Cap. 103 – Lady visita pai e avô
Conforme o fim do ano se aproximava, a atividade do Lorde das Trevas se intensificava. Em dezembro, Morgana, como comandante de um grupo de Comensais da Morte, liderou ataques em três cidades trouxas, deixando um rastro de destruição em seu caminho. Em uma dessas investidas, encontraram resistência significativa dos Aurores, resultando em um confronto mágico intenso e caótico.
Os céus noturnos testemunhavam a violência mágica que se desdobrava enquanto Morgana e seus seguidores travavam batalhas em nome da causa das Trevas. A notícia de seus ataques reverberava pelo mundo mágico, aumentando o temor e a ansiedade entre bruxos e bruxas.
Além dos feitos de Morgana, havia relatos de pelo menos mais dois ataques realizados por outros grupos de Comensais da Morte, espalhando a sensação de que a presença das Trevas se infiltrava em diversos lugares.
À medida que o ano chegava ao fim, a sombra do Lorde das Trevas pairava sobre a comunidade mágica, sinalizando tempos cada vez mais sombrios e desafiadores.
Dois dias antes do ano novo, após um ataque brutal dos Comensais da Morte, Morgana decidiu visitar seu avô, Vladimir, em Nurmengard.
Ao entrar na cela, Morgana encontrou seu avô, um antigo general de Grindelwald, com os olhos brilhando ao vê-la. A prisão não diminuiu o espírito resiliente de Vladimir. Seu semblante envelhecido exibia uma mistura de experiência e determinação.
Vladimir observava atentamente Morgana, seus olhos perscrutadores buscando nuances nas mudanças que ocorreram em sua neta. Enquanto Morgana aguardava a reação dele, um sorriso sutil curvava seus lábios, revelando uma confiança sombria.
Enquanto observava Morgana, Vladimir discernia nuances nas mudanças que ocorreram desde a última visita. Morgana já havia trilhado um caminho sombrio como Comandante dos Comensais da Morte, mas agora, algo além estava presente.
A expressão dela, antes marcada pela determinação e firmeza, agora exibia uma confiança mais profunda, uma familiaridade aprimorada com as artes das trevas. Havia uma aura mais densa ao seu redor, indicando um controle refinado sobre os poderes sombrios que ela abraçara completamente.
A postura de Morgana era agora a de alguém que não apenas seguia ordens, mas que dava as próprias diretrizes. A presença dela transcendia o papel de comandante; era a manifestação de uma Lady das Trevas com um poder pessoal inegável.
Vladimir, que testemunhara muitos eventos em sua longa vida, reconhecia a transformação profunda em Morgana. Ela não era mais apenas uma seguidora das trevas; tornara-se uma força a ser reconhecida por conta própria.
À medida que Vladimir observava Morgana, a conclusão se formava em sua mente como as peças de um quebra-cabeça se encaixando. A familiaridade com as trevas não era novidade para ele, mas agora, diante da neta, ele reconhecia a ascensão dela para um título maior: Lady das Trevas.
A complexidade de seu poder, a confiança refletida em seus olhos e a aura sombria que a envolvia eram testemunhos claros dessa evolução.
Comparando-a a Grindelwald, um lorde das trevas que ele havia seguido no passado, Vladimir vislumbrava semelhanças intrigantes. Morgana, como Grindelwald em seus dias de glória, não apenas dominava as artes das trevas, mas também possuía uma determinação feroz e uma ambição semelhante para moldar o mundo de acordo com sua visão.
No entanto, Vladimir também discernia diferenças cruciais. Morgana, em sua essência, parecia transcender Grindelwald em termos de controle, astúcia e uma compreensão mais profunda das forças sombrias que ela manipulava. Ela não era uma mera seguidora; tornara-se uma força independente, uma entidade que podia conduzir sua própria narrativa nas sombras.
A reflexão de Vladimir não era apenas sobre a transformação de Morgana, mas também sobre o potencial formidável que ela agora detinha como Lady das Trevas.
Ao perceber a verdade sobre Morgana, Vladimir, com um olhar que misturava surpresa e ponderação, enfrentou a neta com palavras profundas e sábias. A voz ressoando com uma mistura de fascinação e respeito
- Morgana, minha neta, vejo em você a ascensão de uma Lady das Trevas. Você trilhou um caminho que ecoa os grandes senhores das trevas que testemunhei em minha longa vida. Vejo diante de mim uma Lady das Trevas que não se curva perante as sombras, mas as abraça como uma extensão de sua própria essência. Sua determinação e domínio sobre as artes sombrias são notáveis, vejo em você uma força única, moldando seu próprio destino nas trevas. O poder que você adquiriu é significativo, Morgana. Mas lembre-se, com grande poder vem uma grande responsabilidade. Suas escolhas moldarão não apenas seu destino, mas o destino daqueles que a rodeiam. Não permita que as sombras obscureçam sua verdadeira essência.
Com essas palavras, Vladimir reconhecia não apenas o poder sombrio que Morgana havia abraçado, mas também a responsabilidade que ela carregava como uma influência formadora no mundo das trevas.
Morgana, mantendo o olhar firme, respondeu com uma confiança que denotava sua aceitação do caminho que escolhera.
- Sabia que, aos olhos perspicazes de um homem como você, meu avô, não conseguiria esconder a verdade. A jornada nas sombras é um compromisso que assumi plenamente, e meu objetivo é moldar o destino que se desenha diante de mim.
Ela sorriu, um sorriso que carregava a força das trevas e a certeza de sua própria trajetória.
- Os tempos mudaram desde a era de Grindelwald, e estou aqui para escrever uma história única, uma que ecoe além das sombras do passado. Compreende, avô, que esta é a senda que escolhi, guiada por minha própria visão e propósito nas trevas.
Vladimir, movendo-se com curiosidade, se aproximou mais de Morgana. Com uma expressão séria, ele perguntou diretamente:
- Qual é a sua marca, Morgana?
Um sorriso sombrio apareceu nos lábios de Morgana, e, com um gesto fluido, ela levantou ambas as mangas de suas vestes. Nos antebraços, as Marcas Negras estavam presentes — uma em cada lado, indicando sua lealdade e comando tanto aos Comensais da Morte quanto à sua própria ordem. Era uma visão impressionante, revelando sua posição distinta no mundo das trevas.
Vladimir, ao traçar os dedos sobre as Marcas Negras de Morgana, revelou um sorriso sutil carregado de significado. Seus dedos seguiam os contornos da lua tríplice, símbolo ancestral que ecoava nas tradições mágicas e no culto a Hécate. Enquanto seus dedos exploravam as marcas, ele mergulhou nas antigas tradições da magia, mencionando o poderoso culto à deusa das encruzilhadas e das tríplices faces.
- Sua escolha de incorporar a lua tríplice em sua marca revela uma conexão profunda com as tradições antigas, Morgana. Hécate, a deusa da magia e da lua, é uma presença venerada há séculos. Sua marca não é apenas lealdade, mas também um testemunho de sua conexão com as raízes mais profundas da magia.
Vladimir, ao falar sobre essas tradições, destacava não apenas a importância simbólica, mas também a herança espiritual que Morgana carregava como Lady das Trevas.
Vladimir, ao traçar os dedos na marca de Morgana, expressou sua admiração de uma maneira que mesclava respeito e orgulho. Com um sorriso, ele dirigiu suas palavras à neta.
- É uma marca linda e poderosa, Morgana. Digna do seu poder e da linhagem que você carrega. A lua tríplice e as trevas que ela simboliza ecoam em sua marca, conectando você às raízes mais profundas da magia. Que seu caminho nas trevas seja tão iluminado quanto a luz da lua que guia Hécate.
Vladimir falou com uma mistura de veneração e confiança, reconhecendo não apenas a marca física, mas também a força e a destreza mágica que Morgana representava como uma Lady das Trevas.
- Obrigada, avô. Essas marcas são mais do que símbolos; são testemunhos da minha dedicação e da herança que carrego. A luz da lua guia meu caminho nas trevas, e eu me erguerei com poder e propósito.
Morgana, com suas palavras, transmitiu não apenas aceitação das marcas, mas também um compromisso profundo com o caminho que escolheu trilhar como Lady das Trevas.
Com as palavras trocadas e a benção de seu avô, Morgana se despede com um abraço carregado de significado. Ela se afasta, deixando Nurmengard para trás, enquanto a imponente mansão Rostoff aguarda seu retorno. O vento frio da noite acaricia seu rosto enquanto ela caminha, refletindo sobre a conversa e o caminho que escolheu seguir como Lady das Trevas. A lua, luminosa no céu noturno, parece guiá-la em seu trajeto de volta para casa, onde seus poderes e lealdades se entrelaçam com as sombras que circundam a antiga linhagem Rostoff.
Ao se aproximar da majestosa mansão Rostoff, Morgana sentia uma mistura de emoções que permeavam o ar daquela noite. Era a primeira vez que ela retornava desde que abraçara plenamente sua identidade como Lady das Trevas.
Ao cruzar os imponentes portões da mansão Rostoff, Morgana sentiu a magnitude da decisão que a conduzia de volta ao lar ancestral. A mansão erguia-se majestosa, seus corredores carregados de história e magia ancestral. Ao entrar, o cenário sombrio da entrada se desdobrava em uma atmosfera imponente e carregada.
No escritório, iluminado pela luz baixa das velas, Morgana encontrou seu pai. O homem, que havia trilhado seu próprio caminho nas artes das trevas, agora se via diante da filha que abraçara plenamente esse legado. O olhar de Morgana cruzou-se com o dele, revelando a complexidade das emoções que envolviam aquele reencontro.
Seu pai, percebendo a mudança em Morgana, ergueu o olhar dos pergaminhos que estudava. Uma pausa silenciosa preencheu o ambiente antes que ele falasse, os olhos revelando compreensão e, talvez, um indício de orgulho.
- Você está diferente, Morgana. Sinto um poder renovado em você. O que aconteceu desde a última vez que esteve aqui?
Morgana encontrou os olhos de seu pai, reconhecendo a percepção que ele tinha de sua transformação. Ela deixou um sorriso sutil dançar em seus lábios, revelando uma mistura de confiança e determinação.
- Desde a última vez, pai, abracei completamente o que sou. As trevas não são apenas uma parte de mim; elas são minha força, minha orientação. Tornei-me quem estava destinada a ser, e as sombras agora seguem minha vontade.
O tom de Morgana refletia a certeza de suas escolhas, enquanto a sala de seu pai permanecia imersa na penumbra, como se as sombras acolhessem e celebrassem a transformação que moldava o destino da família Rostoff.
Valentin, o pai de Morgana, ouviu as palavras dela com um misto de respeito e compreensão. Seus olhos, refletindo anos de experiência nas artes das trevas, encontraram os dela em um momento de reconhecimento.
- Morgana, minha filha, sempre soube que você tinha um destino excepcional. Ver você abraçar plenamente seu poder é motivo de orgulho. As trevas são uma aliada poderosa quando compreendida e controlada. Estou ao seu lado, pois sei que seu caminho é grandioso.
Valentin observou-a com uma mistura de emoções complexas. Seus olhos, reflexos das mesmas trevas que corriam nas veias de sua filha, refletiam uma compreensão profunda. Ele assentiu, reconhecendo a jornada que Morgana havia trilhado.
- É uma jornada corajosa que você escolheu, Morgana. As trevas sempre foram nossa herança, mas você as elevou para além do que imaginávamos. Seu poder é notável, e vejo que você não teme abraçar seu destino.
Valentin ergueu-se de sua poltrona, seus passos ecoando no silêncio do escritório. Ele estendeu a mão para Morgana, não apenas como pai, mas como um aliado nas sombras.
- Seja bem-vinda de volta, filha. Que as trevas que abraçamos há tanto tempo guiem nossos passos adiante.
Morgana aceitou a mão estendida de seu pai, reconhecendo a complexidade das emoções compartilhadas. Seus olhos se encontraram em uma compreensão mútua, enquanto ela respondia com uma serenidade firme.
- Pai, as trevas sempre foram nosso legado, e agora, elas são minha força. Juntos, como uma família de sombras, moldaremos o futuro conforme nossa vontade. As trevas nos guiam, e eu as abraço como minha aliada mais leal.
A sala ficou envolta na penumbra, como se as próprias sombras celebrassem a união da família Rostoff sob a bandeira das trevas.