CAPÍTULO XXXIX

Klaus a encarou. Elena podia ver que mil pensamentos passavam pela mente dele. Ela imaginou que a maioria era sobre ela, sobre o que ele faria com ela agora. Ela pensou em virar o rosto, quebrando o olhar, mas Klaus segurou o rosto dela com uma das mãos, apertando seu queixo.

— Não se mova! — Ele ordenou, e mais uma vez ela obedeceu, incapaz de fechar os olhos.

— Klaus... — Elena ia pedir para voltar para casa, ela sentiu-se enjoada, mas ele a interrompeu.

— Você continua tão linda quanto eu me lembrava! — Klaus não quebrou o olhar.

Aquilo a surpreendeu. Ele estava tão próximo que ela sentiu o hálito quente do vampiro original em seu rosto. O cheiro de menta fresca.

— Você tem um cheiro tão bom, Elena! — Klaus inalou profundamente.

Ele passou a rodeá-la, como se a estivesse analisando, parando atrás dela, aproximando-se. Elena estremeceu, sentindo o calor do corpo dele contra o dela, um calor reconfortante.

— Melhor do que eu me recordo. — Ele continuou, enquanto cheirava os cabelos dela.

Elena queria correr, mas estava firmemente presa ao chão.

— Seu sangue... Ele chama por mim, Elena. Deve ser o sangue doppelganger. Eu nunca provei você... Sempre me perguntei se ele tem o mesmo sabor das que te antecederam. — Klaus afastou o cabelo dela para o lado, exibindo o pescoço macio de Elena para si.

A adrenalina percorreu o corpo de Elena, aumentando o enjoo. O medo que ela sentiu também cooperou. Ela tinha certeza de que vomitaria logo. Ela também tinha certeza de que Klaus a morderia.

Quando Klaus inclinou levemente a cabeça dela e mordeu, Elena gemeu, incapaz de gritar com a compulsão. Ela sabia que ele não a mataria, então queria empurrá-lo, afastá-lo dela. Ele precisava dela viva, do sangue dela para fazer híbridos. Mas ela temeu que ele tomasse mais do que fosse possível antes de prejudicá-la.

Ele a puxou para si, colando o corpo dele ao dela, um braço envolvendo-a pela cintura e outro sobre seus seios. Ele a prendia firmemente. E Elena sentiu o calor do corpo dele, a proximidade. Klaus a tinha paralisado e estava inebriado demais pelo sangue dela, sugando com avidez.

Aquilo era, para a vergonha de Elena, um pouco erótico. Sua própria dor tinha passado, a mordida se tornando prazerosa para ela. Elena se inclinou em direção a Klaus instintivamente, seu corpo mais colado ainda ao dele, como se buscasse ainda mais do seu calor. Ele sugava lentamente agora. A respiração contra o pescoço dela.

Elena estava ficando fraca. Klaus precisava parar.

— Klaus — Elena sussurrou, sentindo-se enfraquecer — Por favor... pare... estou... grávida... — Ela declarou em um fio de voz.

Klaus parou de beber imediatamente, afastando o rosto do pescoço de Elena, mas sem soltá-la. Ele estava inebriado pelo sangue dela, excitado. Tanto que ele pensou não ter ouvido direito, a voz dela era fraca quando disse aquilo para ele.

— O que você disse? — Klaus questionou, girando rapidamente para ele, encarando-a com olhos escuros... Olhos de luxúria, ela pensou.

— Estou grávida — Elena disse com um pouco mais de força, tentando esquecer Klaus e se concentrando em si.

Ela sentiu tudo girar quando ele a agarrou e começou a correr. Klaus a estava levando do cemitério para algum outro lugar. Ela fechou os olhos e se agarrou a ele, tentando se concentrar para não sentir tanto os efeitos do movimento. Ela acomodou o rosto o mais próximo do pescoço dele possível. O cheiro dele, de madeira e tinta fresca era inebriante, e ela pensou que era muito bom, quase tão bom quanto o cheiro de Kol.

Quando ele parou, Elena imediatamente soube que eles não estavam mais ao ar livre. Elena abriu os olhos, olhando ao redor. Estavam em um lugar fechado. Uma casa. Klaus se afastou dela.

— Onde... — Elena ia perguntar, mas então ela viu a escadaria e se lembrou. Ela estava na Mansão Mikaelson.

Elena olhou para Klaus, querendo perguntar o motivo de ele ter levado ela até ali, mas ao mesmo tempo, ela temia que ele fizesse algo com ela. Quando o encarou, ele estava olhando para o corpo dela, avaliando. Ela esperou, sabendo que ele estava provavelmente ouvindo o outro coração batendo no ventre dela.

Klaus a encarou por um momento, antes de abrir o pesado casaco que ela levava. Elena não se moveu. Ela usava um vestido rosa pálido, o busto apertado e a saia larga. Sua barriga era pouco evidente, mas Klaus a tocou sob o tecido e ali estava um pequeno volume.

— É verdade. — Ele murmurou surpreso! — Você está mesmo grávida.

— Sim — Elena murmurou, ainda fraca pela perda de sangue e surpresa com a forma como Klaus a tocava delicadamente.

Ela viu a expressão maravilhada no rosto de Klaus. Mas então ele franziu a testa e mordeu o pulso, rasgando-o com suas próprias presas e inclinando em direção a ela, para que ela bebesse dele.

Elena queria dizer não, que ela não ia beber dele, mas ela sentiu uma intensa vontade de provar o sangue que escorria do pulso dele. Ainda paralisada ela viu quando Klaus a tomou pela mão e levou-a até a cozinha, deixando-a próxima ao balcão enquanto buscava por um algo.

— Prefere que eu ponha em um copo? — Ele ofereceu.

Elena não respondeu. Klaus mordeu novamente o pulso.

— Escolha e beba, amor! Eu tomei muito de você. Isso vai te fazer bem.

Klaus tinha o pulso aberto diante do rosto dela e com a outra mão segurava um copo, oferecendo à Elena uma escolha. Ela podia tomar do copo, mas sentia-se atraída pelo pulso dele. E ela sabia que era errado, que ela não deveria. Damon tinha dito que não se deve tomar sangue direto do corpo de um vampiro. Caroline também dissera, era algo muito íntimo. Além disso, ela nunca tinha tomado sangue de vampiro antes.

Klaus viu a vontade nos olhos dela, ele sabia que ela queria tomar o sangue dele, ele só não entendia o porquê. Elena não era uma vampira. Talvez ela sentisse por ele o mesmo apelo que ele sentia por ela. Talvez fosse uma coisa do sangue. Ele escolheu por ela, colocando o pulso mais próximo da boca dela, gotas carmesins escorrendo pelos lábios de Elena. Ela finalmente envolveu o ferimento dele, segurando o antebraço de Klaus firmemente.

Assim que o sangue de Klaus atingiu seus lábios, Elena não conseguiu mais resistir. Ela segurou o braço dele e sugou avidamente, sentindo o sangue dele inundar sua boca e um calor invadir seu corpo. Era surpreendentemente bom. O gosto era doce, como ela nunca pensou que seria. Era tão bom que ela gemeu, nunca tinha provado algo assim.

Foi Klaus quem afastou o pulso dela, encarando-a. Elena olhou para ele. Ela sentia muitas emoções ao mesmo tempo, ela estava confusa. Não entendia o que estava acontecendo. Seu corpo parecia em chamas e ela se sentia muito bem, como não se sentia a muito tempo. Ainda assim, tudo o que ela queria fazer era continuar bebendo, tomando o sangue dele.

Klaus inclinou-se para Elena, seu olhar vagando dos olhos dela aos lábios manchados com o sangue dele. Ela fez o mesmo, assumindo pela primeira vez, e para si mesma, que Klaus era bonito. O rosto pálido, a barba por fazer, os olhos azuis como um céu de verão, os lábios rosados. Eles se encararam. Ela sabia que ele queria beijá-la, e contra todas as suas crenças, ela queria beijá-lo também.