Uma semana tinha passado mais rápido do que Rafaela conseguiu perceber e, para sua alegria, porém também para seu nervosismo, o dia do retorno de Bradley tinha chegado. Ela tinha recebido a especial incumbência de dirigir o carro dele, até o local de encontro, e assim, tomando toda coragem que precisava, foi até lá, esperando ansiosamente pela chegada do marido.

Era um tanto difícil dizer onde ele estava, no meio de tantas pessoas vestidas como ele, quase num mar de verde militar, no entanto, a altura elevada e o inconfundível bigode o fez se destacar na multidão e sem pensar duas vezes, ela correu para a direção dele. Bradley demorou um segundo para reconhecer a figura que vinha em sua direção, mas abriu os braços e um grande sorriso ao perceber que se tratava da esposa.

Ele a segurou em seus braços por um bom tempo, para se convencer de que estava mesmo de volta a San Diego, na presença muito real de Rafaela. A emoção foi tanta que eles ficaram em silêncio, fecharam os olhos e apenas aproveitaram o abraço. Ela sentiu todo o conforto e segurança de estar debruçada no peito do marido outra vez.

-Está tudo bem com você? – ela perguntou, depois de desfazer o abraço, lentamente.

-Eu estou, só um pouco cansado – ele confessou – tudo que eu queria agora era ir pra casa.

-Meu único desejo também – ela segurou sua mão e juntos foram para casa finalmente.

Rafaela deixou que ele ficasse à vontade, guardando seu equipamento, tomando um banho, enquanto ela cozinhava alguma refeição para compartilharem juntos. Cozinhar também a ajudou a acalmar os nervos, não achava prudente guardar por muito tempo as notícias. Ele então se juntou a ela novamente, sentando-se pesadamente sobre a cadeira, com um longo suspiro.

-Foi uma viagem longa, né? – sua esposa puxou assunto – vou entender se não estiver muito pra conversa.

-Não, Rafa, eu estou bem – ele foi compreensivo – sim, foi muito cansativo, mas faz um tempão que eu não tinha sido convocado pra uma missão, é um pouco cansativo voltar à essa rotina. Mas ainda assim, eu não quero trocar a sua companhia por nada.

Bradley chegou a levantar e beijá-la afetuosamente, de forma rápida.

-Obrigada – ela sorriu de forma lisonjeada, mas logo em seguida seu constrangimento cresceu.

-Mas tem alguma coisa te preocupando, meu amor? – ele perguntou preocupado, notando a mudança de humor dela.

-Ah isso... – ela suspirou fundo, chegando a esfregar as mãos sobre as pernas, de nervosismo – eu recebi uma notícia, sobre a nossa família.

-O que aconteceu? – Bradley franziu as sobrancelhas, a encarando, se sentindo mais preocupado.

-Bom, eu descobri que nossa família vai crescer – ela suspirou novamente, mas agora, dando lugar à alegria – em breve vamos ser três.

-Três? – Bradley compreendeu imediatamente – quer dizer que você está grávida? Rafa, isso é maravilhoso!

Antes que qualquer palavra a mais pudesse ser dita, ele a envolveu num abraço de felicidade, sentindo que segurava as duas coisas mais preciosas que tinha na vida. Rafaela chegou a chorar de alegria. Era tudo que ela e Bradley podiam querer no momento.

Contar a notícia aos poucos foi a maneira que Bradley e Rafaela decidiram fazer isso. Ligaram para a família dela, que celebrou a notícia mesmo de longe, houve um pequeno comentário da mãe dela sobre ter sido tudo rápido demais, no que Rafaela concordou, a contragosto, mas deixou claro que não estava menos feliz por ter sido rápido. Ela acreditava que as coisas tinham que acontecer no momento certo e ter um filho agora estava de acordo com plano maiores e mais fortes do que ela, era uma dádiva de Deus e ela se alegraria por isso.

Quanto ao Dagger Squad, essa foi a parte mais complicada. Era claro como Brad queria explodir de felicidade diante dos amigos, contando pessoalmente e sua esposa concordava que aquele tipo de notícia era algo que se contava pessoalmente, porém ela ainda tinha algum receio de ser o centro das atenções. Para que a situação toda fosse mais confortável para os dois, ela acabou optando por uma pequena reunião no apartamento deles. Tudo que precisava do Dagger Squad é que trouxessem algo para comer. Assim, os Bradshaw esperaram ansiosamente por suas visitas no sábado.

Eles receberam a todos com alegria, mas também sentindo certa curiosidade e ansiedade da parte deles, até que Javy resolveu protestar em nome do grupo.

-Gente, vocês não são de dar festinhas assim, então aconteceu alguma coisa ou vocês só estão sendo bonzinhos demais – supôs Coyote.

-Eu acho que pode muito bem ser a segunda opção – Bob opinou.

-Me desculpe meu amigo, mas eu conheço o Roost tempo suficiente pra saber que ele não faria nada assim tão espontaneamente – Phoenix rebateu, de braços cruzados.

-Por que vocês não experimentam esperar eu falar porque chamamos vocês aqui pra saciar sua curiosidade de uma vez? – o próprio dono da casa resolveu colocar um basta em toda aquela discussão.

-Não é que é uma boa ideia? – Mickey acrescentou seu comentário um tanto óbvio, que provocou algumas reviradas de olhos, mas também risadas discretas.

-Muito bem, nós chamamos vocês aqui – Bradley tomou uma postura mais séria e contente, olhando para Rafaela, passando um braço ao redor dos ombros dela – para dar uma grande notícia, nós vamos ser pais!

A explosão de palmas, assovios, abraços apertados e alegria no geral tomou conta do lugar, encapsulando os Bradshaw, incluindo o que não tinha nascido ainda, numa bolha de muito carinho e amor.

-Isso é o máximo! – Phoenix abraçou Rafaela, tendo cuidado para não apertá-la demais – faz quanto tempo que sabem?

-Ah eu fiquei sabendo um pouco depois do Brad ter saído em missão – ela contou – esperei que ele chegasse para contar.

-Faz uma semana que eu sei, então a gente achou importante contar pra vocês – ele explicou.

-Essa criança com certeza é muito sortuda, vai ter vários tios e uma tia – disse Reuben, pensando nas possibilidades de cuidar do bebê Bradshaw e admirar sua fofura em breve.

-Não deixem o tio Renato ouvir isso, ele pode ter bastante ciúme – Rafaela brincou, citando o próprio irmão.

-A gente pode se revezar, não tem problema – Javy garantiu.

-Vamos ver se vai continuar com esse entusiasmo todo quando ver o bebê fazer cocô ou vomitar – Hangman citou.

-Ai que nojo! – Phoenix comentou ao lado dele, indignada.

-Foi um comentário nojento, mas bem real – Bob acrescentou.

-Por mais real que seja, foi bem inconveniente – Rooster chegou a fazer uma careta – mas tenho certeza que vai ser um bebê muito fofo.

-E amado, com certeza, muito amado – disse Rafaela de forma mais contida e emocionada, o que realmente a fez chorar.

-Ah Rafa, não fica assim – Phoenix lhe ofereceu um abraço de consolo.

-São as mudanças da gravidez, não se preocupem – ela garantiu – só agradeço por todo carinho.

Eles conversaram mais um pouco sobre todas as possibilidades que um bebê trazia, até irem embora aos poucos. Depois das visitas irem embora, Rafaela acabou desabando no sofá, suspirando fundo.

-Muito cansativo? – Bradley perguntou, olhando para ela, sentado ao eu lado.

-Um pouco, mas eu sou grata por todo esse amor exagerado, me faz sentir em família, de verdade – ela confessou, chegando a sorrir de satisfação.

-E a mim também – ele concordou, mas logo desviou o olhar, como se tivesse vários outros pensamentos guardados em si, e realmente tinha.

Era difícil não pensar nos pais dele, se estivessem ali, como se sentiriam ao se tornarem avós. Essa seria uma pergunta que Bradley nunca seria capaz de responder.

-Está tudo bem? – foi a vez de sua esposa perguntar, tendo uma boa ideia do que poderia estar se passando na mente dele.

-Estou sim, só pensando nos meus pais, simplesmente não posso evitar – ele confessou vagamente.

-O que é muito compreensível – Rafaela afirmou.

A seguir ela apenas ofereceu um abraço silencioso aomarido, esperando consolá-lo de alguma forma e mostrar que estava presente porele, tanto ela como o bebê que em breve nasceria.