Olá Nazarins, aqui começa mais um arco da minha fanfic Aquele que Voltou.
Como começar uma guerra?
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 58: Jogos de Guerra
— Nós temos que fazer algo o quanto antes!
— Espero que não se precipite, temos regras para seguir, não cairemos na barbárie.
— Então somente quando a morte bater a sua porta vocês farão algo!
— Peço que o senhor se contenha, estamos discutindo assuntos que influenciarão o continente por décadas, não podemos tomar qualquer decisão de forma leviana, as notícias que você nos trás é da maior importância e será levada em conta - disse um demi-humano canino.
As três figuras seguiam por um corredor até chegarem a uma sala reservada, na porta vários guardas estavam posicionados além de magic casters entoando feitiços de proteção.
Ao entrarem no salão os rostos se voltaram para Lord Murios, chefe do conselho governante de Argland, dentro estavam os dignitários de várias espécies, nas laterais seus seguranças de maior confiança, prontos para qualquer eventualidade.
— Senhores. Obrigado por aguardarem, um assunto urgente chegou a nós e deve pesar sobre o que decidiremos, para tanto devo apresenta-los novamente ao nosso novo convidado. Estão presentes os membros do Conselho Governante de Argland: Lord Aspyan, Lady Flarin, Lord Malio, Lord Ardork e Lord Eloi. - vários fizeram uma leve mesura com a cabeça.
O lord dragão encarou cada um deles: o Avian, a mulher coelho, o humano, o anão negro e o elfo, alguns deles poderiam simpatizar com suas ideias, outros precisariam ser persuadidos.
— Ainda preciso apresentar os representantes dos reinos convidados: O Embaixador Glurus do Reino Oceânico, Submergia - um velho homem aquático de pele verde mar e uma bolha de água sobre a cabeça fez menção de se levantar apenas para retornar ao seu assento.
— Lord Turon do Reino Minotauro - O grande e jovem minotauro negro apenas levantou o queixo.
— Os representantes dos Cavaleiros Irwin, Lord e Lady Thorston - um casal usando armaduras feitas de escamas, se curvaram.
— E por fim Formians da Grande Colônia Formian - um ser parecido com uma grande formiga usando armadura abaixou a cabeça, seus seguranças imitaram o gesto como fossem um único ser.
— É uma... honra estar presente de tantas autoridades desde continente, eu sou Riku Aganéia, e minha colega é Rigrit Bers Caurau, estamos aqui como representantes dos Lords Dragão. - disse o cavaleiro de armadura brilhante com padrão dracônico.
Todos se mexeram ao ser mencionado os seres mais poderosos que viviam sobre o mundo.
— Este conselho de nações foi reunido a pedido do Lord Dragão Platiniun - disse Murios - discutimos a possibilidade de interferência nas ações protagonizadas pelo Rei Feiticeiro e para tanto as quatro outras nações aqui presentes são convidadas a participarem, incluindo em caso de interferência solicitamos sua força para que promulguemos sanções ao Reino Feiticeiro.
— Sanções?! Os mortos-vivos andam pela terra e vocês querem negociar?!
— Senhor Riku, antes de entrarmos em guerra, todas as alternativas devem ser postas à mesa.
— Alternativas? Que alternativa teve Re-Estize?
— Re-Estize cometeu um ato de guerra, atacou um comboio...
— QUAL ALTERNATIVA TEVE A TEOCRACIA SLANE?!
— Do que o senhor está falando? - perguntou o velho homem aquático.
— Acabei de vir de Kami Miyako. A cidade foi arrasada, milhares estão mortos. Precisamos responder a isso antes que seja tarde demais.
— A Teocracia estava em guerra com o Reino Elfico, será que não foi uma resposta à suposta morte de Decem Rougan - falou um elfo com uma das orelhas cortadas.
— Lord Elói, se o reino elfico tivesse uma arma capaz de destruir a Teocracia, Decem já a teria usado há muito tempo, além disso, havia uma legião de cavaleiros da morte saindo da cidade.
Todos pareciam ponderar as novas notícias.
— Precisamos de informações sobre o Reino Feiticeiro, não estamos a par de que tipo de rei é este que comanda os mortos - disse um dos cavaleiros Irwin.
— Eu tenho alguém que passou os últimos meses dentro do Reino Feiticeiro - disse Rigrit.
Quem se pôs à frente foi Lakius que até então esteve junto aos outros seguranças, ela parecia abatida e que não dormia a semanas, suas olheiras eram imensas.
— Meu nome é Lakius Alvein Dale Aindra, sou líder das Rosas Azuis, venho trazer informações sobre o que eu vi no Reino Feiticeiro, durante minha estadia vi como o povo vive e apesar de como imaginamos, E-Rantel se tornou uma cidade próspera e aparentemente segura...
— O que você está fazendo? - disse Riku segurando o braço de Lakius.
— Estou relatando o que eu vi, eu não trabalho para você, senhor, estive devolvendo apenas um favor a uma amiga e agora estou fazendo o que acredito ser o certo. Retomando, enquanto eu estive lá não vi opressão ou ações beligerantes, as leis são impostas sem vacilar e a segurança dos moradores parece ser a prioridade, os funcionários trabalham sem parar...
— E as outras cidades? Ouvi dizer que muitas cidades foram destruídas - perguntaram os Formians.
— Sim, muitas foram destruídas, mas nada diferente do que haveria em outras guerras, as cidades que se renderam foram poupadas e tratadas melhores do que já tinha visto no conflito com o Império.
— Descreva como vivem as pessoas - quis saber o conselheiro Avian.
Lakius fez uma grande descrição do dia a dia das pessoas, focando principalmente nos povos demi-humanos, ao final de sua fala ela se sentia esgotada, além disso podia sentir a hostilidade vindo de Riku.
— *O que há com ela? Ela deveria contar as abominações que o Rei Feiticeiro fez, em vez disso parece ter aceitado tudo como normal. A única boa coisa foi ela parecer uma usuária de pó negro, ninguém dará ouvidos ao que está falando.* - cochichava Riku, tão baixo que apenas Rigrit escutou.
A antiga aventureira apenas observava como Lakius parecia um zumbi cambaleando até a parede onde se lançou em um sofá.
— Desde a fundação do Reino Feiticeiro, o conselho tem se preocupado com a situação, então, além da senhorita Lakius, foram enviados muitos... observadores ao reino, nenhum voltou com informações que pareciam confiáveis, por isso contratamos um grupo especializado, este é um de seus representantes. - disse Lord Ardork, o anão negro.
Das sombras no canto surgiu uma figura feminina que usava roupas pretas com laranja, uma ninja.
— Boa tarde a todos, como podem imaginar eu não posso me identificar, mas represento o Grupo Ijaniya, nossa reputação deve bastar como garantia de minhas palavras. Como muitos sabem, o Reino Feiticeiro assim que anunciou sua fundação emitiu um convite a todos que quisessem morar em suas novas terras, e também anunciou estar aberto até mesmo aos espiões enviados pelos outros reinos, um claro desafio.
— Nós nos infiltramos em vários níveis da sociedade a fim de obtermos acesso a informações das tramas comuns envolvendo a nobreza, foram coletadas informações a respeito de insatisfações por parte de alguns nobres e a situação como são mantidos relegados a meras peças burocráticas, todos que adentram na cidade são submetidos a um processo de intimidação onde são expostos à própria aura de medo emitida pelos morto-vivos, o sistema de leis poda qualquer liberdade comercial maior, e a convivência dos povos demi-humanos se mantém segregada às antigas favelas. As cidades vizinhas, apesar de serem deixadas a sua sorte, ainda sofrem com as imposições do novo governante, e, por fim, realmente o Reino Feiticeiro participou diretamente da destruição de Kami Miyako, as informações detalhadas foram compiladas nos relatórios entregues.
— Obrigado, pode se retirar, como veem, a situação parece ter se agravado, o Reino Feiticeiro parece ter iniciado uma campanha de conquista, se for preciso tomar uma posição de retaliação, precisaremos do apoio de seus reinos, senhores. - expôs Ardork.
— Por que o Reino Santo não está presente - mencionou o embaixador Glurus.
— O Reino Santo está na eminência de uma guerra civil, senhor embaixador, o Rei Santo se negou a vir e recebemos uma mensagem do assim chamado Reino Santo do Sul, e isso é um assunto que trataremos ainda. - explicou Murios.
— O Reino Minotauro também não participará.
— Lord Turon, se iniciarmos uma guerra, a força do Reino Minotauro é imprescindível. - disse Rigrit.
— O Reino Minotauro está em guerra com o Triunvirato dos Homens-Besta a séculos, o equilíbrio só é mantido pela possibilidade de avanço deles em outras direções, mas parece que foram expulsos da frente de combate do Reino Dracônico, então agora estão se concentrando em nós para expandir seus territórios, nossos golens são necessários na fronteira e não os moveremos de lá.
— De nada adiantará essa proteção se os mortos chegarem até vocês, aí talvez nos lembremos de sua decisão. - disse Riku.
— NÃO ME AMEACE! Você diz representar os Lords Dragões, mas apenas pede que entremos em guerra por vocês, por que os Lords não vão até lá e acabam com isso.
— Não tente a vontade dos dragões, se eles saírem para lutar, não será apenas um reino que aplacará sua fúria, eles podem muito bem se voltar para as terras do deserto, das montanhas e ao mar.
— JÁ DISSE PARA NÃO NOS AMEAÇAR, SERVO DOS DRAGÕES! EU SOU TURON SOLUN TERRA IV, BISNETO DO GRANDE SÁBIO MINOTAURO E NÃO SEREI AMEAÇADO. - disse ele avançando um passo em direção a Riku.
— E pelo jeito a inteligência do Sábio Minotauro pulou uma geração. - respondeu o cavaleiro de armadura, não se movendo.
Os ânimos estavam exaltados, as delegações discutiam se deveriam se retirar, Rigrit não se lembrava de seu companheiro ter sido tão hostil antes, sempre ponderado, agora parecia querer instigar a agressividade. Seja lá qual fosse a estratégia, não parecia estar funcionando a seu favor.
Neste instante, alguém entra apressado na sala, um mensageiro de confiança. Este se aproxima de Murios e sussurra ao seu ouvido.
— Senhores, parem com isso, PAREM!
O minotauro retorna ao seu lugar enquanto a ordem é estabelecida.
— Acabo de receber uma mensagem de outro reino solicitando participar deste conselho.
— Um novo reino se mostra ciente da situação, quem são eles? Os Teocratas, sua liderança ainda existe? - pergunta o Avian.
— Não, quem veio a nós é um mensageiro... do Reino Feiticeiro.
