"O mundo Mamono" escrito por XXXXXXXXX, seção mamonos tipo besta - Kobolds

Kobold a raça canina que mais faz jus ao lema " o melhor amigo do homem" são mamonos do tipo fera, não sendo específicos de somente uma região, é possível encontrar um deles por qualquer parte do mundo. Sua atitude dócil e gentil é um vasto contraste ao típico comportamento de mamonos tipo fera. Embora nem todos desse tipo tenham naturalmente uma disposição agressiva, poucas são as raças mais passivas que a dos Kobolds.

Mas não se engane, eles ainda são mamono, e carregam consigo as mesmas capacidades de atrair homens solteiros quanto qualquer outro mamono, embora suas táticas são muito mais passivas do que a maioria deles. Dentro de seus corpos, existe uma glândula que mistura seu suor com um pouco de mana de mamono ou M.M para abreviar, que garante a Kobolds um feromônio imperceptível e de efeito demorado. Tal feromônio induz grandes sentimentos de luxúria e desejo a homens solteiros, por esse motivo Kobolds só começam a liberar tal cheiro quando em contato com um homem que elas decidiram chamar como mestre. Tal mestre em questão de tempo será cada vez mais alvejado pelo seu aroma e mesmo sem sua percepção, começa a desejar a Kobold como um homem deseja uma mulher.

Tal atitude, mesmo que sorrateira, só é tomada para aqueles que a Kobold genuinamente tem interesse, ao contrário da maioria das raças de mamono que deseja indiscriminadamente um parceiro, e Kobolds sempre oferecem tudo de corpo e alma para aqueles que são escolhidos como seus mestres ( que nessa ocasião simplesmente significa o homem que ela ama ). Eles costumam ter um gosto para homens responsáveis, carinhosos e gentis.

Um fato muito interessante sobre Kobolds, ao contrário do achismo popular, ao invés de verem em preto e branco, essa espécie visualiza o espectro total de cores, e adicionando seus instintos animais e faro poderosíssimo, sua visão pode ser até melhor que a de várias raças incluindo humanos. Dando a eles uma visão muito mais completa, até mesmo em ambientes escuros ou com visibilidade comprometida.

Se um homem tem uma Kobold como parceira, em um tempo d meses em contato com sua M.M, sua alma é convertida de totalmente humana para meio incúbus, e como a Kobold ganha faro e instinto apurados, sendo isso um bônus muito útil.

* Informações sobre transmutação em meio-incúbus será discutido mais a fundo nos próximos seguimentos desse livro *

Jonathan sempre foi alguém que dormia profundamente, várias foram as vezes que sua família quase jogou um balde de água fria em sua cabeça para acordar. Mas isso só é verdade quando ele está num lugar em que ele confia, como sua casa e a dos seus amigos mais próximos. Quando é num lugar diferente, como em ônibus ou hotéis, seu sono é bem leve, qualquer barulho é o suficiente para deixa-lo alerta, quase como se fosse um predador, enquanto num lugar com possíveis outros predadores, seus instintos são mais aguçados e após caçar sua refeição e voltar para sua toca, seu sono é profundo para que possa digerir a comida.

Então é uma surpresa pra ele que ele se sinta tão descansado agora. Mesmo sem abrir os olhos o conforto que ele sente agora, dá a ele uma energia para o dia todo.

Jonathan " Ué, onde que eu dormi mesmo, ah" Divagando sobre sua situação, ele sente algo passar pelo seu nariz de forma rítmica, fazendo umas cócegas.

Melanie – uhm….uhm – Emitindo uns barulhos fofos de sua boca, deitada no peito destapado de Jonathan, uma mecha do seu cabelo passa de vez em quando no nariz dele.

Jonathan " Hmm" Com os raios de sol batendo em seus corpos, ele percebe com um pouco de alívio e só um tiquinho de decepção que além de sua camisa, nenhuma outra roupa está fora do seu corpo. Se recordando da noite passada, eles após saírem do beco, foram para casa que o capitão ofereceu de moradia para ele. Os dois estavam morrendo de cansaço, mas Jonathan se lembra de ter feito uma janta para os dois e dado um banho em Melanie que estava fraca ainda.

Jonathan " É incrível pensar que esse mundo medieval possui água encanada. Mas de resto não é lá tão avançado assim, a cozinha é bem básica, com um daqueles tanques de casa para lavar roupa, e fogões a lenha, até mesmo as luzes eram somente lamparinas para o resto da casa tirando o quarto principal onde tinha um tipo de lâmpada feita com um cristal mágico" Ao se lembrar melhor da casa, ele pode destacar que dá uma sensação bem caseira e aconchegante. Ao invés de ser um prédio igual a maioria das habitações no centro da cidade, a casa tem somente um andar com 2 quartos, uma sala, um banheiro e uma sala de estar que serve como área de jantar com uma abertura em de porta com uma curvatura de arco na parte de cima que leva até a cozinha. Por fora parecia que a maior parte dela seria de madeira, ao ver que os suportes eram de troncos de carvalho, mas parece que todas as paredes foram feitos de cimento, mesmo eles provavelmente não tendo a formula para fazer ainda, então a pedra que cobre as paredes deve ser algo como matriz ou quartzo, o que torna essa casa simples bem cara de ser feita nessa época. Ao menos as janelas são aquelas retraives ao invés de trilhos como as janelas da sua casa de volta em seu mundo, aquelas coisas viviam rangendo , e já via acompanhadas de mini jardins na frente delas, demarcados por pedras.

Jonathan – Ei Melanie, acorda ai – Dando uma mexida nela, ela parece não perceber de primeira mas.

Melanie -Uhm…. Só mais um cinco minutos – Sem nem abrir os olhos ela murmulha com um pouquinho de baba descendo de seus lábios.

Jonathan " Fofo. Acho que não custa deixar mais um tempo" Se remexendo para ficar mais confortável, ele só aprecia o barulho dos pássaros e da Melanie respirando em seu peito.

Logo após Jonathan preparar um café para os dois, consistindo de simples pão e margarina, os dois continuam na mesa, sentados um de frente para o outro, ele põe a situação na mesa.

Jonathan – Melanie, eu vou ter que me encontrar com umas pessoas hoje, elas querem que eu esclareça coisas sobre como eu despachei do minotauro – Ele querendo deixar Melanie na mesma página que ele, explica todo o encontro que aconteceu com James ontem.

Melanie " Então quase na mesma hora que acordou, ele veio me procurar. Eu fico muito mais agradecida por ele fazer isso. Sabendo disso minhas preocupações antes parecem meio bobas" Melanie não gostou daqueles sentimentos de dúvida e de traição, mesmo com a bagunça que estava sua cabeça na hora. " Não é como se ele tivesse dado razões pra eu duvidar dele, diferente daquela! "

Jonathan – Então, diante de tudo isso, eu queria te fazer uma pergunta – Distraindo Melanie de seus pensamento e puxando ela de volta para conversa, ela dá um pulinho e volta a olhar para Jonathan.

Melanie – Ah, sim, o que precisa? - Querendo saber do que seu mestre vai precisar dela, o rabinho dela começa a balançar de forma excitada atrás da cadeira.

Jonathan – O que você deseja fazer daqui pra frente ? - Seriamente, ele faz a pergunta que tinha pensado desde ontem, provavelmente sendo a primeira vez que ele pergunta a opinião dela. ( Esse fato o deixa um pouco culpado, mas antes tarde do que nunca ) .

Melanie – Hum, como assim ? - Sendo uma pergunta vinda do nada, ela fica meio confusa.

Jonathan – Eu quero saber se você planeja continuar comigo ou deseja continuar a fazer suas coisas – O jovem não sabe o que ela estava fazendo antes, mas duvido que ela planejava seguir um forasteiro de outro mundo assim que chegou perto de Lescatie.

Melanie " Por que ele está perguntando isso? AH! Será que ele quer se livrar de mim?! Mas porque eu … Não! Melanie você já falou que esses pensamentos são bobos, ele só quer saber da sua opinião"

Melanie – Ah, eu gostaria de – Indo responder de forma automática, ela é impedida de completar.

Jonathan – E antes de qualquer coisa, eu quero que você tenha em mente que as coisas podem ficar mais perigosas daqui pra frente, eu quero saber de verdade, se você vai querer continuar me acompanhando. Eu aprecio muito a sua companhia, mas eu não me perdoaria se algo acontecesse com você – Antes que a Kobold de uma responsa sem pensar, ele esclarece muito bem os motivos que o levarão a questiona-la sobre suas intenções daqui para frente. Ele também quer ter certeza que ela escolheu ficar com ele por vontade própria e que não tem nenhum ressentimento por tê-la deixado naquele beco por tanto tempo, mesmo que não tenha sido de propósito, ele ainda se sente meio mal.

Observando ela e esperando ansiosamente pela resposta, seus olhos acompanham ela quando ela se levanta da cadeira e contorna a mesa para ficar bem na frente dele.

Melanie – Eu posso até ter ficado preocupada quando você foi em direção aquele monstro, e meio ansiosa esperando você naquele lugar, mas você cumpriu sua promessa e voltou, mesmo podendo me deixar lá e não sofrer nenhuma consequência você quis voltar. Isso é com certeza uma prova que você é um homem que vale a pena ficar junto Jonathan – Sorrindo, ela pega nas mãos do jovem e olha diretamente pra ele, seus sentimentos são manifestados em seus olhos brilhantes e alegres. - Me salvou de uma situação que quase acabou com minha morte, e após isso, conseguiu abrigo e comida para mim, sem pedir nada de volta. Eu fiquei muito feliz quando você mostrou interesse em me acompanhar até Lescatie, e está me deixando muito feliz, mostrando que se importa com minha opinião, muitos humanos me tratam como um simples animal que segue comandos e só fica com alguém por ser inocente ou tola, mas eu falo de coração que você é alguém que eu quero seguir daqui pra frente - .

Jonathan – Ah! - Preparado com uma resposta simples de sim ou não, ele se surpreende com a sinceridade nas palavras de Melanie. Mesmo que sem perceber, elas fizeram que um peso grande fosse descarregado de seus ombros. Saber que ela ainda confia nele desse modo lhe trás uma grande felicidade.

Jonathan – OK! Se você quer continuar comigo, então estou de braços abertos, eu prometo que não vou deixar nada .. Hm! - Melanie pula nos braços de Jonathan, dando um abraço bem forte.

Jonathan – Hã, Melanie eu ainda não terminei meu discurso -

Melanie – Mas você falou que estava de braços abertos, você não queria um abraço? - Inclinando sua cabeça para o lado de forma fofa, não tem como Jonathan negar isso a ela.

Jonathan -É, é foi isso mesmo que eu queria – Sorrindo ele põe seus braços ao redor dela. " Isso é legal "

James e Jonathan se encontraram quase na porta de sua casa, e foram dali direto para a rua principal do castelo. Após o momento com a Melanie, ele falou sobre quem quer o encontrar hoje e pediu que ficasse dentro de casa, ele também deixou comida pra ela e falou que caso alguém entre em casa e veja ela, era para ela correr, e me procurar, mesmo que eu esteja na sala do trono, que ele a protegera.

Andar pelas ruas de Lescatie acompanhado de alguém que morou aqui dentro sua vida inteira faz da caminhada quase que um passeio turístico. Enquanto Jonathan caminha ao seu lado, o capitão da guarda James, de vez em quando aponta para um lugar e dá uma pequena explicação sobre eles.

James – E foi ali naquela venda de frutas que conheci meu vice-capitão, você devia tê-lo vista, parecia que uma brisa forte seria o bastante para derruba-lo, hahaha – Bem diferente do semblante sério e profissional que Jonathan esperava dele, sua atitude despreocupada até que o relaxa um pouco. Ao invés de parecer um oficial levando um criminoso ao juri, eles parecem só um jovem seguindo o homem mais velho para um bar.

James – E naquele prédio ali foi onde o último herdeiro homem da família Makir teve um ataque do coração. Pobre homem ainda nem tinha provado sua primeira bebida – Com um tom mais triste e sério em sua voz, ele se relembra da comoção que aconteceu logo após.

Jonathan – Ah eu sei! É aquelas coisas de briga por herança não é mês..Kghu! - Antes que terminasse de falar despreocupadamente, James bruscamente põe sua mão sobre a boca dele e o leva até um canto com sombra para a rua.

James – Garoto, nunca fale algo assim tão livremente dentro dessa cidade! - Com uma voz bem grave, a aparência despreocupada que mostrava antes sumia completamente, o experiente e calculista capitão da guarda olhava de canto de rosto para os arredores, verificando se não foram ouvidos.

James – Não se deve falar desses assuntos ao ar livre como se fosse coisa boba. Esse tipo de acusação é muito séria e – Tirando a mão da boca de Jonathan, ele começa a se aproximar do seu ouvido – Não sabemos quem está escutando, os nobres dessa cidade tendem a fazer coisas drásticas quando um dos seus "ouvidos" escuta algo assim – Dando um leve suspiro, ele se afasta do garoto, Jonathan parece estar colocando o quebra-cabeça no lugar.

Jonathan " Puta merda! É mesmo, nos livros dizia que Lescatie apesar de ser bonita e um centro importante da ordem, é extremamente corrupta, eu não me lembro bem o nivel que as coisas chegaram, mas eu não gostaria de fazer um desses nobres meu inimigo por enquanto" Engolindo seco, ele mostra que entende a gravidade da situação, ele vai ter que pensar melhor nas coisas que fala se não quiser ter muitos problemas cedo na cidade.

James – Lembre-se garoto, toda a beleza do mundo só esconde os ratos, e eles são muito bons em cheirar carne fresca – Voltando a andar pelo meio da rua, Jonathan volta a segui-lo agora com um ambiente mais frio e quieto.

A caminhada até o castelo não foi tão extensa quanto ele esperava, antes mesmo do meio-dia eles já estavam no portão, e ajudou que James ainda quis falar sobre alguns lugares da cidade ao invés de ficar em silêncio. Mesmo que Jonathan não estivesse muito focado no papo, ele apreciou isso. Ficaria muito constrangedor para ele recomeçar a conversa depois da trapalhada que ele deu.

Olhando para frente, o castelo realmente faz jus a cidade, uma coloração puxada para o azul, branco e com toques de dourado. Toda a pedra da estrutura é branca polida, a porta que faz um arco para cima, feita de madeira grossa e escura, com o metal que fica cerca a madeira pintado ou sendo realmente de ouro. Olhando para cima, ele consegue ver guardas vigiando sua entrada caminhando em cima dos portões, torres que além de dar mais visibilidade para arqueiros também deve servir como armazém de flechas e outros equipamentos.

Esperamos mais ou menos uns 5 minutos, até que um dos guardas nos recepcionou e pediu que esperassemos mais pouco para que o rei nos receba. Mesmo que por fora Jonathan mantenha uma serenidade em sua postura, em sua cabeça ele volta a ponderar sobre o estado corrupto que é a política de Lescatie.

Jonathan " Eu sei que no momento o rei não tem muito poder político, e quem realmente comanda está por trás do trono, mas quem deles será que está verdadeiramente curioso por mim. Ambos podem ser opções ruins até onde eu sei."

James – Ei garoto – Dando um toque de leve em seu ombro, o capitão da guarda percebeu seu nervosismo, mesmo que escondido, o mais velho tem experiência demais para não ver os sinais de agitação no jovem – Não há necessidade de ficar nervoso, ele só vai te parabenizar por ter matado o minotauro e fazer umas simples perguntas – Adotando um pouco de seriedade agora, ele termina – Mas se quiser um conselho, faça o seguinte, FALE A VERDADE, no momento ninguém sabe muito sobre você, então qualquer mentira pode ser levado muito mais a sério do que deveria, e os nobres da cidade continuam paranóicos com o que aconteceu nos ultimos dia. Eu não quero ver você atrás das grades moleque, você é um bom rapaz, e essa cidade precisa muito de pessoas como você nela – Com isso terminado, ele dá um empurrãozinho nas costas de Jonathan, que o faz dar alguns passos para frente.

Jonathan – Obrigado – Olhando para trás com um sorriso, ele escuta o ranger dos portões se abrindo e volta seu olhar para frente, sua tremedeira inicial parou, e seguindo um dos soldados que o instrui até dentro do castelo.

Passando pelo corredor vasto com um tapete vermelho no chão, as paredes são todas cobertas por quadros ou com pedestais com algum item de valor inestimável. Espaçoso o bastante para que mais de uma fila de pessoas pudesse passar de uma vez, ao invés de conversar com o guarda me escoltando, eu decido olhar para os quadros e tentar fazer sentido do que eles simbolizam.

Enquanto a maioria deles parece só retratar as gerações de família real que já governou Lescatie, alguns se destacam, aqueles com heróis sujos e ensanguentados, orgulhosamente acima de um corpo de algum monstro aleatório. Como eu não tive tempo para perguntar específicos como data que estamos hoje, eu só posso deduzir que essas pinturas foram feitas a muito tempo atrás, antes da transformação de todos os monstros em suas versões mamono.

Jonathan " Bem, quase que todos" Voltando a se lembrar com os encontros inusitados que teve, ele ainda está confuso sobre como esse tipo de monstro ainda existe nesse universo.

Guarda – Chegamos – Parando na frente de outra porta, essa muito mais decorada e luxuosa do que a da entrada para o castelo, Jonathan tenta imaginar que isso será tipo uma entrevista de emprego, o que o estressa mais ainda.

Abrindo a porta de uma vez, o salão demonstra uma classe muito maior que ele tinha visto até agora, tudo polido e cristalino, um chão de mármore branca com ondas de preto, soldados em duas fileiras estacionados em direção ao trono. A luz do ambiente é fornecida pelos grandes vitrais, azuis e dourados com imagens simbólicas da crença da deusa chefe. A cada lado do trono, cinco bandeiras formando um total de dez estão em hastes, todas com um tipo de símbolo, sendo algumas de animal ou de objetos valiosos. O trono não deixa nada a desejar, rico em detalhes e com estofamento cheio e vermelho, até olhando parece confortável de sentar, e uma surpresa, parece ter um porta copos, taças?

Mas o que o impressiona é o homem sentado em seu lugar, Jonathan esperava um velho caindo ao pedaços ou um rei mixuruca e sem força para realmente liderar. O homem que ele vê é completamente o contrário disso, uma figura imponente, vestida de forma pomposa e pondo presença de realeza, mesmo assim essas roupas não conseguem disfarçar o tamanho do homem que as veste, maior que Jonathan em pelo menos 20 centímetros, braços fortes e tronco firme, com ombreiras e grevas feitas de algum metal desconhecido para o jovem. Sua cara por si só comanda respeito, uma feição séria e experiente, com algumas rugas mas ainda longe da velhice, uma barba negra bem feita e que dá a ele um aspecto mais amedrontador, cabelo bem curto negro e olhos que furam a sua alma de tão vermelhos.

Rei de Lescatie, Castor Bistoa Lescatie, o atual lider da cidade mais capacitada da ordem, olha diretamente para Jonathan, reconhecendo sua presença ele acena com sua cabeça e dá um sorriso desarmante para o garoto.

Rei Castor – Seja bem vindo, jovem Jonathan, por favor se aproxime para conversarmos – Gesticulando para o jovem se aproximar, ele com passos não tão firmes chega a uma distância respeitosa ao rei, ao menos uns 10 metros.

Rei Castor – Hmm, certo, como os rumores falavam, você é bem jovem, e não parece ser do tipo que lutou para sobreviver na vida – Com um tom analitico, o rei determina alguma coisa com seu olhar – Bom, sem enrolação, eu o convoquei aqui para dois motivos, Jonathan, o primeiro seria para parabeniza-lo por ajudar a cidade de Lescatie, o ataque daquele monstro foi algo completamente inesperado, porém claramente não aleatório, muitos de nossos melhores guerreiros estavam fora do nosso território, e nobres muito importantes para a manutenção e ordem da cidade estavam também ausentes – O rei fala numa voz grave, do jeito que a situação se apresentou, não há dúvida de que um poder maior foi responsável em relação ao ataque, mesmo ninguém sabendo quem possa ter sido, a informação de que alguém é capaz de invocar monstros quase que do nada é de extremo perigo – Não há palavras para dizer como sou grato, sem você, uma grande parte da cidade de Lescatie, o legado de quase 700 anos da minha família, teria sido levada ao chão. Tome esse agradecimento não só como eu sem o rei de Lescatie, mas também como o homem Castor Bistoa Lescatie – Olhando direto em seu olhos, quase que esquecendo a disparidade da posição dos dois, sua humildade brilha ao agradecer o jovem.

Jonathan – H-hey, Rei Castor, eu, hmm – Como ele pode dizer a verdade a ele agora, a maior parte de tudo que aconteceu, da luta com o minotauro, foi só ele tentando bancar o herói, que se deixou levar e não pensou muito nas consequências. - Eu não sei se é o que você quer ouvir, mas eu não fiz aquilo pensando somente na cidade. Eu vi um monstro e quis mata-lo, não sei se mereço todos esses agradecimentos – Mesmo que com vergonha, ele ainda se lembra das palavras de James. Fale a verdade.

Alguns segundos se passam, e o Rei Castor olha para sua mão, ainda apoiada no trono, ele checa algo, e sorri.

Rei Castor – Muito bem, parece que ao menos temos alguém honesto hoje – Com um sorriso no rosto, o rei olha mais uma vez para Jonathan, mas ao invés de perder o gosto que tinha do garoto, uma nova camada de respeito fica em seu olhar – Eu consigo ver nas suas ações e palavras o quão sincero você quer ser. Não querer ser algo que não é, eu entendo isso, eu respeito isso. Principalmente em alguém jovem e impressionável como você garoto, muitos de nossos melhores heróis teriam mentido para se banhar em glória, mas você não quer ser agradecido por algo que não passou pela sua cabeça, hmm – Como um professor orgulhoso de um aluno que passou em algo que nem sabia, seu sorriso é muito mais tranquilo que antes.

Com força nas pernas, o rei levanta de seu trono, sua armadura exótica e metálica faz 'clink, clink, clink' enquanto se aproxima do jovem, seus passos calmos e lentos. Agora que Jonathan está o vendo levantado, ele toma a informação de que o homem deve ter no mínimo 2 metros, e tão musculoso quanto um lutador peso pesado, mas de certa forma, ele não se sente ameaçado ou com medo.

Rei Castor – O que nos traz ao segundo motivo pelo qual o convoquei, antes que qualquer umas das famílias mais poderosas cheguem, e tentem fazer algo para tirar respostas de você, porque não já fazer algumas perguntas. Assim teremos alguma coisa quando eles chegaram ao meu castelo demandando explicações. - Castor se lembra muito bem o quão irracionais e desesperados alguns dos nobres das casas adjacentes a família Lescatie e outras ficam quando algo sai do planejado. E o garoto a sua frente é uma peça com o potencial mais destrutivo para eles, alguém com poderes estranhos mas que não é um dos heróis da ordem, portanto, não fácil de ser controlado ou acorrentado.

Jonathan – Tudo bem! Pode mandar – Agora que um pouco do nervosismo dele já passou, ele consegue pensar melhor um pouco, ele já estava preparado para ser interrogado por algumas informações, mas esse é o melhor dos casos agora, sem tortura ou chantagem, não há nenhuma pressão para ele contar toda a verdade e sobre tudo que sabe, alguns dos conhecimentos dele certamente o mandariam para atrás das grades ou pior, para a forca. O conhecimento da verdade sobre as mamonos e a deusa chefe, tanto quanto o fato de que ele veio de outro mundo, o tornam muito perigoso para a ordem o mantê-lo vivo e livre. Mas Jonathan ainda sabe, que mentir de algum modo terá consequências horríveis.

Rei Castor agora numa distância para ouvir as palavras de Jonathan sem que ele precisa elevar a voz, cruza os braços, deixando sua palma esquerda, cheia de anéis e cobrida por uma manopla, para cima inclinada para seu rosto.

Rei Castor – Seu nome? -

Jonathan – Jonathan Cruz, senhor -

Rei Castor – Kukuku, não há necessidade de tanta formalidade, pode falar a vontade, não tenha medo de ser desrespeitoso. Os guardas e acima de tudo eu não tomaremos ofensa, não há ninguém aqui para bajular -

Jonathan – Hmm, ok – Agora que parou para pensar, os guardas estão meio afastados demais para realmente protegerem o rei. Na distância que eles estão, grudados na parede e de forma relaxada até, seria fácil para alguém com más intenções, ferisse ou tentasse contra a vida de seu rei. Questões para depois.

Rei Castor – Você chegou em Lescatie no dia do ataque? -

Jonathan – No mesmo dia, algumas horas antes na verdade, lá pelo meio dia – As perguntas devem acabar sendo somente para recontar os eventos do dia, não há nada a esconder aqui.

Rei Castor – Hmm, foi a primeira vez que lutou com um monstro ? -

Jonathan – Não, um dia antes de chegar em Lescatie eu matei uma trupe de goblins – Jonathan meio que omite o fato de que tais goblins eram claramente machos de sua espécie, algo que por agora não deveria ser possível.

As perguntas continuaram assim, coisas simples como onde nasceu, seus pais, e até sobre seus misteriosos poderes. Jonathan respondeu tudo de forma verdadeira, mas vaga em algumas partes. Ele explicou certinho como seu poder funcionava, mas não indicou se podia fazer coisas além do que viram ele fazer contra o minotauro. O rei de Lescatie ficou surpreso ao saber que o ele não tinha nenhum treinamento em lutas contra monstros, ou lutas armadas de qualquer forma. O rei não comentou, mas viu tristeza e saudade ao perguntar sobre sua família e amigos.

Rei Castor " Para alguém desse jeito, derrotar um monstro que até mesmo soldados experientes tremeram de medo, e se curar de forma tão acelerada, com ferimentos que fariam até mesmo um herói da ordem ficasse repouso por semanas. Eu não quero hostiliza-lo no momento, mas preciso me certificar que ele não será uma ameaça a cidade."

Rei Castor – Certo garoto, estamos já em nossas últimas dúvidas agora, após isso, deixarei que vá descansar, você está convidado a ficar em meu castelo caso queira – Estendendo seu braço para indicar uma porta mais a direita, Indicando para um outro corredor que leva até os aposentados dos convidados.

Jonathan – Certo, obrigado – Justo agora, o ar volta a ficar um pouco espesso, o rei parece estar mais sério, seu olhar mais rígido e frio. Seja o que for, muito mais importante do que antes, Jonathan tem que responder de forma verdadeira e sem usar nenhuma mentira ou omissão. Engolindo seco, o jovem encara o rei, ele está pronta para o ultimo interrogamento.

Rei Castor – Você é completamente humano ? -

Jonathan – Sim – Sem nem pensar, a resposta é lançada, mas a pergunta escondia algum significado a mais e pelo aceno de cabeça do rei, ele conseguiu afirmar algo bom.

Rei Castor – Você é ou não um inimigo da ordem -

Jonathan demora uns 3 segundos que se arrastam como cobras na parede, mas ele volta a falar sem gaguejo ou medo.

Jonathan – Eu sou um aliado da humanidade -

Rei Castor – Hmm, certo, a última, seu objetivo ou melhor, aquilo que você deseja fazer aqui em diante, será em prol da humanidade ou dos mamonos ? -

Jonathan – Eu jamais ajudaria monstros como aquele minotauro, meu objetivo, o que eu procuro, eu tenho certeza que ajudará os humanos - .

Um silêncio se estende após sua resposta. Talvez o jeito que a formulou fosse enigmática para o rei, mas com sua face uma máscara de seriedade que não entrega nada de seus pensamentos.

Rei Castor – Muito bem! Acredito que isso foi tudo – Sorrindo e exclamando, a intensidade de antes finalmente se dissipa, e Jonathan precisa segurar um suspiro. Pelo jeito que tudo está, o rei de Lescatie não o considera um inimigo. - A propósito, sinto que devo lhe dizer duas coisas, primeiro você recebera uma recompensa pelo seu serviço a esta cidade, mas podemos deixar isso para depois. Devemos ter ficado quase uma hora comigo só perguntando para você, então segundamente eu lhe permito me perguntar qualquer coisa, sinta-se a vontade – Ele pega Jonathan desprevenido, uma recompensa ele esperava, mas não teve ideia que o rei deixaria ele o questiona-lo, por isso ele não tem muitas dúvidas, muito do que a cidade tem a esconder ele já leu nos livros.

Jonathan – Bom, se me permite, eu fiquei curioso, porque os guardas daqui estão tão afastados do trono e de você, não se sentiria mais seguro se eles estivessem ao seu lado. - Essa é a única coisa no momento que ele não entende, e Jonathan vai ficar pensando nisso por muito tempo se não souber agora.

Logo após essa pergunta, um dos guardas parece tossir, depois outro, e outro, até que Jonathan percebe que eles estão segurando suas risadas, até o rei mostra uma cara entretida com a questão.

Rei Castor – Bom, normalmente as coisas seriam como você falou, e sendo o mais breve possível, a resposta é ..! - Num instante, o rei desaparece de vista, um borrão se move rapidamente na visão de Jonathan, ele fica confuso de onde o rei está, e antes que pudesse dar um passo para frente.

Rei Castor – É porque se alguém me ameaçar, eu tenho um bom espaço livre para lidar com o problema – Aparecendo atrás de Jonathan, de forma lenta ele leva sua mão aberta até o ombro dele, e espera um momento pela reação do garoto.

Por alguns segundos, Jonathan não se mexe ou reage, o choque da situação demora para sair de seu sistema. Ele percebe que ele poderia ter morrido naquele momento, sem nenhuma oportunidade de se defender.

Jonathan " I-isso f-f-foi muito rápido, ele basicamente desapareceu por um instante e sem nenhum barulho me flanqueou, como isso é possível!?" Chocado, seu coração bate forte e ele tem o suor frio. Mas depois do choque finalmente estar abaixando e seu pânico se acalmando, sua respiração volta ao normal.

Jonathan – Você não é um rei normal, né? - Com um sorriso nervoso, tentando passar um mero resquicio de confiança.

Rei Castor – Bem vindo a Lescatie, garoto – Com um sorriso de cara toda, seus dentes brancos mostram um pequeno brilho e sua postura relaxada e confiante.

Após a mostra de poder que Jonathan teve, o rei o convidou para um banquete no salão, não querendo ser rude, Jonathan aceitou sem pestanejar e depois de uns 3 pratos cheios de comida como, frango assado, costelas de porco, arroz com farofa e maionese, e mais umas 2 horas para digerir toda a comida, ele deu seus agradecimentos ao rei, agora de forma mais informal, e decidiu que já estava na hora dele voltar. Pedindo licença, ele anda até o portão, onde vê James junto a uma mulher alta e com aura de soldado.

A mulher está com pouca armadura, veste-se de forma que ele tenha muito movimento sem perder muito de proteção. Chegando perto, Jonathan não demora para deduzir que a mulher é Merse Dascaros, uma das heroínas da ordem em Lescatie, e agora que começa a se focar, foi a mesma mulher que o ajudou na luta com o minotauro no final. Os dois pareciam estar conversando até perceberam sua chegada. Os dois se viram e James só dá um aceno.

Merse – Hmmm – Virando-se de corpo todo para você, o olhar afiado dela começa a analisar o garoto, dos pés a cabeça ela parece estar fazendo algum tipo de avaliação. Ao completar isso dando uma boa olhada em sua cara, ela fala – Hmpf! Podia ser pior – Desdenhosa, ela começa a se aproximar de Jonathan.

Jonathan – Podia ser pior? Do que você tá .. Hey! - Quando ela estava somente a alguns passos dele, ela agarra um de seus braços e aperta, dando uns pequenos 'Uhum' enquanto o faz.

Merse – É, como eu pensei, você é um completo borra-botas -

Jonathan – HEY! -

Merse – E um estabanado ainda por cima – Ela termina dando uma volta completa examinando Jonathan, e o deixando um tanto irritado – Ok!, vamos fazer o seguinte girino, iremos ter um treino agora eu e você, no campo de treinamento onde meu esquadrão fica – Sem virar o olhar, ela convida (manda) com os braços cruzados.

Jonathan – He, deixa eu te mostrar quem é o estabanado – Mesmo não se sentindo tão confiante, ele ainda acha que consegue ao menos dar uma boa luta.

Em menos de uma meia hora, o grupo de James, Jonathan e Merse se encontram numa arena de terra, alguns bonecos de treinamento com sinais de uso, um circulo de giz branco feito as presas no chão para delimitar onde iram lutar. Nos quatro cantos tem umas muros de madeira que chegam até a cintura, passando deles tem alguns espectadores. Todos sendo algum recruta em treinamento no esquadrão da Merse, e aparentemente eles estão apostando como vai ser a luta.

? - 20 de bronze que ele não sai acordado daqui – Uma voz animada grita enquanto levanta um saquinho com moedas.

Isso irrita um pouco Jonathan, mas sua frustração não fica visível em sua face. Todos vão se surpreender quando virem pessoalmente o que ele pode fazer.

Ela decidiu pegar um simples bastão de madeira, como ela usa na maior parte do tempo lanças e alabardas, isso é o que pode usar mais confortavelmente. Não vendo uma necessidade de se alongar, ela se apoia no bastão com um dos cotovelos.

Jonathan até agora não pegou uma arma, seja ela falsa ou usando seu sangue, parece que um entendimento silencioso foi feito entre eles. Até a luta começar os dois não vão puxar suas armas. Isso não o impede de começar a se alongar com exercícios que vem na cabeça dele.

James – Parece que eu terei que ser o juiz dessa luta, então – Se pondo entre Merse e Jonathan, começa a contar as regras do embate – primeiro, os dois lutarão até um admitir derrota ou ficar incapacitado, segundo nenhum dos dois lutará com intenção de matar ou esfolar o adversário, estão certos com essas regras ? - Ao ver que os dois só acenam com a cabeça, ele se prepara – 1! -

Jonathan " Ok, vamos começar leve, assim que ele der o sinal, eu vou morder meu polegar e fazer um bastão de sangue com uma pequena esfera na ponta, e antes que ela chegue perto, vou esticalo para manter uma boa distância"

James – 2! -

Merse para de se apoiar no bastão, mas ainda não parece ficar preparada em posição, ela só relaxa com uma cara serena.

Elt " Pelo que a senhorita Merse me disse, ele não parece ter cara de quem teve muito combate em sua vida. Eu não sei o que ela espera ganhar disso tudo, mas rezo para que ela não vá longe demais com ele " Como espectador, o jovem soldado olha a pose que os dois tomam antes do começo da luta.

James -3! LUTEM – Fazendo um gesto com sua mão cortando o ar de cima para baixo, ele anuncia.

Merse – Hrm!-

Jonathan – QUÊ! - A exclamação é devido ao fato de que no segundo em que o ' lutem' saiu da boca de James, Merse se lançou com tudo como uma mola contraída até o limite sendo liberada. Sua pose relaxada foi abandonada num instante, seu corpo toma um ângulo mais baixo e como um corredor se aproxima, e no momento seguinte seu bastão fica pronto para acertar a cabeça de Jonathan com precisão e força. A imagem levemente lembra o garoto de um taco de bilhar indo bater na bola.

Jonathan – Ughh – Reagindo mais por susto do que por reflexo, ele consegue inclinar a cabeça um pouco para trás e recuar um dois passos. Ainda assim a ponta do bastão encostou um pouco em sua bochecha e por um segundo ele jurava que sentiu o interior da boca puxando contra os dentes. Tudo foi tão rápido que ele ainda não teve tempo de ativar sua habilidade.

Merse – Hmm – Sem dar muito tempo para que o adversário se organize, ela continua seu assalto, mais uma vez usando sua velocidade incrível para cruzar a distância. Ela lança uma estocada em direção a cara do moleque, mas antes que chegue, ela recua, uma finta, se reposicionando e abaixando mais ainda, ela usa o bastão para tropeçar as pernas de Jonathan que sem conseguir reagir dá um pequeno grito de susto.

Jonathan – Ghr – Sua bunda bate no chão firme antes que ele se tocasse. Ele põe as mãos para se levantar, mas antes disso.

Merse – Se você se levantar é bom que já esteja armado moleque, não vim aqui para bater num paspalho que nem se arma – Ela aproxima seu bastão da cara de Jonathan, avisando do que vai acontecer caso não esteja preparado.

Jonathan " Essa mulher! " Irado com o desrespeito, ele subitamente levanta já com um dedo sendo mordido em sua boca, antes que se erguesse por completo uma lâmina de sangue já foi feita, o punho da espada fluindo por toda a sua mão, assim para que não perca o manejo dela por um ataque muito forte. Ele empurra o bastão de Merse para longe e usa o instante seguinte para continuar a atacar.

Um corte mirado no braço esquerdo de Merse é interceptado com muita técnica e faz com que a força do golpe desequelibre Jonathan, porém o garoto retoma sua posição e novamente avança com cortes rápidos mas sem refinamento, golpes feitos mais pela força do braço do que em por movimentos praticados. Um é direcionado de cima para baixo e é desviado pela Merse ao mover-se suavemente para o lado, e Jonathan corre a persegui-la balançando sua lâmina de sangue na direção dela.

Os golpes que não são simplesmente bloqueados são esquivados com o mínimo de movimento, de frente, horizontal ou vertical os ataques de Jonathan não conectam, cada impacto com um som de algo duro batendo forte em madeira. Os grunhidos de esforço do jovem são um contraste a respiração controlada da veterana de batalha.

Mudando de estratégia, Jonathan inclina para baixo com um ataque mirando em seus tornozelos, mas é novamente bloqueado quando ela bate o bastão no chão perto de sua perna. Em seguida com um movimento curvilineo ela esmurra o queixo de Jonathan com o bastão. O choque o desorienta e ela cambaleia para trás. Abrindo os olhos ele vê Merse se aproximando e se prepara para outro golpe.

Uma estocada veloz vem em sua direção, ele consegue bloquea-la para o lado, mas puxando rapidamente seu bastão, ela dá mais uma antes que ele pudesse levantar sua lâmina e acerta sua cara novamente, entre os olhos e o nariz.

Jonathan " Argh! Droga, se eu estivesse usando ocúlos eu teria me ferrado muito agora" Fechando um pouco os olhos por causa da dor, ele retoma sua guarda, irritado ele percebe que a mulher continua calma e sem demonstrar muito esforço físico. Uma nova série de estocadas é mandada na direção de Jonathan, sem tirar o folego de Merse, somente uma ou duas são bloqueadas de cada vez por ele, enquanto as outras impactam seu corpo ou braços, empurrando para trás e fazendo-o ficar de cara feia pela dor.

Perdendo a paciência, Jonathan bota mais força em um dos seus bloqueios para tirar o bastão do caminho, ele avança com um ataque pesado para cima de Merse. Que de forma calculada e elegante inclina seu corpo para a direita, o ataque dele corta o nada, e Jonathan é acertado pelo lado do bastão na cara.

Jonathan " Ok!, isso não tá funcionando, ela reage muito rápido para eu acertar " Dois golpes são defendidos pela parte do garoto, mas a intenção deles era só faze-lo recuar. Ele dá um largo pulo para trás e olha furioso para Merse. " Eu preciso ataca-la rápido o suficiente, antes que ela prepara um contra-ataque, mas como…. É ISSO!" Jonathan lembra-se do modo em que usou para correr entre os prédios e desviar do minotauro. Mesmo sem grande aptidão física, o jeito que utilizou seu poder deu a ele uma capacidade de movimento sobre-humana.

Jonathan se bota em posição de, sua mão com a lâmina de sangue é puxada para trás dele, suas duas pernas estão posicionadas firmemente no chão. Sua perna da frente relaxa, enquanto a outra se recolhe como uma mola pronta para estourar.

Merse " Então o garoto ao menos sabe uma posição decente, mas não parece com nada que ele mostrou contra o minotauro " Decidindo que não importava, Merse dá de ombros e põe suas duas mãos no bastão para se preparar para algo que seus instintos sabem que vai vir " De qualquer forma-"

Jonathan – HAAA! - Pulando com tudo, imitando a forma que sua adversária o surpreendeu no começo da luta, seu corpo se move como uma bala em direção a Merse. Sua cara finalmente abandona a feição de calma e toma uma surpresa, um fato que dá uma satisfação em Jonathan, e ao chegar perto o suficiente, ele executa seu ataque, com um corte em seu abdomen. Mas…

Merse – Hmph! - Com um bafo confiante, Merse vê o ataque chegando, por um instante ela sumiu da frente de Jonathan, que parece abismado por mais uma vez ter acertado o nada, quando…

Jonathan – Ughtrr – Um grande golpe acerta sua barriga, Merse tinha se abaixado, e com as duas mãos para dar mais força no golpe do bastão, enfinca a ponta dele direto no estômago dele. A pancada foi tão forte, que os pés de Jonathan levantam do chão, e ele é jogado para direção contraria, um gosto horrível de vomito assalta sua boca, e uma dor queima suas costas que se chocam com a terra da arena, ele foi jogado uns 5 a 10 metros pelo golpe, e somente com isso se sente como se tivesse sido atropelado por um caminhão pipa.

Jonathan – Blergh! - Conseguindo virar seu corpo e se apoiar com o braço ainda deitado, ele deixa sair um pouco do conteúdo gastrointestinal no chão. " Ela consegue reagir até a isso" Estupefado que seu trunfo foi tão facilmente derrotado, Jonathan volta a olhar para Merse com o olhar chocado. A mulher mais velha deita a ponta do bastão que atingiu ele no chão, e um sorriso bem confiante e irritante toma seu rosto.

Merse – Olha só, então foi assim que escapou dos golpes daquele gigante, você foi rápido o …. Hmm? - Observando de forma um tanto desdenhosa da tática que o garoto usou, ela vê que ele tenta voltar a ficar de pé – Bom, parece que alguém ainda tem luta pra dar, ou você só gosta de apanhar tanto assim? - Tentando o deixar irritado de verdade, Merse quer ver como ele luta quando puto da cara.

Jonathan – Hrggh, huhuhu, não, eu não sou um desses idiotas que gosta de apanhar de mulher bonita e sádica. O meu tipo é o que gosta de tirar esse sorrisinho irritante dessa sua carinha fofa, OUVIU! - Gritando a ultima fala, ele ainda não percebe a merda que fez.

….

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Por alguns momentos, as pessoas que estavam animadas, vaiando e torcendo a briga, pessoas que conhecem Merse a heroína da ordem a tempos, ficam perplexas e sem dar um piu após Jonathan soltar a frase.

Todo mundo tirando Jonathan e Merse " Ele tá fudido "

Jonathan, que tinha já posto o som dos espectadores de fundo em sua mente, é o que mais percebe a falta dele, para os lados, tentando entender o que pode ter calado a boca de todos, ele fica confuso e volta a olhar para sua adversária.

Jonathan " Porque todo mundo se calou, eu não falei nada tão ofensivo ou pesado, eu só respondi o que ela falou. Eu só …. " Como se uma lâmpada se acendesse bem devagar na mente de Jonathan, " Chamei Merse Dascaros de mulher bonita, fofa e sádica… A específica heroína que tem trauma com sua mãe, uma mulher sádica, safada e traidora que abusou tanto que fez ela perder um olho, que levou o marido dela, o pai de Merse, a beira da morte por sua traição, e finalmente a abandonou. E que a fez odiar a si mesma como mulher, moldando sua opinião de sua feminilidade como algo a ser repudiado para não se tornar igual a sua mãe. E eu acabei de insulta-la com o pior tipo de coisa possível para ela " Com uma cara de alguém que finalmente entendeu que fez uma merda gigantesca, Jonathan arregalha os olhos e engole seco.

Foi nesse momento que Jonathan percebeu, ele fudeu tudo.

Merse – Uuuuuhhh, fuuuuuu – Respirando devagar, e exalando calmamente, ela olha para Jonathan com um sorriso inocente o bastante para fingir que está calma, mas com uma malícia quase que pulando para fora – OK -

Ela começa a caminhar de forma aterradora em direção ao garoto.

Jonathan – Peraí, espera aí, espera aí, peraí. A gente pode convers – No meio de sua súplica, Merse aparece em sua frente e o acerta com força usando o bastão de madeira, ainda com elegância e técnica, mas carregando uma aura de agressão não presente anteriormente. O golpe acerta em cheio a bochecha do rapaz, que cambaleia para trás com dor na cara.

Sem dar um segundo de descanso, ela volta a atacar com precisão. Dois golpes acertam a barriga do garoto, que põe seus braços em volta dela para se proteger e pela dor, e se aproveitando de que sua cabeça abaixou, Merse levanta seu bastão acertando o queixo do garoto. E antes que seus pés se estabilizarem dá mais uma estocada em sua face, dessa vez em cheio no nariz.

Mesmo com uma jorrada de sangue saindo de seu nariz, os ataques continuam. Rápidos e brutais sem pena de quem esteja recebendo, tronco, coxas, ombros, cabeça e extremidades, nada é poupado da tempestade que Merse comanda agora.

E ainda com toda essa ferocidade, sua face não se contorce em raiva ou esforço, só uma frieza calculada. Seus golpes nem mesmo perderam a graça que tinham antes.

Um último golpe é dado, Jonathan cai mais uma vez no chão, lançado que nem um saco de batatas na terra. Marcas roxas aparecem em seu corpo nos lugares que recebeu golpes mais pesados. Com as costas no chão, ele ainda não desfez a espada de sangue em sua mão.

Elt " Ainda bem, a senhorita Merse não perdeu o controle." O soldado em serviço da heroína fica mais calmo, ele estava a segundos de entrar na arena para pará-la antes que ela fosse longe demais.

James – Bom acho que já podemos dizer que a luta é…. Hã?! - Se surpreendendo, ele vê a forma de Jonathan se levantando, mesmo com todos os ferimentos em seu corpo.

Jonathan – Ah, ah, ah – Mal se erguendo por completo, ele olha com ardor para Merse. - AHHH! - E dispara para cima dela com tudo.

Mesmo assim, os instintos e reflexos dela não são superados pelo ataque, ela mais uma vez se esquiva, e Jonathan passa direto por ela, que aproveita e dá um golpe nas costas dele o fazendo cair de novo.

Jonathan – AAHHH! - Mas, como se não sentisse nenhuma dor, se levanta novamente e volta a atacar.

Seus ataques parecem mais rápidos, dessa vez ele se posicionou em frente a Merse e começou com uma barragem de cortes, que Merse desviou com facilidade, e com precisão, acertou o peito de Jonathan, que deu uns passos para trás pelo folego perdido.

Jonathan – AAHHH! - Ele nem mesmo está pensando mais, por orgulho ou talvez outra coisa, ele se sente irado por não conseguir fazer nada, os ataques se tornaram mais selvagens, e sua energia mesmo que sendo gasta em uma taxa gigante, não é o bastante para pará-lo.

Ele já tinha decidido mudar, e mesmo aqui, sendo só uma luta de treino, ele não quer se deixar cair só depois de ter levado alguns golpes. No fundo Jonathan sabe que não tem chance, mas ele precisa mudar, ele precisa se tornar algo que vence contra todas as possibilidades. Ele precisa …

James – Pronto! Vamos parar por aqui – Chegando na frente do jovem que iria de novo pra cima lutar, ele põe as mãos nos seus ombros – Eu declaro Merse a vencedora -

Jonathan – Cala boca! Eu ainda posso -

James – Tentar parar no hospital de novo, não garoto, já deu – Para acalma-lo ele põe uma mão confortante em seu ombro e o vira para Merse – Alias, acho que ela já esta satisfeita com a luta -

É verdade, por algum motivo, a mulher tá sorrindo, como alguém que achou uma moeda de um real na rua e decidiu que seu dia é um dia bom.

Merse – Eu devo dizer garoto, faz tempo que não vejo alguém com tanta garra assim. Você não tem jeito, mas tem vontade – Aprovando de seu espirito, ela caminha até sua frente, - Já decidi, você vai ser treinado no meu esquadrão garoto – Apontando o bastão na direção de quatro pessoas reunidas que estavam observando a luta.

Jonathan – Hã? - Confuso, e meio que perdido com a rápida mudança de tom da mulher, ele só acena que entendeu mais ou menos a situação.

Merse – Ótimo, para que você entende, esses são Elt, Clinton, Tyler e Mureau, são quem você irá treinar junto pelos próximos meses -

Elt acena, percebendo que estão falando dele, ele se parece com um personagem genérico de fantasia com seus cabelos castanhos e olhos claros.

Clinton parece um pouco mais parrudo que Elt, ainda com um cabelo castanho, mas bastante cacheado e olhos verdes.

Tyler tem a coloração de pele bronzeada, como um daqueles surfistas de filme, sua cabeça é careca e ele tem aqueles olhos fechados ( tipo o Brock de Pokemon, o que não faria sentindo ele conseguir enxergar, mas que seja)

Mureau é o mais distinto do grupo, cabelos loiros dourado, pele bem clara quase que pálida, um sorriso confiante e olhos vermelhos. Ele também parece o mais bem vestido de todos, e seu cabelo é penteado para esquerda. ( tipo Cloud de Final Fantasy)

Merse – Alguma pergunta? - Ela se dirige a Jonathan agora, esperando como ele vai reagir com essa oferta.

Merse " Eu posso ter perdido a calma, mas consegui deduzir que tipo de pessoa esse garoto é, ele não é só um marmanjo com um poder que se acha especial, ele não tem forma ou jeito, treiná-lo será muito bom para Lescatie, e ajudará a manter um olho nele"

Jonathan – Hmm – Agora que a adrenalina passou e toda a dor voltou ao corpo dele, ele começa a pensar na proposta ( demanda ) que lhe foi dada. Essa mulher é muito forte, e o rei da cidade era a pessoa mais forte que conheceu até agora. Se ele planeja chegar em algum momento perto do poder deles, depender da habilidade que conseguiu ao chegar nesse mundo não será o suficiente. Se ele quiser virar um herói nesse mundo, ela vai precisar desse treinamento.

Jonathan – Quando começamos – Com um sorriso arrogante, e meio ensanguentado e inchado pela surra que levou, o próximo passo da sua aventura finalmente se abre para ele.