Alguns dias depois

Hermione luta contra a sensação no seu estômago, finalmente ela vai colher o sangue para a realização do teste de DNA. Um turbilhão de emoções a assolam neste momento, entre eles a possibilidade de que a pessoa que Sirius encontrou não seja o seu tio avô, ela não sabe se teria forças para assumir o fracasso e começar tudo novamente.

Ela aguarda Draco Malfoy que vai acompanhar todo o processo por motivos óbvios. Ela não vai poder acompanhar a retirada do material da outra parte e isso chegou a causar um desentendimento entre os dois, o advogado argumentou que se ela tivesse contato com seu suposto tio avô ela poderia arrumar um jeito de entrar em contato antes que o resultado saísse, ao passo que Hermione disse que nada impediria que ele forjasse o material para assim dizer que eles não tinham nenhum tipo de parentesco. O que, é claro, causou uma discussão.

Hermione se lembra que ficou mal por ter dito com todas as palavras que seria muito mais fácil para eles falsificarem o material e embora ela não acreditasse que o senhor Lovegood se prestaria a este papel, ela não duvidaria que Draco seria capaz, ao que ele riu de modo sarcástico e disse que seria sim capaz, mas que não faria porque ele poderia ser acusado de tudo nesta vida menos de ser uma pessoa desonesta e por fim ambas as partes acordaram que o próprio doutor Lupin seria o responsável por recolher as amostras após a confirmação dos responsáveis pela casa de repouso que aquele era o paciente correto.

Ela achou que o dia nunca chegaria, mas finalmente chegou. A figura sorridente de Remo Lupin na sua frente lhe diz isso.

- Olá Hermione – ele a cumprimenta – devo confessar que fiquei bem surpreso quando o Harry me contou. Eu terei o maior prazer em ajudar, mas você está ciente que qualquer laboratório genético poderia fazer isso, certo?

- Eu sei – ela suspira – eu sei que essa não é bem a sua área. Mas eu tive problemas com o advogado da família, então pensei que um nome com reputação pudesse por fim aos questionamentos dele. Se tiver algum problema eu vou entender.

- Imagine – ele diz – eu faço com o maior prazer, vai ser legal acompanhar um final feliz pra variar.

Hermione dá um sorriso solidário. Como é de conhecimento público, o geneticista tem a sua razão pessoal para se dedicar tanto à pesquisa genética. Remo Lupin sofre com crises epiléticas desde a infância e desde que se formou se dedica ao estudo desta doença. Ele escondeu a sua condição durante toda a sua juventude, mas com o passar dos anos ele decidiu torná-la pública e agora ele é um dos principais divulgadores da causa.

- Eu agradeço, Remo – ela diz – isso era muito importante para a minha avó.

- E pra você também – Remo diz – nervosa?

- Muito - ela admite – mas antes que ela diga mais alguma coisa Draco Malfoy chega para acompanhar o processo...

XXXXX

Quase ao mesmo tempo

Nicholas arruma a sua mochila. Ele sabe que ainda faltam algumas horas, mas ele está animado demais pra deixar pra depois. Hoje é o grande dia, o dia que ele finalmente vai dormir fora de casa. Ele vai dormir na casa da sua amiga Julie, a melhor menina do mundo, a sua irmã.

Ele se lembra que a menina lhe disse que seus primos gêmeos iriam passar a noite na sua casa na sexta feira e que era muito legal e que seria legal se ele fosse também.

E bastou isso para que ele atazanasse o seu pai durante toda a semana, devidamente auxiliado por Luna e por sua avó e talvez pelo cansaço seu pai acabou dizendo sim, depois que Luna falou com Hermione e ela lhe garantiu que não haveria problema algum.

Ele não sabe direito o que acontece quando se dorme na casa de um amigo. Nick só pode imaginar que eles vão brincar bastante e que provavelmente vão dormir mais tarde do que ele está acostumado. Ele já separou seu pijama, alguns brinquedos e alguns livros legais. Nick ainda não lê muito bem, mas ele gosta muito e ele sabe que Julie também gosta.

Num impulso ele pega o porta retrato em cima da sua cômoda e coloca em sua mochila, Julie sempre pergunta pela sua avó e ele quer mostrar como ela é bonita.

Ele olha para a foto onde um garotinho sorridente está acompanhado de toda a sua família. Quer dizer a sua mãe não está na foto, mas agora ele não se importa muito com isso, agora ele tem uma irmã...

XXXXX

Um pouco mais tarde

Hermione suspira aliviada. Não foi tão difícil assim, ela veio preparada para enfrentar um dos seus piores medos, tirar sangue, mas felizmente foi apenas uma espécie de cotonete esfregado em sua bochecha.

- Tem certeza que apenas isto basta? – ela pergunta para o doutor

- Absoluta – ele sorri enquanto olha para o cotonete – esta belezinha aqui contém DNA suficiente para fazer todo o seu mapeamento genético se você quiser.

- Juro que eu pensei que seria mais complicado – ela diz sorrindo – confesso que fiquei aliviada quando você não chegou com uma seringa.

- Quer dizer que a senhorita tem medo de agulhas? – Draco diz de maneira irônica – Eu pensava que era uma moça tão corajosa.

- Engraçadinho – ela retruca – e sim eu tenho medo de agulhas, pode me julgar. Meu pai também tem e a minha avó também tinha. Ela dizia que era uma coisa de família

Draco encara Hermione intrigado, Hagrid também tem pavor de agulhas. Ele a encara, mas não diz nada, afinal muita gente tem medo de agulhas, então pode mesmo ser só uma coincidência.

Então ele decide mudar de assunto – tem certeza mesmo que está tudo bem o Nicholas dormir na sua casa hoje? Eu pensei em não deixar, mas ele sabe ser insistente quando quer alguma coisa.

- Eu sei como funciona – ela sorri solidária – mas com a Julie funciona mais com o pai do que comigo, alguém tem que ser a durona de vez em quando. Mas fique tranquilo não vai ter problema algum, meus sobrinhos também vão dormir lá, vai ser uma grande festa pra eles.

- O Nick nunca dormiu fora – ele fala um pouco preocupado – se vocês tiverem qualquer tipo de problema...

- Seu filho não vai nem lembrar que você existe – Hermione diz – eu também fiquei preocupada da primeira vez que a Julie dormiu fora, mas minha filha praticamente me obrigou a ir pra casa. Agora você vai embora, mamãe, que a gente vai brincar – ela diz imitando a voz da filha.

Draco sorri, pelo que ele conhece da ruivinha, isso é exatamente o que ela diria – e o que você fez? – ele pergunta

- Bem – Hermione sorri – eu peguei o que restava da minha dignidade e fui embora e posso ter derramado uma lágrima ou duas no processo – ela lhe passa um cartão – é o meu celular, se você quiser mandar uma mensagem ou duas pra saber como ele está, fique a vontade.

- Não nego que vou me sentir tentado – ele diz com um suspiro – mas acho que meu filho não vai gostar muito se eu fizer isso.

- Eu não conto a ninguém, se você não contar – Hermione sorri, solidária – será o nosso segredinho.

- Tudo bem – Draco também sorri – se o Nicholas der algum tipo de trabalho, sinta-se livre para repreendê-lo ou mesmo ligar para que eu o leve pra casa

- Ei, eu sou a mãe da Julie, lembra? – ela diz com sarcasticamente – e tenho uma infinidade de sobrinhos por parte do Rony, com quem eu convivo sempre. Você acha mesmo que o seu filho que eu já notei que é um garotinho muito educado vai fazer alguma coisa que me aborreça?

- Espero mesmo que não – Draco diz – mesmo assim pode me ligar se precisar – ele lhe passa um cartão.

- Eu sei que não vou precisar – Hermione pega o cartão – mas caso o Nick não se sinta confortável em ficar pra dormir eu entro em contato.

XXXXX

Mais tarde

Hermione aproveita os momentos que ainda tem para adiantar a sua reportagem. A primeira parte já foi para produção e deve sair na edição que estará nas bancas amanhã. Não será muita coisa, apenas uma introdução que ela espera deixar seus leitores curiosos. Ela vai contar um pouco sobre a sua relação com a avó e como ficou chateada quando ela decidiu se mudar. Hermione sorri com a lembrança, a morena espera que os leitores compreendam que foi difícil pra ela principalmente quando ela pensava que as pessoas iriam achar que a sua família estava simplesmente abandonando a matriarca.

Ela se pega pensando no que Draco Malfoy irá pensar se ele chegar a ler a reportagem. Hermione sabe que o homem é inteligente o suficiente para fazer a conexão, mas sinceramente ela não se importa. Por mais que num primeiro momento a sua intenção fosse usar este artifício para se aproximar do seu tio avô, em algum momento isso deixou de ser o seu único ponto. Ela realmente quer fazer isso e se ele não entender, paciência, agora que ela conhece os Lovegood ela sabe que Xenofilio e Narcisa entenderão perfeitamente.

A campainha tira o seu foco, a noite de jogos hoje terá mais pessoas, Luna e Nick também virão como Julie fez questão de lembrar durante todo dia. A sua filha está mais do que entusiasmada em ter o amiguinho na sua casa e está planejando várias coisas para a noite. Hermione sabe que será uma noite longa, mais longa do que normalmente é quando os gêmeos estão em sua casa.

Antes que ela atenda a porta, Rony entra com Luna e Nick. O ruivo a olha com recriminação como acontece toda a vez que ela deixa a porta aberta.

- Eu sabia que vocês já estavam chegando, Rony – ela diz antes que ele fale alguma coisa

- Vou fingir que acredito – ruivo diz rolando os olhos – o Harry já chegou?

- Deve estar chegando – ela diz e se volta para o garotinho – oi Nick – ela diz se colocando na sua altura – não sei se você se lembra de mim, eu sou a mãe da Julie

- Eu lembro, senhorita Granger – ele diz de modo tímido

- Não somos formais aqui, querido – ela fala sorrindo – pode me chamar de Hermione ou de tia, se você quiser. O Rony vai te levar no quarto da Julie, ela está ansiosa e já arrumou um monte de coisa pra vocês brincarem.

Aproveitando a deixa, Rony sai com o garotinho deixando Luna e Hermione a sós.

- Obrigada por me receber em sua casa – Luna diz com a sua sinceridade costumeira – não são muitas ex mulheres que fariam isso, a ex do meu irmão que o diga. Não que eu quisesse ir à casa dela, é claro.

- Eu que agradeço por você entender a minha relação com o Rony – Hermione diz – não são muitas namoradas que entenderiam. A gente sempre foi mais amigo do que qualquer outra coisa (ela sorri) mas eu não me arrependo da nossa confusão. Graças a ela, a Julie está aqui.

- Ela é uma garotinha ótima! – Luna sorri – o Nick a adora. Ele é amigável, mas é um pouco fechado. A nossa família é pequena, ele não convivia com muitas crianças antes. Quer dizer, tem os colegas da escola, mas nunca foi assim.

- Ele é um garoto muito doce – Hermione sorri – nem parece ter o pai que tem – ela deixa escapar e olha para Luna – desculpe – ela completa meio sem jeito.

- Sem problemas – Luna sorri – eu sei o quanto ele é difícil. Foi difícil pra mim também quando eu o conheci (ela vê que Hermione não está entendendo) meu pai se casou com a mãe dele quando éramos adolescentes e desde essa época ele era difícil, mas ele não é um mau sujeito, eu garanto.

- Espero realmente que ele não seja – Hermione diz – seu irmão me deu um tempo difícil, mas acho que já nos entendemos.

- Fico feliz – Luna diz e neste momento a porta se abre novamente, com a chegada de Harry, Gina e os gêmeos tudo está pronto para mais uma rodada de jogos e vinho enquanto as crianças se preparam para a noite do pijama...

XXXXX

Enquanto isso

Draco sorve um gole do seu uísque enquanto se pergunta o que Nick deve estar fazendo agora. Ele olha para o relógio mais uma vez, o loiro não é o tipo de pessoa que fica se metendo na vida da sua irmã, mas neste momento ele mal pode esperar que Luna chegue em casa para perguntar como o seu pequeno ficou.

Ele tem que admitir que já pensou uma vez ou duas em mandar uma mensagem para Luna perguntando como seu filho está, nem em sonhos ele iria entrar em contato com Hermione Granger para perguntar sobre isso, sem falar que Nick ficaria envergonhado se soubesse que ele sequer pensou em uma coisa dessas.

Neste momento a sua mãe entra no escritório com um sorriso nos lábios, o sorriso de quem sabe exatamente o que o filho está passando, o sorriso de quem já passou por isso – ele vai ficar bem – ela diz massageando as costas do filho – o Nick falou sobre isso a semana inteira

- E eu não sei? – ele diz com um suspiro. A cada dez palavras que o filho disse durante a semana, doze eram referentes à sua primeira festa do pijama – eu quero saber como ele está se saindo, a Luna deve ter algo a dizer.

- Por falar nisso – Narcisa diz – a gente precisa contar tudo para a senhorita Granger. Não é justo que a Luna tenha que esconder isso do namorado. Além disso, a família precisa conhecê-lo.

- Eu sei, mãe – o loiro diz com um suspiro – assim que o resultado do DNA sair, eu prometo que isso vai ser resolvido.

Neste momento eles ouvem passos na sala. Luna está chegando e Draco finalmente vai aplacar a sua curiosidade sobre como seu filho está se saindo na sua primeira aventura fora de casa.

XXXXX

Mais tarde, bem mais tarde

Nicholas não sabe direito que horas são, mas ele não sente sono. Ele ainda está agitado demais pra poder dormir. A festa do pijama está melhor do que ele poderia imaginar, eles brincaram, fizeram um lanche gostoso e conversaram até que a mãe de Julie dissesse que já estava tarde e que eles deveriam dormir. O que não impediu que eles ficassem conversando por um bom tempo entre cochichos e risadinhas.

Ele se divertiu muito e mal pode esperar para a próxima vez. Quem sabe a mãe de sua amiguinha permita que ela durma em sua casa também. Seria o máximo! Eles iriam brincar com seus brinquedos ler os seus livros e poderiam levar seu cãozinho para dormir com eles na hora que ninguém estivesse olhando, Nick acha que Julie gostaria disso.

Ele se pega pensando como seria legal se eles pudessem estar sempre juntos, como irmãos de verdade. É legal brincar de ser irmãos, mas se eles pudessem estar sempre juntos seria melhor ainda.

Sim, seria muito legal. Ele diz para si mesmo com a promessa de quando Julie acordar, eles conversarem sobre isso. Quem sabe haja um jeito...

XXXXX

No outro dia

Draco acordou mais cedo do que de costume. Ele pega o seu celular antes mesmo de sair da cama para ver se existe alguma mensagem a respeito do seu filho. No fundo seu coração de pai talvez quisesse que seu menino sentisse a sua falta e tivesse pedindo para que ele fosse buscá-lo mais cedo o que evidentemente não aconteceu.

Seu menino deve estar exultante. Ele pensa com um sorriso e vai ter várias histórias pra contar sobre a sua primeira noite na casa de uma amiguinha. É um marco importante para um garotinho e Draco está feliz por isso.

Mas agora ele tem algumas horas antes que isso aconteça e ele vai preenchê-las com um pouco de trabalho e talvez com alguns jornais e revistas.

Ele folheia os jornais matinais antes de pousar os olhos em uma das revistas preferidas da sua irmã. Ele sabe que Hermione Granger tem uma coluna semanal e que ele já havia lido alguma das suas matérias sem prestar muita atenção no nome no final de cada uma.

Mas hoje é diferente, o destino fez com que eles se ligassem e talvez essa ligação seja para sempre ou pelo menos por um tempo muito longo, então ele folheia procurando a coluna de H. Granger.

Seus olhos se abrem desmensuradamente, ele não acredita no que está vendo. Draco respira fundo enquanto fala para si mesmo que talvez não seja exatamente o que ele está pensando. Ele começa a ler a reportagem enquanto aperta a sua mão até as juntas dos seus dedos ficarem brancas. Definitivamente é o que ele está pensando!

XXXXX

Quase ao mesmo tempo

Hermione vê que as crianças já acordaram, ou melhor, ela ouve que as crianças já acordaram. As risadinhas vindas do quarto da filha comprovam isso.

A morena vai deixá-los aproveitar mais algum tempo na cama antes de chamá-los para o café da manhã. Ela já sabe como funciona, provavelmente todos os lençóis foram retirados e transformados em alguma espécie de barraca e provavelmente em alguns instantes Julie virá pedir para que eles possam comer no acampamento.

Ela pega a revista agora publicada e acaricia a sua capa, a chamada não é algo que se destaque, mas também não está escondida. As pessoas que leem as suas reportagens já estão acostumadas com o seu jeito. Hermione nunca gostou de chamadas enormes mesmo em uma revista séria, a ela parece um pouco de sensacionalismo.

Mesmo que tenha sido ela quem escreveu Hermione sempre gosta de dar uma checada após a publicação, bem como verificar se há algum comentário na sua matéria da semana anterior, mas antes que ela comece Julie vem saltitante até ela.

- O que foi querida? – ela indaga – Já querem tomar café? Está pronto.

- Daqui a pouco, mamãe – ela diz – eu queria uma foto da vovó.

Hermione olha para a filha sem entender, Julie explica – é que o Nick mostrou a foto da vovó dele e eu queria mostrar a vovó pra ele também, a vovó Jane porque a vovó Molly ele já conhece.

Hermione pega uma foto em que estão ela, Julie e a sua mãe. Ela segue a menina até o quarto, curiosa em ver mais sobre a família do garotinho e porque não, sobre Draco Malfoy.

- Bom dia, crianças – ela cumprimenta a turminha e se volta para Nick – eu fiquei sabendo que você tem uma foto da sua avó – ela vê o menino sorrir e assentir com a cabeça – será que eu posso ver?

O menino assente com a cabeça e passa o porta retratos pra Hermione que o segura, ao mesmo tempo que empalidece.

Definitivamente ela precisa conversar com Draco Malfoy!


NOTA DA AUTORA

Finalmente consegui postar! Mais uma vez me desculpem a demora, estou meio enrolada estes dias, além de estar meio chateada porque as pessoas estão sumindo deste site. E não estou reclamando do sumiço nas minhas fics, estou falando de um modo geral, a quantidade de fics aqui diminuiu muito de uns tempos pra cá.

Espero que tenham gostado do capítulo e para aqueles que estão ansiosos para as coisas esquentarem entre os dois, eu digo que as fics têm meio que vida própria e estes pelo jeito são mais enrolados (corre pras colinas)

Bjos e até o próximo e quem puder deixar uma palavrinha vai me fazer muito feliz