Bella Cullen PDV
4 anos antes
O corpo de Edward caiu no chão, com um tiro no peito. Aquela imagem era horripilante, meu marido agonizando enquanto sangue escorria de seu corpo.
Mas não era ele ali, era um traidor, era seu irmão.
Escutei um engasgo ao meu lado.
Edward cambaleou até ele e fiquei ao seu lado.
— Seu idiota, como pode fazer isso com a gente? Comigo? — Edward chorou.
— Seu irmão morreu em um acidente de carro, me entendeu, ele morreu em um acidente — Carlisle veio até a gente, sua voz trêmula. — Isso não era ele, não era ele.
Olhei para meu sogro e seus olhos azuis estavam cheios de lágrimas, eu não o tinha visto chorar nenhuma vez desde que pensamos que Anthony tinha morrido, somente a expressão séria e abatida.
Pai e filho se abraçaram.
Era o fim trágico de uma história infeliz.
Edward se soltou do pai, balançando a cabeça e fungando com força.
— Não pai, eu não posso deixá-lo morrer — ele disse e apertou o local onde a bala tinha atingido. — Liga para o dr. Grandy, ele pode ficar bem. Podemos salvá-lo.
— Edward! — Carlisle o encarou.
— Não, por favor, Bella ligue para ele! — se virou para mim e olhei em seus olhos.
Eu podia ver tudo que ele sentia ali, a raiva, a tristeza, a dor.
Eu não sabia o que fazer. Eu sabia o quanto ele estava sofrendo e mesmo depois de tudo que Anthony tinha feito, ele ainda queria salvá-lo, porque ele o amava. Amava-o de verdade.
— EDWARD! — seu pai falou mais forte.
— CLEMÊNCIA! EU PEÇO CLEMÊNCIA POR ELE E UM JULGAMENTO JUSTO — gritou.
Coloquei a mão em minha boca.
— Liga para o médico por favor, ele é seu filho, é sangue do nosso sangue não o deixe morrer assim. Eu não posso deixá-lo morrer assim, não posso — pediu ofegante, lágrimas escorrendo de seu rosto.
Carlisle encarou os filhos. Os olhos de Anthony se revirando deitado no chão, sua respiração arfante.
— Eu lavo minhas mãos, você assumirá tudo que acontecer com ele daqui para frente. Então se quer salvá-lo é melhor ir com o carro, eu ligo para Grandy no caminho e falo que estão chegando.
Mesmo debilitado e fraco vi Edward pegando seu irmão gêmeo nos braços. Eu abri a porta do carro e entrou com ele atrás.
Eu fui para o motorista.
— Vá rápido Bella, por favor.
— Você tem certeza disso? — encarei-o pelo retrovisor.
— Por favor, vai — acelerei o carro que derrapou na terra.
Quando chegamos, o dr. Grandy nos esperava na entrada.
Ele tinha feito uma clínica clandestina em uma casa, para cirurgias de emergência da Grand C. A ideia surgiu depois de Edward tomar o tiro no braço e ter que ser operado no sofá da sala.
Não questionou nada de como Anthony estava ali com um tiro, sendo que tínhamos o enterrado dias atrás.
— Vocês tem que esperar aqui — foi só o que disse, quando o colocou em uma maca.
— Não, el…
— Você está fraco, Edward. Deixa eu cuidar de você — peguei em sua mão.
Ele suspirou e só assentiu.
Um homem que deveria ser o enfermeiro, o ajudou a empurrar a maca para dentro de uma sala.
Eu puxei Edward para uma cadeira. Ele se sentou exausto, fechando os olhos.
Vi uma pia e peguei uma toalha que tinha ali, molhei e voltei passando em seu rosto.
— Por que quer salvá-lo Edward? Depois de tudo que ele fez?
— Eu só... eu não posso deixá-lo morrer assim. Ele é meu irmão…
Eu o abracei com força.
— Ele nos traiu. Tentou matar você..
— Por isso mesmo… a morte seria muito fácil para ele. Eu quero um julgamento, uma pena dura para ele… eu quero saber porque ele fez isso… porque agiu assim. Isso não é ele, eu sei que Anthony não faria isso assim... tem que ter algum outro motivo. Como não pude perceber como ele se sentia? Será que eu fui um irmão tão ruim assim?
— Claro que não, Ed. Você não o obrigou a fazer nada, ele que escolheu fazer tudo — o abracei apertado e acariciei seu cabelo.
Nem conseguia acreditar que estava ali com ele. Seus braços me envolveram e me apertou.
Eu fechei meus olhos e rezei para que tudo ficasse bem.
Edward Cullen PDV
Dias atuais
O portão de ferro se abriu e parei o carro no estacionamento.
Bella queria ter ido comigo, mas não deixei. Não iria demorar muito ali e preferi ir sozinho.
Tinha se passado uma semana que tudo aconteceu e James estava foragido.
Ele havia renunciado ao seu trabalho de deputado, depois da morte da irmã. Com certeza confiando que iria assumir meu lugar.
Era um babaca e não via a hora de colocar minhas mãos nele. Todos da Grand C estavam informados de sua traição e eu tinha certeza que uma hora ou outra ele iria aparecer, iria deslizar em algo então o pegaríamos.
Mas naquele momento, não era James que me preocupava e sim o encontro que logo teria.
Ninguém sabia onde Anthony estava além de mim. Aquele era um ponto bem sensível na família Cullen, apesar de ninguém falar a dor da traição dele pesava entre a gente e às vezes quando sem querer tocavámos no nome dele, ficava aquele silêncio pesado. Uma ou outra vez pegava minha mãe encarando fotos de nós dois crianças.
Para todos os outros membros da Grand C, tínhamos informado que ele teve um destino pior que a morte, o que não era mentira. Mas deduziram que ele havia morrido e os deixamos pensar assim. Só nós do Conselho e o dr. Grandy sabia a verdade.
Seu destino pior que a morte, foi viver recluso e sozinho, sem nunca receber a visita de ninguém, sem nenhum meio de saber notícias de fora. E era assim que ele vivia todos aqueles anos.
Parei o carro em uma vaga que achei próximo a entrada.
O lar dos freis era uma construção antiga, uma casa grande no estilo coloquial.
Eu saí do carro fechando a porta.
Era um lar que cuidava de padres quando ficavam idosos ou tiveram que se aposentar do serviço e não tinham nenhum lugar para morar ou quem cuidasse. A princípio não queriam aceitar meu irmão, desde que ele não era um frei, mas a boa quantia em dinheiro que pagava mensalmente ajudou eles a conseguirem se manter.
— Boa tarde, vim falar com o frei Frank, sou Robert Kilt — falei para um frei que estava na entrada, usando o nome falso que dei quando levei meu irmão ali.
— Boa tarde, meu filho. É claro, me acompanhe, por favor.
Eu o segui caminhando por um corredor até parar em frente a uma porta de madeira.
Ele bateu na porta antes de abrir.
— Frei, tem visita — eu entrei e ele saiu nos deixando sozinho.
— Frei Frank! — Cumprimentei quando o vi. Ele estava sentado atrás de uma mesa, seus olhos escuros demonstraram surpresa ao me ver ali. Ele se levantou, usava uma batina marrom, com um crucifixo de madeira no peito, estendeu sua mão.
— Sr. Kilt , como está? Que Deus o abençoe. Pensei que nunca mais fosse vê-lo por aqui.
— É, mas eu tive que vir. Eu posso vê-lo? — pigarreei antes de perguntar e soltar sua mão.
— É claro, ele está na sala de pintura, eu o levo até lá.
Eu assenti e caminhamos comigo atrás dele.
Passamos por um pátio, onde tinha alguns velhinhos conversando com pessoas que trabalhavam ali. Dois jogavam xadrez, alguns estavam com a cabeça baixa e o terço na mão rezando, outros assistiam tevê.
Enquanto andávamos, lembrei da raiva e da dor da traição que ainda pesava em meu coração.
Anthony era meu irmão gêmeo, tínhamos uma ligação que poucas pessoas tinham, por isso mesmo que ele tivesse tentado me matar e nos traído, pedi clemência por ele.
Ele não podia morrer daquele jeito, tinha que pagar por tudo que fez. Por toda dor que nos causou. Ele ficou em coma induzido por quase uma semana, o seu julgamento foi logo depois que acordou.
Meu pai se absteve de dar sua opinião, tudo era muito dolorido para ele e minha mãe que se não o tivesse visto quando estava internado não teria acreditado.
Eles achavam melhor sentenciá-lo à morte, mas eu consegui que isso não acontecesse. A morte acabaria com tudo muito rápido, ele merecia sofrer sozinho pelo resto de sua vida. Sua condição o ajudou a ficar vivo e sua pena foi viver recluso sem receber visita de ninguém.
Por quatro anos, o frei me mandava algumas informações dele, por quatro anos ele não recebeu ninguém da família.
Até aquele momento.
Frank abriu a porta e respirei fundo antes de entrar.
Meus olhos giraram pela sala, era uma sala de pintura preenchida por quadros com desenhos abstratos. Em alguns pareciam ter duas sombras idênticas de mãos dadas, ou lado a lado, era impressionante.
Meu olhos pararam nele.
Anthony estava de costas, sentado em sua cadeira de rodas.
— Thomas, você tem uma visita — o frei se aproximou dele, percebi que pegou o pincel da boca dele e girou a cadeira.
Meu irmão não era em nada quem eu lembrava. Parecia mais velho, sua expressão dominada pela tristeza.
Doeu vê-lo daquele jeito, mas aquilo era consequência de suas escolhas. Ele tinha escolhido aquele caminho. Ele tinha escolhido nos trair.
A bala atravessou o peito dele e se alojou na coluna, fraturando sua medula espinhal.
Ele tinha ficado com tetraplegia incompleta. Não conseguia mexer nada do pescoço para baixo, mas como sua lesão foi um pouco abaixo do nível dos ombros, dr. Grandy achou que ele poderia recuperar o movimento dos braços com um tratamento específico. Eu sabia que ele fazia fisioterapia ali, a última informação que tive é que ele tava melhorando a sensibilidade dos dedos o que lhe deu mais liberdade para mexer na sua cadeira elétrica.
Seus olhos se arregalaram quando me viram e pareceu começar a tremer.
— E…ed..ward — falou com certa dificuldade.
— Pode nos deixar sozinhos? — pedi ao frei.
— É claro, qualquer coisa é só me chamar.
Eu assenti e ele saiu da sala fechando a porta.
Encarei-o.
— Edward, eu… eu… — ele parecia em choque por me ver ali.
Eu respirei fundo e me aproximei. O quadro atrás dele estava pela metade e percebi que de novo pareciam ter duas sombras idênticas ali, só então percebi o que era aquelas sombras. Eram duas pessoas, duas pessoas iguais.
Nada daquilo importava.
— Você tinha um caso com James? — perguntei sem me demorar mais.
Ele se engasgou surpreso com as palavras, respirou com dificuldade.
— Calma, respira — coloquei a mão em seu ombro.
Ele inspirou e expirou lentamente, se acalmando.
— James… como… como ele tá?
— Ele matou o pai, assumiu o lugar dele no Conselho, tentou matar minha esposa e matou Tanya tentando me incriminar para usurpar meu lugar — A raiva era palpável em minha voz.
Os olhos claros dele encheram de lágrimas.
— Ah não! Eu… eu sinto muito, eu… eu deveria ter falado… eu… me perdoa, meu irmão me perdoa — Thony começou a chorar. — Eu… eu… amava James, eu o amava com todo meu coração.
— Foi por isso que nos traiu?
Ele assentiu e finalmente entendi tudo.
— Eu… eu não conseguia ver que James me usava… eu... eu só queria ser feliz com ele.
Eu balancei a cabeça.
— Por que você nunca me disse? Por que escondeu de mim que era gay, Anthony? Você sempre me odiou é isso?
— Não, claro que não… Eu tinha medo… medo que ... não ... me aceitassem — fungou.
— Você é meu irmão, mesmo depois de tudo que aconteceu eu pedi clemência por você, eu supliquei para que não fosse condenado à morte. Você é sangue do meu sangue, nós estivemos juntos desde sempre, do útero até a morte, não é o que falávamos? Eu nunca vou entender tudo que fez, como pode virar as costas para mim e se aliar a ele? Como pode acreditar no que ele dizia e não em mim?
— Eu… eu estava cego… cego de amor por ele, Edward. Só agora eu vejo isso e agora… é tarde demais. James não vai parar enquanto não tiver o que quer.
— E o que ele quer?
— A Grand C, o poder… isso que ele sempre quis, nunca fui eu... nunca — o sofrimento era visível em sua voz, mas era tarde demais.
— Pois ele nunca vai ter isso — fechei minha mão em punho.
— Não o subestime. James… foi ele quem ajudou Jacob a sequestrar Bella… eu nunca concordei com aquilo… nunca.
Balancei a cabeça nada surpreso com isso.
— O que… o que vai fazer?
— Matá-lo. Adeus, Anthony — me virei para sair da sala.
— Espere — eu parei sem encará-lo. — Se… se eu puder fazer algo para ajudar vocês a pegarem ele… se James souber que eu estou vivo… eu ajudo… eu ajudo vocês, diz para mamãe e pro papai que….. eu sinto muito... sinto muito… eu sinto sua falta, meu irm...
Eu sair da sala sem deixar ele terminar de falar, mas ouvindo o choro do arrependimento em sua voz.
Fechei a porta com força, me encostando nela, tentando controlar minhas emoções.
Não conseguia parar de pensar em como tudo poderia ter sido diferente. Se ele não tivesse nos traído, nós poderíamos estar juntos, poderíamos ser amigos, irmãos de verdade.
Eu odiava o quanto aquilo me doía.
Escutei alguém pigarrear e encarei o frei Frank. Ele passou a mão em sua batina.
— É, desculpe. Estava esperando que saísse.
— Algum problema? — perguntei, nada feliz de vê-lo ali.
— Seu irmão, Thomas… ele… eu temo pela vida dele.
— Como assim?
— Eu… eu nunca vi ninguém tão triste em minha vida, pintar é a única coisa que parece dar um pouco de alegria para ele… Eu não sei o que ele fez, mas… ele se arrepende de seus erros… todos os dias pergunta se tem alguma notícia sua… Todos os nós somos humanos e erramos. Eu mesmo erro muito, todos os dias, mas Deus foi misericordioso com todos nós, mesmo sabendo muito antes de nascer quais seriam nossos pecados, Ele mandou o seu único filho para nos salvar, cada um de nós… Então… porque não dar uma segunda chance ao seu irmão? Por que não ser misericordioso com ele?
— Eu não sou Deus e essa é a segunda chance que ele está tendo. Não me espere aqui de novo.
Respondi e saí sem olhar para trás.
Nota da Autora:
n/a: Oiiii amores, como estão?
O que acharam do capitulo?
Anthony vivo surpreendeu vocês né? Mas eu não podia deixá-lo morrer daquela forma, a morte teria sido muito fácil para ele. Agora vai viver arrependido até o fim de sua vida. Edward também é bem sensivel, apesar de ser um mafioso, vocês sabem que no fundo ele tem um coração bom e ama o irmão, por isso pediu clemência e intercedeu pela vida dele, no fundo ele sabia que tinha que ter outra história para explicar tudo que Thony fez, por fim descobriu.
Eu tenho certeza que ele ficaria ao lado do irmão se Anthony tivesse se aberto com ele, mas preferiu acreditar no loirinho do mal e agora vai pagar pelo preço de sua escolha né
Ansiosa para saber o que acharam e já aceito sugestões sobre o que pode acontecer, como James pode morrer
No próximo nossa mini herdeira chegará e já adianto preparem os lencinhos, hehe aaaaaaa em falar em herdeira ainda não decidi o nome dela SOCORRO kkkkkkkk nada parece bom o bastante
Ansiosa para saber o que acharam desse capítulo, então comentem muuuuito quem sabe volto logo com mais ;)
beijos
