Eles caminhavam vagarosamente pela praia, com a areia quentinha infiltrando-se em seus pés, cujos grãos vez ou outra faziam cócegas na planta dos pés. Era uma manhã ensolarada, fresca, com uma leve brisa soprada pelo mar. O vento brincava com os cabelos loiros dos dois caminhantes, pai e filha, que aproveitavam o tempo bom da primavera de Los Angeles, ao mesmo tempo que Patrick Jane estava finalmente em casa depois de uma exaustiva turnê por algumas cidades da Califórnia para visitar clientes e se apresentar em dois teatros, lotados diga-se de passagem. Ele tinha mais dinheiro que poderia sonhar quando ainda era um garoto circense desengonçado e explorado pelo pai, faminto e recebendo ajuda das pessoas que tinham compaixão pela situação dele. Mais dele do que seu pai, Alex Jane, afinal, este gastava todo o dinheiro que conseguia em bebidas e jogos. Enquanto caminhava com sua filhinha Charlotte, de mãos dadas, sorrindo um para o outro bobamente, sua mente vagou para sua infância difícil, cheia de apresentações de vidente falso patrocinadas por seu pai, sem muito tempo para brincadeiras.
Ele lembrava que passava boa parte do seu tempo livre lendo (autodidata) e aprendendo truques de mágicas com o Peterson Lewis, o mágico do circo. Patrick era muito esperto e aprendia facilmente os movimentos e traquejos, e usava isso para entreter as crianças menores do que ele. Patrick considerava-os como seus irmãos mais novos e se divertia muito arrancando risadas gostosas das crianças. Isso o alegrava imensamente e replicou a atitude com sua Charlotte, que provara ser sua filha pois ela sempre descobria onde estava escondida a moeda ou a carta. Então, as brincadeiras de pai e filha eram incrementadas com jogos de bola na praia, disputas de mergulhos e natação na piscina ou de pega-pega.
No entanto, hoje, ele optou por uma caminhada na praia após ser acordado com beijos e abraços de sua filha. Angela preferiu ficar deitada um pouco mais, tendo um leve sorriso no rosto quando seu marido e filha saíram muito animados para caminhar na praia. Em muitas oportunidades ela tinha sérias dúvidas de quem era mais criança, Patrick ou Charlotte. Na praia, o sol beijava delicadamente suas faces, tornando-os mais bronzeados. Charlotte virou-se para seu pai, com um largo sorriso no rosto, seus olhos azuis iluminados de felicidades e quando o Patrick olhou para ela, foi surpreendido por uma grande nuvem cinza que rapidamente se aproximava deles, encobrindo o sol que os aquecia. Ele tentou puxar Charlotte de volta, mas ela insistia em caminhar um pouco mais '' - Vamos papai, vamos catar conchinhas'', ela repetia e de repente, soltou a mão de seu pai, correndo à frente, beirando a orla cujas ondas quebravam levemente na areia. Ela estava feliz catando conchas quando sua mãe apareceu ao seu lado de supetão. Patrick franziu a testa, imaginando como Angela tinha chegado ali tão rápido, já que estavam a uma boa distância de casa. Elas estavam agachadas na areia, divertindo-se em escolher conchas, e quanto mais Jane tentava se aproximar,mais elas se afastaram. Ele ficou aturdido, tentando entender o que estava acontecendo. Em determinado momento, elas levantaram-se e começaram acenar para ele a título de despedida; ele ficou desesperado e tentou de todas as maneiras alcançá-las, todavia, elas não pararam de se afastar, como se estivessem flutuando em uma leve nuvem que pouco a pouco afastou-as de Patrick. Elas não estavam tristes, não; estavam contentes, com um ar de orgulho e alegria, tendo Angela e Charlotte lançado beijos para ele, e suas vozes, apesar da longa distância em que se encontravam, chegaram doces e serenas aos seus ouvidos:
'' - Adeus amor, fico feliz por ter encontrado paz e felicidade.'' - Angela comentou suavemente.
'' - Tchau papai, brinque com meus irmãozinhos como você fez comigo. Eu adorei todos nossos momentos juntos.''
Estranhamente, Jane não sentia a dor familiar e angústia que os sonhos com Angela e Charlotte proporcionavam. Pelo contrário, parece que um enorme peso foi-lhe tirado das costas e ele percebeu que seu coração estava leve, sereno, ainda com muitas cicatrizes, muitas mágoas, contudo, seu peito não apresentava o costumeiro aperto por pensar em Angela e Charlotte. Ele sorriu levemente, observando quando suas duas meninas mais favoritas do mundo distanciavam-se dele, envoltas em uma espécie de luminosidade mítica que aqueceu seu coração e retirou as sombras que cobriam seus olhos durante muito tempo. Jane deu um longo suspiro, espreguiçando-se amplamente, sentindo seus músculos contraídos de tanta culpa e amargura finalmente soltando-se em um espasmo de paz. Repentinamente, ele sentiu leves pênis em seu rosto, como se algum inseto intrometido estivesse pousando em suas bochechas, contudo, não havia nada ao seu redor a não ser a brisa do mar e o barulho das ondas.
A sensação aumentou cada vez mais até que ele foi despertado do mundo do sono, saindo de seu sonho tão incomumente tranquilo para encarar dois pares de olhinhos brilhantes, um azul e outro verde, observando-o atentamente. Ele descobriu que as sensações de bicadinhas vinham das mãozinhas muito arteiras de seus filhos gêmeos, amontoados desajeitadamente no canto da cama, brigando para quem ficaria mais próximo do pai. Lana e Gael estavam sorrindo quando o pai finalmente acordou.
'' - Papai, papai, hora de levantar.'' - Lana bateu com suas mãozinhas carinhosamente nas bochechas de seu pai, ansiosa para mais um dia de brincadeiras. Seus longos cabelos castanhos encaracolados estavam apontando para todas as direções e seus belos olhos azuis faiscavam de alegria.
'' - Você prometeu que faríamos um bolo hoje, papai.'' - Gael completou, pulando sem cerimônias nas costas de Jane, arrancando um gemido de dor; é, ele não tem mais vinte anos e uma criança super ativa de três anos pulando em cima dele certamente provoca mais dor do que antigamente. Seu filho puxou de Jane seus cabelos loiros e os olhos verdes, as bochechas, o nariz e a boca de Teresa.
Jane e Lisbon ficaram surpresos no primeiro ultrassom quando ouviram não só um, mas dois coraçõezinhos batendo na tela; passado o choque, ambos sorriam bobamente um para o outro por horas, enquanto recuperavam-se das notícias compartilhando um grande sundae como nos velhos tempos da CBI. Jane não podia acreditar em sua sorte por ter reencontrado o amor nos braços de Teresa Lisbon e mais ainda por ter a oportunidade de ser pai de novo, e em dose dupla! A gravidez, apesar da idade de Teresa, correu sem intercorrências graves, e ela conseguiu fazer um parto normal ao final do oitavo mês de gestação. Jane acompanhou tudo de perto e quase explodiu de felicidade quando segurou seus dois pequenos filhos nos braços. Desde o sexto mês de gravidez, Lisbon deixou o trabalho de campo e foi transferida para a nova unidade de treinamento de agentes em Austin. Ela gostou muito de poder continuar com suas atividades no FBI, de compartilhar seus conhecimentos e experiência na formação dos agentes que eram designados para a agência de Austin. Abbott ficou particularmente satisfeito com esse arranjo, pois manteve uma das melhores agentes em ação com o benefício de manter seu consultor rebelde e talentoso, Patrick Jane, sob controle. Jane, mesmo depois de várias conversas com Lisbon, ficou frenético nos primeiros meses da gravidez dela, excessivamente preocupado com suas incursões em campo para investigar os crimes. Ele pavoneava ao lado dela como uma pata cuidando de seus filhotes e muitas vezes atrapalhou interrogatórios por estar perto demais dela. Cho e Tork limitavam-se a olhar sem dizer nada, afinal, na primeira vez que ousaram dar sua opinião sobre os exagerados cuidados de Jane para com Lisbon, foram fuzilados por um olhar incomumente sério e furioso de Jane, e temerosos em ser objeto de sua vingança, resignaram-se a voltar para o carro sem mais comentários. Lisbon também havia jogado a toalha, pois nada do que dizia fazia seu marido mudar de atitude; portanto, a promoção e a transferência de Lisbon para a Unidade de Treinamento foi uma dádiva para todos da equipe.
Quando os gêmeos nasceram, Jane e Lisbon ficaram cuidando dos bebês até completarem 4 meses, sendo que ele voltou ao trabalho primeiro, apesar de estar claramente contrariado com isso. Ele achava que Teresa ficaria muito cansada em cuidar de dois bebês ao mesmo tempo sem tê-lo por perto para ajudar. Porém, como tudo em sua vida, Teresa tirou de letra e estranhamente sentiu-se menos cansada com ele estando ausente. Talvez a ansiedade dele em cuidar dela e dos filhos estivesse atrapalhando. Por isso, com muito tato, ela começou a aconselhá-lo a buscar ajuda para lidar com seus antigos demônios, antes que estes acabassem com seu casamento. Relutante e emburrado, Jane cedeu após algumas semanas e iniciou suas sessões de terapia com um psiquiatra particular, cuja indicação foi por parte de Lena, esposa de Abbott. A Dra. Susan Marschall era amiga íntima de Lena, conhecia a história dele e trabalhou objetivamente para auxiliá-lo a lidar com o luto internalizado por 15 anos dele. Os progressos vieram de maneira lenta e suave, e tanto Jane como Lisbon, e o restante da equipe, perceberam as mudanças em suas atitudes. Agora ele não ligava 10 vezes por dia na creche para saber dos filhos, não passava regularmente na frente do prédio da escolinha para observar se as crianças estavam sendo bem tratadas e nem tentava ler friamente as cuidadoras e professoras,, pelo menos, não pela segunda vez. Interpretar as pessoas era algo inato e automático nele e graças às conversas com a Dra. Susan, ele conseguiu manter suas impressões para si mesmo e para Teresa, não provocando ou irritando as profissionais que seriam responsáveis por cuidar de seus filhos enquanto trabalhavam.
Mais tranquilos e seguros, Jane e Lisbon passaram pela difícil fase do nascimento dos primeiros dentes, as hilárias tentativas do primeiro passo de Gael, que ficou claramente frustrado ao perceber que Lana andou antes dele. Era cômico ver como Gael fazia bico e chorava bravo quando não conseguia seguir sua irmã que andava tão graciosamente tanto quanto era possível para um bebê de onze meses. O primeiro aniversário dos gêmeos foi marcado com uma viagem a San Francisco para comemorar com os queridos Grace e Wayne. A reunião de Benjamin, Madeleine, Gael e Lana foi uma mistura de gritos, risos e de três adultos exaustos por correrem atrás de quatro crianças hiper estimuladas por um Patrick Jane totalmente no modo ''criança grande.''
'' - Nunca mais faremos isso.'' - Lisbon irritada disse ao chegarem de volta no aeroporto de Austin, completamente exaurida da viagem.
'' - Mentira, você adorou e mal pode esperar para repetir a experiência, mas desta vez com seus sobrinhos em Chicago.'' - Jane respondeu alegre, com seus filhos empoleirados cada um em seu colo enquanto caminhavam para retirar a bagagem. Lisbon o encarou com os olhos arregalados, como que percebendo pela primeira vez que eles teriam que passar as festas do final de ano com seus irmãos em Chicago, e a imagem de pelo menos 6 crianças correndo descontroladamente atrás de um Jane no papel de mágico, mímico e organizador das brincadeiras mais agitadas, fez com que seu rosto ficasse em um tom de rosa pálido que arrancou risadas altas de seu marido. Felizmente, a estada deles em Chicago não foi tão cansativa como ela previu, pois Jane encontrou em seus irmãos companheiros de animação, e houve uma certa organização apesar de todas as correrias e estripulias deles com as crianças.
Lisbon acostumou-se a lidar com um Patrick Jane modo pai, amoroso, dedicado, carinhoso e muito, muito disponível para tudo e qualquer atividade que seus filhos pudessem imaginar - ou não. Agora, Jane havia prometido aos filhos que no final de semana os ensinaria a fazer um bolo de verdade (e não de massinha), por isso, ela levantou-se primeiro ao perceber o movimento no quarto dos filhos. Ela fez sua rotina matinal, foi até a cozinha e preparou seu café, admirando a paisagem cálida do lago em frente a casa deles naquela manhã. Ela sorriu brevemente quando avistou uma família de patos deslizando suavemente pela água. O dia de hoje seria no mínimo interessante, ela pensou, imaginando como Jane iria coordenar a atividade de fazer um bolo de verdade com seus dois filhos pequenos. Ao que parece, ele tinha tudo sob controle, tendo pesquisado na Internet uma receita fácil e rápida de bolo, que podia ser feita em uma batedeira sem muita bagunça.
'' - Mamãe'' - duas vozinhas disseram ao mesmo tempo ao entrarem animados pela cozinha. '' - Bom dia mamãe, onde está o papai?'' - Gael tomou a liderança enquanto Lana ia até a geladeira para se servir de um copo de suco de laranja.
'' - Bom dia meus amores.'' - Lisbon abaixou-se para abraçar e beijar seus filhos - '' O papai ainda está dormindo, eu acho que ele perdeu a hora…'' - ela disse maldosamente, ciente de que seus filhos iriam correr para acordar o pai, o que aconteceu quando dois pares de pezinhos descalços saíram trotando da cozinha em direção ao quarto principal. Ela riu sozinha em seu café, visualizando a cena de um Jane sendo atacado pelas crianças enquanto dormia. Pelo menos seria sua revanche por ter que provavelmente ver sua cozinha mergulhada em farinha e leite.
Pouco tempo depois, Jane, Gael e Lana surgiram na cozinha, sendo que Jane estava encantadoramente desgrenhado e coçando os olhos pesados de sono.
'' - Eles quase não me deixaram escovar os dentes.'' - ele reclamou, beijando sua esposa docemente nos lábios.
'' - Quem será que ficou incitando-os durante a semana toda a respeito de fazer um bolo de verdade?'' - Lisbon devolveu satisfeita ao ver a cara de falsa indignação do marido.
'' - Papai, papai, é agora que vamos começar?'' - Lana pulou no lugar excitada.
'' - Eu pego a batedeira!'' - Gael gritou, correndo em direção ao armário, sendo seguido de perto por sua irmã.
'' - Não, eu pego, eu que vou usar.'' - Lana contradisse e os dois travaram uma leve batalha na porta do armário, disputando quem iria pegar o aparelho primeiro. Jane e Lisbon trocaram olhares ansiosos, e Lisbon apenas levantou as sobrancelhas como se dissesse: '' - Invenção sua, agora se vire.'' Sem dizer nada, ela encostou-se no balcão para assistir divertida a intervenção de seu marido com os filhos, afastando-os com muita luta do armário. Ao final, Jane pegou a batedeira, levantando-a acima de sua cabeça e com um tom que pretendia ser bravo, decretou:
'' - Primeiro, café da manhã.'' - ele manobrou desajeitadamente pela cozinha até colocar o aparelho em cima da geladeira, para ouvir os lamentos dos filhos e ver dois pares de bracinhos cruzados no peito, que lembraram muito de Lisbon quando era contrariada por Jane. Por isso, ele sorriu largamente, dando um beijo na testa de Gael e de Lana, dirigindo-se para o fogão para começar a preparar o café. Ele nem pode fazer seus ovos como de costume, pois as crianças estavam muito inquietas na mesa, pensando na incrível experiência de fazer bolo.
Dando-se por vencido, Jane admitiu a derrota e sob o olhar divertido de sua esposa, ele começou a separar os ingredientes do bolo, observado atentamente por seus filhos. A cena de Jane, Gael e Lana circulando pela cozinha era tão adorável que Lisbon desistiu de fazer o que quer que estivesse planejando, acomodando-se em uma das cadeiras da cozinha para admirar como Jane e seus filhos divertiam-se fazendo o bolo. Jane foi eficiente ao separar os ingredientes, e revezando entre Gael e Lana, colocaram um a um na batedeira, sendo que as crianças ficaram encantadas com os batedores transformando ovos, leite, farinha, açúcar, baunilha e fermento em uma massa amarelada e cheirosa que se tornaria um bolo após assada. Foi a primeira vez que Gael ou Lana quebraram ovos de verdade, então, levou mais de um ou dois para finalmente acertar colocar dentro da vasilha do aparelho. Lisbon balançou a cabeça com a evidente confusão de cascas e ovos inteiros despejados no chão, farinha espalhada por toda parte e boquinhas infantis repletas de açúcar após o pai ter feito bigodes açucarados em seus rostos. Juntos, os três untaram uma forma redonda e Jane foi sinceramente severo ao dizer para Gael e Lana que o forno era perigoso e que ele, somente ele, poria a massa para assar. As crianças sabiamente conheciam a expressão do rosto do pai quando ele estava falando sério e ficaram obedientemente ao lado dele enquanto ele punha a massa para assar.
'' - Bom, agora vem a parte mais divertida.'' - Jane bateu uma palma estalada, incitando a excitação de Gael e Lana, ansiosos por mais diversão. '' - Limpar a sujeira que fizemos.'' - ele decretou e segurou o riso ao perceber que as duas crianças visivelmente murcharam de desânimo. Lisbon permaneceu sentada enquanto os três limpavam a cozinha: recolheram as cascas dos ovos, jogando-as no lixo; Jane passava o rodo mágico no chão ao mesmo tempo que Gael e Lana, com suas pequenas mãos, lutavam para livrar as superfícies da mesa e dos armários da farinha e açúcar. Onde não puderam alcançar, Jane limpou e no tempo que levou para o bolo ficar pronto, eles deixaram a cozinha habitável novamente. O cheiro de bolo assado tomou conta do lugar; e Gael e Lana estavam ansiosos para provar o bolo que fizeram.
'' - Antes de comer o bolo, todos nós vamos tomar banho.'' - Jane conduziu os dois com firmeza para o banheiro, ficando na porta de braços cruzados e um olhar grave, intimando Gael e Lana para não contrariar suas ordens. As crianças despiram-se e tomaram banho sem reclamações, vestindo-se em seu quarto sem confusão ou discussão. Quando estavam prontas, sentaram-se no sofá da sala para assistir desenhos animados enquanto seu pai tomava seu necessário e revigorante banho. Jane apareceu na sala com os cabelos ainda úmidos, vestido com uma camiseta e uma calça leve de brim. Lisbon tinha retirado o bolo do forno e posto para esfriar enquanto os três se banhavam.
'' - Quem quer um pedaço de bolo?'' - Jane anunciou alegremente na sala, para o deleite de duas crianças que pularam animadas do sofá, quase atropelando seu pai ao passar por ele correndo em direção à cozinha. Gael e Lana sentaram-se à mesa e esperaram ansiosos que seu pai os servisse com um pedaço de bolo e um copo de leite para cada um. Excepcionalmente, não haveria almoço, iriam aproveitar o bolo que fizeram juntos. Os quatro permaneceram calados ao comerem seus pedaços, sendo que Gael foi o primeiro a se manifestar:
'' - Que gostoso!''
'' - Lógico, eu que fiz'' - Lana decretou toda pimpona, falando com a boca cheia, espalhando pedacinhos de bolo no ar.
'' - NÓS fizemos querida, nós três.'' - Jane apaziguou antes que o momento torna-se uma discussão. '' - E fizemos bem, porque está delicioso, não acha amor?'' - ele virou-se para a esposa, que manteve-se calada até ter comido o último pedaço. Lisbon parou e mirou o ar pensativamente, sendo que seus filhos esperavam com expectativa sua decisão.
'' - Está tão bom que quero outro pedaço.'' - finalmente ela falou, ganhando doces sorrisos de satisfação de seus filhos e marido. Gael e Lana bateram palmas de orgulho, ganhando cada um um beijo estalado de sua mãe. Jane, mais presunçoso do que nunca, serviu à esposa outra generosa fatia de bolo, fazendo o mesmo para seus filhos, que aguardavam com os pratos vazios erguidos no ar. O bolo quase foi comido totalmente, e as crianças ajudaram a limpar a mesa, retirar o excesso dos pratos e acomodá-los na lava-louças. Com as barriguinhas cheias, Gael e Lana encostaram-se no sofá, aninhados ao lado do pai para assistir a algum filme infantil na TV. Embalados pelos sons dos pássaros do lado de for a e pelas canções suaves da televisão, os três acabaram dormindo, e o próximo sonho de Jane foi preenchido com muitas mãozinhas enfarinhadas abraçando-o carinhosamente. Certamente, ele redescobriu a felicidade e, finalmente, sentia que merecia viver plenamente com sua nova família.
FIM
