direção ao perigo sem pensar que agora ele tem uma companheira, ele nem perguntou a opinião dela sobre suas ações. " Pensando bem agora, eu nunca parei para pensar no que ela achava, eu só fui trazendo ela comigo sem me preocupar com o bem-estar e opinião dela, e olha aonde eu quase levei ela, KGHuuuu" Com seus pensamentos ainda embrulhados ele dá mais uma olhada nos olhos de Melanie.
De forma que o deixa espantado, ela ainda o olha com confiança e admiração, coisas como saudade e cansaço também saem de seus olhos, mas raiva, ódio, frustração e traição não tomam nem um pingo do seu olhar. Mesmo após tudo isso ela ainda confia em Jonathan.
Jonathan decide neste momento algo, deixa-la sozinha e manda-la voltar ao beco parecia ser uma boa idéia na hora, mas ele não pensou o que aconteceria se ele se machucasse ou pior, morresse, deixando ela sozinha dentro de um território da ordem. Seu egoísmo e busca por glória o cegou e ele não pensou direito nas consequências, ele não pode continuar assim, querendo ou não ele a trouxe para cá sem confirmar 100% que ela desejava entrar em Lescatie. A responsabilidade de ajuda-la e cuidar dela passou a ser dele assim que ele a fez entrar na cidade. Ele não está sozinho nessa, a partir de agora ele deve decidir junto dela o que terão que fazer.
Melanie - Hic, hic, hã?!, mestre?, por que você? - Surpresa, ela sente um calor muito forte envelopar seu corpo, sem dar mais um segundo para ela continuar a se auto depreciar, Jonathan pôs seus braços sobre ela, e a abraçou com força, puxando o corpo dos dois mais perto um do outro. Melanie, sente o cheiro característico de Jonathan, um toque de melância, com suor e o cheiro natural masculino dele. Sua tristeza e vergonha dão lugar para um sentimento de conforto e felicidade, ela ainda consegue sentir as emoções negativas no canto de seu coração, mesmo que a envergonhe um pouco ela sentiu sim um pouco de raiva e ansiedade esperando por ele, mas ele voltou e prometeu cuidar dela, isso mostra que ela estava certa ao escolher ele.
Jonathan – Não fala mais nada ok. Vem, eu vou te levar para um lugar seguro e com comida, e com água, e com cama, e com banheiro, e com companhia, tá ok? - Deixando que ela se amoleça em seu abraço, ele coloca sua mão por baixo de suas coxas e a levanta. Com ela em seus braços como uma princesa, com uma vermelhidão em sua face mas com um sorriso simples em seu rosto, ele olhar para o endereço do local que recebeu e parte para lá com sua companheira. - E amanhã, quando você estiver descansada, a gente vai conversar no que vamos fazer daqui pra frente ok? - Olhando para ela, Jonathan aperta com um pouquinho mais de força, sem deixa-la desconfortável, somente dando a ela mais carinho de sua parte.
Com um pano ainda tampando seu rosto, e sendo segurada pelo seu herói, Melanie deixa seus olhos descansarem e confia seu corpo a Jonathan. Um sorriso aparece em sua face porque naquele momento ela sabia que estava segura.
