Em outro local

Luna olha para o homem que dorme a sono solto a seu lado. Ela já se acostumou com isso, ele sempre pega no sono depois do amor e ela sabe que isso não é uma forma de fuga ou nada parecido. Simplesmente ele sucumbe ao cansaço com um sorriso satisfeito.

Ela nunca imaginou que se apaixonaria desta forma, Luna se lembra que quando começou a desconfiar que ele tinha algum interesse em sua pessoa, ela ficou bem chateada de pensar que um cara casado e com filhos teria essa cara de pau e com a sinceridade que lhe é peculiar a moça disse com todas as letras que isso não era certo. Sim, ela disse não sem uma pontinha de tristeza uma vez que o jeito charmoso dele chamou a sua atenção. De imediato, para a sua sorte, logo ele esclareceu que era separado e completamente livre para namorar ou pelo menos tão livre quanto alguém com filhos pudesse ser. Mas quer saber? Isso foi algo que a cativou também. O fato dele ser um homem separado, mas mesmo assim sempre presente nas atividades da filha e não apenas um pai de final de semana, um homem que não fugia das suas responsabilidades de pai.

Esclarecida essa questão, Luna ainda ficou com receio afinal um cara separado poderia muito bem estar querendo apenas diversão e no início ela recusou as investidas discretas, mas ele foi insistente não de um jeito pegajoso, mas aos poucos ela percebeu que poderia dar certo e que talvez eles conseguissem construir algo juntos.

E hoje é o que ela mais quer, ter algo concreto com seu amado e em breve ela irá apresentá-lo para a família, é só o tempo de preparar o seu irmão para aceitar alguém separado e com filhos.

No entanto, uma mensagem não lida em seu celular mostra que talvez ela não tenha tanto tempo assim...

XXXXX

De volta à escola

Draco olha incrédulo para Hermione. Num primeiro momento ele chega a pensar que isso é uma espécie de armação para que ela o confronte novamente, mas isso só dura um minuto, é óbvio que ela nunca poderia saber que seu filho estuda nesta escola e mesmo que soubesse não haveria como armar uma situação dessas.

Então ele só pode achar que isso é uma coincidência bizarra do destino e o semblante estupefato da mulher na sua frente lhe diz que é isso mesmo, então agora é hora de focar no seu garoto e provavelmente nas professoras que encaram as crianças com um ar acusatório que deixam claro que não foi para receber elogios que eles foram chamados.

Antes que ele possa falar alguma coisa, Hermione se adianta – a senhorita não explicou direito (ela diz para a professora) só disse que algo havia acontecido e que eu deveria vir para a escola. Estou vendo que a minha filha não está doente nem ferida, então eu gostaria de saber o que houve para que eu fosse chamada assim.

A professora suspira e olha para as crianças – por que vocês não falam para os seus pais o que aconteceu, meninos? Eu tenho certeza que eles preferem saber por vocês antes de qualquer coisa.

Hermione olha para a filha e para o garotinho. O menino parece bem envergonhado, mas a sua filha encara a professora com um ar desafiador, um ar que ela já conhece muito bem, o ar de quem sabe que está com a razão e não vai recuar diante de ameaças ou represálias, um ar que a filha herdou dela.

Então ela encara a menina e diz com a sua melhor voz de mãe:

-Julie Granger Weasley, o que você aprontou?

A menina continua sustentando o olhar e diz – a gente brigou

Draco olha para a ruivinha, a ele não parece que uma menina com aparência tão doce possa ter brigado com seu filho, mas nunca se sabe se ela tiver herdado o gênio da mãe. Ao mesmo tempo, no entanto, ele sabe que seu filho nunca levantaria a mão para uma garota, ele foi ensinado a não agredir uma menina sob hipótese alguma. O loiro sempre fez questão disso, talvez pelo que ele via em sua casa quando ainda moravam com seu pai. Deve ter acontecido algo muito grave para que Nicholas fizesse algo assim. Ele respira fundo enquanto diz para si mesmo que deve dar ao menino uma chance de se explicar:

- Por que, Nick? Por que você brigou com ela?

Ele espera que o filho diga alguma coisa, mas o menino continua calado enquanto os olhinhos azuis se enchem de lágrimas e neste momento a garotinha vai para perto dele

- Não fica assim – ela o consola e olha para Draco – é claro que ele não brigou comigo, ele é meu amigo! – ela diz de modo petulante.

- Então, por favor, explique o que aconteceu, Julie – Hermione diz olhando para o loiro que está entendendo tanto quanto ela – você mesma falou que vocês brigaram.

- Nós brigamos com o Alex Brown – a menina esclarece – ele é muito chato e estava implicando com a gente.

- Você sabe que não deve brigar com ninguém – Draco diz para o filho que apenas soluça.

- Mas o Alex é muito mau – quem fala é a pequena e Draco vê que ela parece muito com a mãe, apesar dos cabelos ruivos – ele disse que meninas não podem lutar, que elas precisam ser princesas – ela conclui como se isso fosse explicação suficiente.

- Julie – Hermione diz lutando para não rolar os olhos – você poderia ter explicado que meninas podem lutar tão bem quanto os meninos, é só conversar, não precisa brigar por causa disso.

- O Nick fez isso, mãe! – a menina argumenta – mas o Alex disse que ele não entendia nada de meninas, que nem mãe ele tinha! Então eu fui lá e dei um tapa nele (a menina finaliza orgulhosa) aí ele puxou meu cabelo e o Nick empurrou ele pra ele me soltar e ele caiu e saiu correndo e chorando que nem um bebezinho e aí a professora brigou com a gente e chamou vocês.

Draco ouve o relato da ruivinha e o seu coração dói por seu filho e neste instante ele odeia a sua ex mais do que qualquer coisa. Seu filho sofre pela ausência da mãe e isso é uma coisa que ele não tem o poder de evitar. Mesmo com todo poder e dinheiro nada no mundo vai fazer que Pansy se importe com o filho.

Mas ele pode pelo menos evitar que ele e a amiguinha sofram qualquer tipo de punição por causa disso, então ele diz encarando a professora:

- Bem, nós já fomos esclarecidos do que aconteceu e vamos tomar providências para que nosso filhos não cheguem mais às vias de fato (ele olha para Hermione que assente com a cabeça) espero então que a mãe do outro garoto também seja chamada para que tome uma providência a respeito do comportamento do seu filho.

A professora olha para Draco espantada, ela não esperava essa reação – veja bem, senhor Malfoy, ele foi agredido.

- Não estou negando isso – o loiro pondera – só que ele provocou e a garotinha pode até ter sido impetuosa, mas ela estava apenas defendendo o amigo de algo que o magoou profundamente e pelo que ela contou, ele revidou a agressão.

- Ele puxou meu cabelo! – Julie diz indignada arrancando um sorriso do loiro

- Mas veja bem, senhor Malfoy, foram eles que agrediram primeiro –a professora argumenta – e isso não é admissível!

- Eu concordo se formos falar em agressão física – Draco diz usando o mesmo tom que costuma usar nos tribunais – mas nós devemos concordar que palavras as vezes machucam mais do que socos e a partir do momento em que esse menino disse que meu filho não tem mãe, isso o magoou muito. Eu tenho certeza que várias crianças aqui possuem pais divorciados ou talvez não tenham um dos genitores, imagine se essa história vazar, se eles ficam sabendo que vocês não corrigem esse tipo de comentário. Isso não vai pegar bem para a escola, a senhora não concorda?

- E eu posso acrescentar – Hermione que até então estava calada se manifesta – que a escola não incentiva que as meninas sejam independentes e que possam sonhar em ser o que quiserem? Ou será que esta escola está ensinando garotinhas a serem sempre submissas e prestativas?

- É óbvio que não! – a professora fala horrorizada – isso seria inadmissível, esta escola prepara as crianças para serem independentes, sejam elas meninos ou meninas.

- Bem – Draco diz – então a gente encerra esta história por aqui, com a promessa que esse garoto não vai perturbar os nossos filhos, ou a senhora marca uma reunião com a mãe desta criança e nós conversamos e colocamos tudo em prato limpos, a senhora escolhe.

- Bem – a professora diz desconcertada – eu vou conversar com a diretora, mas já adianto que os senhores devem conversar com eles sobre agressões físicas.

- Desde que a mãe do menino seja alertada sobre agressões verbais – Hermione diz encarando a professora – eu sei que a minha filhe está errada em bater, mas não posso condená-la por defender um amigo.

E eu não vou de modo algum admitir que o meu filho passe novamente pelo constrangimento de ouvir que não tem mãe - Draco completa usando o tom calmo que sempre usa nos tribunais, acompanhado de um olhar capaz de congelar o inferno, como seus inimigos conhecem.

- Isso será feito – a professora diz, ela olha para as crianças – e vocês vão me prometer que se tiverem problemas com qualquer colega vão falar comigo antes de sair brigando, combinado?

- Combinado! – os dois respondem em uníssono

A professora se retira deixando Draco e Hermione sozinhos com as duas crianças, eles se entreolham sem saber direito o que dizer até que Hermione resolve quebrar o silêncio:

- Mundo pequeno seria um lugar comum, mas eu realmente não consigo pensar em nada que se encaixe melhor na situação.

- Sou obrigado a concordar - o loiro diz com um suspiro

- Vocês já se conhecem? – Nicholas pergunta curioso para o pai

- Que legal! – Julie fala entusiasmada antes que qualquer um tenha a oportunidade de responder – então ele já pode ir lá em casa e pode ir ao parque comigo e pode conhecer os gêmeos! – a menina dispara alheia aos olhares constrangidos que Hermione e Draco trocam.

Draco olha para a ruivinha entusiasmada. Seu filho fica calado, mas o loiro pode ver o brilho no olhar do pequeno. Embora seja um garotinho amistoso, Nicholas costuma ser tímido com pessoas que ele não conhece direito e se ele tem uma ligação tão grande com essa garotinha a ponto da menina defendê-lo desta forma, de jeito nenhum ele vai tirar isso dele. Ele nota que Hermione está constrangida sem saber direito o que falar. Ele pensa que talvez ela não queira que a sua filha se relacione com seu filho por causa da discussão que tiveram e neste momento ele se pega pensando que a sua atitude talvez tenha consequências maiores do que apenas uma rusga no escritório.

- O que foi filho? – ele finalmente percebe que Nicholas estava falando com ele

- Eu perguntei se você está chateado comigo – o menino diz meio receoso.

- Claro que não, filho – Draco diz – mas eu não quero mais que você discuta com os colegas, mesmo que seja pra defender um amigo. Se vocês tiverem problemas, fale com a professora ou você pode falar comigo, combinado? (ele vê o menino assentir com a cabeça e sorrir) e agora, já que eu estou por aqui, que tal se a gente tomasse um sorvete?

- Oba! – o menino concorda entusiasmado, ele olha para a coleguinha – ela pode ir também? – ele pergunta esperançoso

Draco olha para Hermione sem saber direito o que dizer. Pelo primeiro encontro que eles tiveram o loiro pode presumir que a última coisa que esta mulher quer é passar algum tempo com ele.

- Por favor, mãe – ele ouve a garotinha pedir e mesmo sem olhar pra ela, Draco sabe que ela está usando aquele tom, o mesmo tom que seu filho usa quando quer muito uma coisa, o mesmo tom que ele sabe que não vai conseguir recusar.

- Eu não sei se a gente deveria, Julie – Hermione tenta argumentar e neste momento as feições das duas crianças murcham.

- É claro que vocês devem – Draco se vê falando – afinal eu preciso conhecer mais essa menina corajosa que acha que as princesas também podem lutar.

- É claro que as princesas podem lutar! – Julie diz de modo assertivo – a minha mãe me disse eu não preciso ficar esperando um príncipe, lutar é mais divertido.

- Imagino que seja – Draco diz com um sorriso – e então, podemos tomar sorvete?

Hermione olha para a filha que a encara como se a mãe estivesse prestes a cancelar o natal. A morena suspira, mas antes que ela possa dar a sua resposta, ela vê uma figura entrar no recinto e o semblante estupefato de Draco Malfoy lhe mostra que as surpresas ainda não acabaram...

XXXXX

Um pouco antes

Luna olha para a mensagem, ou melhor, mensagens em seu celular e pensa que não deveria ter deixado o mesmo desligado. Mas como ela poderia imaginar que seria chamada? Isso nunca aconteceu antes.

Ela olha para seu amado que a encara preocupado, a moça sabe que ele a conhece bem o suficiente para saber que algo aconteceu, a moça apenas estende o seu celular e o semblante dele muda instantaneamente. Ele sabe que não há nenhuma forma que ele não seja envolvido também.

Eles fizeram muitos planos e combinaram de esperar o momento certo, mas parece que o destino possui os seus próprios planos. É o que o casal pensa antes de sair apressadamente...

XXXXX

De volta ao momento atual

Draco vê a sua irmã entrar esbaforida. Ele ficou tão preocupado com o filho que em nenhum momento passou pela sua cabeça que é ela quem sempre é chamada para qualquer eventualidade na escola. Foi um acordo entre os dois já que Draco muitas vezes está em audiência e o trabalho da irmã como escritora de livros infantis lhe permite esta mobilidade. O loiro percebe que a sua irmã não está sozinha, ela entra com um homem ruivo que parece muito a vontade no local e ele também nota outra coisa, Draco nota que Hermione Granger olha para o homem espantada enquanto diz:

- Rony o que você está fazendo aqui? – ela diz ao mesmo tempo em que a menina ruiva diz sorridente:

- Olá, papai. A diretora ligou pra você também?


NOTA DA AUTORA

Mais um capítulo saindo do forno pra vocês, com o destino brincando com a vida dos nossos personagens! Parece que o Draco não vai se livrar da Hermione e vai ter que rever os seus conceitos, quer ele queira ou não

Obrigada a todo mundo que passou por aqui, favoritou e um agradecimento mais do que especial para AlexiaRiddle, Grazi Holic e ShainaCobra por comentarem o capítulo anterior e deixarem meu dia mais feliz. Valeu mesmo!

Espero que tenham gostado, bjos e até o próximo capítulo