Mais tarde

Hermione está sem sono. Já faz algum tempo que Rony foi embora, ela sabe que seu ex vai guardar o seu segredo, talvez não de Harry e Gina já que seus amigos sempre sabem quando o ruivo está escondendo algo. No entanto ela sabe que ao menos por enquanto ele não vai falar nada para a namorada.

Ela ainda não acredita que seu ex marido está namorando sério novamente e para a sua grande sorte Luna parece entender e aceitar a amizade que eles têm, Hermione nem quer pensar no que poderia acontecer se ela implicasse com isso.

Mas neste momento Hermione não se preocupa com Rony, nem com Draco Malfoy e por incrível que pareça nem com a história do seu tio avô. Ela está totalmente no modo jornalista, com a certeza que tem uma história muito boa nas mãos.

Ela já catalogou as casas de repouso para as futuras visitas. Por mais que ela queira ir direto para aquela onde o seu tio avô está, a prudência lhe recomenda que não faça isso. A última coisa que Hermione quer é ser acusada de alguma coisa, então ela resolveu começar pelas mais próximas à sua residência e ir se afastando aos poucos, se a sua chefe lhe autorizar quem sabe ela faça até mesmo alguma entrevista nas mais afastadas, fora do perímetro londrino.

O seu cronograma de visitas iniciais deve durar cerca de um mês, onde ela conversará com administradores e agendará possíveis entrevistas com internos e filmagens das dependências. Ela sabe que esta parte pode demorar um pouco mais e vai depender muito de autorizações dos próprios internos ou em alguns casos de seus parentes e tutores.

Ao pensar nisso, ela não pode conter um arrepio Hermione só espera já ter conseguido alguma coisa com Draco Malfoy, caso contrário ela vai precisar se preparar para mais um embate...

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Alguns dias depois

Draco, Luna e Nick estão no aeroporto. Eles esperam por Narcisa e Xenofilio, ao saber do que aconteceu o casal resolveu cancelar o restante da viagem e não adiantou Draco dizer que não era necessário. As Bahamas vão estar no mesmo lugar, um parente do Hagrid é mais importante. Foi o que Xenofilio falou e ao advogado só restou rolar os olhos e torcer para que ele usasse a racionalidade antes de sair acreditando nessa história maluca.

Ele olha para o painel e vê que o avião acabou de pousar, pelos pulinhos do filho e o sorriso de Luna dá pra ver que eles também viram e alguns minutos depois eles veem o casal apontar na plataforma de desembarque, Draco também não evita o sorriso ao ver a figura loira da mãe ostentando um bronzeado que indica que o casal aproveitou bem a viagem mesmo tendo que retornar antes do previsto.

- Como você cresceu! – Narcisa fala pegando o menino no colo – a vovó estava morrendo de saudades!

- Eu também, vovó. Você trouxe algum presente pra mim? – o loirinho diz com um sorriso radiante.

- Não – Narcisa diz e sorri ao ver a feição de decepção do menino – e claro que eu não trouxe um presente... Eu trouxe vários! (ela dá uma piscadinha cúmplice) e trouxe uma certa encomenda também.

Draco vê o menino sorrir abertamente e encara a mãe com curiosidade – isso é entre avó e neto, não é Nick? (ela sorri ao ver o menino balançar a cabeça vigorosamente) e então, temos novidades pelo que eu soube? – ela olha para o filho.

- A gente conversa em casa, tudo bem? – o loiro diz e vê o casal assentir com a cabeça – depois dos presentes e das panquecas do café da manhã.

- Panquecas caseiras soam ótimo pra mim – Xenofilio diz – toda aquela comida exótica me fez ficar com saudades de casa.

- Que venham as panquecas então! – Draco diz e sorri ao ver o filho bater palmas – e os presentes, é claro, se é que sobrou algum pra mim.

- Claro que tem presente pra você também, meu bebê crescido – Narcisa bagunça o cabelo do filho e a comitiva parte...

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Enquanto isso

Hermione se prepara para sair a campo mais uma vez, ela já visitou várias casas de repouso, mas hoje será diferente, hoje ela irá à casa onde seu tio avô vive. Ela sabe que provavelmente não terá nenhum tipo de contato com ele, mesmo assim ela não pode evitar o frio em seu estômago.

Ela certamente irá pedir para observar o dia a dia dos internos, mesmo que não entre em contato diretamente com eles, Hermione estará no modo profissional, mas ela se conhece bem o suficiente para saber que vai passar o tempo todo tentando achar algum traço neles que lembre a sua amada avó.

A morena pega os diários que estão cuidadosamente guardados, a sua ideia é entregá-los para o seu tio avô quando o conhecer, quem sabe assim ele possa conhecer um pouquinho da mulher incrível que ela era e sendo otimista talvez um dia ela possa compartilhar as histórias que ela conhece.

E é com este pensamento que ela parte para o início da sua jornada...

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Mais tarde

Draco se reúne com a mãe e o padrasto, Luna está com o seu filho que pegou os vários presentes, entre eles um pacote misterioso e se retirou, agora é hora de conversas sérias.

O loiro fez um breve relato sobre o seu encontro com Hermione Granger. Draco não escondeu nada, nem que a investigou, nem sobre a coincidência dela ser mãe de uma coleguinha do filho ou da sua irmã estar namorando o ex marido dela. Ele não poderia, a sua mãe saberia, ela sempre soube quando ele escondia alguma coisa.

- Então você acha que essa moça está mentindo? – Xenofilio o indaga – não me parece que ela seja alguém que faria este tipo de coisa.

- Vocês sempre veem o melhor das pessoas – Draco argumenta – então a minha obrigação é ser desconfiado. A princípio eu pensei nisso, não vou negar, mas pelo que eu descobri parece mesmo improvável, mesmo assim por mais improvável que seja eu não descartaria nada.

- Desconfiado como sempre – Narcisa fala carinhosamente – confiar nas pessoas nem sempre pode ser ruim, filho.

- Eu sou um advogado, mãe, eu sempre sou desconfiado – Draco rebate.

- Vamos fazer o seguinte – Xenofilio intervém antes que isso se transforme em uma discussão entre mãe e filho – eu me considero uma pessoa que sabe julgar o caráter dos outros, então marque um encontro com essa moça e quem sabe eu possa dar uma opinião imparcial e partiremos daí.

- Parece justo – Draco diz – eu vou providenciar (ele olha para a mãe) e agora que tal me contar sobre essa encomenda do Nick antes que eu exploda de curiosidade.

- Ah isso você vai ter que perguntar pra ele – Narcisa sorri – eu não sei se estou autorizada a contar.

- Mãe! – Draco diz encarando a mulher – você não vai fazer isso!

- Tudo bem – ela diz sorrindo – o Nick falou que tem uma amiga que é a melhor menina do mundo e que ela adora conchinhas e que já que eu estava na praia eu poderia trazer algumas pra ela. Foi a coisa mais doce que eu já ouvi na vida, eu daria tudo pra conhecer essa garotinha.

- Talvez você vá conhecê-la antes que pense, mãe – Draco diz – essa garotinha que por sinal não é exatamente uma menina doce é filha da senhorita Granger, a suposta sobrinha neta. Eu vou mandar uma mensagem para a senhorita Granger e marcar um encontro entre o Xenofilio e ela. Eu gostaria de manter a nossa ligação real em segredo por enquanto pelo menos nesse primeiro momento, precaução nunca é demais.

- Se você quer assim, tudo bem – Xenofilio diz e olha para a esposa – tenha paciência, querida, você vai conhecer a moça em breve, mas vamos deixar seu filho fazer do jeito dele por enquanto.

- Que seja – Narcisa diz – então já que eu vou ter que ficar curiosa por algum tempo, eu vou conversar com o meu neto sobre a melhor menina do mundo que gosta de conchinhas – ela completa enquanto se retira.

- Se você não quer ter problemas com a sua mãe, eu sugiro que não a deixe de fora por muito tempo – seu padrasto diz ao ver a esposa se retirar.

- Eu não vou, eu prometo – o loiro diz – eu vou ligar pra senhorita Granger e marcar um encontro com ela para esta semana e depois deixo a decisão em suas mãos...

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Quase ao mesmo tempo

Hermione sente a sua respiração ficar suspensa. Ela já foi a várias casas de repouso se apresentar e falar sobre o seu projeto, entre elas a casa onde a sua avó viveu, mas agora é diferente, ela está no lugar onde seu tio avô vive e mesmo que hoje ela não vá ter nenhum tipo de contato com os idosos, a ideia de estar próxima a ele a levaria às lágrimas, se ela não estivesse no modo profissional.

Ela se senta na ante sala da supervisora, para a sua sorte a diretora do local onde a sua avó morava ficou particularmente entusiasmada com seu projeto e se ofereceu para entrar em contato com outras entidades para ressaltar a sua seriedade, o que ela prontamente aceitou e agradeceu. Não que a revista para qual trabalha e o seu próprio nome por si só já não bastassem, mas não seria de bom tom recusar uma oferta de ajuda tão amável, sem falar que ela não gosta muito de se revelar, ironicamente poucas pessoas associam Hermione Granger à H. Granger.

Isso até poderia incomodá-la se ela fosse uma pessoa sedenta por fama ou holofotes, mas o que Hermione sempre quis foi escrever as suas matérias e na visão dela não ser reconhecida lhe dá mais liberdade para chegar até as pessoas.

Ela vê uma mulher de meia idade com aparência bondosa entrar e ir em sua direção.

- Senhorita Granger! – a mulher a cumprimenta com um sorriso – fico feliz em conhecê-la, madame Pomfrey só falou coisas boas a seu respeito.

- Foi muito amável da parte dela – Hermione diz se lembrando da diretora da casa de repouso em que a sua avó vivia, uma enfermeira bastante rígida, mas que se preocupava verdadeiramente com os idosos sob seus cuidados – eu agradeço a sua colaboração.

- Imagine, sou Pomona Sprout, a seu dispor – ela diz – eu fico feliz que alguém tenha tido a ideia de desmistificar o estigma que as casas de repouso têm aos olhos das pessoas que não convivem com nossos idosos. Você viu que a sua avó foi feliz

- Sim, ela foi – Hermione sorri ficando séria em seguida – mas eu não sou uma otimista exagerada que acha que isso é uma regra sem exceções.

- Infelizmente isso é verdade – a mulher diz com um suspiro – as clínicas particulares não têm tanto problema, já que o serviço que prestamos é pago, mas as que sobrevivem com doações ou com o dinheiro público costumam enfrentar problemas – ela para por um momento – nós vivemos em um país com muitos recursos, não quero nem imaginar como seria em lugares mais pobres.

- É verdade – Hermione diz com o seu faro jornalístico já pensando em uma sequência para a sua matéria, quem sabe em algum tempo, mas agora ela precisa voltar a realidade e focar no que vai fazer no momento – eu posso presumir que a senhora irá colaborar com a minha matéria – ela diz educadamente, Hermione sabe por experiência que ser o mais educada possível é o melhor caminho para conseguir a colaboração.

- Certamente – a mulher diz com um sorriso – a senhorita tem permissão para fotografar as nossas dependências agora mesmo e conversar com a maioria dos nossos pacientes, se eles quiserem, é claro.

- Só uma pergunta, senhora Sprout – Hermione diz – a senhora disse que eu poderia conversar com a maioria dos pacientes se eles desejarem. Existe algum paciente que eu não possa conversar? – ela questiona usando a sua melhor cara de paisagem.

- Não é que a senhorita não possa – a mulher diz meio desconfortável – mas alguns de nossos hóspedes não podem receber visitas que não sejam autorizadas a pedido de seus familiares (ela esclarece) não são muitos os casos, mas devemos respeitar.

- Desculpe insistir, senhora Sprout – Hermione diz – mas eu creio que o que a senhora ouviu sobre a minha pessoa e meu relacionamento com a minha avó me permite afirmar que pessoas idosas não são incapazes e não deveriam ser tratadas como tal.

- É verdade – a mulher sorri – fico feliz que a senhorita pense assim (ela suspira) infelizmente isso não acontece com todas as famílias e, bem, eu devo admitir que existem casos em que tal postura se torna necessária, casos que eu não posso discutir, se é que me entende. Da nossa parte eu posso garantir que fazemos o possível para garantir o bem estar dos nossos internos e se fosse alguma situação abusiva, nós tomaríamos as providências necessárias.

- Não esperaria que fosse de outra forma – Hermione diz enquanto faz uma anotação mental para olhar para esta questão com cuidado – eu posso dar uma volta por aqui para ver as instalações? Eu não vou conversar com ninguém sem a sua permissão, eu garanto.

- Ah, claro! – a senhora Sprout diz – mas eu lhe asseguro que alguns deles vão lhe interpelar. Nossos hóspedes gostam de uma conversa e são curiosos, então eu lhe peço que não divulgue nada sobre a reportagem por enquanto.

- Eu devo mentir? – Hermione diz desconfortável, ela sabe que não se deve quebrar a confiança de alguém e se ela fizer isso talvez não consiga a colaboração depois.

- Eu sei que é uma mulher inteligente, senhorita Granger – a diretora diz com um sorriso – você vai pensar em alguma coisa.

Hermione até pensa em argumentar, mas o aviso em seu celular lhe diz que finalmente ela tem alguma notícia sobre Draco Malfoy...


NOTA DA AUTORA

Mais um capítulo postadinho como manda o figurino! Espero que gostem, desculpem a demora eu juro que tento não enrolar mas nem sempre isso é possível.

Muito obrigada a todo mundo que está lendo e um agradecimento mais do que especial a quem perde um minutinho pra deixar um comentário e pode testemunhar que não dói, não faz cair a mão e deixa quem escreve muito feliz.

Bjos e até o próximo!